História Sexta-feira 13 - Capítulo único

Seokjin não bebia, não fumava, muito menos frequentava prostíbulos ou gostava de jogos de azar, contudo ele era extremamente superticioso. Coisa que causava espanto e curiosidade em seus amigos mais próximos e alguns parentes.
Naquele dia Jin estava "atacado", como os amigos gostavam de dizer. Depois de acordar caindo da cama, se queimar com café e descobrir que era uma sexta-feira 13 ele passara o restante da manhã enrolado na cama , recusando ligações enquanto contava quantos anos de azar seriam descontados no intervalo de apenas 24 horas.
Enquanto o rapaz chorava pelos espelhos quebrados em sua cama, o melhor amigo, Namjoon batia em sua porta com um dosiraki em mãos.
-Jin?- Chamou ele sem ter certeza de que o amigo estaria em casa àquela hora - Trouxe o almoço, vamos comer lá fora ! - convidou animadamente.
-Vá embora! - gritou de seu quarto - Hoje não posso sair.
-Que besteira você está falando agora ? - questionou, apressado depois de checar o relógio de pulso e constatar que faltavam apenas alguns minutos para o fim do seu horário de almoço - Você não sabe que dia é hoje?
-É o dia que eu não saio de casa ! - encerrou ignorando o outro até que este desistiu e foi embora.
Essa decisão fez com que Seokjin se arrependesse poucos minutos mais tarde quando a versão entediada e sonolenta de si mesmo quase foi atingida por um pedaço do forro do apartamento que despencou do teto sem qualquer motivo aparente, culpa da sexta-feira 13, sem dúvida.
Decidido a não trazer o azar pra sua casa e deixar o processo contra o dono do prédio para o sábado 14, Jin pegou o primeiro livro que encontrou e saiu de casa com cuidado.
Depois de inúmeros contratempos o homem chegou a um parque aparentemente seguro, talvez até mesmo imune à maldição daquele dia. Sentou-se em um banco de madeira à sombra de uma árvore e abriu o livro que trouxera para passar o tempo, surpreendendo-se por não ser um livro, e sim, um album de fotografias que ele acreditava estar há muito tempo perdido.
Conforme as fotos eram passadas momentos eram lembrados : quando fora presenteado com uma coroa de princesa pelas crianças que faziam bullying com ele no fundamental, a sua primeira festinha de escola, o dia dos namorados de quando tinha 10 anos e aquela sexta-feira 13 há dez anos atrás.
Fora tão ruim quanto aquela que estava passando, mas no fim Namjoon, que na época não era seu melhor amigo, dissera que Jin não precisava se preocupar, pois ele o protegeria de todo o azar... Namjoon.
A culpa bateu e extremamente consciente do quanto fora rude com a pessoa que mais o ajudou durante toda a sua vida Jin se sentiu uma pessoa horrível. Em sua pressa para chegar ao escritório do outro até esqueceu que era um dia de azar.
***
-Ele não está - respondeu-lhe a garota da mesa ao lado - E se me permite dizer, ele anda muito estranho.
-Estranho ? -  ecoou Jin que não havia notado qualquer mudança no comportamento de seu jovem amigo.
-Sim, eu diria que ele anda mais calado - refletiu a moça - mas acho que só estava triste.
- Por que ele estaria triste? - Questionou incapaz de imaginar o Namjoon da vida perfeita triste com alguma coisa.
-Não sei, não somos próximos, mas - pausou dramaticamente - ele tomava um monte de remédios pra ansiedade e pra depressão também, sei que eram pra isso porque minha tia costumava tomá-los - comentou  ela olhando se não tinha ninguém em volta antes de continuar. - Longe de mim esse negócio de fofoca, odeio gente fofoqueira, mas... a minha amiga do RH ouviu ele falando que ia almoçar com alguém hoje, aposto que era namoradinha - riu maliciosamente - ele estava todo feliz e se ainda não voltou o encontro deve ter sido bom.
O amigo tomava remédios pra depressão e ele não sabia, que tipo de pessoa isso o tornava? Sacudiu aquele pensamento para longe concentrando-se no mal pressentimento que tinha, vasculhando em sua mente em busca de qualquer coisa que o levasse até a pessoa que ele mais amava.
***
Namjoon olhava para baixo pensando em como seria bom se toda a sua vida fosse lavada pelas águas do rio que corria abaixo de seus pés. A semana havia sido ruim, talvez não tivesse sido uma boa ideia esperar apenas por Seokjin para ajudá-lo a esquecer de tudo. Ele queria estar triste com tudo que passara mas na verdade não sentia nada e estava tão cansado daquele vazio que o consumia.
No entanto antes que ele pudesse terminar o ato que daria fim à sua existência braços fortes lhe abraçaram por trás e uma familiar voz calorosa sussurrou em seu ouvido :
- É a minha vez de te proteger.