História Smile :) - Chapter Thirty

A história de Mark estar me escondendo algo ainda latejava em minha mente. Já tínhamos nos despedido fazia um bom tempo e ele seguiu para o seu apartamento, me deixando aqui, com um ponto de interrogação enorme sobre minha cabeça.

 

Porque ele não me contou que viajaria? 

Ou até mesmo me chamou para ir com ele? 

Ou ao menos me disse o que está acontecendo para ele ter que ir para o outro lado do mundo tão repentinamente?

 

Minha cabeça estava começando a latejar, só que dessa vez de uma forma dolorosa.

 

Pego meu aparelho celular que se encontrava sobre a minha cama, jogando meu corpo cansado, despojadamente sobre os cobertores que a revestiam. 

Ligo para Mark e a chamada vai diretamente para a mensagem gravada com a voz irritante: 

"Este telefone está desligado ou fora da área de cobertura."

 

Ele já havia viajado, isso explica a falta de sinal em seu celular, já que era obrigatória desligar o aparelho ou por no modo avião. 

 

Começo a mandar mensagens para todos os garotos, porém, todos pareciam ocupados.

 

JaeBum e YoungJae estavam com uma corretora de imóveis, a procura de uma casa habitável para os dois, já que iriam se casar. Os dois estavam eternamente ocupados e eu conseguia compreender.

 

BamBam estava em um almoço com a família de Yugyeom, o mesmo me dizia o quão fofa era a avó do mais novo, que parecia ser a mais compreensiva ali em relação a sua opção sexual. E também que estava adorando a filha de algum membro da família, ela era extremamente jovem, deveria ter uns três anos, mas era mais inteligente que muitos ali.

 

Liguei até mesmo para o Dumbo. Jinyoung também estava ocupado, parece que ele e GongChan estavam em uma espécie de competição para ver quem conseguia fazer o melhor cheesecake. 

 

Parece que todos estavam ocupados com suas vidas e se divertindo, enquanto eu estava ali, apenas encarando o teto branco e sem vida do meu quarto. 

 

Mas para não me deixarem desamparado, BamBam diz que amanhã vira para cá com os meninos a tarde e faremos um grande churrasco. 

 

(...)

 

Após ficar horas jogando Assassin's Creed, um jogo que gostava de jogar apenas para me distrair e suprir o meu tédio, decido tentar arrumar algo para fazer, já que o jogo não estava adiantando. 

 

Minha mente ainda estava focada em Mark e no que ele estava fazendo. Bem longe de mim, em um hotel com outro homem. Sei o que isso parece, mas não tiraria conclusões precipitadas novamente, por mais suspeito que tudo isso fosse.

 

Observo o lado de fora da casa pela a janela, só agora notando que já estava escuro e também posso sentir o incomodo em meu estômago.

Estava com muita fome, pois não como nada desde o almoço, quando esquentei uma lasanha congelada no microondas e a parti daí, não comi absolutamente mais nada.

 

Mas antes que pudesse me levantar, ouço o toque do meu celular. 

Corro em direção ao aparelho, agarrando violentamente entre meus dedos, sem me dar ao trabalho de ver quem estava me ligando e esperançoso, querendo que fosse Mark.

 

Porém uma voz feminina ecoou do outro lado da linha, parecendo animada, reconheci a voz momentaneamente.

 

— Momo? Como está? — Pergunto sem muita empolgação, seguindo meu trajeto até a cozinha.

 

— Ah Jack, eu estou bem, acabei de voltar para a Coréia e estou entediado aqui em casa. Jeongyeon saiu com alguns amigos mas não me chamou. Não quer fazer alguma coisa? — A garota tagarelava sem parar.

 

— Claro, porque não vem aqui na minha casa, também estou entediado. — Digo me animando novamente por ter alguma companhia. 

 

Digo meu endereço para ela antes de encerrar a chamado.

 

Trato logo de ligar para a pizzaria, encomendando duas pizzas. E ainda na cozinha, pego duas taças e uma garrafa de vinho branco, lembrando-me que era o favorito de Momo. 

 

(...)

 

Ouço o som da campainha longos minutos depois e ando rapidamente até a porta central, abrindo-a e dando de cara com Momo, segurando as duas caixas de pizza com um largo sorriso no rosto. Dou caminho para que ela entrasse e fecho a porta atras de si.

 

— Você pagou? Não precisava ter feito isso, eu iria pagar! — Digo um pouco indignado por sua atitude enquanto a seguia de volta para a cozinha.

 

— Corta essa vai, Jackson! Trouxe vários dvd's de Just Dance para a gente jogar. — Ela dizia ainda sorrindo largamente, empolgada.

 

Momo já abria a garrafa de champanhe colocando uma quantidade farta nas taças de ambos. 

Recolho umas das taças, tomando um longo gole. 

 

Retiro uma fatia de pizza de uma das caixas, dando uma farta mordida na massa.

 

— Vem, Jack! Vamos dançar! — Ouço Momo me gritar, sua voz vinha da sala e não esperei muito para ir até ela e começar a jogar.

 

(...)

 

A essa altura minha cabeça girava enquanto estava deitado sobre a mesa da sala de jantar encarando meus pés. Porque eles pareciam ser tão grandes?

 

Momo parecia estar jogando cobertores sobre alguns colchões na sala de estar. Não estava conseguindo raciocinar direito, me sentia tonto e minha cabeça latejava.

 

Efeitos do álcool. E não tenho orgulho em dizer que já estava bêbado, apenas de bóxer preta, o motivo disse eu realmente não me lembrava, mas Momo não estava diferente, a garota se encontrava com apenas suas roupas íntimas, igualmente a mim.

 

Ando cambaleando até ela, me embolando a cada passo que dava, tentando não esbarrar nos móveis e objetos em minha frente. Pareciam obstáculos do qual eu tinha que desviar. 

 

Me jogo sobre a cama improvisada no chão da sala, logo vendo-a se deitar ao meu lado.

 

— EU GOSTO DE BUCETA! — Momo grita, me assustando consideravelmente.

 

Mas logo começo a rir, entendendo o que ela queria fazer, ou pelo menos acho que entendi.

 

— EU GOSTO DE PAU! — Grito em seguida, gargalhando.

 

Sinto sua perna sobre a minha e apenas observando o quão pálida sua pele era, adormeci. 

 

(...)

 

— Cara, que porra é essa? — Posso ouvir a voz de alguém dizer.

 

Estava tentando abrir os olhos, mas a alta claridade sobre eles estava os deixando ainda mais sensíveis. 

 

Estava abraçado a um corpo que dormia profundamente ao lado do meu. 

Logo as lembranças da noite anterior vieram em minha mente, junto a dor de cabeça extrema que sinto. 

 

Resolvo me soltar do corpo da Momo e me sentar sobre o colchão, observando todos no cômodo, que estavam em silêncio até então e pareciam incrédulos com a cena que assistiam. 

 

— Que é caralho? Vão continuar me olhando assim mesmo? — Meu tom de voz sai rouca e acabo por me assustar.

 

Meus olhos percorrem por todo o cômodo até encontrar a pessoa que mais queria ver aquele momento. 

Corro até Mark, notando que lágrimas brotavam em seus olhos.

 

Não, ele não estava acreditando que eu e Momo tivemos algo.

 

— Mark, eu- 

 

Paro de falar ao ouvir o estalo, meu rosto ser empurrado brutalmente para o lado, junto com a ardência do tapa que acabara de levar.

Arregalo os olhos, tentando entender porque ele agira assim. Mark estava estranho, parecia mais emotivo. Ele não faria algo sem antes ouvir uma explicação minha, mas hoje estranhamente ele fez e ainda por cima foi embora, me deixando de pé ali, ainda chocado por sua atitude.

 

Me viro para encarar os meninos que pareciam tão chocados quanto eu, inclusive Jinyoung, menos BamBam, que parecia gravar tudo em seu celular, com um sorriso no rosto, mas logo o guardou o aparelho quando recebeu um olhar de reprovação da minha parte.

 

— Mark não quis uma explicação, mas nós queremos. — YoungJae diz.

 

— É, Jackson, dá pra explicar o que a loira japonesa que vimos lá em Hong Kong tava fazendo dormindo contigo, desse jeito? — JB pergunta.

 

— Vá Jack, desembucha! — Yugyeom fala parecendo impaciente. 

 

Reviro os olhos com tanta insistência e caminho até o sofá, me jogando em cima dos estofados.

 

— Eu fiquei sozinho ontem, o dia todo... — Começo dizendo, um tanto dramático. — Aí a Momo me ligou, dizendo que tinha chegado na Coreia e estava entediada. Dai eu chamei ela pra vir aqui em casa, nós comemos pizza, bebemos a noite toda e-

 

— Vocês trancaram?! Ew! — BamBam corta o que estava dizendo, fazendo uma expressão enojada.

 

— Não! — Me apresso em dizer. — Nós apenas dormimos. Porra, gente! Ela é lésbica e eu sou gay, ainda não entenderam isso ou querem que eu desenhe?

 

Minha paciência havia se esgotado. Era compreensível achar que tínhamos transando, mas nós nem ao menos nos tocamos direito exceto na hora de dormimos. Claramente eu e Momo somos carentes, todos eles sabem que eu costumo a me abraçar nas pessoas enquanto durmo.

 

E eu sempre abraço Mark quando dormimos juntos.

 

Mark... 

 

Foi só por pensar nele que a realidade caiu rapidamente como uma gota de chuva, me causando uma forte vontade de chorar naquele sofá, e assim eu fiz.