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História Shape Of You - Capitulo 27


Escrita por: maria_reeis

Notas do Autor


Oie, como eu havia dito, o capitulo.
A foto da capa é o pai da Maria, boa leitura!

Capítulo 27 - Capitulo 27


Fanfic / Fanfiction Shape Of You - Capitulo 27

Mordi o interior da minha bochecha enquanto esticava o pescoço a procura do meu pai. 

Seu avião já havia pousado iria fazer dez minutos, não é possível que ele tenha se perdido. 

Depois de alguns minutos de alarmes falsos, eu finalmente pude avistar ele e Carrie. Meu pai usava sua típica jaqueta de couro marrom, os cabelos estavam bem maiores desde da ultima vez que eu o vi pessoalmente, usava o mesmo jeans surrado de sempre. Carrie continuava a mesma, os cabelos escuros cortados bem curtos, roupas escuras.

Encarei os dois por alguns segundos antes de finalmente tomar coragem e andar até eles. 

 - Oi pai. - O chamei. Ele rapidamente se virou para mim sorrindo.

 - Filha. - Ele me puxou para um abraço apertado. Abracei ele com toda força que eu tinha. É estranho o quão familiar é isso. Mesmo depois de anos, ele ainda usa o mesmo perfume. - Você está tão linda, e cresceu! - Ele me soltou ainda segurando meus braços para poder me ver. - Meu Deus, você está gigante. 

 - O senhor me viu tem dois anos pai. - Mesmo não falando muito com ele, a dois anos atrás quando eu fui para o Brasil, eu o visitei. 

 - E você cresceu muito em dois anos. - Balancei a cabeça negativamente e o abracei. Quando eu o soltei, eu fui de encontro com Carrie. A mesma também me deu um abraço apertado, fazendo as mesmas alegações que meu pai fez. - E onde está o tal do seu namorado? 

 - Ele está numa entrevista. Pediu desculpas por não poder vir. - Dei os ombros. 

 - Acho que ele está fugindo, mas tudo bem. - Meu pai disse como quem não quer nada. Revirei os olhos e o ajudei com a bagagem. Eles iriam ficar em Londres por duas semanas. Nós teríamos apenas três dias juntos, já que no domingo iremos para outras cidades. 

 - A quanto tempo você conhece ele? - Carrie perguntou enquanto entrávamos no táxi. 

 - Quatro meses. - Dei os ombros. - Sei que parece loucura eu ter aceitado vir com ele e tudo mais, mas sei lá. 

 - Não é loucura. - Ela riu. - Você é jovem, precisa aproveitar a vida. 

 - Mas não tanto. - Meu pai disso do outro lado. Até agora está tudo indo bem. 

Não dissemos mais nada até chegarmos ao hotel, meu pai pagou o taxista e fomos em direção a recepção. 

Eu queria mandar mensagem para Shawn, mas ele ainda estava na entrevista, ou não. 

 - Tom? - Apesar de ser falta de edição gritar as pessoas, eu precisava saber se era ele mesmo. O mesmo olhou para trás confirmando minhas suspeitas. 

 - Eu. - Ele correu um pouco para chegar aonde eu estava. - Seu pai já chegou? 

 - Sim, onde tá o Shawn? - Perguntei. 

 - Tá tomando banho. - Ele deu os ombros. Os olhos se fixavam em uma parte atrás de mim. - Por acaso seu pai é um cara que tem uma puta cara de assassino de aluguel? - Me virei para ver aonde ele me olhava. 

 - Exatamente. Adorável não? - Ele balançou a cabeça negativamente em minha direção.  

 - Eu não queria ser o Shawn nesse três dias. - Ele murmurou. - Você disse que seu pai era o que mesmo? 

 - Advogado. - Dei os outros. 

 - Ele tem uma cara de quem é a pessoa que está sendo julgada por homicídio. - Tive que gargalhar. 

 - Ele nem tem essa cara Tom. - Meu pai agora caminhava em nossa direção. - Ele só parece ser assim. 

 - Meu Deus Maria. - Ele sussurrou, baixo o suficiente só para que eu escutasse. 

 - Pai, esse é o Tom. - Meu pai estendeu a mão para Tom. - Ele trabalha com o Shawn é e meu amigo. 

 - É um prazer te conhecer. - Tom sorriu.

 - O prazer é meu rapaz. - Meu pai tinha que fazer a voz assustadora dele. Carrie apenas riu. 

 - Essa é a esposa dele, Carrie. - Tom cumprimentou ela. 

 - Filha, nós vamos para o nosso quarto, nós encontramos a noite para jantarmos? - Assenti. Meu pai beijou minha testa, acenou para Tom e saiu com Carrie. 

 - To indo para o quarto ver se meu namorado tá vivo. - Beijei a bochecha de Tom e o deixei parado no saguão. 

Meu pai nem era tão assustador assim. Tudo bem que ele fala devagar, pausadamente, tem um olhar meio assassino, mas fora isso, ele é uma pessoa tranquila. Teve até uma banda.

Um cara que teve uma banda não pode ser um assassino em série. 

Shawn estava jogado em cima da cama usando apenas uma calça de moletom. 

 - E aí?! - Disse me jogando em cima dele. 

 - Aí, você pesa, ainda mais se chegar se jogando em cima das pessoas de supresa. - Ele disse rindo. - Seu pai chegou?  

 - Sim. - Me escorreguei para o lado, me aninhando a lateral do corpo dele. 

 - Assim que você entrou no quarto, Tom me mandou uma mensagem dizendo boa sorte. - Balancei a cabeça negativamente. - Devo ficar preocupado? 

 - Não, Tom é exagerado. 

 - Iremos jantar com eles essa noite? - Assenti. Andy havia nos dado o dia de folga, já que nos dias anteriores Shawn teve shows, e amanhã teria novamente e assim por diante. - Algum conselho? 

 - Fica longa das facas. - Shawn me olhou assustado, mas depois riu. - Brincadeira. 

 - Como você está se sentindo? - O polegar dele tracejou todo meu maxilar. 

 - Querendo chorar. - Dei os ombros. - Mas to feliz. 

 - Então, choro que felicidade? - Shawn fez uma careta engraçada, e acabou por me fazer rir. 

 - Talvez. - Shawn me encarou por alguns segundos antes de juntar nossos lábios num simples toque. 

 - Vou precisar de sua ajuda para escolher uma roupa pro jantar. - Ele disse suspirando. 

 - Porque? - Perguntei rindo. 

 - Não quero ficar deselegante perto do seu pai. - Ele disse dando os ombros. 

 - Amor, até de pijama você fica elegante. - Beijei o nariz dele e levantei da cama. Já ia dar cinco da tarde, e por mais que eu não tenha feito quase nada, eu estava psicologicamente cansada. 

Shawn encheu a minha paciência para que eu escolhesse uma roupa para ele usar, o que eu acabei fazendo. Escolhi uma de suas calças jeans preta e uma blusa social branca, no final ele mesmo poderia ter feito isso.

Iríamos jantar no hotel mesmo. Eu não quis arriscar a ir a outro lugar e acabar tendo fotos indesejadas nas redes sociais, mesmo com quase todo mundo sabendo que agora Shawn tem uma namorada, mas ainda era minha família, por isso achei mais viável jantarmos aqui.  

Meu vestido era simples, branco com alguns detalhes de renda preta, eu havia ganhado de natal da mãe da Marina. Sim eu me encontrei com eles quando eu fui me despedir da Mari. 

Não vou dizer que foi o melhor encontro da minha vida, até porque não foi. Ricardo me encarava como se tivesse sido minha culpa, já a Mari, mãe dela, me encarava com pena. Tive que aguentar umas piadinhas para que eu não voasse contra o pai dela, mas no final da noite, eu me despedi da minha prima e seu noivo, e do não tão pequeno brotinho que vive dentro dela, a Mari já está de seis meses, da pra acreditar?! 

Fiz uma trança lateral no meu cabelo, e calcei um salto grosso não muito alto.  

Me arrumar muito me faz pensar, o que tira os pensamentos sobre meu pai da minha cabeça. 

 - Você está linda Maria. - Shawn me abraçou por trás. 

 - Você também esta lindo. - Sorri. - Me ajuda? - Entreguei para ele o colar que ele havia me dado e ele abotoou o mesmo em volta do meu o pescoço. 

 - Vamos? - Me virei para ele e o encarei por alguns segundos. Eu estava a poucos minutos de apresentar meu namorado para meu pai. Em 19 anos, essa é a primeira vez que isso me acontece e eu não faço a menor ideia de como proceder. 

 - Vamos. - Sorri confiante, talvez mais para mim do que para ele. 

Shawn segurou minha mão fortemente enquanto andávamos até a porta do quarto. Quando você quer que a coisas passam devagar, mais rápido elas vão. 

Esse é o problema com as fadas do tempo, elas nunca estão a nosso favor. 

Chegamos no lobby mais rápido do que eu queria. Shawn ainda segurava minha mão, quando chegando ao restaurante. Antes mesmo que o maître nos levasse até a mesa, eu avistei meu pai. Blusa social preta, acompanhada de um paletó também da cor preta, aposto que ele escolheu sua roupa mais assustadora para isso. 

 - Filha. - Ele disse assim que me viu. 

 - Oi Pai! - Ele se levantou da mesa para que pudesse me cumprimentar, mas seus olhos recaíram em Shawn que segurava minha mão ainda mais forte, talvez ele esteja mais nervoso do que eu. - Esse é o Shawn. Meu namorado. 

 - Senhor. - Shawn estendeu a mão livre em direção ao meu pai. Ele encarou sua mão por alguns segundos, e eu temi que meu pai não apertasse, mas ele apertou. Eu não fui a única a prender a respiração. Tanto Shawn quanto Carrie, a soltaram lentamente. 

 - É um prazer te conhecer Shawn. - Meu pai disse, sua voz lenta provavelmente estava matando meu namorado. 

 - O prazer é meu senhor. - Ele sorriu amarelo. - E essa é a sua esposa presumo. A reconheci da vídeo chamada. 

 - Sim, meu nome é Carrie. - Ela veio andando em nossa direção e cumprimentou Shawn. - É um prazer te conhecer. 

 - O prazer é meu senhora. - Shawn havia ficado mais leve com a presença de Carrie. 

 - Apenas Carrie. - Meu namorado balançou a cabeça afirmando num ato rápido. 

 - Sentem-se. - Shawn se sentou ao meu lado de frente para meu pai, e eu me sentei de frente para Carrie. Troquei um olhar rápido com ela, que assentiu disfarçadamente. 

 - Então Shawn, a Maria disse que você é músico. - Ela sorriu. - Quando eu conheci o pai dela, o mesmo também era músico. 

 - Sério? - Ele perguntou me olhando. 

 - Serio. - Sorri. - Ele tocava guitarra. 

 - Mas isso foi a muito tempo. - Meu pai resmungou. - Não lembro nem como é mais. 

 - Nem tem tanto tempo assim. - Carrie deu de ombros. 

 - O Shawn poderia de ajudar a relembrar. Ele toca guitarra também. - Sorri. Procurei a mão de Shawn por debaixo da mesa e quando encontrei, Apertei. 

 - Seria um prazer. - Ele sorriu. 

 - Que outros instrumentos você toca? - Meu pai arqueou a sobrancelha. 

 - Bateria, violão, piano, teclado... - Shawn sorriu. - Aprendi sozinha a maioria. 

 - Que interessante. - Meu pai sorriu, dessa vez Shawn que apertou minha mão mais forte. - E quais são suas intenções com minha filha? 

 - Pai! - O repreendi. 

 - O que? - Meu pai é um ótimo ator. 

 - Não precisa responder Shawn. - Sussurrei para que apenas ele pudesse escurar, já que meu pai estava recebendo um pequeno sermão de Carrie. Não vou culpar ele, é a primeira vez que fazemos isso. 

 - Desculpa pela pergunta inconveniente. - Meu pai pigarreou quebrando o contato entre mim e Shawn. 

 - Sem problemas. - Ele sorriu. - Mas eu pretendo me casar com sua filha. - A água que eu estava tomando tomou um caminho diferente, e queria sair pelo nariz. - Eu a amo, muito, mas muito mesmo. Ela tem me feito feliz durante os últimos quatro meses, e eu percebi que é essa felicidade que eu quero pro resto da vida. O senhor pode ter certeza que eu vou fazer de tudo para que ela seja feliz. Maria, é a minha felicidade, e eu não poderia viver sem ela. - Encarei Shawn com algumas lágrimas nos olhos, eu não queria piscar, porque eu sabia que elas iriam cair, mas mesmo assim elas caíram. Quando você acha que não pode mais se surpreender, a vida te mostra ao contrário. 

 - Eu sei disso. - Shawn virou seu rosto para que encarar enquanto sorria. Se inclinou lentamente e beijou minha testa. 

Eu quis ficar ali pelo resto da minha vida. 

Eu já disse o quanto eu amo ele? Sei que já falei milhares de vezes que eu o amo, que tudo isso é incrível e que eu nunca achei que fosse acontecer, já disse varias vezes o quão surpresa eu estou por tudo isso, mas agora eu tenho a sensação de que nenhuma delas foi verdadeira o suficiente. 

Nenhuma pode descrever o que eu sinto de forma verdadeira, e acho que eu nunca vou conseguir afinal. Por que isso é o amor. Esse sentimento inexplicável, que quando você acha que está tudo indo no caminho certo para você finalmente explicar, tudo desanda. Acredito que se fôssemos para entender o amor, ele acabaria se tornando uma coisa banal, uma coisa fácil, onde todos acabariam se acostumando, e ninguém, nunca mais, iria ter o privilégio de poder senti-lo. 

O amor mexe com a gente. E eu pude ter o privilégio de poder ser mexida por ele. 

 

 - Eu vou na frente. - Shawn sorriu soltando a minha mão. - Te encontro no quarto. 

 - Okay. - Beijei sua bochecha. Ele se despediu do meu pai, e de Carrie e sumiu pelo lobby. 

 - Ah, eu esqueci minha bolsa, já volto. - Carrie não tinha esquecido nada, sua bolsa estava na mão esquerda, mas mesmo assim ela nos deixou sozinhos. 

O silêncio durou apenas alguns segundos antes de meu pai quebra-lo. 

 - Ele é um garoto bom. - Ele deu os ombros. 

 - Ele é. - Dei os ombros.   

 - Gostei dele, mas ainda mantenho minha ameaça, se ele fizer algo contra você

 - Você mata ele. - Terminei sua frase rindo de lado. - Eu sei. 

 - Que tal tomarmos café da manhã juntos? - Ele arqueou um sobrancelha.

 - Só nós dois? - Ele assentiu. Sei que eu o convidei para vir, porque queria conversar com ele, mas vendo que isso realmente vai acontecer é tão assustador. - Eu iria adorar. 

 - As nove? - Assenti. 

 - Depois podemos ir para a Arena onde vai acontecer o show, aí você pode tocar com o Shawn. - Dei os ombros. 

 - Vamos ver se seu namorado realmente sabe tocar. - Meu pai piscou para mim. - Agora eu preciso ir atrás da Carrie. 

 - Okay, boa noite pai. - Ele beijou minha testa e fez o mesmo caminho que Carrie tinha feito. 

Eu estava feliz, no final tudo tinha ocorrido bem. Meu pai havia gostado de Shawn, os dois tinham se dado bem, está tudo até perfeito demais. 

Nosso quarto ficava quase que no final do corredor, mas eu pude ver Shawn sentado no chão.  

 - O que você está fazendo aí? - Perguntei me aproximando. 

 - Esperando você chegar. - Ele deu os ombros. 

 - Porque não podia esperar lá dentro? - Perguntei rindo.   

 - Porque você tá com a chave. - Ele balançou a cabeça negativamente, e eu fui parando de rir aos poucos. 

 - Não to não. - Franzi o cenho. 

 - Tá sim. Eu não peguei o cartão. - Shawn havia se levantado para ficar à minha altura. 

 - Eu também não. - Ele me encarou por alguns segundos antes de começar a gargalhar. - Porque você tá rindo seu tapado? Estamos presos para fora do quarto. 

 - Por isso é engraçado. - Ele riu mais ainda. 

 - Aí meu Deus Shawn, todas as nossas coisas estão ali dentro. - Shawn colocou as mãos nos meus ombros e sorriu. 

 - Fica calma, Geoff deve estar lá embaixo, eu vou pedir para que ele pegar outro cartão para nós. - Ele sorriu, assenti um pouco mais calma. 

Ele pegou o celular do bolso e digitou algumas coisas no celular mas bufou em resposta. 

 - Ele tá na rua e não vai voltar por agora. - Shawn bufou, eu não queria ter que descer até a recepção. 

 - Eu não quero descer. - Fiz biquinho. 

 - Qual é o tamanho da sua vontade de entrar no quarto e deitar na cama quentinha? - Espremi um dedo contra o outro mostrando para Shawn. - Ainda bem. - Ele beijou bochecha e me puxou para sentar ao seu lado no chão. 

 - Meu pai gostou de você. - Disse enquanto tirava os saltos. 

 - Eu também gostei dele. - Ele deu os ombros. - Ele não é tão assustador quanto o Tom disse. 

 - Eu falei que o Thomas tinha exagerado. - O encarei. - Meu pai só parece assustador, mas na verdade, ele é um cara normal.  

 - Você não tinha me falado que ele já teve uma banda. - Ele indagou. 

 - Bom, ele teve uma banda. - Sorri. - Foi assim que ele conheceu minha mãe e a Carrie. 

 - Ele conheceu as duas de vez? - Neguei. 

 - Meu pai conheceu a Carrie dois anos depois que eu tinha nascido. - Suspirei. - Ele tinha a banda ainda. 

 - Quantos anos ele tinha quando você nasceu? 

 - 19, minha mãe tinha 17. - Eles eram bem novos, talvez tudo tenha influenciado um poucos para os problemas que tivemos. - Com 22 ele largou a banda para virar policial no Brasil, com 24 se casou com a Carrie, e com 31 virou advogado. - Dei os ombros. - Segundo ele, ser policial não fazia o tipo dele. 

 - Ele já matou alguém? - Encarei Shawn. 

 - Você quer mesmo saber se meu pai matou alguém durante sete anos de carreira policial? - Shawn ponderou por alguns minutos antes de negar veemente. - Foi o que eu imaginei. - Ficamos em silêncio por alguns minutos encarando a porta de carvalho. - Geoff volta quando mesmo? 

 - Eu não faço a menor ideia. - Era mais fácil a gente descer e buscar outro cartão, mas não fizemos isso. 

Tres horas se passaram desde de que havíamos sentado naquele chão. Fizemos tudo o que poderíamos ter feito para passar aquele tempo, até ensinei tricilomelo para Shawn. 

 - A gente poderia ter descido lá não é? - Perguntei. Minha cabeça estava deitada no colo de Shawn, enquanto o mesmo fazia cafuné. 

 - Podíamos. - Ele suspirou. 

 - Ainda podemos descer e pegar a chave. - Nos encaramos por alguns segundos antes dele assentir. 

Levantei minha cabeça da perna do mesmo e ele se levantou. Se tivéssemos feito isso a três horas atrás, nós estaríamos deitados na cama. 

Enquanto Shawn sumiu pela corredor eu fui catando o par de sapato que estava jogado em algum canto. 

Sim, eu havia tomado conta do corredor. 

Sabe quando você se sente observada, mas sabe que você só tem você no lugar? Pois é, não é uma sensação muito legal de se sentir as três da manhã. 

Ainda sentada, me inclinei para frente, olhei para os dois lados me certificando que realmente não havia ninguém. 

 - Isso é sono Maria. - Murmurei a mim mesma. Tornei a me endireitar na parede, mas um barulho de algo caindo chamou minha atenção.

Lamentei segurando os sapatos em uma das mãos, eu sei que na maioria das mortes de filmes de terror acontecem porque somos curiosos, mas agora eu sei como eles se sentem. A curiosidade sempre fala mais alto. 

Caminhei lentamente até onde vinha o barulho, um jarro havia sido quebrado. 

 - Tem alguém aí? - Como se a pessoa fosse responder. Quando virei para voltar, eu estanquei no lugar. Senti a ponta dos meus dedos gelarem, enquanto o reflexo da pessoa me encarava. Não era possível, era? Não tem como ser possível, não mesmo, foram dois anos longe, sem nenhuma notícia, é impossível

 - Maria? - Me virei para encarar Shawn. - Está tudo bem? O que está fazendo aqui??

 - Eu-eu vim ver o que tinha caído. - Gaguejei um pouco voltando meu olhar para a janela. 

 - O que está olhando? - Só tinha meu reflexo e o de Shawn agora. 

 - Eu achei ter visto algo, só isso. - Dei os ombros sorrindo de leve. 

 - Você deve estar com sono, vamos dormir. - Shawn me puxou gentilmente em direção ao nosso quarto. 

Por mais que eu tentasse o imagem não saia da minha cabeça. E eu juro que eu tentei pensar em tudo, mas eu sempre voltava para os minutos atrás. Acho que o medo falava mais alto do que qualquer outra coisa. No fundo eu espero que Shawn esteja certo, que seja só sono. 

Na manhã seguinte foram os beijos de Shawn que me acordaram. O mesmo beijava toda parte descoberta do meu corpo. 

 - Bom dia para você também. - Resmunguei. 

 - Que bom que acordou. - Ele sorriu. 

 - Algum motivo especial para me acordar assim? - Ele negou sorrindo. - Tem certeza? 

 - Tenho. - Ele deu os ombros. - Eu devia estar com medo, mas até que estou bem calmo. 

 - É apenas meu pai, não um monstro. - Num movimento rápido, Shawn já estava em cima de mim. 

 - Por isso mesmo, eu devo estar com medo. - Ele fez careta. - Vou tocar com o pai da minha garota. 

 - Você vai se sair bem. - Dei os ombros dedilhando seu peitoral. - Tocar instrumentos é algo natural que você faz. 

 - Se você diz. - Shawn sorriu antes de me beijar. Ficamos nos pegando por alguns minutos até eu perceber que eu precisava ir. É claro que ele resmungou muito, mas ele também precisava ir. 

Vesti uma calça jeans azul, um moletom preto, calcei meus tênis e prendi a metade do meu cabelo. Agora eu realmente estava começando a ficar nervosa. 

 - Aonde vocês vão? - Shawn perguntou aparecendo do banheiro. 

 - Eu não sei. - Dei os ombros. 

 - Sabe que não precisar ficar nervosa né? Vai dar tudo certo. - Ele acariciou minha bochecha e me puxou para um abraço. 

 - Eu sei, mas meu subconsciente não sabe. - Sorri de lado. 

  - Eu tenho certeza que mesmo com ele não colaborando, vai sair tudo bem. - Apenas assenti e me inclinei para beijar sua boca. - Eu te amo.

 - Eu também. - Me afastei dele para pegar minha bolsa e sai do quarto pegando um cartão extra. 

Fiz meu caminho até o lobby e não pude deixar de lembrar do ocorrido na madrugada. Não tinha como ser real, mas parecia tanto. Tão próximo de mim, tão vivo. 

Balancei a cabeça negativamente e sai do elevador. Meu pai estava sentado numa poltrona lendo algum tipo de revista da qual eu tenho certeza que ele não está nem um pouco interessado, tive ainda mais certeza quando o mesmo me viu e não pensou duas vezes em largar a revista de qualquer jeito e vir em minha direção. 

 - Bom dia. - Ele disse sorrindo.

 - Bom dia pai. - Sorri. Começamos a caminhar em direção à saída, meu pai disse que havia visto um café perto do hotel e que seria bom conversamos lá, e eu também queria dizer um pouco longe do hotel depois do ocorrido. 

Fomos conversando sobre um assunto banal, ambos querendo adiar o máximo possível o nosso verdadeiro motivo para estarmos aqui. 

O café era legal, muito verde e madeira, e tinha esse cheiro bom de café que acabou de ser moído, que me lembrou meu bisavô. Ele tinha esse pilão de moer café, bem estranho, mas sempre que eu via ele, o mesmo estava batendo esse pilão, como um índio que ele não era, Antônio Hanôver era um inglês metido a brasileiro, mas que na hora de xingar, não média esforços para soltar o famoso “bloody hell”. 

Um senhor esquentado para a idade. 

 - Então, acho que eu devo começar. - Meu pai engoliu a seco a saliva que ele não tinha. 

 - Na verdade, eu acho melhor começar. - Suspirei. - Sei que conversamos por vídeo e tudo mais, mas eu realmente sinto muito pai. Eu te afastei, fiz você acreditar que eu não te amava, e pior, eu acreditei que você não me amava, quando a verdade não era essa. Eu nunca deveria ter feito isso, fechado minha vida para vocês por causa de uma mágoa que nem era minha. Eu sei que você e minha mãe tiveram seus problemas, e eu acabei por deixar me influenciar pelas coisas que ela dizia a seu respeito, e eu sinto muito por isso. 

 - Você foi minha primeira filha. - Ele segurou minha mão. Eu queria chorar agora. - Sabe o quão importante é para um homem segurar um filho? E como essa importância se multiplica quando se trata de uma menina?! Eu nunca vou me esquecer de quando segurei você pela primeira vez, vestindo aquele macacão rosa estufado que sua vó insistiu em colocar, tão pequena, tão frágil e naquele momento eu fui o homem mais feliz do mundo e eu ainda sou. Minha menina cresceu tanto, e não importa o tempo que passe, você sempre vai ser minha menina. Minha primeira filha. E eu vou sempre te amar, independente de tudo. Eu nunca deixei de te amar Maria, nem por um segundo. Você não tinha culpa pelos meus erros, e eu sinto muito por não ter percebido o quanto aquilo te prejudicava. Espero que possamos recomeçar isso. - Eu não percebi quando as lágrimas caíram, so sei que meu pai, ajudou a secar as mesmas. Um recomeço. Era tudo o que precisávamos. 

 - Uma pessoa uma vez me disse que eu ainda posso mudar isso. - Sorri. - Que ainda tinha tempo. E ela está certa. - Dei os ombros. - Iremos recomeçar tudo de novo pai.


Notas Finais


Momento fofineo com o pai da Maria <3
Ate a próxima amores, bjs!


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