Fiquei por um tempo olhando para o garoto inconsciente no chão, após eu tê-lo feito desmaiar. Tom no fim das contas acabou sendo teimoso e entrando aqui na floresta. Apenas não o matei de imediato pelo meu interesse em querer entender a razão dele me chamar a atenção, e também por que,afinal, posso tentar torná-lo útil para mim.
Ele havia trago uma câmera, então peguei o aparelho no chão. Me é algo bem estranho, nunca mexi em algo do tipo, mas deu para mexer um pouco e descobrir onde a liga e ver a última gravação.
***
A imagem estava um pouco escura, pois estava anoitecendo.
Tom: Oi, aqui é Tom Miller e estou aqui nessa floresta escura e silenciosa que, dizem as más línguas, há um “monstro” (ele enfatiza as aspas) aqui, um tipo de criatura alta e esguia, algo assim. Eu não acredito nessa merda, pra mim é uma completa idiotice e, senhoras e senhores, vou mostrar a vocês simplesmente passando as próximas doze horas aqui. São seis da tarde, o portão ali (ele mostra) está trancado e vou passear aqui até amanhecer ou o “Homem Esguio” me pegar, he. Tá… Vou andando aqui.
Tom liga a lanterna que trouxe e começa a andar pela floresta. Passam uns minutos de vídeo e ele decide falar algumas coisas com a câmera para aliviar o tédio.
Tom: É bem silencioso esse lugar. Minha casa fica ao lado aí pra mim isso não é novidade. Animais cheguei a ver poucos, como corvos, ratos, insetos… Apesar de que por agora não vi nada. Uh, que sinistro (ele fala num tom irônico).
Após mais um tempo, é mostrado nas imagens uma árvore grande e antiga. Nela é possível ver um papel preso no tronco.
Tom: O que é isso?
Tom se aproxima, no papel está escrito em letras rabiscadas “HELP ME”.
Tom: “Me ajude”... Ok, quem colocou isso aí?
Após pegar o papel, ouve-se um som e Tom vira a câmera pro lado.
Tom: Oi? Tem alguém aí?
Sem resposta.
Tom: Ah, tá… Não deve ser nada. E esse papel é só uma brincadeira sem graça.
Parte da gravação ficou corrompida, até que volta ao normal após 10 minutos de vídeo.
Tom: Isso só pode ser piada! (Tom parece irritado e ao mesmo tempo nervoso), nos últimos minutos, além da câmera ter bugado e eu ter notado só agora, achei mais dois papéis como aquele lá na árvore e desde que peguei aquele papel… Sei lá… Eu tenho ouvido uns barulhos estranhos e tido uma sensação ruim e… náuseas. Sério, eu não tou gostando disso. Eu só ************ (*interferência*) **O QUE É ISSO?!**********
Mais interferência no vídeo, até ser mostrado a câmera sacudindo por Tom estar correndo.
Tom: Droga! Droga! MERDA!
Mesmo com a agitação da câmera, é possível ver Tom correr em direção a uma espécie de túnel. A imagem está escura e por um tempo ouve-se a respiração nervosa de Tom, porém contida, com a intenção de fazer o mínimo de barulho possível. Quando decide falar, ele ativa o modo noturno aí é mostrado tudo em cinza.
Tom (sussurro): Não sei se gravei, mas… Aquilo… Aquilo tá atrás de mim… Parece uma pessoa de terno, mas aquilo não é humano. Meu Deus…
O estado da sua voz, apesar de baixa, expressa desespero e medo.
Tom (sussurro): Eu não quero morrer… Eu tenho que sair daqui.
O garoto pegou a câmera e respirou um pouco até decidir se levantar e seguir para o fim do túnel. Ele permaneceu calado e seguindo lentamente. Quando ele estava perto da saída, ocorre uma interferência na imagem e aparece o “ser” no final do túnel.Tom corre pro lado oposto, porém, após isso ocorre mais uma interferência na imagem e a única coisa clara é o gritou de desespero de Tom.
FIM DA GRAVAÇÃO
***
Quando Tom me avistou na saída do túnel, ele havia se virado e corrido, mas bastou simplesmente me teletransportar pro outro lado para pegá-lo. Quando ele me viu novamente a sua frente, ele acabou tropeçando e o peguei com meus tentáculos, enquanto ele gritava em desespero e tentando lutar, em vão. Não vou mentir que o tempo todo considerei a possibilidade de matá-lo, mas acabei apenas o assustando um pouco para me alimentar de seu medo e o deixei inconsciente.
Ele teve a chance de desistir, mas falhou ao entrar aqui.
Bom, posso explorar sua mente um pouco. Ele ficará aqui por um bom tempo, não estou com pressa.
Toquei a mão em sua cabeça, então, entrei nas profundezas de sua mente.
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Tom estava com treze anos. Ele chegou em sua mãe pedindo uma ajuda com um trabalho.
Tal trabalho se tratava de ter que escrever um conto “baseado em fatos reais” e o garoto não possuía ideia do que escrever. A mãe procurou dentre umas coisas antigas no porão um diário de couro avermelhado. O que havia chamado a atenção da mulher quando chegou a ler o diário e pesquisar um pouco, era que antes na família não era muito comum pessoas altas, até que, de um relacionamento às escondidas, nasceu o filho da mulher que escreveu o diário e começou a linhagem.
Porém, o tal pai não era considerado na árvore genealógica da família, pois, quando soube que a mulher estava grávida, simplesmente se recusou a casar-se e assumir o filho.
- Ela o implorava e ele negava, inclusive dizendo que ela era “mais uma” e que ele não queria ficar preso a ela. No diário há um trecho sobre isso: “Tentei, tentei de todas as maneiras falar com ele e convencê-lo, inclusive mandar inúmeras cartas, mas eu não recebia respostas. Fui descartada como um lixo, e, quando minha família souber da gravidez, será pior. Eu e essa criança seremos sem dúvida mandados embora. Odeio aquele homem do qual amei antes. Eu o amaldiçoo por isso, Collins. Te amaldiçoo, Stephan Collins?”
- Hum… Então se esse tal de Stephan tivesse assumido a criança e casado com ela, o meu sobrenome seria Collins e não Miller?
- Exato. Numas páginas depois ela diz que cria a criança com o próprio sobrenome, aí não tem muito mais coisa, só um desabafo de culpa, pois uns dias depois da criança ter nascido ela soube que o amante morreu.
- Se ferrou, he. Hum… Fazer uma história de amor linda no começo e com drama não é pra mim… Como é com base e posso inventar, já sei. Após cansar de insistir pelo homem que a largou como qualquer uma, a mulher o amaldiçoou e então numa noite algo sinistro aconteceu. Ele numa dor e agonia foi transformado num monstro horrível sem olhos, uma boca cheia de dentes afiados e tentáculos em suas costas. Sua aparência atraente foi substituída por de um monstro devorador de gente!
- Nossa… Que horror.
- Ora, quase todo filme de terror colocam escrito “baseado em fatos reais” no começo ou no final. Ao menos isso me traz uma vontade mínima de escrever.
- Ah… Tá bem… Depois vou me lembrar de cortar de vez filmes de terror pra você.
- Xi… Lá vem…
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Parei por um momento quando vi essa parte de sua memória. O sobrenome Collins me é familiar, além disso, um ser sem olhos e com uma boca cheia de dentes… Lembro do Splendorman ter falado de um de nós com tais características. Seria coincidência ou, sem perceber, ele caracterizou o destino de seu antepassado?
Se é isso, então essa é a razão dele ter me chamado a atenção. Ele faz parte de um ramo da minha família que se perdeu.
“Collins… Então esse era o meu sobrenome?”
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