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História Sinfonias Dolorosas - Amigos de longa data.


Escrita por: Thatavisk

Notas do Autor


Boa leitura

Capítulo 3 - Amigos de longa data.


A luz do sol transpassava fraca as nuvens cinzas e iluminava suavemente o interior da sala. Pisquei algumas vezes até perceber que já havia amanhecido e resmunguei me espreguiçando, ouvindo os estalos de minhas articulações por eu ter dormido um tanto torta.

Havia um copo vazio ao lado do livro na mesinha de centro e meu celular estava caído sobre o carpete.

Provavelmente eu havia pego no sono enquanto ele falava algo, coitado. Me estiquei para pegar o celular e suspirei quando olhei a hora, havia dormido de mais. Num dia não houve aula e no outro perdi a hora, ótimo. 

Levantei ainda um pouco sonolenta e andei até o quarto, procurando qualquer roupa no armário. Já que havia perdido o horário, iria fazer algo.

Fazia tempo que não ia à biblioteca ou ao cinema, na verdade, fazia tempo que eu não saía para algo além de estudar ou resolver problemas. Estava há alguns meses na cidade e ainda me perdia no shopping vez ou outra ou esquecia o caminho de algum lugar e precisava pedir informação para estranhos na rua.

Vesti um jeans e um moletom pretos, pegando meu celular e notando que havia uma mensagem de boa noite de Jimin nas notificações, o que me fez sorrir abobada. Ele era uma graça.

Estava mexendo no celular enquanto saía do elevador e acabei esbarrando em alguém, fazendo-o deixar cair uma caixa e espalhando seus pertences pelo chão.

— Desculpe, eu estava distraída — digo um pouco constrangida, abaixando-me para ajudá-lo a juntar suas coisas.

— Sem problemas. — Sua voz grave me fez fitá-lo, seus cabelos e olhos eram castanhos e sua pele bronzeada.

— Desculpe — sussurrei lhe devolvendo a caixa.

— Sem problemas — repetiu sorrindo. — Kim Taehyung. — Se apresentou enquanto arrumava alguns mangás na caixa.

— Você gosta dessas coisas? — perguntei me referindo aos mangás, havia alguns outros livros também.

— Bastante. Apesar de já estar meio velho pra isso... — afirmou me estendendo um ao notar que eu tentava ler o título. Era um exemplar de um dos primeiros volumes de One Piece, se ele colecionava todos, deveria haver uma estante apenas para aquele. — Você mora aqui? — perguntou voltando a arrumar suas coisas, haviam vários outros títulos na caixa.

— Sim, no último andar. Moro no 12-E. — Me levantei devolvendo-o o mangá.

— Então é você quem cuida daquele jardim lindo no terraço? — indagou mantendo o sorriso gentil nos lábios.

— Alguns vizinhos me ajudam a manter ele vivo, sou meio esquecida, sabe? — comentei rindo um pouco. Algumas plantas às vezes ficavam sem água quando era minha vez de regar.

— Posso ajudar também se quiser, estou me mudando para o 12-A — diz gentilmente, se levantando. Ele era mais alto que aparentava quando sentado no chão.

— Agradeço. Até mais, senhor Kim — digo notando que seu rosto me era familiar, mas ignorei a sensação.

— Pode me chamar de Tae. — Afagou meus cabelos de forma natural, recebendo um franzir de cenho de volta. — Desculpa, é mania... — disse rindo constrangido ao notar meu estranhamento.

— Boa tarde, Taehyung — digo me retirando, ainda o ouvindo rir. Me surpreendi um pouco ao erguer o olhar e ver Jimin encostado em seu carro, que estava estacionado na portaria do prédio. — Acho que perdi a hora — comentei passando a mão pela nuca, seguindo até Jimin.

— Dormiu muito? — perguntou dando-me um abraço meio desajeitado por eu demorar ao notar o que ele queria.

— Culpa de quem? — reclamo erguendo o rosto, notando que Jimin olhava reto para dentro do prédio. Me virei confusa, vendo que ele encarava Taehyung. — Vocês se conhecem? — perguntei me voltando para Jimin.

— Sim. Somos amigos de longa data. — A palavra pronunciada com escárnio deduzia que estava sendo irônico. Taehyung acenou para nós e entrou no elevador, com seu sorriso gentil ainda presente no rosto. — Você irá me acompanhar hoje — disse pegando minhas mãos.

— Vou? — Ergui uma sobrancelha.

— Sim, estou apenas adiantando as coisas para depois de você aceitar — explicou gesticulando brevemente.

— E se eu negasse? — Me afastei um pouco, cruzando os braços.

— Por isso eu pulei a parte de perguntar, é que tinha essa possibilidade e ela era extremamente perigosa — diz me arrancando um sorriso. — É um método infalível. — Sorriu de forma animada.

— Okay, parece uma boa estratégia — concordei. — Acho que eu vou sair com você, então.

— Sempre funciona — diz abrindo a porta do carro para mim.

— E quantas vezes tentou? — perguntei entrando no veículo.

— Apenas essa, mas até agora não houveram falhas. É uma taxa de cem porcento de sucesso — comentou orgulhoso.

— Para onde iremos? — pergunto quando ele entrou, ajeitando meu cabelo olhando no retrovisor, Taehyung havia o bagunçado um pouco.

— Minha casa — diz simplista.

— Sua casa? — perguntei o fitando. — Nada disso, cancelando a taxa de sucesso. — As travas do carro desceram quando tentei abrir a porta. — Jimin? — Ouvi-o rir. — Não estou achando engraçado. — Ele resmungou manhoso ao ouvir meu tom sério.

— Eu não faria nada que você não quisesse, não precisa ter medo de mim — assegurou se aproximando, me puxando para um abraço. — Quero passar a tarde contigo, apenas isso, pode ficar relaxada. — Me envolveu devagar a cintura. Jimin era um cara legal e apesar de estarmos nos entendendo bem rápido, aceitar ir à casa dele mal o conhecendo não me era muito agradável.

— Por que não ficamos no meu apartamento, então? — proponho o vendo fazer um biquinho mínimo. — Já estamos aqui e tem um jardim lindo com piscina no terraço... Tem bastante espaço, podemos ficar juntos lá — digo afastando suas mãos de meu corpo.

— Eu queria ficar a sós contigo — resmungou manhoso.

— A sós? — perguntei pegando as chaves de sua mão e destravando as portas. — Podemos ficar a sós no jardim, quase ninguém frequenta lá de qualquer forma. Além de que não faríamos nada além de conversar, certo? — digo saindo do carro em seguida e jogando as chaves de volta para ele.

— Eu não iria tentar nada. — Se defendeu enquanto saía do veículo para me acompanhar. — Não confia em mim? — perguntou pegando sorrateiramente minha mão.

— Não muito... — sussurrei puxando levemente meu braço, mas ele não me soltou.

— Por que não? Eu gostei de você. — Notava-se certa decepção em seu tom. Ele entrelaçou devagar seus dedos aos meus, dando-me um sorriso.

— Você é o tipo de garoto que consegue tudo o que quer com um sorriso — comentei começando a andar, deixando-o segurar minha mão já que não parecia muito disposto a soltar.

— Como assim? — indagou andando comigo até o elevador.

— Bonito, extrovertido, educado, engraçado. Qualquer garota mataria por você. Somos bem diferentes, além de que nos conhecemos há pouco tempo — digo notando-o se aproximar mais, soltando minha mão para segurar minha cintura.

— Mas eu sinto que te conheço há anos. — diz dirigindo a mão livre ao meu rosto, segurando fraco meu queixo enquanto eu o fitava. — Mas eu entendo. Às vezes eu acabo querendo correr demais com as coisas e isso é um pouco estranho — comentou se afastando, mas ainda segurando minha cintura.

— Quer ir ao meu apartamento ou para o jardim? — pergunto me aproximando para enlaçar sua cintura, como estava fazendo comigo, fazendo-o rir.

— Tem certeza de que quer ficar dentro de quatro paredes comigo? Você mesma duvida das minhas intenções — brincou gargalhando ao me ver apertar o botão para o terraço sem rodeios.

— Quero te mostrar meus cultivos, estão quase maduros.

— Gosta de jardinagem? — perguntou apoiando cabeça em meu ombro.

— Um pouco... — digo virando meu rosto para si, seu cabelo tinha um cheiro suavemente doce do shampoo que usava, mas não era enjoativo.

As portas se abriram revelando a área de lazer do prédio, com seus jardins laterais no quiosque e dezenas de vasos largos com todos os tipos de hortaliças e flores. Cada vizinho podia acrescentar a espécie que queria desde que ajudasse a cuidar do jardim, o que resultou praticamente em um oásis acima do edifício.

Soltei Jimin, segurando sua mão que estava em minha cintura, demonstrando que queria que me soltasse e assim ele o fez.

— Quando eu cheguei aqui a maioria das plantas estavam mortas e não tinha tanta coisa. Alguns vizinhos me ajudaram a cuidar delas e até compraram novas — comentei andando de costas entre os vasos com mudas altas, mas podadas, de laranjeiras, me sentando numa das espreguiçadeira próximas da piscina e estranhando estar macia demais.

— Não sabia que já estávamos com essa intimidade toda. — Levantei num pulo, ouvindo-o rir.

— Desculpe, Taehyung. Eu não te vi. — Me explico um pouco envergonhada.

— Tudo bem, se quiser... — Ele bateu em suas coxas grossas, fazendo-me rir constrangida. — Jimin, faz um bom tempo, não faz? E você nem me cumprimenta mais, parece até que não gosta de mim — reclamou se levantando.

— Poderia fazer mais tempo — disse vindo até nós, ainda olhando de forma interessada o jardim. — Você não tinha se mudado? Por que voltou?

— Você era mais gentil comigo antes — resmungou fazendo um biquinho manhoso.

— Porque eu comia sua irmã — disse segurando o peito de Taehyung quando o próprio tentou o dar um abraço.

— É assim que fala dela agora, é? — Soou mais sério. — E com essa? Vai começar o joguinho quando? — perguntou fazendo-me fitar Jimin um pouco confusa. — Você parecia uma garota tão legal e aparece com isso aí — disse se voltando para mim, parecendo decepcionado. — Uma garota tão bonita sendo feita de idiota... — Estalou a língua no céu da boca.

— Bom, o senhor está começando a ser um pouco incômodo. — Forcei um sorriso.

— Ele nunca sabe quando calar a boca. — Jimin comentou atraindo a atenção do mais velho.

— Por que eu me calaria? Tem muita coisa pra eu dizer a ela ainda. Não acha? — indagou se aproximando de Jimin. — Sabe o quanto eu adoro conversar.

— É melhor você calar a boca — murmurou irritadiço, enrijecendo a postura.

— Okay, vocês não parecem lá bons amigos, mas o terraço tem bastante espaço. — Andei até Jimin, tentando puxá-lo comigo para o quiosque.

— 'Tá com medo de eu contar algum segredinho seu, Jimin? — questionou me ignorando.

— Como se eu tivesse algo a esconder. — Riu soprado, me empurrando levemente ao dar mais um passo na direção de Taehyung. — Quem tem segredinhos é você, Taehyung. E não são coisas muito agradáveis de se saber, sinceramente. Já pensou o que aconteceria com a sua imagem se alguém soubesse sobre o passado nada bonito dos irmãos Kim?

— Você não é maluco o suficiente 'pra sair falando de mim. — Sorriu largo em desdém.

Jimin iria retrucá-lo, mas voltou sua atenção para mim ao receber um puxão forte no braço, entendendo que eu queria sair dali. Taehyung suspirou fundo ao ver Jimin o dar costas e seguir comigo para o quiosque estilo praiano que havia sido construído para abrigar uma mesa e uma churrasqueira, essa que geralmente quase nunca era usada.

Taehyung permaneceu algum tempo deitado numa das espreguiçadeiras próximas da piscina, lendo um livro enquanto eu e Jimin conversávamos no quiosque. Mesmo que o Kim estivesse a bons metros de distância, Jimin ainda estava incomodado com sua presença e apenas relaxou quando o homem se retirou, seguindo para o elevador.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui.


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