História Smile :) - Chapter Twenty-Eight

Agora sim eu conseguia entender todo o nervosismo do meu amigo. Parece que toda aquela confusão em sua mente, havia passado para mim. Eu poderia me ver em seu lugar naquele momento, pedindo Mark em casamento.

 

Céus. Eu ficaria tão nervoso. Se apenas para um simples - nem tão simples assim - pedido de namoro, já me despertou um certo nervosismo, imagina para pedir em casamento.

 

Casamento é quando passamos a compartilhar nossa vida com outra pessoa, é quando decidimos passar o resto da vida com aquela pessoa, na saúde ou na doença, e só deveríamos fazer isso se tivéssemos a total certeza.

 

Pelo menos, essa era a minha opinião. Já que iremos unir laços com alguém, precisamos ter certeza de que essa pessoa é a certa pra você. Do que adianta se casar, ter filhos, formar uma família, para no fim das contas tudo acabar e o único laço que restar entre vocês, serem seus filhos. Não fazia sentido para mim.

 

A verdade é que, eu sempre acreditei no "felizes para sempre." 

 

Eu sei que meu amigo amava YoungJae e que seu sentimento era totalmente recíproco.

Porém, faz pouco tempo desde que começaram a se relacionar como namorados. Posso me lembrar perfeitamente quando JB entrou em minha sala no hospital, dizendo que Jae havia aceitado seu pedido de namoro.

 

— Okay, okay. Eu te ajudo! Mas antes preciso que me diga com total certeza, que isso é o que você mais quer. — Digo ao meu amigo que me olhava apreensivo. — Você sabe que esse tipo de compromisso é um passo muito grande, Bummie.

 

Eu só o chamava por aquele apelido quando estava realmente preocupado. Não posso julga-lo por estar indo rápido demais, porque também era assim em meus relacionamentos e até mesmo com Mark não foi diferente. 

 

Mas casamento, só de pensar na ideia me dá calafrios. Uma união legalizada. Sua vida passará a ser completamente compartilhada com outra pessoa. Um grande, talvez enorme, passo a se tomar.

 

— Eu também pensei em estar apressando muito as coisas, mas Jackson, eu vi como os olhos dele brilharam quando passamos por uma loja hoje própria para decoração de casamentos. Eu sei também o sonho que ele tem sobre uma grande festa. Eu o amo tanto e também sei que ele me ama. Então qual é o problema em dar o próximo passo? — JaeBum dizia tudo com tanta convicção, certeza e com tanta emoção cada palavra que saia de seus lábios.

 

Estava tudo acontecendo tão rápido nos últimos dias que nem mesmo eu conseguia processar a confusão formada na minha vida. Embora eu ache que ele deveria esperar mais um pouco, JaeBum estava convicto do que dizia e a única coisa que eu posso e devo fazer agora, é apoiar meu melhor amigo.

 

— Tem razão. Você vai pedir o JaeJae em casamento hoje e ele vai aceitar, ou eu não me chamo Jackson Wang! — Digo tentando imitar toda aquela valentia de super heróis dos filmes.

 

Sorrio quando meu olhar é dirigido para JB, que me encarava com uma expressão entediada. 

 

— Sabe que eu não gosto quando você o chama de "JaeJae", né? 

 

Lhe dou o dedo do meio antes de me virar e ir em direção às escadas, ou pelo menos se tentar, isso se não fosse por suas mãos segurando meu pulso me impedindo de perseguir.

 

— Aonde você vai? Jack, eu não sei o que fazer! — Disse tudo rápido demais, mas ao menos consegui compreender.

 

— Primeiro eu vou tomar um banho e depois quando eu descer, veremos o momento perfeito, okay? — Digo tentando manter a calma, enquanto por dentro minha cabeça ainda martelava com tal ideia.

 

JaeBum apenas assente, tentando se demonstrar tranquilo em relação a isso. Desvio meu olhar para as pessoas na sala de estar, que conversavam animadamente, mas uma pessoa me chamou a atenção. BamBam estava animado até demais. 

 

Arregalo meus olhos, pensando na possibilidade dele saber. Kunpimook era a pior pessoa do mundo em esconder esse tipo de coisa.

 

— Você não contou pro Kunppie, né? — A preocupação era totalmente visível em minha voz.

 

Ele me olha e nega com a cabeça rapidamente. Solto uma lufada de alívio. 

 

Não que o BamBam fosse uma pessoa ruim ou fizesse de propósito, o problema é que ele não conseguia se controlar, ainda mais quando o assunto era relacionamentos. Não importa o que aconteça, ele sempre dará uma brecha para  que descubram o que está acontecendo.

 

Apenas vou rapidamente em direção às escadas, subindo rapidamente. Ao entrar em meu quarto, me deparo com Mark já de banho tomado e vestido, enquanto ajeitava seu cabelo em frente ao espelho.

 

— Você está lindo. — Solto sem ao menos perceber.

 

Ele me olha e sorri, caminhando em passos rápidos até chegar até mim. 

 

— Sua mãe me ameaçou. — Meu namoro diz entre risos.

 

Meus olhos saltam para fora, deixando a perceber o quão surpreso eu estava.

 

— Mas... o que ela te disse?

 

— Ela veio aqui enquanto você estava lá embaixo — Ele começa a dizer enquanto se afasta, voltando para perto do espelho. — Ela disse que sempre quando contava a sua história para algum de seus namorados, eles davam no pé, porque acreditavam que a qualquer momento você poderia voltar a ser o mesmo do passado. Ela disse que havia gostado de mim, mas se em algum momento eu magoasse você ou estivesse pensando em ter algo de passagem, que era para eu cair fora de uma vez, antes que tudo isso — Ele gesticula a nós dois com as mãos. — Se intensifique.

 

Eu com certeza estava com meu queixo no chão. Não sei se estava mais feliz por ter a minha mãe me protegendo daquele jeito, ou se é porque ele continuou ali, ao meu lado. 

 

Todos os namorados que já tive, ao saberem de toda a minha história, terminavam comigo e eu ficava extremamente abalado, por nutrir sentimentos por eles. O motivo, eu nunca entendi muito bem, mas devia ser o que minha mãe disse.

 

— Obrigado por... não se afastar. — Digo erguendo meu olhar para encara-lo.

 

Mark já estava na minha frente, abraçando meu corpo com bastante força.

 

— Eu te amo, Jackson. E mesmo que você já tivesse feito coisas piores, como matar pessoas, estuprar animais, ferir bebês... Eu... sinceramente eu não namoraria com você. — Meu sorriso se desmancha rapidamente. — Não me leve a mal mas eu não namoraria com um assassino ou um zoófilo. 

 

Ele tem razão, eu também não namoraria alguém assim.

 

(...)

 

Realmente havia bastante gente ali reunida. Os meus pais, o meu irmão KwangHee, os pais da Tzuyu e a mesma, junto a Momo, Jinyoung, BamBam, Yugyeom, GongChan, JB, YoungJae, Mark e eu. Eu nunca passei o ano novo com tantas pessoas assim. Não quando era com a minha família. 

 

Às vezes nem o meu irmão passava o ano novo com a gente. Isso que dá morar em Hong Kong enquanto o resto da família mora em Pequim.

 

Ao meu lado direito estava Mark, e ao esquerdo estava JB. Eu estava entretido em uma conversa com meu melhor amigo, relembrando das travessuras que fazíamos quando mais jovens.

 

— Lembra quando jogamos lixo naquele homem fantasiado de lixeira reciclável? — Digo relembrando do momento, que na época, foi cômico.

 

Começamos a rir escandalosamente. Foi tão engraçado as pessoas nos olhando como se fossemos loucas por tacar lixo no pobre homem.

 

Quando cesso a risada, percebo que todas na mesa nos encaravam confusos, querendo entender o motivo de estarmos rindo.

 

— Posso saber qual é a graça? Quero rir também! — BamBam foi o primeiro a se pronunciar, parecendo estar com ciúmes por não termos o chamado para a conversa.

 

Eu amava aquele tailandês com todas as minhas forças, mas ele nem sempre participou das minhas aventuras e desventuras que tive com o JB ao longo da vida, ele nem sempre esteve lá comigo. O conheci apenas quando me mudei para a Coreia. 

 

Então tudo com JB era algo mais, como posso dizer, algo mais íntimo e intenso.

 

— Não é nada demais, Bam. Desculpem pela falta de educação. — JB dizia enquanto tentava segurar a risada, podia perceber isso.

 

A comida estava começando a dar o ponto, pois o cheiro exalava por toda a sala de jantar.

 

— Gente, já faltam 15 minutos para meia noite. — Meu irmão diz enquanto já se levantava da mesa, segurando a mão de Tzuyu.

 

Todos nos levantamos também, e eu corri para a parte de fora da casa, ficando perto da piscina que tinha sua água congelada devido à baixa temperatura. 

 

Cruzo os braços tentando me aquecer enquanto observava o céu, já que meu agasalho não me esquentava tanto assim. 

 

Sinto um par de braços rodearem minha cintura e alguém por a cabeça em meu ombro. 

 

Sorrio ao sentir o toque delicado do meu namorado.

 

— Vou esquentar você! — Ouço a voz de Momo perto do meu ouvido, me assustando.

 

Instantaneamente me afasto da garota, olhando para ela totalmente confuso e vendo que apenas eu, ela e Yugyeom tinham saído ainda, mas o rapaz estava concentrado demais em olhar a estátua de gavião que havia perto da piscina, do que a nós dois.

 

Agradeço por Mark não ter saído ainda. Conheço bem meu namorado e sei que ele não gostaria nem um pouco de ver tal coisa.

 

Ouço a loira dar uma risada irônica, indo para perto de Tzuyu que havia acabado de sair, junto com o resto das pessoas.

 

Ando até Mark, o abraçando e repousando minha cabeça em seu ombro. 

 

Encaro JB que olhava nervoso para um ponto qualquer do céu estrelado. 

 

Mesmo não querendo, me afasto do meu namorado e corro até meu amigo, o abraçando e dizendo que tudo ficaria bem, e de certo, ficaria. 

 

O vejo ir até a parte alta da piscina ficando visível para todos, enquanto chamava a atenção dos presentes.

 

Sorrio largamente, emocionado por sua atitude. Nem posso acreditar que JaeBum, o garoto da transa de uma noite, do namoro de uma semana iria pedir alguém em casamento agora. 

 

— Bom, eu... eu estou muito nervoso mas eu acho que tenho que fazer isso agora, pois agora é o momento que eu acho perfeito para fazer isso. — Podia-se perceber o quão nervoso ele estava. — Mas hoje eu quero dizer a todos vocês, o que eu sinto por esse homem.

 

Meu olhar foi direcionado a YoungJae, que olhava tudo com uma expressão incrédula, logo voltando a observar JB, que encarava o namorado intensamente.

 

— Desde o momento em que te entrevistei, desde o momento em que te liguei pessoalmente para lhe dizer que a vaga de emprego era sua, desde o momento em que passamos a conversar todos os dias por mensagens de textos e ligações, desde o momento que você passou a levar morangos para mim sempre que eu estava ansioso antes de algum cirurgia, desde o momento em que você se esquivou do meu abraço por estar com vergonha, desde o momento em que você aceitou o meu pedido de namoro, eu soube que você era o cara perfeito pra mim. — Ele começou a descer as escadas da parte alta e caminhou lentamente até Jae. — Eu soube que queria passar o resto da minha vida ouvindo você reclamar o quanto meu kimchi é ruim, observando você passar seu jaleco três vezes antes de usá-lo, acariciar seus cabelos no meio da noite quando tem algum pesadelo. Você é o cara perfeito pra mim, Choi YoungJae, e eu percebi isso no mesmo instante em que nos beijamos pela primeira vez, naquele estacionamento escuro do supermercado. 

 

A essa hora, a maioria ali já tinham lágrimas se formando, e a única coisa que eu conseguia pensar, era no orgulho de vê-lo ali.

 

— Eu te amo, JaeJae, você aceita se casar comigo? — Então JB se ajoelhou, retirando uma caixinha azul marinho de veludo do bolso e a abrindo, exibindo o anel dourado de brilhantes.

 

Todos olhávamos YoungJae com expectativa, enquanto o mesmo não conseguia controlar as lágrimas de emoção.

 

— É claro que eu aceito, seu bobão. — Diz com a voz embargada devido ao choro, se ajoelhando junto ao meu amigo para abraçá-lo.

 

De repente fogos começam a estourar no céu, formando uma explosão de cores. Sorrio largamente, começando a bater palmas, sendo acompanhado pelos outros.

 

Uma cena digna de um filme de romance.

 

— Olha gente... — BamBam iniciou atraindo a atenção de todos para ele. — Eu não queria falar nada não, mas eu estou sentindo cheiro de queimado.

 

Minha mãe corre para a cozinha, e de repente o cheiro de queimado chega até as minhas narinas.

 

— BamBam, seu tapado! Nem pra avisar antes. 

 

(...)

 

Já estava tarde quando os Zhou se despediram, alegando que já estava na hora de irem, mesmo com a minha mãe insistindo que deveria ficar mais tempo ou até mesmo dormir ali.

 

Olho ao redor a procura de Mark, mas não o encontro. Apenas vejo Momo escorada na bancada da varanda. Ela parecia triste e isso me cortava o coração.

 

Caminho até ela e fico ao seu lado, observando a lua iluminar, mesmo que fracamente, as nossas cabeças.

 

— Ela nunca vai perceber. — A ouço dizer.

 

Franzo o cenho sem entender nada com o que ela quis dizer.

 

— Ela quem? O que ela nunca vai perceber?

 

— Ah Jack... — Suspira. — Eu gosto da Tzuyu mas ela nunca vai me notar. Jeongyeon estava certa.

 

Ok. Agora sim eu estava surpreso. Então quer dizer que a garota que eu achava que gostava de mim na verdade é lésbica e está apaixonada pela namorada do meu irmão vulgo sua amiga de anos?!

 

Não conseguia dizer nada, estava chocado demais para dizer algo.

 

— Sabe, a Jeong noona sempre me disse que a Tzuyu era heterossexual e nunca sentiria por mim nada além de amizade. — Deixa um suspiro longo escapar.

 

Mas pude perceber algo diferente em sua voz enquanto falava dessa tal Jeongyeon.

 

— E essa Jeong, ela é sua amiga? — Pergunto mesmo já sabendo a resposta.

 

Percebo o brilho em seus olhos quando cito o nome da tal garota.

 

— Ela é minha amiga sim. Ela é incrível, ela faz os melhores bolinhos de chocolate do mundo, além de ser uma ótima manicure! – Sua empolgação era extremamente perceptível.

 

— Você já pensou na possibilidade de estar gostando dela? — Digo tentando fazê-la ficar em silêncio.

 

Ela apenas ri forçadamente, negando com a cabeça.

 

— Yah! Somos apenas amigas. 

 

Acabo por rir e observo Tzuyu acenar para mim, se despedindo e chamando Momo para ir com eles.

 

Um suspiro sai por entre os lábios da loira, antes dela se aproximar de mim e me abraçar. Acabo por retribuir o abraço, sentindo o cheiro de amoras que seus fios exalavam.

 

— Tchau, Jackson. Nos vemos depois, certo? 

 

Apenas assinto com a cabeça, observando-a correr até a porta por onde a outra família havia passado a poucos segundos.

 

Solto um longo suspiro, olhando para a sala que não havia absolutamente ninguém. 

 

Ando apressadamente até a parte de fora da casa, acabando por encontrar apenas os meninos ali, que encaravam algo chocados.

 

Direciono meu olhar para o mesmo lugar que eles, vendo Mark de costas para mim enquanto Jinyoung estava de frente, os dois estavam abraçados e pareciam estar... se beijando?! 

 

— Que porra é essa aqui? — Não consigo controlar o grito esganiçado que sai por meus lábios.