Depois de muitos abraços e agradecimentos de Rose com o resultado, eu saí do restaurante mais que satisfeita com o trabalho de todos. O restaurante ficara lindo, e o “Queen’s” sem significado, agora havia um nome muito especial para Rose. Pela primeira vez em minha vida senti como se tivesse sido útil.
– OBRIGADA DIRETOR! ISSO SIGNIFICA MUITO PARA NÓS! – Agradeci assim que ele concordou 100% com a ideia da festa de aniversário ser lá.
– O lugar ficou maravilhoso Sra. Steen. Fico feliz com sua disposição, é um evento muito importante. – Ele falou antes de ligar o carro para voltar à escola.
– Então... Qual o tema? – Perguntei mesmo sabendo que ele não falaria.
– Amanhã Sra. Steen, paciência. – Ele sorriu e foi embora.
...
– Eu não aguentava mais! Estou louca para saber essa porcaria de tema! – Anne falou se sentando numa fileira de cadeiras que havia no salão da escola, onde reuniram todos os alunos.
– Inclusive, onde estão os meninos? – Perguntei me sentando ao lado dela.
– O Mark estúpido esqueceu o celular no carro, eles já estão vindo...
~Bom dia senhores e senhoritas. Sei que estão muitos ansiosos com a escolha de tema para a festa deste ano, eu entendo completamente. Até porque eu só faço todo esse suspense para deixar vocês agitados assim, haha.~
– Esse diretor é tão estranho, olha essa risada... – Anne lançou um olhar enojado para ele.
~Como poucos sabem, esse é o 70º aniversário da escola de Small Sun Beach, e é com muito orgulho que agradeço a todos os envolvidos nessa data tão importante.~
– Eita porra. Ele já falou? – Thomas apareceu na fileira atrás da nossa falando baixinho e se sentando atrás da minha cadeira com Mark ao seu lado.
– Ora ora. Estou atrás de você agora Anne... – Mark falou no ouvido dela e a mesma deu uma cabeçada nele, nem se virando – Desgraçada...
– Ele ainda não falou o tema. – Falei sentindo Thomas perto do meu pescoço.
– Que porcaria de roupa é aquela que o diretor está...
– Cala boca Mark! – Anne se virou.
~Diferente ao ano passado, desta vez achamos um lugar um pouco mais elaborado para que o evento ocorra. O restaurante, antes “Queen’s”, agora The Coffee Lady será o local escolhido para a festa!~
Todos presentes naquele salão começaram a cochichar entre si e eu não fazia ideia se era de desprezo ou animação.
~Como vocês viram, o lugar foi reformado completamente e agora está adequado para ser recebido por nós. Por fim... O tema! Bom... Foi com muita dificuldade e atenção que escolhi esse adorável tema. O significado dele é que todos nós usamos disfarces para agir diante à sociedade, quase nunca mostramos quem realmente somos, por medo de sermos julgados e descartados. Então nessa festa mostraremos a realidade explícita, como? Usando o nosso melhor disfarce, uma M.Á.S.C.A.R.A.~
Nesse momento todos começaram a gritar e tumultuarão o local.
– AHHHH CARALHO! – Anne gritou.
– O diretor foi inteligente desta vez... – Thomas falou.
– INTELIGENTE? ELE ARRASOU! Não vejo a hora de elaborar o meu figurino.
– Só vê se não transa com um George da vida de novo. – Mark não aguentou.
– Vai comer minha irmã vai. – Ela estirou o dedo do meio para ele.
– O que achou Mia?
– Eu adorei! – Sorri animada.
...
– Tipo um Baile de Máscaras? Isso me lembra de tanto da minha juventude. – Rose juntou as mãos – É perfeito e romântico, já até imagino o que podemos colocar nas decorações na praia.
– A festa será amanhã, não é? Temos que retirar as mesas e cadeiras do térreo e lá de cima, e depois enfeitar a praia... – Daniel pegou um papel grande e um lápis.
Eu estava no restaurante assim que acabara a aula, e estava pronta para elaborar o projeto.
– Eu estava pensando que poderíamos fazer um palco na praia, em frente ao restaurante e colocar muitas luzes e nos cantos faríamos algo para as pessoas se sentarem. No meio seria a pista para dançar.
Daniel ouvia tudo e desenhava à medida que eu falava.
– Já aqui dentro colocaríamos um toque mais antigo, para parecer um pouco mais àquelas mansões de antigamente. Botaria um tapete vermelho na escada e uma iluminação forte, as comidas e bebidas eu irei organizar direito depois. – Rose completou.
– Eu também estava com vontade de fazer algo tipo um canto reservado, para casais sabe. Onde dançariam a vontade e sozinhos, repleto de flores e folhas o cercando. Bem à moda antiga mesmo.
– Podemos tentar.
– Ótimo. Vou chamar a equipe do diretor para trazer os materiais necessários e podemos começar a montar tudo.
...
Cheguei em casa para tomar um banho e trocar de roupa.
– Pai? – Entrei no escritório dele.
– Oi filha... – Ele tirou os óculos e olhou para mim.
– Posso pedir para que o livro espere e você me ajude?
– O que é dessa vez?
– A festa da escola, mesmo tendo bastante funcionário lá. Eu estou sem tempo para selecionar as músicas, e bom... Você é especialista nisso. Pode fazer uma playlist para tocar no baile de máscaras?
– Eu estou levemente tocado pelo convite. E sim, pode deixar comigo! Ah, e compre uma máscara para mim quando for procurar a sua...
– Okay, obrigada! – Subi para meu quarto e meu celular tocou – Anne.
– Oi Mia! Você mandou mensagem, o que queria falar?
– Anne, eu sei que é injusto pedir isso. Mas pode cuidar da minha roupa? Eu tenho que ficar no restaurante para organizar o local, estou sem tempo para procurar um vestido e muito menos uma máscara.
– Ahhhh! Fico feliz por deixar isso comigo! Pode confiar, vou achar um figurino perfeito para você, loirinha! – Ela falou empolgada.
– Obrigada Anne! Ah, e mais uma coisa... Pode achar uma máscara para meu pai também...?
...
O Coffee Lady estava ficando cada vez mais lindo com sua decoração, os funcionários estavam fazendo a metade do trabalho. Rose ensinava e conversava com as mulheres que iriam ficar responsáveis pelo buffet e a cozinha, eu e Daniel decorávamos o lugar especial e romântico da festa enquanto o restante construía o palco e montavam a decoração do lado de dentro.
– Está ficando bom... – Daniel falava em cima da escada enquanto eu estava enfeitando a cerca de flores e folhas.
– Está sim...
– Você devia estar procurando uma roupa, não? As lojas devem estar lotada de meninas agora...
– Eu prefiro ficar aqui vendo se tudo está dando certo e além disso, a Anne ficou responsável pelo meu vestido, confio nela. E não é como se eu me importasse muito com minha roupa... – Tentei olhar para ele – E você? Não acho que você tenha um smoking.
– Eu não vou para essa festa idiota.
– Como assim? Por que não?
– Eu nunca fui para esses eventos que a escola faz, não me interessa. E não vai ser esse ano que será diferente.
– Onde ficará então?
– Provavelmente dentro da casa ou se o barulho me irritar muito, em qualquer lugar longe daqui.
– Hum...
– O que foi? Está decepcionada? – Mesmo não o vendo, sei que está sorrindo.
– Não. Só imaginei que quisesse ver sua namorada...
– Oi? – Ele desceu as escadas e me olhou.
– Você sabe... A Sra. Moore. – Eu estava com vontade de rir, mas me segurei.
Ele andou até mim e deu seu sorriso irônico sem mostrar os dentes.
– Está tão interessada em mim Sra. Desastrada? Já até procura saber das minhas antigas relações...
– Eu apenas ouvi dizer, senhor.
– Você já tem um namorado Mia, não tente me seduzir.
– Eu já disse que ele não é meu namorado.
– E a Emma também não é minha namorada.
– Argh, vai logo terminar de colocar essas folhas lá em cima.
...
O dia passou rápido e eu nem sei como ainda estava em pé, apenas sei que só me joguei na cama e adormeci mesmo sem sequer tocar no jantar.
O dia seguinte teve as aulas reduzidas por causa da festa, então assim que acabaram Anne me puxou.
– Mia, o vestido está no carro do Mark. Podemos se trocar na sua casa, huh? – Perguntou me levando para o carro.
– Podemos, meu pai pode levar a gente...
– Ótimo! – Anne sorriu animada e Mark nos levou para casa.
– A festa começa às 19h30, não cheguem atrasadas. Vamos chegar um pouco antes, então nos procure. – Thomas falou da janela do carro.
Nós entramos em casa e almoçamos com meu pai, logo em seguida ficamos no quarto.
– Sabe a parte ruim de ter amigos? É que não havia nenhuma garota para você contar fofocas e fazer coisas de mulher, sentia falta disso. Amém você apareceu! – Ela deixou os vestidos na poltrona e pulou na cama.
– Eu não era acostumada a fazer coisas do tipo lá na cidade grande... Também fico feliz por dividir essa experiência.
– Então... E o Thomas, hein? – Ela se aproximou de onde eu estava sentada e mostrou um sorriso malicioso.
– Ah, o que foi? – Falei revirando os olhos.
– Vai Mia, conta. Vocês dois estão flertando, não estão?
– Anne! Não! Não tenho nada com o Thomas, você sabe...
– Ah que tédio vocês dois.
– Mas fale de você Anne. Como está o George? – Eu não aguentei, comecei a rir.
– CALA BOCA MIA! – Ela jogou os travesseiros na minha cara.
– Tá tá... – Tirei os do meu rosto – 16h50 já!!! Vamos nos arrumar. Almoçamos muito tarde.
Primeiro nos focamos nela, ela tomou banho e começamos com a maquiagem e depois para o cabelo. Ajudei ela com o rosto e o penteado, e logo em seguida ela fez o mesmo comigo. Às 18h20 colocamos os vestidos e descemos para encontrar meu pai, que já estava pronto.
– Calma, eu tenho que ser tipo aquelas mães clichês, não é? Tirar 300 fotos de vocês na escada e na entrada. – Ele estava com uma câmera pronta para nos fotografar.
– Pai! Isso é só no baile de formatura e não agora... – Peguei a máscara que Anne tinha arranjado para ele e me aproximei para colocar em seu rosto – Você está lindo. Mas deixa eu ajeitar essa gravata.
– Eu sou realmente ruim nisso, né? – Ele sorriu tímido.
– Você não faz ideia.
– Você está maravilhosa.
– Eu que escolhi a roupa, viu? – Anne apareceu ao nosso lado piscando.
Sim, tiramos as fotos e vimos que já estávamos atrasados. Então entramos no carro.
– Aqui Mia, sua máscara. – Anne colocou no meu rosto uma máscara branca e amarela para combinar com meu vestido totalmente branco – Agora a minha...
Ela pra variar estava impecável, sua máscara era preta e dava um enorme contraste em seu vestido curto vermelho com preto.
...
Nos primeiros dois minutos eu perdi Anne e meu pai de vista. O lugar estava tão adorável e delicado, estava tudo tão lindo e perfeito. Eu fui ver como estava o andar de cima e acabei encontrando alguém indesejável.
– Ah, então era para você que Anne tinha arranjado o vestido... – Emma me parou no meio das escadas e analisou todo o meu corpo.
– Oh, Emma. Você perdeu algo?
– O vestido ficaria bem melhor em mim, sabe? Eu que iria ficar com ele, mas infelizmente a idiota da minha irmã o pegou primeiro.
– Emma. Você já está boa nesse ai, agora pare de invejar os outros e vá se divertir. – A tirei da minha frente e andei até a varanda, ignorando os comentários que ela soltou.
Eu sorri ao perceber que estava tocando Chasing Cars do Snow Patrol, meu pai tinha acertado na hora de selecionar as músicas, realmente combinaram com o local. Tudo parecia perfeito e torcia para que desse tudo certo. Fiquei na varanda observando de cima o palco e a pista de dança. Eu não via a hora dos meninos subirem no palco para tocar. Enquanto eu procurava Thomas e Mark, avistei em um canto Anne abraçando algum garoto e ri lembrando do tal do George, bem que podia ser ele novamente.
– O que deseja? – Rose apareceu no balcão quando cheguei perto.
– Oi Rose, sou eu. – Levantei um pouco a máscara e a mesma abriu um imenso sorriso.
– MIA! – Ela atravessou o balcão e me abraçou – Você está magnífica! Que vestido adorável...
– Obrigada Rose... Você está maravilhosa também. – Ela estava com um vestido azul claro e uma máscara branca cheia de brilho.
– Oh, se eu ainda fosse jovem...
– Que nada Rose, você está mais jovem do que nunca. – Ela me ofereceu uma limonada.
– Se o Daniel te visse assim te chamaria para dançar imediatamente. – Ela piscou.
– Puff, aquele homem não está nem disposto a vim, quem diria dançar... – Tomei um gole olhando para o salão.
– Você não tem ideia do quanto eu queria que ele estivesse aqui. – Ela se lamentou.
– Mia, meu amor! – Meu pai apareceu do meu lado – Rose, pode me passar uma limonada também?
– Pai... Imaginei que já estivesse na pista, dançando feito louco. – Comentei.
– Eu acabei de sair de lá, eu cansei um pouco... Aliás, pode chamar seus amigos para tocar uma música? Você sabe, todos amam música ao vivo. – Ele sentou no banco do balcão.
– Vou ligar para eles, não vou conseguir os achar no meio de tanta gente. – Disquei o número de Anne, mas ela não atendia, tentei o de Mark e também nada. Thomas por final, atendeu.
– Pode deixar, vou subir e chamar eles no microfone. – Ele falou antes de desligar.
...
Depois de uns minutos eles apareceram um pouco agitados, mais que o normal. Mas logo foram para seus lugares e deram as primeiras notas de Sixpence None The Richer - Kiss Me.
– Pode me dar a honra? – Um rapaz apareceu atrás de mim.
– Oh, okay. – Ele me guiou até a pista e colocou um dos meus braços em volta de seu pescoço e um dos seus foi colocado em minha cintura, já o outro foi ao encontro com a minha mão. Assim começando uma lenta e adorável dança.
– Chega mais perto... Você está muito cheirosa. – Ele falou gentilmente com a voz um pouco fraca e eu não pude evitar sorrir um pouco. Até porque eu estava sob uma máscara, não era eu.
Ele me conduziu toda a dança, a música ajudava o ambiente ficar leve e aconchegante. Aquilo tudo estava perfeito e fui levada pela gentileza do rapaz. Avistei meu pai um pouco longe, ele também estava dançando com uma mulher. Mas acabei me concentrando no olhar do garoto, seus olhos brilhavam atrás da máscara preta simples que cobria um pouco de seu rosto. E estávamos mais próximos a cada verso da música, era como se a própria música pedisse para essa aproximação ser mais forte. Eu que mal sabia dançar, me sentia como a Cinderela naquela dança. Ele me rodou, deixando de costas para ele. O mesmo ficou com os braços envolvendo minha cintura e balançando ao ritmo da música.
– Sem identidade? – Perguntei sem conseguir olhar.
– É um baile de máscaras, senhorita. Como saberemos se nos encontrarmos novamente? Essa é a graça. – Ele disse colocando o rosto no meu ombro me fazendo arrepiar com sua boca encostando-se a meu ouvido e sua respiração próxima demais.
...
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