História Small Sun Beach - Rod Stewart

Eu não queria estar ali, não queria morar nessa cidade, não queria uma festa, nem uma noite linda assim, nem cantar, nem novos amigos, nem nada que aquela cidade me proporcionou... Mas eu acho que estava precisando de um pouco de tudo isso, e eu acabei percebendo isso um pouco tarde demais.

Meu pai me ensinou a maior parte das coisas que hoje eu sei e entendo. Tanto como músicas, conhecimento sobre História e quase tudo que a escola não me contou. Sei que meu conhecimento sempre foi bem mais avançado do que as outras pessoas da minha idade e agradeço muito por meu pai ter me mostrado tudo que acontece no mundo com uma visão maravilhosa e sincera.

I would have given you all of my heart

But there's someone who's torn it apart

And she's taken just all that I had

But if you want I'll try to love again

Baby I'll try to love again but I know

(Ele começou cantando a primeira estrofe e eu respirei fundo para cantarmos o refrão juntos)

The first cut is the deepest

Baby I know the first cut is the deepest

But when it comes to being lucky she's cursed

When it comes to loving me she's the worst

(Ele sorriu para mim e eu não pude evitar, já estava sorrindo... Nós sabíamos como aquela música era importante para os dois. E eu continuei a música sozinha)

I still want you by my side

Just to help me dry the tears that I've cried

And I'm sure going to give you a try

And if you want I'll try to love again

Baby I'll try to love again but I know

(E por final, ele veio até mim e ficamos abraçados enquanto cantávamos a última parte)

The first cut is the deepest

Baby I know the first cut is the deepest

But when it comes to being lucky she's cursed

When it comes to loving me she's the worst

Acabou que essa última parte foi cantada não só por nós dois, mas todos estavam se abraçando e cantando junto. Acho que não foi tão ruim quanto eu pensei.

— Viu? Não foi tão ruim. – Ele falou no meu ouvido e depois agradeceu todo mundo antes de descer.

— Ainda te mato... – Falei olhando feio para ele.

— Aquilo foi incrível. – Thomas veio até nós.

— Obrigada Thomas... – Eu mexi no cabelo, meio envergonhada.

— E você quem é?

— Olá Sr.Steen. Sou Thomas, Thomas Andrews.

— Whoa. Que nem aquele engenheiro naval, não é? Espero que consiga construir um Titanic sem afundar dessa vez. – Meu pai apertou a mão do Thomas que estava rindo.

— Papai e suas piadas instantâneas. Sinto muito Thomas. – Falei balançando a cabeça.

— Tudo bem, foi divertida.

— Eu gostei dele, Mia. Ele tem bom gosto. Inclusive, você é filho da Marie Andrews?

— Sou sim, já imaginava que ela tinha ido à sua casa. – Thomas suspirou – Ela levou a torta também?

— Oh, aquela torta. É muito boa.

— Eu vou deixar vocês conversando e pegar algo para beber. – Falei saindo daquela multidão.

Peguei água e decidir olhar o primeiro andar. Mas antes de subir, alguém esbarrou em mim e derrubou algo escuro em minha roupa.

— Oh não, eu lamento. – Umas meninas saíram rindo.

Ignorei e subi as escadas, havia um salão enorme, com mesas e cadeiras. Tinha poucas pessoas ali, segui até a parte aberta, algo parecido com uma varanda. Onde o vento batia mais forte e dava para ver o mar de uma maneira mais abrangente.

— Ah céus, onde eu estou? – Suspirei jogando a água no tecido para tentar limpar a mancha.

— Queen’s. – Uma voz ao meu lado me vez derrubar a bebida que estava em minha mão. – Ah, obrigado por sujar o chão que eu acabei de limpar.

— Droga, me desculpa. Você me assustou... – Juntei o copo (por sorte era de plástico) e tentei ver quem era.

— Acontece... – Ele pegou um pano que estava estendido na cerca e colocou no chão – É só água. Seca assim que amanhecer.

— Você trabalha aqui? – Perguntei.

— Sim... Aliás, eu devia estar na cama. Mas resolveram dar uma festa de última hora e eu estou aqui para ajeitar as coisas assim que acabar. – Ele deu um sorriso forçado.

— Ah... – Parece que ele não sabia quem eu era ainda.

— Tá tão ruim a festa lá embaixo? – Ele voltou a se sentar em uma das mesas – Você parece cansada.

— Não... É só que eu decidi conhecer mais o lugar.

— Espera... Você é a nova moradora?

— Prazer. O sotaque entregou?

— Ah não, é que eu vi sua foto no jornal.

— Então as pessoas realmente leem o jornal aqui...

— Só os velhos mesmo. Minha mãe ficou animada quando viu e me mostrou a foto. Inclusive, ótimo gosto.

— O que?

— Rod Stewart. – Falou.

— Ah, você ouviu. – Coloquei as mãos na minha cara.

— Foi impossível não ouvir, mesmo com meus fones no último volume. Mas eu gostei, você cantam bem.

— Obrigada... – Virei-me para ver o mar novamente.

— MIA! EU DEIXO O THOMAS NAMORAR COM VOCÊ! – Meu pai gritou quando me viu no andar de cima.

— PAI!

— O QUE FOI? ELE É UM ÓTIMO RAPAZ, E AINDA SABE COZINHAR. VOCÊ NÃO SABE COZINHAR, É PERFEITO.

— Eu não devia ter o deixado beber... – Bufei.

— Uau, ele realmente sabe como arranjar pretendente para a filha. – O garoto deu uma risadinha de leve.

Revirei os olhos e desci correndo.

— Pai... Vamos pra casa, já tá tarde e daqui a pouco não tem mais ninguém. – Fiquei puxando ele para o estacionamento. – Thomas, não fique só olhando, me ajude.

Thomas levou meu pai até o carro de Mark e o colocou no banco de trás.

—Eu levo vocês. – Thomas ligou o carro.

— Obrigada...

— Mia... O meu carro. – Meu pai resmungou.

— Você pega amanhã... Agora vamos para casa, você bebeu demais hoje.

— Eu te amo meu amor.

— Tá pai, eu também. Quando você estiver melhor eu mato você.

— Você estava tão bonita cantando...

— Obrigada pai... Mas nunca mais te deixo beber tanto. Não quero uma festa de novo tão cedo...

— Mas eu quero. – Thomas falou dando leves risadas.

— Fica quieto. – Suspirei. 

— The first cut is the deepest... — Thomas cantarolou