– O quê? – Daniel olhou torto para mim.
– Eu encontrei uma maneira e ela é bem simples. Eu creio que irá ajudar o restaurante.
– Mia... – Rose já estava se levantando da cadeira.
– Rose! Eu estou falando sério.
– Ao menos escute o que ela tem para dizer. – Thomas falou por mim.
– Precisava trazer seu namorado? – Daniel o olhou.
– Eu já disse que ele não é meu namorado! – Eu já estava ficando nervosa.
– Tudo bem Mia, fale. – Ela voltou a se sentar.
– A escola está planejando a festa para comemorar o seu aniversário e eu estava pensando em deixar o restaurante como local para a festa.
– E como isso irá ajudar? Você acha que o dinheiro que conseguiremos na festa daria por muito tempo? – Daniel comentou.
– Você realmente não entende onde eu queria chegar? – Suspirei – Rose, e se deixarmos que o restaurante não seja apenas o local que sirva comida, mas também um lugar onde ocorram eventos de qualquer tipo? Sabemos como essa cidade gosta de festa e quase toda semana há uma. Esse lugar é muito grande e adequado para ser alugado para eventos. Esses eventos sempre arrecadam bastante dinheiro...
– Eu não sei Mia... Há tantos lugares melhores para fazerem festas, aqui não estaria nem na lista.
– Rose, podemos dar um jeito nisso. Reformar, colocar móveis novos... Não sei, qualquer coisa. Eu sei que esse lugar tem muito potencial.
– Mia, chega. Vá embora... – Daniel se levantou bruscamente.
– Daniel, por favor.
– Você não pode pedir uma coisa dessas, esse lugar foi todo criado pelo meu pai. Nem nos atreveríamos mudar uma só coisa de lugar. – Ele pegou meu braço me levantando.
– HEY! Solte-a. – Thomas tirou a mão dele do meu braço imediatamente.
– Leve logo sua namorada para fora daqui. – Ele falou pegando a Rose cuidadosamente e a levantando.
– Vamos Mia, esse idiota é muito cabeça dura para lidar com tudo isso. – Thomas segurou minha mão me levando para porta.
– Danny... Espera. – Rose falou baixo e depois olhou para mim – Mia... Você realmente acha que isso daria certo?
– Rose – Soltei-me de Thomas e andei novamente a ela – Não posso ter certeza de nada. Mas Rose, meu pai me ensinou muitas coisas, e uma das mais importantes é a de que você pode falhar naquilo que tem. Mas você sempre pode se dar a chance de fazer o que realmente ama e arriscar com que aquilo dê certo.
– Por onde você acha que podemos começar? – Ela sorriu.
– Você não pode estar falando sério... – Daniel a olhou incrédulo – Isso pode mudar completamente o que ele planejou.
– Danny meu amor, se tem uma coisa que eu tenho certeza é que o Carter queria que esse lugar continuasse dando amor para todos. Assim, fechado do jeito que está, não iria ser o que ele esperaria que nós fizéssemos. – Ela colocou suas mãos no rosto dele – O que tem de demais em se arriscar um pouco, huh?
– Quando será o aniversário dessa escola? – Ele falou direcionando o olhar para mim.
...
– No Queen’s? – O diretor mostrou um olhar preocupado – Não é o tipo de lugar que eu queria que ocorresse a festa Sra. Steen.
– Eu entendo diretor. Mas dê uma chance, aquele lugar tem um grande potencial e espaço suficiente para a quantidade de alunos desta escola.
– É que aparenta ser um pouco velho e desgastado. Não acho que seria uma boa ideia.
– E se ele mostrasse uma nova aparência? Uma renovada, mas sem perder o estilo clássico e rústico que ele tem.
– Por que quer tanto que a festa seja lá?
– Porque é o meu, e de muitos, o último ano, tenho certeza que todos querem que o último ano seja repleto de festas maravilhosas. E começando por essa... – Sorri.
– E aí? – Os três estavam me esperando do lado de fora da sala.
– Então... – Mostrei um olhar decepcionado – EU CONSEGUI!
– PORRA MIA, NÃO ME ASSUSTA ASSIM! – Anne gritou me abraçando – Eu sabia que você iria conseguir. Ninguém resiste a essa loira.
– Esses olhinhos verdes convencem todo mundo, não é? – Falei piscando pra ela.
– Thomas que o diga. – Mark falou baixinho e eu só vi Thomas chutar seu tornozelo fazendo o mesmo gemer de dor.
– Mas então... O que irá fazer? – Thomas perguntou.
– Irei contatar Rose imediatamente e depois começar a pensar o que poderíamos fazer com aquele restaurante. A festa será em duas semanas, tenho pouquíssimo tempo.
– Temos. – Anne olhou para mim colocando sua mão no meu ombro – Nós vamos ajudar também.
– Obrigada...
...
Cheguei em casa e nem cumprimentei quando meu pai deu “oi”, subi imediatamente para meu quarto e sentei na cama. Se eu queria que aquele restaurante voltasse a ter vida como anos atrás, eu tinha de fazer isso direito. Fiquei com meu computador no colo pensando como irei organizar tudo. Já tinha ligado para Rose e avisado que havia conseguido, agora só tinha que pensar em como fazer ele concordar 100% com a ideia.
– Filha, olha o que eu achei no escritório lá. – Meu pai entrou no quarto – Como o Queen’s era quando foi construído. Tem até a foto do Sr.Carter na frente.
– Pai... Agora é um péssimo momento, preciso me concentrar em uma coisa. – Falei sem o olhar – Calma... O Sr.Carter?
– Sim, olha! É a foto de quando o Queen’s foi inaugurado... 29 de novembro, 1964.
– Deixe-me ver. – Peguei o papel velho que estava em sua mão, a página do jornal estava quase virando pó.
O lugar estava muito diferente do que é hoje, era repleto de luzes na estrada, muitos objetos antigos na entrada, e mesmo que a foto seja preta e branca, eu sentia que havia cores bem vivas em todo o restaurante. Mas algo me chamou atenção, o nome. Procurei por toda a foto e não achei nenhum “Queen’s”.
– Pai... Onde está o nome do restaurante? – Ele se aproximou de mim.
– Eu também fiquei curioso e confuso...
– Você pode me emprestar essa página? Eu preciso muito dela para fazer o restaurante voltar a funcionar! – Falei levantando da cama.
– Só não o danifique, é importante.
– PODE DEIXAR! – Gritei descendo as escadas e correndo para o restaurante.
Durante o caminho li mais o artigo e contava um pouco sobre o Sr.Carter. Ele falava que o restaurante era para sua esposa, Rose Carter. Ele passou 13 anos construindo aquele restaurante pedra por pedra. Antes que onde só havia aquela casinha dos fundos e um quintal imenso, se transformou em um grande lugar aconchegante para casais e jovens. O café era o principal atraente do local, todos que entraram na pré-inauguração ficaram apaixonados pelo café da Rose e seu omelete.
Depois de uns minutos consegui chegar ao restaurante.
– Daniel... Cadê a Rose? – Perguntei o vendo na entrada fumando.
– Na varanda. – Quando passei por ele, joguei novamente seu cigarro no chão – CARALHO MIA!
Ignorei seus xingamentos e subi as escadas, a encontrando numa cadeira vendo algo como um álbum.
– Hey... – Aproximei-me calmamente dela.
– Meu amor, pensei que viria somente amanhã.
– Eu preciso falar com você sobre outra coisa. – Puxei uma cadeira para sentar ao seu lado e mostrei o artigo.
– Oh céus, onde você conseguiu isso? – Perguntou pegando gentilmente a página em minhas mãos.
– Meu pai me mostrou, ele trabalha no jornal da cidade e encontrou.
Ela parecia prestes a chorar, sem piscar os olhos ela sorria vendo a foto com o maior cuidado.
– Olha como ele está feliz...
– Rose, eu preciso perguntar algo.
– Oh, sim. Pode falar. – Ela saiu de seus pensamentos e limpou as poucas lágrimas que caíram sobre seu rosto.
– Por que não há um nome? Não vejo o “Queen’s”. – Apontei para o local onde deveria estar a placa que hoje existe.
– Ah... O Carter disse que não havia pensado que algo decente, ele sempre teve a ideia de colocar o nome com algo muito significativo para ele.
– E por que ele escolheu Queen’s?
– Ele não escolheu. Até 2015, o restaurante não havia um nome. Depois de falecer, vimos que precisávamos dar um nome para tudo isso. E era o nome do barco que Carter tinha, então decidimos colocar igual.
– Então no fundo não há um significado especial no nome?
– Não... Por quê?
– Rose, eu acho que tá na hora de dar um significado a tudo isso. O que o Sr. Carter mais falava para você?
– Eu não me recordo muito bem... – Eu olhei para o álbum em seu colo e pedi para olhar.
Havia muitas fotos dos dois juntos no restaurante e na praia. Nas últimas páginas do álbum o Daniel estava presente.
– Posso perguntar uma coisa?
– Claro.
– Por que nunca tiveram filhos?
– Tentamos, mas depois percebemos que eu não consigo engravidar. – Ela falava enquanto eu observava as fotos calmamente.
– Entendo... – Eu parei para observar uma foto diferente.
– Ah... Essa foi a festa de 1 ano do restaurante, o Carter me deu essa plaquinha para eu segurar durante a festa – Ela estava com um vestido rodado segurando uma placa e o Carter estava ao seu lado apontando para o objeto nas mãos de sua amada.
– Lady Coffee?
– Todos amavam o meu café e o Carter me deu esse apelido... Aí começaram a chamar assim. – Ela riu.
Fiquei pensando um pouco e sorri.
– The Coffee Lady! – A olhei – É perfeito Rose! E tem um significado por trás, o Carter a chamava assim.
Ela parou para processar tudo e sorriu com os olhos para mim.
...
Uma semana se passara e a Anne com os meninos me ajudavam a levantar aquele restaurante. Encomendamos a nova placa. Os meninos pintavam o lado de fora do lugar e nós mulheres arrumava a decoração. Eu decidi reformar o restaurante e deixar como o da foto, quando foi inaugurado. Porém a decoração era um pouco mais moderna, mas ainda ficava o estilo antigo.
– Obrigada meninos, por ajudarem! – Andei até as paredes onde Thomas, Mark e Daniel estavam.
– Por nada Mia, estamos felizes ajudando o patrimônio da cidade. – Mark deu a sua famosa piscadinha me fazendo sorrir.
– Venham! Desçam dessas escadas e me ajudem a comer toda a comida lá dentro também.
Todos se sentaram numa mesa grande e começaram a devorar tudo que Rose havia cozinhado.
– Come mais rápido Mark, ainda não morreu se engasgando. – Anne estirou a língua.
– Fica quieta.
– Calma, eu vou pegar um pouco de refrigerante para vocês. – Ri levantando da cadeira.
Caminhei até a cozinha e Daniel veio atrás de mim.
– Eu levo tudo... – Falei pegando a garrafa da geladeira.
– Eu não bebo refrigerante. Já não basta o cigarro, se eu tomar isso eu morro quando chegar aos 25 anos.
– Você deveria parar de fumar então.
– Você já jogou fora dois cigarros meus, quer jogar a caixa inteira?
– Quero.
– Não tão cedo... – Ele pegou um copo d’água gelada e tomou tudo, depois passou a mão na boca enxugando a mesma.
Acabei rindo.
– O que foi? – Ele olhou confuso.
– Tinta... Você acabou de se manchar de tinta vermelha. – Eu apontei para seu rosto.
– Aqui? – Ele tentava achar o lugar onde estava manchado e fracassou – Pronto? Saiu?
– N-não – Fiquei rindo dele.
–Vai se ferrar Mia. Onde está? Você deve estar mentindo, não é? Idiota.
– Não estou... Fica parado. – Aproximei dele e passei um dedo no canto esquerdo de sua boca e subi para bochecha – Olha.
Mostrei meu dedo, agora cheio de tinta vermelha.
– Pronto?
– Espera. – Coloquei minha mão em seu rosto novamente para tirar o restante, mas senti seu olhar penetrar minha pele e foi impossível não olhar em seus olhos, o mesmo estava sério analisando meu rosto e eu procurava alguma expressão no seu.
– Mia, conseguiu achar a Coca Cola!? – A Rose gritou.
– Ah! – Desiquilibrei meu corpo com o susto e sai do transe – E-eu já estou indo!
– Ficou muito impressionada com minha beleza? – Ele me segurou antes de cair no chão e deu aquele sorriso irônico.
– Cala boca. – Sai de seus braços e fui até o salão.
– Ué, cadê? – Mark falou quando me viu sentar.
– Droga. Esqueci o refrigerante!
...
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