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História Silver Red - Capítulo 02


Escrita por: jikookings

Notas do Autor


Oláaaaa <3
Queria agradecer aos 92 favoritos gente, eu fico muito feliz, de verdade! Espero de coração que estejam gostando <3

Capítulo 3 - Capítulo 02


Domingo (01 de junho 2101)

Um dia após a fuga dos filhos mais novo dos Jung.

Foi quando os pais notaram a carta, quando choraram durante horas ao descobrir que tinham dois sangue-novos na família, que agora, estavam “desaparecidos”. Não houve briga como o esperado, pois os mais novos não estavam com eles e não teriam como falar nada além de sua fuga, da saudade que aquele primeiro dia já havia deixado no coração dos familiares.

Jimin descobriu naquele mesmo dia, mais tarde, quando deu falta do seu namorado que sempre se teletransportava para perto de si durante o fim da tarde. Ligou apressado aos Jungs, com um pressentimento ruim. E quando ouviu a notícia, desabou. Chorou como nunca chorou antes, amaldiçoou todas as gerações de seu namorado por não tê-lo contato, por não tê-lo levado consigo.

O que faria se algo desse errado? Se perdesse o homem por quem se apaixonou perdidamente? Seu melhor amigo?

Nunca se perdoaria se perdesse-os. Seria seu fim.

Correu pelas ruas frias de LakeVille em direção a casa dos sogros, pouco se importando com a guerra acontecendo ao seu lado. Ele sentia que precisava acalmá-los durante aquele tempo, por mais machucado que ele mesmo estivesse. Por que ele não avisou…? Perguntava-se.

Era tão injusto. Ele não passava de um vermelho comum, sem poderes ou dotes, sem condições de enfrentar uma batalha violenta como aquela. E por saber o quão agressiva a guerra poderia ser que se preocupava. Sabia que Jeongguk e Hoseok já estavam experientes nos próprios poderes, sabiam como e quando usá-los perfeitamente. Mas quando estavam sozinhos. E em uma luta contra os prateados? Não gostava nem de pensar na possibilidade.

Tentava ser otimista ao máximo. Eram melhores amigos, conhecia-os desde que se lembra por gente. Eles eram ótimos no que faziam, estavam confiantes e foram à luta por uma boa razão. Estava orgulhoso deles. Sentiria muita saudades enquanto eles estivessem fora, mas tudo bem, porque a saudade acabaria quando os reencontrassem. Afinal, eles voltariam.

Eles prometeram que voltariam.

E Jeongguk e Hoseok nunca quebraram suas promessas.

ー Noona…! ー Murmurou ao deparar-se com sua cunhada aos prantos. Abraçou-a ainda na porta da casa dos Jung, dando seu amor como uma espécie de conforto. ー Vamos entrar, por favor.

Fecharam a porta e Jimin apressou-se a abraçar a mais velha novamente. Queria dizer que estava tudo bem, que eles ficariam bem, mas suas lágrimas e olhares preocupados não ajudariam em nada. É difícil dizer que tudo vai ficar bem quando não se tem total certeza disso. É uma guerra apesar de tudo. Pessoas morrem e outras sobrevivem. Estavam rezando para os dois rebeldes voltassem vivos para casa, como prometeram, mas… Não, eles vão voltar!

ー Jiminie, v-você… você s-sabia? ー Sua sogra perguntou-lhe, engolindo em seco. Jimin nada disse, limpando as lágrimas espessas que escorriam dos seus olhos; estava doendo, doendo muito. ー Sabia que eles eram sangue-novos? Que eles fugiriam?

ーNoona… ー Sussurrou fraco. Estava doendo tanto. ー E-Eu sabia. Sabia que eles eram sangue-novos e que estavam treinando muito e há muito tempo. Sei que estão preparados para a guerra, apesar de não terem tido professores prateados. Eles dominam seus poderes… sabem como agir, como, quando e contra quem usá-los. Tenho certeza que se sairão bem, seja lá onde estiverem. Mas… ー Fungou, desistindo de segurar as lágrimas. ー Eu não s-sabia que eles fugiriam. J-Jeongguk sequer s-se despediu na n-noite passada! Apenas saiu, d-deixando um beijo. O ú-último.

ー Não diga isso, garoto. ー O pai disse, duro e firme. Também sofria pela fuga dos filhos, mesmo sabendo agora que eles não eram do seu mesmo sangue; continuava amando-os tanto quanto antes, se não mais. ー Ele te ama. Esse não foi o último beijo, não foi uma despedida! Foi um até logo, apenas. ー Continuou. Essa personalidade forte e inabalável era apenas uma fachada, seus olhos estavam tão marejados quanto os dos demais. Poderiam não ser pai e filhos biológico, mas os mais novos aprenderam a esconder seus sentimentos perfeitamente com ele. ー Como você mesmo disse, eles estavam preparados para isso. Se foram, é porque estavam confiantes e sabiam que poderiam ajudar de alguma forma. Eles prometeram que iriam voltar, e voltarão com honra e dignidade por ter ajudado a salvar uma nação do caos! E se não voltarem… ー Engoliu em seco. ー Deixarão seu orgulho marcado em nosso peito e no coração de todos nós vermelhos.

Eles vão voltar.

Eles têm que voltar!

ー Sim, eles… eles vão voltar. Eu acredito neles.

Eles vão voltar.

[...]

Ao amanhecer do domingo, os irmãos já estavam longe de casa e muito próximo do rebuliço da guerra. Com o poder de Jeongguk, não perderam muito tempo caminhando ou procurando vestígios do grupo rebelde, muito menos do exército prateado ー este que deixava um rastro de sangue vermelho por onde quer que passava.

Hoseok segurava toda sua ira ao ver aquele monte de sangue de pessoas feridas ou mortas pelo exército que deveria defendê-los; usaria sua raiva como fonte de destruição para quando fosse necessário. Seguiu agarrado ao seu irmão mais novo, que os teletransportava de bairro a bairro, até que encontrassem o palco da guerra.

Foi difícil chegar até o local; não por ser escondido ー afinal, dava para ouvir o barulho de balas e baques de longe ー, mas pela cena que presenciaram assim que chegaram no campo de batalha da vez: o parque de LakeVille. O lugar, que um dia foi repleto de flores coloridas e árvores grandes, agora estava escondida em uma névoa causada por incêndios, atritos de metais e armamento militar. O cheiro de sangue, tanto vermelho quanto prateado, reinava no local, deixando tudo ainda mais enjoativo.

Era uma cena triste de se ver. O parque completamente destruído enquanto pessoas também se destruíam, como se aquela fosse a única maneira de sobreviver. A que ponto a sociedade chegou? É preciso matar um ao outro para manter a paz, é preciso matar para sobreviver. Além de triste, é aterrorizante. Horrível, horripilante.

“Guerra é paz.

Liberdade é escravidão.

Ignorância é força.” - George Orwell, 1984.

Essa citação nunca fez tanto sentido como agora.

Eles não queriam estar ali. Doía ver aquele monte de gente ferida e morta no chão, jogadas como lixos a serem retirados, como se não valessem nada. O bile já subia pela garganta de ambos ao verem o monte de sangue presente do local e como ninguém, absolutamente ninguém, se importava com isso. Nem mesmo o grupo rebelde ー este que os surpreenderam ainda mais.

Porque eles estavam matando? Desde que começaram a acompanhá-los, entenderam pelas atitudes do grupo que eles se juntaram para combater o mal, fazendo o bem. Salvando os sangue-novos, ajudando os vermelhos e, se necessário, combatendo os prateados. Mas não matá-los.

Foi decepcionante ver alguns vermelhos com bandanas vermelhas ー símbolo oficial do grupo ー matando prateados e alguns de seus próprios. Se o objetivo era combater o mal fazendo o bem, porque tanta matança? Hoseok e Jeongguk não queriam aquilo; eles queriam fazer o bem, usar seus poderes para ajudar e não matar. Sentiriam-se assassinos de primeira, tão baixos quanto o exército e reinado prateado. E isso estava fora de cogitação.

Pensaram em desistir dessa ideia louca e voltar para a casa, pois ver aquele monte de gente caindo no chão sujo, mortos ou seriamente feridos, estava sendo ruim demais. Estavam esperando a hora que o vômito fosse passar pela garganta e sair de seus estômagos de uma vez. Mas não o fizeram. Continuaram lá, respiraram fundo e decidiram que ajudariam da sua maneira.

Usariam os poderes para o bem.

Poderia causar alguns ferimentos leves, mas nada muito profundo ou que causaria a morte de um ou outro. Os poderes seriam usados em último caso para que pudessem resgatar vermelhos e sangue-novos, seu povo. Já tinham os soldados e os curandeiros para ajudar os prateados, de qualquer forma.

Uma vez que isso foi decidido, marcaram um local afastado como ponto de encontro, para que assim que tudo acabasse ー ou desse indício de acabar ー pudessem fugir com os resgatados. Abraçaram-se apertado, desejando boa sorte e prometendo que veriam-se novamente em algumas horas. Agarraram-se naquele pequeno fio de esperança ー que falhava a cada novo tiro de bala que ouviam perfeitamente ー e correram em direções opostas.

Era agora ou nunca.

Hoseok respirou fundo, tentando arquitetar um plano coerente e eficaz em sua mente, que trabalhava à mil. Poderia evitar usar seu poder e observar os sangue-novos e vermelhos que precisavam de ajuda, resgatando-os da fúria dos prateados. Ou, quem sabe, poderia utilizar seu poder para distraí-los e então resgatar os do seu sangue.

Por fim, decidiu usar a última tática.

Analisou bem a situação, engolindo em seco ao notar algumas crianças abandonadas em meio a multidão raivosa. Seus olhos marejaram ao vê-las amedrontadas e sem proteção alguma. Elas seriam as primeiras a resgatar.

Olhou o poste na mesma rua, pouco afastado das cinco crianças desoladas, e concentrou-se. Juntou toda fonte de energia possível, controlou seus sentimentos ao máximo que conseguiu e arfou alto. Explosão e explosão. Muitos pararam o que estavam fazendo, assustados com o estrondo, e ele sorriu. Correu em direção aos pequenos, tentando ser discreto e rápido para que ninguém notasse-o.

ー Venham com o tio Hobi, eu vou levá-los para um lugar seguro. ー Murmurou, tentando puxar as crianças consigo. Mas uma menininha, talvez a mais velha entre eles, continuou no lugar, com os olhos marejados e arregalados. ー Por favor, aqui vocês estão correndo muito perigo!

ー E o que nos garante que não vamos estar correndo perigo com você? Não te conhecemos, e estamos em meio a uma guerra. Pode muito bem nos sequestrar ou nos matar ao invés de nos salvar! ー A garota disse, surpreendendo ao mais velho pelas palavras duras, porém sinceras. ー Como posso confiar em você?

ー Eu sei que não pode. E agradeço a Deus por ter esse pensamento esperto que teve, pois poderia ser alguém de má índole aqui no meu lugar. Mas não é. ー Admitiu, ajoelhando-se rapidamente para ficar do mesmo tamanho que garotinha. As pessoas não notavam-os, estavam ocupadas demais matando-se. ー Eu entendo que pode parecer suspeito, mas aqui é muito perigoso. Se continuarem aqui, poderão morrer. Eu não sei quem vocês são, e vocês não sabem que eu sou, mas eu nunca, em toda minha vida, faria algum mal à você ou qualquer outra pessoa. Eu só quero ajudar. ー Confessou, sorrindo fraco. ー Por favor, venham comigo. Eu tenho que levá-los para longe daqui. Tenho que salvá-los. Não confie em estranhos, mas, droga… por favor, confie em mim.

Hoseok não sabe dizer o que a convenceu: seu olhar desesperado, as balas em disparando às pessoas em sua volta, sua lágrimas ou suas palavras. Mas, de qualquer modo, convenceu-a a levar seus irmãos junto consigo até um lugar seguro. Segurou-os em uma corrente de pessoas, saindo correndo em disparada até o esconderijo que encontrou entre as árvores.

Ao chegar no pequeno cômodo de madeira, olhou para as crianças e pediu para que elas continuassem ali, bem escondidas e em segurança enquanto tentava resgatar outros. Mesmo receosa, a garotinha assentiu por si e pelos irmãos, abraçando-os fortemente. Hoseok quis chorar ao ver o instinto protetor que ela tinha, igualzinho ao seu irmão. Rezava para que ele estivesse bem.

Voltou a encarar a multidão violenta, procurando por feridos e perdidos em meio a todos. Não foi difícil de encontrar, afinal o que mais tinha ali eram feridos e pessoas completamente alheias ao acontecimento. Concentrou-se ao máximo, sentindo a cabeça doer a cada nova explosão, que trazia mais e mais refugiados.

Ia e voltava com uma rapidez invejável, fazendo-o questionar mentalmente se não havia nenhum rastro de rapidez como seu poder prateado. Trouxe feridos, adultos e adolescentes, crianças e velhinhos, até que o primeiro esconderijo estivesse cheio e sem mais espaço. Deixou-os lá, dizendo que voltaria em algumas horas para levá-los a um lugar mais seguro, mas se caso não voltasse, que fugissem e corressem para longe de LakeVille.

Quando pegou mais uma leva de resgate, aproveitou para trazer uma sangue-nova curandeira, que tratou de ajudá-lo com os feridos de ambos os esconderijos. Pediu para todos se ajudassem e contribuíssem para que coubesse mais pessoas, evitando assim mais mortes.

Jeongguk era mais rápido no resgate, talvez por seu teletransporte. Corria de um lado ao outro, pulava de uma extremidade a outra, resgatando de vinte à cinquenta pessoas de uma só vez. Colocavam-os em uma roda, davam as mãos e então se teletransportavam para longe dali.

Sua telepatia também ajudava-o muito no quesito de saber quem era do bem e quem era do mal. Conseguia ler o pensamento de todos, deixando-o tonto com tanta maldade, e com uma enxaqueca horrível com tamanhos pensamentos. Queria chorar ao ouvir os prateados pensando em matar cada vez mais vermelhos e exterminar os sangue-novos. Queria vomitar ao vê-los fazendo isso.

ー Você é um sangue-novo? ー Um garoto perguntou à Jeongguk, que rapidamente assentiu, limpando algumas lágrimas dos olhos, as quais ele fingiu ser apenas suor em demasia. ー V-Você… ー Engoliu em seco. ー Pode ajudar um amigo meu?

ー Onde ele está? ー Perguntou afobado. Queria ajudar o máximo de pessoas possíveis. Lendo o pensamento do garoto, notou que eram mais que amigos e que este estava muito preocupado com o outro. ー Namjoon, não é? ー Perguntou, fazendo com que o garoto se assustasse e assentisse. ー Me diga onde Seokjin está e eu tentarei ajudar. Mas diga-me rápido.

ー C-Como você…? ー Perguntou confuso. ー Q-Quer dizer ー pigarreou ー e-ele está na extremidade sul, ao leste. Um amigo da Guarda Escarlate acabou acertando-o com uma flecha e eu tive que deixá-lo separado de todos, para que não morresse. M-Mas… ele estava m-muito ferido e e-eu-

ー Vamos, segura minha mão. ー Pediu, respirando fundo. ー Me dê as coordenadas e iremos resgatá-lo.

Namjoon deu as coordenadas e, em menos de dois segundos, sentiu-se enjoado e completamente tonto dentro de uma névoa esbranquiçada e gélida. Poucos segundos depois, seus pés voltaram a tocar a terra empoeirada, fazendo-o respirar aliviado. Teletransporte não era seu forte, pensou.

Passaram os olhos por todo o local e assustaram-se ao ver a quantidade de feridos em um lugar tão pequeno e espremido, além de vulnerável, como aquele. Jeongguk pediu para que ele procurasse por seu amigo e esperasse-lhe naquele mesmo local, pois iria juntar o máximo de pessoas que conseguisse para resgatar. Assentiu rapidamente, olhando para todos os lados e procurando por seu melhor amigo em todo e qualquer lugar.

Sua mente já estava nublada e seus olhos marejados ao pensar que ele havia sido morto ou, no pior das hipóteses, pego pela patrulha prateada, quando avistou-o sentado contra uma muralha cinza e apedrejada. Estava com a mão no abdômen, onde vazava sangue escarlate através de um corte fundo. Correu até seu amigo, abraçando-o fortemente enquanto chorava desesperado.

ー Aguente, por favor, aguente, hyung. ー Pediu, limpando as lágrimas do mais velho e beijando-lhe na testa. ー Consegue se mover sozinho? ー Perguntou, aproveitando das mãos no rosto alheio para averiguar sua saúde. Sem febre, sem suor e sem hematomas mais profundos. O mais velho encarou-lhe confuso, mas negou a sua pergunta. ー E-Eu vou te carregar, p-por favor, aguente f-firme, hyung.

Assim que pegou-o no colo, Seokjin abraçou-o pelo pescoço para não cair. Gemeu dolorido devido à dor estonteante em sua costela, fazendo com que uma lágrima solitária escorresse por seus olhos. Namjoon arfou, correndo em direção ao lugar marcado para se encontrar com o garoto sangue-novo; encontrando-o entre mais… setenta pessoas ー contou mentalmente.

ー Eu nunca fiz isso com mais de cinquenta pessoas, mas… ー Murmurou, pegando no braço de Namjoon e segurando a mão de uma garota ferida. ー Vamos lá.

Alguns minutos depois, estavam se teletransportando até o outro lado do parque, em direção ao esconderijo do Jung mais novo. Sua enxaqueca piorou, por nunca ter testado fazer isso com esse tanto de pessoas de uma só vez, mas conseguiu. Demorou um pouco mais que usual, e quando chegou ao solo, caiu apoiado nos joelhos, gemendo sôfrego pela imensa dor de cabeça.

Entretanto, logo levantou-se e respirou fundo. Correu com o restante das pessoas até abrir a pequena portinha de um cômodo no subsolo entre as árvores, onde ele e seu irmão estavam escondendo todos que resgatavam. Pediu para que cada um entrasse e desse espaço para o outro; era necessário o apoio de cada um lá dentro para que pudessem salvar mais pessoas.

Assim que Namjoon entrou, com Seokjin em seu colo, suspirou aliviado, deixando as lágrimas quentes caírem de seus olhos novamente. Quando Jeongguk pediu para que a curandeira que resgatou ajudasse seu amigo a se recuperar, não conseguiu conter a gratidão e abraçou-o, como abraçou seu amigo mais cedo. Não precisou dizer nada, sua atitude já agradeceu por tudo que havia feito, por salvar a si e seu melhor amigo; a todos lá dentro.

Jeongguk abraçou-o de volta antes de voltar a teletransportar-se à procura de mais refugiados. Tentou ignorar as lágrimas e a dor de cabeça que apenas piorava a cada novo teletransporte ou telepatia, concentrando-se em salvar mais pessoas da morte ou do abandono.

Enquanto isso, todos rezavam para os Jung voltassem em segurança. Cada um dos refugiados que eram resgatados e escondidos choravam em gratidão e agradeciam à Deus por colocarem anjos em suas vidas.

Durante as cinco horas de pura guerra, Hoseok e Jeongguk não mataram ninguém; apenas salvaram. Usaram do poder de outros sangue-novos para ajudar nos resgates e trouxeram ainda mais pessoas para os esconderijos. Eles provaram naquela noite que não é preciso matar para sobreviver.

Apenas o amor e a compaixão que salvam.

O ódio, seja por um ou por outro, apenas destrói. Machuca. Mata.

A guarda-escarlate estava saindo como os melhores, mas as pessoas no subsolo ー as mais de mil e quinhentas ー sabiam... Os verdadeiros heróis eram os irmãos Jung, e apenas eles.

[...]

Segunda-feira (02-05-2101)

Quando os irmão se encontraram novamente, no ponto de encontro, suspiraram alto e aliviados. Estavam ambos suados, cheio de arranhões e com a pele completamente suja; mas atrás deles, vinham o monte de pessoas que tiveram as vidas salvas por eles. E isso já valia à pena a dor de cabeça e os enjoos constantes.

Abraçaram-se tão apertado que poderiam perder o fôlego que já faltava nos pulmões. Estavam aliviados por ambos saírem vivos daquela noite desastrosa, que levou milhares de vermelhos, sangue-novos e prateados à morte. Era só encarar o parque e notar o quão na merda a sociedade estava. Um banho de sangue, era o que tinha ali. Não um lago saudável, de água cristalina como antigamente, mas um verdadeiro banho de sangue.

ーNós temos um esconderijo, não muito grande, na cidade ao lado, que já foi devastada pela guerra. Se quiserem, podemos levá-los até lá para que fiquem protegidos e seguros. ー Hoseok começou após se afastar do irmão. ー À propósito, eu sou Hoseok. Jung Hoseok.

ーEu sou o Jeongguk, irmão dele. ー Continuou o mais novo. ー Como ele disse, podemos levá-los até SnowFall, para que fiquem em segurança.

As pessoas se entreolharam; não desconfiavam mais dos dois jovens bonitos e de bom coração. Acreditavam e confiavam neles cegamente. Por isso assentiram, em um pedido mudo para que levassem-os até a cidade vizinha. Os garotos concordaram, sorrindo orgulhosos pela quantidade de gente que conseguiram salvar nessas cinco horas de luta. As primeiras cinco.

Começaram a caminhar em direção a cidadezinha, ao oeste do parque. Não demoraria muito, já que Jeongguk poderia teletransportá-los em pequenos grupos até que estivessem todos juntos, mas como sua enxaqueca ainda não havia passado, decidiram esperar mais um pouco ー até que ele se recuperasse. Enquanto isso, andavam juntos e sempre atentos a qualquer barulho ou movimento ao redor.

Quando Jeongguk disse estar melhor, ambos separaram as pessoas em grupos de cinquenta, um grupo “pequeno” para que ele não sentisse tanta dor de cabeça ou enjoo durante a transição. Um por um foi levado até SnowFall, uma cidadezinha fria e muito maior que LakeVille. Quando chegou a vez do grupo da primeira garotinha a ser resgatada, a mesma saiu correndo para abraçar seu maior herói e agradecê-lo por ajudá-la a cuidar de seus irmãos.

ー Mamãe sempre disse que super-heróis não existem. ー Ela murmurou chorosa. Hoseok afagava seus fios compridos, tentando não chorar em meio ao sorriso que destinava a ela. ー Mas ela estava errada. Você é o maior herói que eu e meus irmãozinhos poderíamos ter. ー Confessou, beijando a bochecha corada do mais velho. ー Obrigada por nos salvar, oppa.

ー Por favor, continue cuidado de seus irmãos, pequena. E não fale com estranhos, não confie em qualquer um. ー Pediu, abraçando-a novamente. ー Fique a salvo.

E então ela foi levada para longe.

Hoseok ficou sentado encostado em uma parede enquanto esperava seu irmão voltar com os demais sangue-novos que o ajudaram no transporte. Muitos deles quiseram continuar conosco, ajudando nos próximos resgates. Namjoon e Seokjin foram dois deles.

Ficaram em silêncio, encarando o nada, esperando o Jung mais novo voltar da última leva de pessoas. Hoseok suspirava alto, observando o sangue molhando o chão e querendo poder ser rápido o suficiente para ter salvo todos que acabaram morrendo nessa batalha sem fim. Foi horrível, desejava não ter visto metade das coisas que viu naquela noite.

Quando Jeongguk voltou para LakeVille, sentou-se ao lado do irmão e respirou fundo. Sua enxaqueca havia voltado com tudo, junto a perda de fôlego, o que era normal levando em conta ao seu poder. Ficaram cerca de mais uma hora sentados, sem dizer nem uma palavra. Os demais sangue-novos também apenas observavam, sabiam que ambos mereciam um momento para descansarem para retomar as energias perdidas.

No meio da madrugada, começaram a caminhar em direção ao próximo palco de batalha: CapStation. Demoraria mais até chegar da cidade, já que era mais longe e Jeongguk não estava em condições de teletransportar todo mundo. Foram lentamente, parando em alguns lugares para beber água, fazer higienes e comer alguma coisa. Precisavam manter-se saudáveis.

Segundo Namjoon, estavam no meio do caminho quando pararam para um pequeno cochilo. Não era algo viável e muito menos aconselhável em período de guerra, mas não seria nada bom madrugar entre uma luta e outra, apenas desgastariam-os. Entraram em uma casinha abandonada e alojaram-se no carpete dos cômodos, acomodando-se até que adormecessem de uma vez.

Determinaram três horas de descanso antes de voltar à estrada.

Mas Hoseok não conseguia dormir de jeito nenhum. Perguntava-se o que seus pais estavam fazendo ou pensando, se Jimin estava tão preocupado com seus paradeiros, se estava tudo bem em sua casa. Não conseguia pregar os olhos, principalmente porque, quando o fazia, via vermelhos e prateados sendo assassinados cruelmente uns pelos outros; via as crianças chorando em meio à batalha violenta; via tudo novamente. Era perturbador.

Não queria dormir se fosse sonhar justo com aquilo. Então desistiu. Deixou o irmão e os demais sangue-novos dormindo pela casa enquanto tomava um ar fresco pelas estradas de LakeVille. Estava tudo escuro, mas a lua iluminava bem a rua para que ele se desse conta que estava completamente sozinho.

Pelo menos era o que ele achava, até ouvir um barulho estranho vindo do meio do mato. Primeiro achou ser um animal ferido, mas os palavrões em voz chorosa fizeram-no perceber que se tratava de uma pessoa. Ferida, com certeza. Conseguiu ouvir passos pequenos e então sons que assemelhavam-se a alguém caindo ou escorregando, recebendo mais lamúrias e gemidos sôfregos em seguida.

Decidiu aproximar-se. E se fosse um vermelho ou sangue-novo? Poderia ajudá-lo, levá-lo até a casa e deixá-lo em segurança. Mas poderia ser um prateado, e ele poderia muito bem matá-lo ou entregá-lo ao rei ー e, sinceramente, Hoseok não sabia dizer o que era pior. Aproximou-se mais mesmo assim.

Sentiu cheiro de sangue e enrugou o nariz, ele odeia sangue. Não sabe como não desmaiou em meio à guerra. Andou mais um pouco, podendo enxergar uma cabeleira azul clara, a poucos passos de si. Caminhou mais apressado ao ouvir os gemidos mais dolorosos, seguidos de soluços chorosos. Quem quer que seja, precisava de ajuda, e rápido.

ー Quem está aí? ー Ouviu uma voz rouca, porém quebradiça, soar. ー Olha, eu já estou morrendo! Não precisa vir até aqui para terminar a porra do trabalho mal feito, me deixa em paz, por favor. ー Ouviu novamente, fazendo-o franzir o cenho.

ー Eu não vou te matar. ー Respondeu, chegando perto o suficiente para visualizar o dono das madeixas azuis. Era um homem branquinho e baixinho, jogado entre os mato e cobrindo o peito com uma mão. ー Quem é você e porque diz estar morrendo? ー Perguntou curioso, aproximando-se até que estivesse ao lado do ser machucado.

ー Não te interessa e não te interessa! ー Hoseok enrugou o rosto em uma careta desgostosa pela resposta nada gentil do outro. ー Quem é você?!

ー Aigoo, eu só quero ajudar, cara. Deixa de ser idiota. ー Murmurou irritado, sentindo a luz em seu interior vibrar. Nesse meio tempo, descobriu-se um cara sem muita paciência, julgando sua luz interior. ー Tira mão daí e deixa eu ver o que aconteceu, vai. ー Pediu, mas o pedido foi negado prontamente. ー Você quer morrer, porra? ー Perguntou já exausto. O garoto assustou-se com o tom irritadiço de repente, e negou, corando forte. ー Aish, um prateado. ー Revirou os olhos ao resmungar o que notou. As bochechas do baixinho estavam coradas, sim, mas prateadas. Um leve tom cinza brilhante coloria a bochecha pálida.

ー V-Você é um vermelho? ー Arregalou os olhos. Hoseok sorriu lascivo, revirando os olhos e assentindo. ー Por que está me ajudando então?

ー Por que não sou como os do seu tipo. ー Respondeu. ー Agora pare quieto se não quiser perder mais sangue.

O garoto permaneceu quieto, sem mover um músculo, enquanto encarava o vermelho em sua frente. Deveria ter notado antes as bochechas rosadas e o cabelo tão vermelho quanto seu sangue. De qualquer maneira, era um cara bonito; muito bonito.

Mas um vermelho.

ー Aish, isso está fundo demais. ー Murmurou Hoseok encabulado. Não importa se o sangue era prateado, aquilo estava dando-lhe náuseas. ー Venha, vou te levar para o esconderijo e pedir para que a curandeira cuide disso. Se eu continuar aqui, vou acabar vomitando. ー Admitiu, levantando-se.

ー É tão fraco assim? ー Disse debochado, arregalando os olhos ao ser levantado pelo mais alto. Quando foi reclamar, já estava no colo do mesmo, sendo levado para o tal esconderijo. ー Isso é sequestro sabia?! ー Perguntou indignado.

ー Você é a porra de um prateado! Pode muito bem me matar agora, então se está indo comigo é porque quer ser curado. Então cale a boca.

ー Credo, quanto mau humor. ー Resmungou ao ver-se sem resposta.

Continuaram o caminho em silêncio, com o branquelo no colo, sendo carregado sem problemas por Hoseok até a casinha do outro lado da rua. O único som que se ouvia era os gemidinhos dolorosos do mais baixo, os passos do mais alto e os grilos cantando pela mata.

Assim que abriram a porta, deparam-se com todos adormecidos e esparramados pela casa. O pálido fez uma careta com a cena; estava acostumado a ter um quarto para si, com uma cama de casal grande, em uma mansão maior ainda. Aquela casinha inteira era menor que seu closet. Mas então lembrou que eram vermelhos que estavam ali, e estavam no meio de uma guerra. Pedir algo luxuoso é pedir demais. Admitia isso.

Hoseok deixou-o em um sofá desocupado ー onde estava deitado anteriormente ー e foi acordar a curandeira da casa, a mais experiente entre todos. Ela ficou desconfiada e receosa para curar um prateado, mas depois de tanta insistência por parte do sangue-novo, começou seu trabalho.

Limpou a pele cortada e o corte fundo; tirou a camisa suja do branquelo ー que corou novamente, deixando as bochechas cinzas de vergonha ー e tocou a epiderme ferida, arrancando um gemido doloroso do baixinho. Hoseok, para tentar acalmá-lo, acariciou seus fios de cabelo, notando o quão macios eram, até que o corte fosse fechado, e apenas uma cicatriz cobrisse a pele.

Enquanto observava o prateado, Hoseok não deixou de perceber as bochechas infladas e levemente prateadas, o biquinho no lábio que vez ou outra era mordido. O garoto era bonito, não poderia negar. Apesar de não gostar nem um pouco da espécie dele, não poderia deixar de pensar no quão adorável aquele prateado em específico era. Desde as maçãs faciais coradas, até os dedinhos dos pés contorcendo-se em reflexo a dor de ser curado.

Quando tudo estava feito, a curandeira foi dispensada com um sorriso grato de Hoseok e um do branquelo desconhecido. Seu sorriso surpreendeu aos dois sangue-novos, por ser tão bonito e tão sincero, algo que não esperavam nunca de um prateado. Pelo jeito aquela frase clichê estava certa. Não se deve julgar o livro pela capa.

ー Você quer dormir? ー Hoseok perguntou, quebrando o silêncio entre eles. Mesmo se tratando de um prateado, ele estava preocupado com seu bem-estar e saúde; ele realmente poderia morrer se continuasse lá fora, sem ajuda. ー Pode se deitar aqui no sofá, eu te acordo quando estivermos saindo.

ー Para onde estão indo? Por que estão aqui? Quem é você? Quem são eles? ー Perguntou afobado, com o cenho franzido e um bico nos lábios. ー Por que está me ajudando? Eu sou um prateado, você é um vermelho.

Sangue-novo. ー Corrigiu. O branquelo arregalou os olhos e entreabriu os lábios em descrença; nunca havia visto um deles tão de perto. Pelo menos não um que não tenha tentado matá-lo. ー Eu sou um sangue-novo. Eu e todos eles. Nós estamos indo à CapStation em uma hora. Estamos aqui porque precisamos descansar, a viagem é longa. ー Disse.

ー Por que está me contando tudo isso? Eu sou prateado! Como pode confiar tanto assim em mim? E por que diabos me ajudou? ー Perguntou ainda mais confuso. Não era do feitio de vermelhos confiar em prateados e vice-versa.

ー Algo me diz que você não fará mal algum. Se fosse, já teria feito. ー Respondeu sincero, deixando o outro encabulado. ー Agora deite aí e descanse, é melhor para a sua saúde.

ー Dá pra me dizer porque está me ajudando, porra? E quem é você?

ー Já disse, estou ajudando porque não sou igual ao seu tipo. Eu quero ajudar, e gosto de ajudar as pessoas. E é por isso que estou indo à CapStation, para ajudar mais pessoas, para resgatá-las e salvá-las do império que o seu sangue criou e agora destrói. ー Finalmente respondeu. O baixinho ficou sem respostas, por isso abaixou o olhar para suas mãos e mordeu os lábios em nervosismo. O sangue-novo está certo. Ele odeia esse império, e odeia ainda mais ter que trabalhar para ele. ー Agora deita e dorme. ー Resmungou, pronto para se levantar. Mas então uma mão branquinha e quente tocou seu braço, fazendo-o parar no mesmo instante.

ー Min Yoongi. ー O azulado diz em um tom baixo. Hoseok encara-o confuso, pedindo silenciosamente para que ele explicasse melhor. ー Meu nome. E-Eu me chamo Min Yoongi. ー Revelou.

ー Hoseok. Jung Hoseok. ー Apresentou-se. O branquelo retirou a mão do braço alheio e deitou-se melhor no sofá, pouco se importando com a dor nas costas que ganharia no dia seguinte ao acordar; precisava mesmo descansar. Fechou os olhos e adormeceu rapidamente, lembrando-se apenas de sentir um cobertor ser posto em seu corpo e um sussurro soprar em seu ouvido. ー Boa noite, Min Yoongi.


Notas Finais


O QUE ACHARAM????? Eles finalmente se encontraram!!
(não se preocupem que o tae será o próximo a ser encontrado <3)

Gente, eu não falei semana passada, mas vou falar hoje: Boa sorte para quem está fazendo o ENEM esse ano! Eu sei o quão exaustivo é (e olha que quando eu fiz, era dois dias seguidos), e como a gente acaba se pressionando quanto a isso... então não se preocupem tanto, ok? Comam, bebam, descansem, relaxem e façam tudo com calma! Boa sorte <3

Até semana que vem <3
(esse mês sai mais algumas oneshots, hein hehe)


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