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História Shadow - Nova rotina


Escrita por: VampCat

Capítulo 5 - Nova rotina


Acordei, novamente com a sensação de que tudo estava estranho. Porém logo lembrei o motivo, não é assim tão simples se acostumar com a ideia de agora ser humano. Abri meus olhos com preguiça. Paulo, como sempre ainda estava dormindo. Era engraçado encontrar seu rosto tão perto ao acordar. Mas agora tínhamos praticamente a mesma altura, e eu usava o travesseiro também.

Me levantei com um pouco de cuidado, firmando os pés, e sai do quarto em silencio para não acorda-lo. Segundo o relógio da sala, ainda eram 5:40. Fui até a cozinha e arrumei a mesa para nos, do jeito que Paulo fez ontem, mas trocando os pratos por xícaras. Lembrando da bandeja que ele me levara ontem, posicionei tudo que encontrei que estava nela. Sorri apreciando meu trabalho.

Voltei a olhar o relógio. Me sobrava tempo então fiz minha higiene matinal, e ainda fiquei um tempo encarando o relógio em pé. Quando finalmente chegou a hora fui acordar Paulo.

Entrei em silencio no quarto, e voltei para o meu lado da cama, entrando nos cobertores. No automático, quase segui a rotina esfregando meu rosto em seu braço. Mas uma vozinha no fundo da minha cabeça me lembrou que agora eu era humano, e como tal fazia carinho com as mãos, não com o rosto.

Com a mão direita fiz carinho no braço dele, indo até seu ombro, enquanto me apoiava na esquerda para olha-lo mas de perto. Levei a mão ao seu cabelo e, fazendo um cafuné, chamei seu nome. Logo ele se mexeu um pouco e começou a abrir os olhos. Piscou uma vez sonolento, depois arregalando os olhos e levantou num quase pulo batendo nossas testa.

-Ai! Desculpa não queria te assustar... – Disse levando a mão a testa, ele fazia o mesmo.

-Shadow! Droga desculpa, ainda não acostumei. – Disse se aproximando e tirando com cuidado a mão na minha testa. – Você está bem? Eita, vai ficar um galo...

-Tudo bem. –Disse sorrindo. Ele fez carinho no meu cabelo, enquanto, com a outra mão pegou o celular.

-Bom, vamos conferir se seu desempenho caiu quando virou humano... – Disse fingindo uma cara muito séria. - 5:55... Eu não acredito! Não é possível, não oscila nem um minuto.

-Sou muito pontual. – Disse fazendo cara séria também, depois caindo no riso junto com ele.

-Bom, eu diria que é magia, mas considerando a sua historia não dá nem pra duvidar. – Comentou voltando a se jogar na cama, com os braços cruzados sob a cabeça.- Alias, gostou do pijama?

-É meio estranho usar roupas, mas até que é confortável. – Disse deitando também.

Ele riu e eu cobrei (esfregando meu rosto em seu braço) o carinho que ele me fazia toda manhã. Isso só o fez rir mais e me chamar de “gato carente”.

~~~.~~~

Ficamos jogando conversa fora até o despertador dele tocar as seis horas. Quando ele se levantou indo até o armário escolher as roupas dele. Terminou rápido e foi se trocar no banheiro. Eu demorei um pouco mais nisso, e quando finalmente terminei de escolher, estava tirando a parte de cima do pijama e percebi que estava sendo observado.

-Todas as suas roupas tem quase a mesma cor. Se você pegar duas peças aleatórias, de olhos fechados, elas ainda vão combinar perfeitamente. E você ficou esse tempo todo escolhendo? – Paulo disse quase rindo, encostado na porta do quarto de braços cruzados.

Em resposta só acabei de tirar a blusa do pijama e a arremessei bem no rosto dele. Ele apenas riu e a jogou de volta para mim, antes de sair do quarto, dizendo que iria preparar nosso café da manha. Me vesti correndo e quando já estava no fim da escada, veio o grito que eu esperava.

-Você arrumou a mesa?!

Coloquei somente a cabeça para dentro da cozinha, me apoiando na parede para vê-lo.

-Não deveria?

-Não... quer dizer, eu só não esperava por isso. – Disse se virando para mim. - Obrigado. – Sorriu.

-De nada. Está tudo certo? –Perguntei enfim entrando na cozinha.

-Perfeito. – Sorri vitorioso.

~~~.~~~

Depois do café, ele lavou a louça e eu a enxuguei. Paulo também montou uma “marmitinha” para ser o meu almoço, e eu fui apresentado ao micro-ondas. Depois Paulo escreveu em um papel o número do celular dele, deixando ao lado do telefone. Aprendi a fazer ligações. Paulo ainda avisou que caso ele não atendesse a primeira ligação, estaria ocupado então eu deveria esperar, e ele iria retornar a ligação assim que possível.

Então ele estava abrindo a porta. Mesmo estando de costas para mim, roubei um abraço desajeitado, lhe desejando boa sorte no trabalho. Ele novamente saiu, trancou a porta e eu vi o carro se afastando pela janela. Me virei e foi então que notei, seria um looonga tarde.

Eu já não conseguia brincar com nenhum dos meus amados brinquedos. Não tinha meu caminho de escalar. Nem mesmo eu aguentaria ficar tanto tempo olhando pela janela. Então, o que eu faria pra me divertir a tarde toda?

Sentei no sofá e liguei a televisão, colocando em um canal qualquer. Era o jeito.

O momento alto de empolgação, foi quando vi um inseto passar em frente à televisão e pousar na parede a minha esquerda. Com os olhos nele, eu peguei meu chinelo e o atirei, acertando em cheio! Foi assim que matei minha diversão.

Perto da uma hora da tarde fiquei com fome, e fui esquentar meu prato. Não tive problemas com isso. Depois de comer fui procurar no armário a barra de chocolate que Paulo tinha oferecido antes para ser minha sobremesa (consegui até ouvir a voz dele quando peguei a barra, e ela dizia de novo: “mas não inteira!”).

Abri a barra pegando a primeira fileira, e com um pulo sentei na bancada. Fiquei ali, comendo chocolate distraidamente, até ver que a barra já estava na metade, a guardei, voltando ao tédio. Mais tarde me atrevi a lavar a louça, com muito cuidado para não quebrar nada. Dei sorte, quando acabei estava tudo inteiro.

Andei um pouco pela casa. Fui em todos os cômodos decorando cada detalhe deles, depois olhei por cada uma das janelas. A única coisa que realmente chamou minha atenção, foi a árvore que parecia estar no nosso jardim. Ela era grandinha, o que me fez pensar que aguentaria o meu peso (estava com saudade de minhas escaladas, talvez essa fosse uma solução). Mas Paulo estava com a chave... Bom isso teria que esperar então.

Voltei para a sala e continuei vendo televisão. Porém, logo acabei dormindo.

~~~.~~~

Acordei com o som da porta abrindo. Levantei em um pulo e corri até Paulo o abraçando. Isso o assustou um pouco, mas ele acabou rindo e deixando o que carregava no chão para retribuir o abraço.

-Oi Shadow, cheguei. – Sussurrou ainda meio risonho.

-Bem-vindo Paulo, senti sua falta.

-Você está bem? – Perguntou tentando se afastar para me olhar, não deixei ele desfazer o abraço.

-Sim, só tive um dia realmente muito vazio.

-Não é a primeira vez que te deixo sozinho para trabalhar. Por favor me diga que você não ficava assim todas as vezes... – Disse apertando um pouco mais o abraço.

-Não, só nas primeiras. É que eu me distraia brincando e bom...

-Você não tem mais seus brinquedos... desculpa eu não tinha notado.

-Tudo bem. – Respondi ainda com o rosto enterrado no ombro dele. Na verdade eu só estava feliz dele ter voltado.

Logo senti uma mão no meu cabelo, eu amava seu carinho. Acabei ronronando de novo, fazendo com que ele risse baixo. Só depois desfizemos o abraço.

Ele perguntou se tinha dado tudo certo com o almoço e se surpreendeu por eu ter lavado a louça. Depois fizemos o jantar (ele fez, eu só fiquei buscando os ingredientes para ele, ou no máximo, mexendo a panela).

Enquanto comíamos, Paulo pensava sobre o que eu poderia fazer enquanto ele estava fora. Não chegamos a nenhuma ideia para agora. Mas quando comentei sobre a árvore lá fora, ele tirou a chave da porta do seu chaveiro e deixou comigo. Disse que era a única cópia por enquanto, mas poderia ficar comigo durante o dia, ele ficaria só com a do portão (mas me fez prometer que não esqueceria de trancar a porta enquanto eu não estivesse lá fora, e entrar sempre que algum estranho passasse mais de uma vez pelo portão ou ficasse encarando ou qualquer coisa estranha).

Depois cuidamos da louça, tomamos banho, e fomos ver televisão juntos. Recebi meu carinho de sempre então não tive queixas.

Antes de dormir ele me deu um chaveiro que estava sem uso, assim eu não perderia a chave. O chaveiro era feinho, uma lembrancinha de alguma viagem, que um amigo dele tinha feito, então ele prometeu que depois me compraria algum melhor.

Quando deitamos ele rezou. Eu fiquei desapontado ao não ver mais a luz e a pessoa bonita que ficava do lado dele. Comentei sobre isso e Paulo me encheu de perguntas, até que foi vencido pelo sono e dormiu. Achei aquilo fofo.

Fiquei algum tempo o olhando dormir. Eu gostava de fazer isso, ele parecia sempre tão tranquilo, e as vezes sorria, como agora. Queria abraça-lo, peguei essa mania agora que sou humano, mas não queria acorda-lo. Então me contentei em segurar de leve sua mão. Só assim dormi.



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