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História She's dead. - Reencontro.


Escrita por: mrsomalley

Notas do Autor


Oi gente!
Turubom? Espero que esteja tudo certinho, tudo top

Mais um capítulo frexxxquinhos para vocês

Espero que gostem

Boa leitura

xoxo ❤

Capítulo 2 - Reencontro.


Depois

Alicia Gusman Ayala.

Beaufort, Carolina do Norte.

Beaufort sempre foi um lugar pequeno, onde todos se conhecem ou se esbarram na ida ao mercado. Eu nasci nesse lugar, e creio que morrerei aqui também. O bom desse lugar é que as coisas funcionam com um certo equilíbrio, por exemplo: talvez seus vizinhos da esquerda sejam os maiores fofoqueiros do mundo, no entanto, os da direita são uns fofos que te emprestam um pouco de açúcar vez ou outra. Resumindo, em Beaufort todo mundo se conhece, e a maioria conversa comigo. 

Exceto aqueles que um dia foram meus melhores amigos.

Desde a morte de MJ ninguém tinha se falado. Nem mesmo Valéria e Davi. Ouvi dizer que Cirilo tinha se tornado o maior pegador de toda Carolina do Norte, e soube também que ele fazia dupla nessa área com Daniel. A morte dela mudou nossas vidas, a de cada um a sua forma. Depois de dois anos, eu ainda sofria, creio que todos nós sofriamos. Mas, mesmo achando uma ideia estranha, acredito que seria mais fácil se estivéssemos juntos. Me lembro vagamente daquela noite: me lembro de ter dito sobre arrancar as bolas de Paulo, o motivo nem passava por minha cabeça. Me lembro também de algumas risadas. Mas, no momento do acidente, me recordo de absolutamente tudo, de Maria Joaquinha ser engolida por aquela chama gigante, de eu ter gritado tão forte que acordei rouca no outro dia. Me lembro da dor que senti naquele momento, a dor que ainda mantinha-se presente dentro de mim.

- Alicia! - gritou-me Mário, meu irmão gêmeo. - Mamãe está chamando pro almoço. Venha rápido, ou então irá esfriar.

- Já vou! - gritei de volta.

Fechei meu livro, e desci da cama. Beaufort também era um lugar onde nada acontecia de interessante, então eu tinha bastante tempo pra ler livros e mais livros. Acho que já li todos os que tenho pelo menos umas três vezes. Desci as escadas para cozinha, onde encontrei Mário e minha mãe, ambos já sentados à mesa. Sentei-me ao lado de meu irmão, e comecei a fazer meu prato.

- Hoje será o dia do festival anual, o prefeito resolveu mudar a data, por sabe-se lá qual motivo - minha mãe ia dizendo - Bom, estou pensando em fazer tortas. Vai ter um campeonato de skate também, filha, devia ir. E, Mário, soube também que terá um espaço para grafites. Sei o quanto gosta disso.

- Sabe como acho uma perda de tempo esses festivais - dei de ombros - Eles tentam fazer essas datas para animar o lugar, por ser pequeno, mas continua sendo chato. Esses festivais são estupidez. Acho que deveriam investir em coisas menos estúpidas.

- Acho que deveriam investir em uma clínica veterinária - disse Mário.

- Sim! E deveriam cuidar mais das árvores, da natureza - conclui.

- Acho lindo o amor de vocês pela natureza. No entanto, também acho que deveriam sair um pouco de casa. - Mário e eu nos entreolhamos - Ok, tive uma brilhante ideia, já que irei fazer as tortas para o festival, quero que comprem os ingredientes no mercado.

- Quanta bobagem.

Minha mãe era uma pessoa super preocupada com seus filhos, tanto que quase nos sufocava vez ou outra. Mas eu entendia de certa forma, ela era além de nossa mãe, nosso pai. George Walker, o cara que aparentemente era nosso pai, abandonou minha mãe quando soube que ela esperava gêmeos, e não um só bebê. Antes da gravidez minha mãe dizia que as coisas eram boas, ele era um cara gentil. Depois do anúncio da gravidez, as coisas esfriaram. E, quando soube que seria gêmeos, ele arrumou a mala e saiu em uma noite de outono, sem dizer nada, nem mesmo um bilhete havia deixado. Mário sempre perguntava por ele, no entanto, minha mãe sempre contornava o assunto para uma outra coisa. Eu apoiava o silêncio sobre aquele assunto, pois conhecia meu irmão como a palma da minha mãe. Ele surtaria de ódio.

Paulo Guerra.

Beaufort, Carolina do Norte.

- Anda logo, Paulo! - minha irmã gritava, em pleno supermercado. - Mamãe disse que não devíamos demorar. Ela quer fazer vários tipos de tortas, e o festival já é hoje a noite.

Ninguém merece.

Eu podia estar subindo mais um nível do meu videogame super daora, mas estava no supermercado, sendo obrigado a comprar os ingredientes do raio daquele festival idiota para velhos, ou então eu não poderia mais encostar no meu videogame super daora. E ainda com a chata da Marcelina que não parava de falar um segundo, perguntando se eu estava gostando de alguém, ou com algum envolvimento oculto. Oras! Se o envolvimento fosse oculto porque raios eu iria falar?

Marcelina olhava alguns molhos de tomate em uma prateleira, aproveitei aquele momento e saí de fininho, entrando em uma outra sessão, a sessão de doces. Quando olhei pra trás pra ter certeza que ela não tinha visto eu fugir dela, acabei chocando meu corpo com o de alguém.

- Caramba, foi mal...

O som da minha voz foi engolida pelo silêncio que se instalou quando meus olhos encontraram os seus.

Aqueles grandes olhos castanho escuro. O cabelo longo e liso, também castanho escuro, porém com as pontas mais claras. A boca, bem desenhada e rosada. Alicia Gusman Ayala, ainda mais linda do que a um ano atrás. Era estranho vê-la depois de tanto tempo, e era bom ao mesmo tempo, porque me fez lembrar do grupo de pessoas incríveis que eu fiz parte um dia. Ela me trouxe uma boa sensação de nostalgia, das nossas discussões bobas, dos insultos, e de como ficava ainda mais linda quando eu a irritava. Embora eu não admitisse, ela ainda mexia comigo, como sempre, desde que eu me entendia por gente.

Alicia piscou os olhos várias vezes, depois de termos nos encarado por uns três minutos. E se levantou, fiz o mesmo. Eu não sabia o que fazer, ou como agir, imagino que estivesse como um idiota.

- É... Foi mal...

- Foi péssimo! - se virou. Ela continuava a mesma marrenta de sempre, como imaginei.

- Achei que ao longo dos anos você tivesse aprendido um pouco sobre o termo educação - provoquei, e ela voltou a me olhar, com uma sobrancelha levantada.

- É, talvez eu não tenha mudado muito. Você, no entanto, passou de egocêntrico para super egocêntrico. Além de mesquinha, e outras coisas mais.

- É bom te ver outra vez, Gusman.

- Nunca é bom te ver, Guerra. Meu dia estava ótimo, e você estragou tudo com sua cara de babaca.

- Grato.

Ela se virou novamente, e dessa vez não voltou. Sacudi a cabeça sorrindo. Me lembro dela na noite do acidente, a um ano atrás. Estava tão linda, tão radiante. Alguns os homens, ou quase todos, daquela boate babavam nela, e eu tentei não dar na cara que estava puro ódio daquilo tudo. Me dizem que eu dei um soco em um cara que a olhava maliciosamente, porém eu não me lembrava dessa parte, apenas e algumas mínimas coisas.

Virei-me para ir até minha irmã, mas não foi preciso, ela estava parada na minha frente, como uma estátua. Seus olhos estavam vagos e perdidos.

- Você falou com ela? - perguntou, quebrando o silêncio depois de alguns poucos segundos - Você falou com Alicia? Eu vi o Mário. Não falei com ele, mas o vi. Você falou com ela?

- Sim. Mas foi rápido. Nada de mais. Vamos embora.

Marcelina Guerra.

Beaufort, Carolina do norte.

Parecia que meu coração ia sair pela boca a qualquer instante, meu corpo tremia inteiramente, minhas mãos suavam, e eu tinha uma grande vontade de chorar. Eu tinha o visto, na parte das frutas, escolhia algumas maçãs, provavelmente para o preparo das tortas de Sra. Gusman. Ele observava de maneira atenciosa cada maçã que pegava. Despertou em mim o sentimento que eu sempre pensei que já não existia mais desde aquela vez...

"Mário segurava meu rosto de forma firme, enquanto sua língua percorria cada extensão da minha boca. Ele tinha um gosto tão bom. Embora tivesse sido estranho no início, já que aquele era o meu primeiro beijo, Mário fez tudo ficar mais fácil, e eu já não queria parar de beijá-lo. Mas foi preciso, por conta da maldita falta de ar.

- Isso foi tão...

- Bom - completou, e hesitou em seguida - E errado. Você sabe que não podemos ficar juntos, sua mãe nunca permitiria... Ela acha que eu sou um louco. E seu irmão, você sabe bem que somos amigos, mas, ele não confia em mim pra ser seu namorado. Não com meu problemas com o transtorno.

- Eu não ligo, Mário. Sei que nunca me machucaria.

- Nunca, mas não podemos, Marcelina. Não quero trazer pra você problemas com seus pais. Quero te ver feliz...

- Não serei feliz sem você.

- Não diga isso, você vai sim ser feliz. - ele passou a mão em meu cabelo, acariciando-o, e sorriu de um jeito confortante - Eu te amo, Marce, te amo de verdade. Mas nós não podemos ficar juntos, seria uma grande confusão, e não quero isso pra você. Você é tão linda, como uma princesa, não merece passar por nenhum tipo de confusão.

- Não me trate como criança! Não vou abrir mão de quem eu amo por causa dos meus pais que não aceitam o fato de eu te amar. Mário, por favor, não desista de nós assim. Fique comigo, lute comigo.

Ele segurou meu rosto, e beijou longamente minha testa. Em seguida me olhou nos olhos, sorriu, e se virou.

- Mário - tentei interferir, mas ele continuou andando -, você não pode desistir. Por favor, não desista de nós.

As lágrimas que banhavam meus olhos correram por meu rosto, quando já não podia o ver mais. Eu sempre amei ele, desde que meus olhos bateram nos seus pela primeira vez. Foi difícil fazê-lo sentir o mesmo por mim, mas sentiu, e não podíamos ficar juntos. Eu senti uma dor se alastrar em meu coração, e então encostei meu corpo sobre a parede e escorreguei até me sentar no chão. E lá eu chorei, como uma criancinha."

- Marcelina! - exclamou Paulo, me tirando de meus devaneios. Pisquei os olhos algumas vezes, até focá-los nele - Vamos embora.

- C-claro. Já pegou tudo o que tinha pra pegar?

- Acho que sim.

Enquanto Paulo foi até o caixa pagar as compras, peguei algumas sacolas e caminhei até a entrada do mercado. Observei a rua movimentada, não tanto, mas era o máximo de movimentada que Beaufort conseguia estar. Acabei deixando a sacola cair, por falta de atenção, e alguém pegou-a pra mim.

- Você deixou isso... - podia reconhecer aquela voz em qualquer lugar. Mário perdeu a fala quando seus olhos encontaram os meus - cair... - e disse depois, como um suspiro - Marcelina.

- Obrigada - agradeci duramente, e peguei a sacola de sua mão rapidamente me virando.

- Marcelina, precisamos conversar.

- Não tenho nada pra falar com você. Perdeu o direito de falar comigo quando decidiu desistir de mim por medo. Você não passa de um covarde, Mário Ayala.

- Não é verdade, você sabe bem que tenho meus motivos.

Virei-me.

- Motivos? Quais são os motivos para me deixar como uma pata boba? Eu te amei desde sempre, Mário, e você me fez acreditar que havia uma chance pra nós, e então me deixou, me iludiu. Nós não precisamos conversar sobre nada. Continue sendo essa covarde...

- Eu não sou covarde - disse, segurando firme em meu pulso.

- Solta ela! - exclamou Paulo, e Mário o fez - Fica longe da minha irmã, ou então...

- Ou então o quê? - questionou Alicia, interferindo em uma possível discussão - Tenta ameaçar ele, ou pensar em fazer isso, que eu arrebento sua cara, e isso não é uma ameaça, é um aviso.

- Foi ele quem começou - eu disse.

- Fica fora disso.

- Não fala assim com ela - disse Mário.

- Vamos embora, Mário.

Abaixei a cabeça brevemente, pensando em como as coisas tinham chegado àquele ponto. Eu guardava mágoa de Mário, mas Alicia, ele já foi uma grande amiga minha, praticamente irmã, e eu já cheguei a chamá-la de cunhada várias vezes, só pra irritá-la. E, ela me olhou daquele jeito, com raiva nos olhos, partiu meu coração. Sentia falta dela, de todos eles.

Valéria Ferreira.

Beaufort, Carolina do Norte.

Acordei naquele dia mais animada que o normal, mesmo que eu não tivesse nada de interessante pra fazer, além de ver meu namorado, Nicholas. Acho que deve ser por conta do festival que teria naquela noite. De qualquer forma, eu sentia que algo fora dos padrões dos meus dias apáticos iria acontecer. Estranho, mas interessante.

Eu estava navegando sem expectativas pelos sites dos famosos no computador, sendo rodiada por pensamentos que já eram algo natural pra mim. Pensava em como dar um up na minha vidinha sem emoção. Eu já não era mais a Valéria animada e cheia de vida de dois anos atrás, de certa forma, MJ perdeu sua vida naquele acidente horrível e levou um pedaço de mim junto consigo. Ela levou um pedaço de todos nós que já fomos os melhores amigos e os mais badalados de toda Carolina do Norte, segundo a própria. Beaufort perdeu seu brilho, sua graça e elegância. Nada era como antes.

- Valéria! - gritou minha mãe - Nicholas está aqui, quer falar com você.

Um dia depois da explosão eu estava tão furiosa, tão magoada, por não querer acreditar que aquilo tinha sido um simples acidente, que acabei descontando tudo em Davi. Ele também estava bravo pro perder a amiga, e não ficou em silêncio como costumava fazer, ele gritou como nunca, eu gritei como nunca. Discutimos como nunca tínhamos discutido antes, foi terrível, eu cheguei a dar um tapa em seu rosto. A conclusão daquilo tudo foi o óbvio, o término. Nunca nos falamos depois daquilo, nem mesmo nos olhávamos.

Conheci Nicholas cinco meses depois, ele me ajudou a superar o luto, foi um verdadeiro cavalheiro, paciente com meu mau humor repentino, e um fofo. Nós viramos bons amigos, até perceber que queríamos mais do que somente isso. Estávamos juntos a três meses, e estava sendo incrível.

- Avise que já estou indo - respondi, e me levantei da cama, fechando meu notebook e ajeitando meu cabelo. Desci as escadas para a sala e pulei em seu braços sorrindo, ele me rodopiou no ar e então depositou um selinho em meus lábios - Pensei que viria daqui a uma hora.

- Sim, mas é difícil estar longe da garota mais linda de Beaufort - ele disse, de forma doce, depois de me colocar no chão.

- Beaufort é um lugar bem pequenino. Não me convenceu.

- Ok, do mundo.

Sorri e beijei-o brevemente.

- Mãe, estamos indo ok?

- Tudo bem.

Entrelaçei minhas mãos com as dele e nós caminhamos até a porta e começamos a andar pelas ruas sem um rumo certo. Eu gostava de estar ao lado de Nicholas, ele me fazia bem, era um bom namorado. Muitas pessoas diziam que pareceriamos mais dois melhores amigos do que namorados, nós apenas ignoravamos, e vivíamos nossa linda história de amor.

- No que está pensando? - perguntou, rompendo o silêncio.

- No amanhã. - respondi sem pensar - É o primeiro dia de aula do último ano. MJ sempre falava do último ano, porque tinha o baile e ela seria a garota mais linda. Ela tinha planos, disse que seria par do Andrew DeLucca, o cara mais popular do colégio. Mas nós sempre achamos que ela iria acabar indo com Cirilo no fim das contas. Agora ela não pode ir com ninguém, porque está morta.

- Ei - paramos de andar e ele me abraçou de lado -, não fique assim, tá bem? Sei como deve ser difícil, mas seja forte, tá?

- Tá? - respondi sorrindo fraco.

- Ah, droga... - xingou baixo, depois de pegar o celular no bolso, que vibrava a algum tempo - Minha mãe disse que meu irmão caiu da bicicleta e abriu um corte na testa. Tenho que levá-lo ao hospital.

-Céus. Tudo bem, eu vou sozinha, leve-o, e mande um beijo por mim.

- Tá bem - ele me beijou rapidamente - Eu te amo.

- Ahhh... eu também....

- Ok.

Merda! Eu hesitei, não devia ter hesitado. Mas eu não conseguia dizê-lo eu te amo, não da mesma forma que ele dizia me amar. É normal, certo? Quer dizer, faz pouco tempo. 3 meses é um período bem curto.

Então, de forma estranha, um vento forte soprou de repente, levando uma nota de 50 dólares que eu nem fazia ideia de estar no meu bolso. Xinguei mentalmente e corri até o pedaço de papel verde, até para de ventar. Abaixei para pegar de volta a nota, quando me dei conta estava frente a frente à casa abandonada. Meu coração acelerou de uma forma surreal. Parte de mim queria entrar, e reviver todos os momentos cômicos e felizes que meus antigos amigos e eu vivemos ali, dentro daquela velha casa, e a outra parte queria dar meia volta, como uma batalha. A parte que queria entrar acabou vencendo.

E lá estavam eles, Paulo, Alicia, Carmen, Daniel, Margarida, Mário, Marcelina, Kokimoto, Jaime, Cirilo, e Davi, ambos sendo engolidos pelas memórias do passado, que impedia que qualquer palavra fosse dita ou qualquer movimento fosse feito. O mesmo acontecia comigo. 


Notas Finais


Eita

Até loguíneo ❤


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