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História So Numb - Inferno Pessoal


Escrita por: Xmoniqu3

Notas do Autor


IH VIADO TROLLEI

Capítulo 4 - Inferno Pessoal


Fanfic / Fanfiction So Numb - Inferno Pessoal

Já era quarta-feira, faltavam apenas dois dias para entrarmos em férias. Sentada na escada que dava acesso as salas dos terceiros anos, eu e Isabelle observávamos os garotos mais velhos passarem por nós durante o recreio. Às vezes  tenho certas dúvidas se eu e Isabelle realmente somos amigas, nos conhecemos desde que entramos na escola, ela sabe tudo da minha vida e vice e versa, mas sempre vivemos brigando uma com a outra, no final tudo sempre fica bem. Mas tenho minhas dúvidas.

Sempre quando vejo filmes envolvendo adolescentes e colegiais, me sinto mal por nunca ter proporcionado aquelas coisas com Isabelle, quer dizer, nós nunca fizemos uma festa do pijama para falar sobre garotos, pintar as unhas, dançar ouvindo pop e provar roupas uma da outra. Eu evito leva-la até minha casa, para não envolve-la no clima pesado que existe lá, mas direto estou indo passar a noite na residência de sua família.

Às vezes eu me sinto mal, por sentir uma certa inveja de Isabelle, ela tem uma família perfeita, sempre conversando com seus pais, eles se orgulham dela, de tudo que ela faz, a apoiam em suas decisões. Isabelle tem um bom rendimento escolar, uma vida social boa, já que ao contrário de mim, eu não sou sua única amiga. Ela tem uma vida saudável, mesmo sem ter uma alimentação correta, não gosta muito de esportes, mas é boa em qualquer um que fizer. Bom humor a predomina, sempre, tanto que até encobre sua leve grosseria.

Gosto de nossa amizade, gosto de ouvi-la falar. Ela gosta muito de conversar, e muitas vezes fala sobre seus planos para o futuro, que envolve fazer faculdade de biologia, nem sei o que se estuda, mas ela já me explicou milhares de vezes. Gosto de escutar sobre seus sonhos de pegar um trailer pequeno, personaliza-lo e sair viajando pelo mundo, somente com uma mochila nas costas e o dinheiro que der. Ela tem uma vida toda planejada.

Enquanto eu sou totalmente o contrário. Nem posso chamar de família o que tenho comigo, já que nem parecemos uma. Eu e minha mãe não nos falamos há meses, só dialogamos coisas do tipo “tem roupa na máquina” “tire o pó direito” “que bagunça nesse quarto”. 90% das nossas pequenas conversas saem da boca dela, já que eu apenas respondo com “uhum”.

Minha irmã é o orgulho da “família”, sempre com boas notas, está cursando faculdade de direito, a família toda a ama. Do outro lado, eu sou o erro da família, a filha que você não quer ter, e a irmã que você não quer ser. Essa sou eu. Minha família não gosta de mim porque eu sou quieta, e porque eu fui quem mais sentiu a pressão da separação de meus pais.

Meu pai garrou uma raiva de mim, que eu nunca compreendi, ele sempre foi a minha pessoa favorita, até ano passado, que eu decidi me dedicar na única coisa que eu sou boa: escrever. Disse que não seguiria seu exemplo e não iria seguir uma carreira de executiva que passa o dia atrás de uma mesa documentando mais e mais papéis. Queria fazer da minha profissão um hobbie, algo que eu gostasse tanto que nem chamaria de trabalho. Sua forma de me apoiar foi colocando sua mão na testa e bufar. Logo após, pestanejar um “onde foi que eu errei”.

O resto da família me vê como uma antissocial emo com probabilidades de se matar.

Amizades nunca foram meu forte, minha única amizade é Isabelle, desde sempre, nunca gostei de ser rodeada de gente, até porque, eu nunca fui rodeada de gente, para saber como é a sensação. Não deve ser tão ruim.

Em função de ter somente uma amizade, não sou o tipo de garotas que é convidada para festas, muito menos, o tipo de garota que os garotos olham e pensam: “nossa”. Na verdade, eles até pensam isso, mas no caso “Nossa, que lixo”, ao invés do “nossa que linda”.

Sobre meus sonhos e planos, enquanto a maioria das pessoas da minha idade já estão fazendo estes desenhos do futuro, eu ainda estou procurando uma razão pra continuar viva.

Viver a base de analgésicos para dor de cabeça, vitaminas para o sangue, tratamento de anemia, remédios para dormir, sono desregulado, insônia, corpo flácido, cor de pele pálida, fraqueza e cansaço, e para melhorar, ser dependente de nicotina, não é bem o que se pode chamar vida saudável.

- Cara, o Shawn é um pão. – Disse Isabelle, olhando- passar.

- Ele não é mais velho.

- Mas continua sendo um pão. – ela sorriu.

- Fala com ele... – Sugeri, encolhendo-me no degrau da escada.

 - Não, eu dei um fora nele ano passado, aí é meio desconfortável, sabe?

- Nem me lembro o motivo do fora...

- Nem eu. – Respondeu, soltei uma risada pelo nariz.

- E se eu fizesse seus lados para ele? – Perguntou.

- O que? Sai fora!

- Ah, ele é muito bonitinho... Imagina vocês dois juntos.

- Você só quer que eu perca meu BV.

- Talvez isso te deixe mais feliz.

- Sem chance Isa, os garotos não gostam de garotas tipo eu.

-Você tá enganada sabia? – Ela se levantou, ficando na minha frente, apoiada no corrimão. – Odeio quando você se subestima. Você é quieta, e os garotos não te conhecem, não sabem como você é, aí não tem como tirar uma conclusão. Mas olhando por fora, você é linda, e devia saber disso.

- Obrigada pelo elogio. – Sorri, é bom ouvir palavras bonitas.

- Você devia dizer: “eu sei que sou gata”, mas um obrigada já vale... – Isabelle deu risada.

- Isabelle...

- Sim?

- Se eu te pedir uma coisa, você me ajuda? – Indaguei.

- Depende, se estiver ao meu alcance.

- Eu quero novos amigos... Quer dizer, não me leve a mal, eu adoro nossa amizade, mas queria saber como é, você sabe, ter mais amigos, ir para festas... – Expliquei.

- Entendo sim... Bom, esse sábado vai ter uma festa do primeiro ano na casa da Emma, a loirinha. Geral vai ir, todo mundo que é do segundo ano foi convidado.

- Eu ouvi falar sobre isso, mas imaginei que não poderia ir...

- Claro que pode! Não só pode como vai! A gente se arruma juntas. Pode ser?

- Sim!! – Exclamei, abrindo um sorriso falso.

[...]

Eram mais ou menos 23h da noite, eu estava em frente ao espelho, observando ao meu reflexo. A tinta vermelha dos meus cabelos, já não era mais vermelha, eu estava com um tom ruivo em meus fios. Comecei a pensar a respeito, iria mesmo com esse cabelo na festa?

Peguei em minha carteira uns trocados que ainda me restavam. Mamãe já dormia, Dakota não estava em casa. Saí e caminhei em direção ao posto de gasolina há algumas quadras. Fazia frio, a noite carregava uma brisa gelada, que arrepiava os minúsculos pelos da nuca.

Ao chegar no posto, avistei a farmácia fechada.  Dei um suspiro, visto que meu trajeto foi em vão. Porém, viro-me de costas e vejo a loja de conveniências aberta.

Eu me esforço para foder o máximo possível comigo mesma.

- Você não é de maior. – Disse a moça atrás do caixa.

- Quer que eu apresente a identidade? – Perguntei.

- Não, esse é nosso segredinho. – Respondeu, piscando um dos olhos, recebendo meu dinheiro.

Saí da loja e fui dar uma volta pela rua, minha casa ficava há alguns quarteirões do centro da cidade. Eu precisava esfriar a cabeça. Continuei caminhando até chegar há um viaduto que interligava a zona residencial, com o centro. Apoiei-me no batente da “cerca” de proteção do viaduto. Peguei o maço de cigarros que havia acabado de comprar, puxando dali um pequeno rolinho de papel recheado de tabaco e morte. Coloquei-o entre os dentes, mas não tinha isqueiro. Então apenas o deixei ali.

Ao olhar para aquela água, sendo balançada pelo vento, que gerava uma correnteza violenta, mil pensamentos rodearam minha cabeça. Às vezes, as coisas parecem tão dolorosas e violentas, como a água daquele rio. E a maior vontade que temos, é de nos deixar levar pela correnteza.

É cedo demais para morrer.

Meus olhos ficaram marejados, e tudo que pude fazer, foi chorar, observando a água. Água que poderia me levar embora.

Fui despertada de meus devaneios, quando sinto um calor em meu rosto, vindo do cigarro, e o som de um isqueiro. Com os olhos fechados, respirei, deixando a fumaça entrar, e meus dois meses de abstinência irem para o lixo. Abri os olhos e traguei o cigarro, deixando suas cinzas caírem rio abaixo.

- Obrigada. – Disse, virando-me para o lado, vendo que, a pessoa que acendeu meu cigarro, tratava-se de um garoto. A brisa balançava seus cabelos bagunçados de cumprimento até o ombro. E traziam até mim, seu perfume.

- Não devia estar aqui. Não devia estar fazendo isso. – Comentou, apoiando-se ao batente de cimento ao meu lado. Entre seus dedos, um cigarro de menta acesso.

- Nem você.

- Escolhas, nem sempre são escolhas. – Argumentou o garoto, olhando para mim, deixando a luz da lua revelar o azul de seus olhos. Um azul impressionantemente bonito.

Viramos para frente e ficamos ali, em silêncio, apenas tragando nossos cigarros até eles acabarem. 


Notas Finais


HIHIIHI ALGUÉM APARECEU NESSE CAP. HMM N SEI


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