História Sleepover (G-Dragon) - Em Minha Cabeça

 Não sei dizer-te como, mas posso lhe dizer o porque. Sinceramente, não tenho a mínima vontade de falar sobre. Certas vezes, nem pensar sobre. Mato-me internamente por ter deixado a mim mesma ser levada pela maré, mesmo sabendo que seria largada a beira mar. Apaixonar-se pelo melhor amigo? Clichê de minha parte, não? Mas a culpa não é minha. É sua. Você é quem demonstrou um afeto nunca visto por meus olhos antes. Você quem proporcionou-me sensações nunca sentidas por meu corpo antes.

 Com seus auto-convites a minha casa – muitas vezes sem aviso prévio – para passar a noite. Dormindo sobre o mesmo lençol que eu. Tendo seu corpo coberto pela mesma manta que o meu. Impregnando seu cheiro a cada canto do meu único refúgio de você, sempre deixando-me em prantos e desamparada. Deitando-se ao meu lado do colchão e usando meu calor corporal causado por sua presença sem nem mesmo saber. Com seus braços sobre mim impedindo-me de reproduzir quaisquer movimentos, mas não da forma que eu gostaria que fosse. Seus atos me causam um enternecer doloroso de se sentir. Seu olhar sobre mim causa-me tristeza por não ser da mesma forma que o meu repousa sobre você.

 Pretende que sejamos amigos para sempre? Amigos estes que aconselham-se quando achado necessário? Amigos que apoiam-se um no outro quando o resultado for insatisfatório? Por que não ser amigos daqueles que realizam os desejos do outro? Amigos além de amigos. Fora dos laços quase fraternais. Melhores amigos eternamente; para todo o sempre? Creio que posso pensar em algo melhor. Não querendo menosprezar esse sentimento mútuo de carinho amigável. Acelerando mais acontecimentos, evoluindo essa relação amistosa para algo além do calor compartilhado ao dormirmos abraçados de forma amical. Amigos? Quando está ao meu lado, não dessa forma que imagino-te. Não somente; unicamente dessa forma que eu lhe desejo. Sinto-me triste. Sempre dormindo ao meu lado. Você vai ficar comigo? Não.

 Ao menos um lado bom teria de existir. Este sendo eu poder ter-te em minha cabeça; em minha mente. Unicamente para mim. Da forma que desejo-te a anos. Como se havia de ter nascido exclusivamente para pertencer-me. Seus lábios ter minha pele como segunda prioridade, após meus lábios, esbanjando algo mais explosivo; mais apreciativo. Deixar cada digito de suas mãos explorarem os mínimos espaços de meu corpo, movimentando-as como um pirata a busca de seu tesouro. Tendo nossa festa do pijama particular sobre minha cama semi-arrumada e bagunça-la até ter todos os travesseiros de paina largados, de maneira despreocupada; sem importância  pelo chão coberto por um carpete de cor horrorosa cujo você tanto ama debochar. Ocupar-me completamente em imaginar como seria tocar cada centímetro de sua epiderme. Permitiria que minha cabeça seja preenchida por meus desejos insatisfeitos por ti? Pelo menos terei companhia em minha cama

  Sempre aqui com você, seja para aconselha-lo que roupa usar em seus diversos encontros as escuras, ou para arrumar seus cabelos que você tanto julga pela rebeldia inexistente dos fios negros. Jamais entenderá a corrente que se apossa de minha pessoa ao tocar em seus dedos. Não sentirá a eletricidade que corta-me quando segura minhas mãos. Sinto-me distante. Não quero falar sobre isso. Gostaria de não pensar sobre isso. Sinto-me sozinha. Tenho-te, mas não da forma que eu imagino. Não.

 Tendo-te em minha cama, tão próximo, tão tocável. Sentir seus toques atiçando meu tato. Em minha cabeça, eu posso sentir sua respiração além da conta. Seu vapor tocando-me a pele do pescoço é algo mais colossal que ter seu ar quente batendo em minha bochecha. Teu corpo sobre o meu a provocar-me apenas para ter o prazer de erguer seu alter ego por ver a forma que eres capaz de deixar a mim. A beira da loucura em êxtase. Por que ficar só na cama se temos todo um quarto para explorar? Suas costas sobre o carpete tanto odiado por sua pessoa, passa a ser seu conforto para ter a visão de minha dança exclusiva a você e sua língua inquieta que não sabe mais seu lugar. O pequeno sofá, qual nunca encontramos uma utilidade, passa a ser onde mais o tenho mentalmente. Meu corpo repousado sobre o conforto enquanto tenho a visão privilegiada de suas mais variadas feições ao ter meu colo inteiramente a sua mercê. Em nossa festa do pijama. Assim tenho companhia em minha cama.

 Por vezes realizo obras assim. Então vem, vamos dormir na minha cama. Tendo-te da sua maneira a meu lado, posso ter a ti da minha forma em minha cabeça. Sei que meu colchão agrada-te. Se não fosse o conforto, por qual outro motivo a ocuparia a ponto de expulsar-me? Então vem, dormiremos como amigos em minha cama e além em minha mente. Isso parte-me o coração. Os mesmo atos seguidamente; repetidamente. Sim, isso parte-me o coração. Já fiz isso tantas vezes. Faço isso toda vez. 

 Pelo menos posso ter-te em minha cabeça. Posso apenas estar com você em minha cabeça?