Após terminar de arrumar toda a casa com a pequena Lisa seguindo Beka para todo o lado, sentou-se num banquinho ao lado de fora da casa para tomar um ar. A brisa fresca no final da tarde estava perfeita naquele dia quente. Estava olhando Lisa brincar, admirando sua inocência. Era tão bom ser criança, sem problemas, sem responsabilidades, sem pensar no amanhã. Crianças só pensavam em brincar, daria tudo para voltar a ser criança novamente, seu pai ainda estaria com eles, seu irmão não seria rebelde e Victória ainda seria uma mãe boazinha e dedicada. Sentindo uma dor no peito por se lembrar de seu pai, deixou as lágrima escorrerem em sua face.
ㅡ Que saudades de você pai... ㅡ disse baixinho, vendo tudo embaçado por culpa das lágrimas. ㅡ Se eu pudesse voltar no tempo, não ia te deixar sair de casa aquele dia.
FLASH BACK ON
ㅡ Vamos brincar de pique esconde enquanto a mamãe não vem, pai? ㅡ Ricardo deu a sugestão.
ㅡ Duvido que ele nos encontre. ㅡ Beka disse animada, provocando seu pai.
John deu uma gargalhada e pegou Beka no colo, fazendo cócegas na barriga dela, que ria sem parar.
ㅡ Duvida, é? Então se prepara, mocinha, que o melhor jogador de pique esconde está na área.
ㅡ Ebaaa!!! ㅡ Rebeca e Ricardo gritaram juntos em comemoração.
ㅡ Sinto muito estragar a brincadeira de vocês, mas já estou pronta. ㅡ Victória interrompeu a gritaria entrando na sala ㅡJá podemos ir, amor.
ㅡ Então a gente brinca quando chegar, combinado?
ㅡ Combinado, velho! ㅡ Ricardo levantou a mão para fazer um toque com seu pai.
Rebeca apenas fazia um bico, estava chateada pois brincar era melhor que sair.
John fez o toque com Ricardo e ficou em pé com Beka em seu colo, notando como ela estava grande, mas havia só crescido na altura, pois continuava leve como uma pena. Deu um beijo na bochecha dela e disse mimando ela: ㅡ Não fica triste, gatinha, prometo comprar um sorvetão no caminho pra vocês dois.
Rebeca sorriu e abraçou seu pai, dizendo: ㅡ Quero um de chocolate.
Victória pegou na mão de Ricardo e na mão de John e assim foram para a rua. Como uma família feliz, em meio à muitas risadas, brincadeiras e carinho. Ao chegarem na sorveteria, John colocou Rebeca no chão se abaixou ficando na altura da filha.
ㅡ Te amo, Beka. Nunca se esqueça disso.
ㅡ Também te amo, pai. ㅡ Rebeca sorriu e beijou o rosto do pai.
John passou a mão no rosto de Beka com carinho e fitou-a por alguns segundos. Depois deu uma piscadinha para ela e puxou Ricardo, dando um abraço bem apertado.
ㅡ Se comporte, homenzinho e cuide da sua mãe.
Ricardo apenas sorriu e voltou a olhar para os sorvetes fascinado com tantas opções.
John se levantou, beijou Victória e abraçou-a.
ㅡ Eu vou no banco aqui em frente e já volto. Pode comprar todos os sabores que eles quiserem, não se preocupe com o preço, ganhei uma promoção no serviço.
ㅡ Tem certeza, amor? ㅡ Victória falava olhando-o nos olhos.
ㅡ Só por hoje, Vicky, não vai fazer falta. ㅡ Beijou-a novamente e deu um passo para trás ㅡ Já volto, te amo!
Victória sorriu e ficou olhando John atravessar a rua. Depois voltou a olhar as crianças e foi comprar o sorvete delas.
ㅡ E então, já se decidiram?
ㅡ Quero todos, mamãe! ㅡ respondeu Ricardo com os olhos brilhantes.
ㅡ Apenas três sabores, Rick. E você, Beka?
Beka olhava fixamente para a rua e nem ouviu a pergunta de sua mãe. Estava sentindo um medo muito grande e queria ir até seu pai para que ele a protegesse.
ㅡ Beka, olha pra mim, que sabor você quer?
Quando Rebeca olhou para mãe, ouviu o som de um carro derrapar e sair em disparada quase atropelando as pessoas que estavam na rua. Todos os cinco homens no carro usavam capuz e ao ouvir o som da polícia chegando, começaram a atirar para todo o lado e fugiram. A polícia os seguiu e deixou todos na rua assustados, algumas pessoas estavam feridas.
Victória ficando muito assustada, pegou na mão de seus filhos e correu em direção ao banco. Queria ir embora logo e precisava chamar John, talvez ele não tivesse ouvido os tiros. Quando chegou em frente ao banco escutou as pessoas dizendo que os bandidos tinham assaltado o banco e tinha um homem ferido. Ouvir aquilo a deixou com as pernas bambas.
ㅡ Oh, meu Deus! John está la dentro. ㅡ Victória disse e soltou a mão de seus filhos entrando no banco correndo desesperada.
Rebeca estava meio perdida, olhava em volta e via muita gente se aproximando, gente gritando, ouvia o som da sirene da ambulância e começou a ficar tonta. O medo que sentia começou a se transformar em dor, uma dor horrível no peito. Olhou para Ricardo e ele parecia não saber o que fazer também, então ela pegou na mão dele e ele tomou coragem e correu atrás de sua mãe, levando-a com ele.
Ao entrarem Rebeca viu de longe um homem estirado no chão, com uma poça de sangue ao lado e uma mulher sobre ele gritando. Quando chegaram mais perto, reconheceu a mulher que chorava e gritava sobre o homem, era sua mãe. Rebeca soltou a mão de Ricardo e parou de correr. Foi andando bem devagar não acreditando no que estava vendo. O homem no chão era seu pai. Ricardo já estava ajoelhado ao lado dele e chorava muito.
Sentindo a visão ficar embaçada, chegou ao lado de sua mãe e olhou para seu pai, ele estava com muito sangue em sua camiseta, não se mexia, mas seus olhos ainda estavam abertos. Ele olhava para Victória e Ricardo e quando olhou para Rebeca sorriu. Rebeca não conseguiu sorrir, pois estava em choque. Ficou olhando o sorriso do pai se desfazer aos poucos e então ele fechou os olhos.
ㅡ Pai, não se vai... fica comigo, velho ㅡ Ricardo dizia chorando, chacoalhando seu pai ㅡVocê tem que cuidar de nós, ainda tem que me ensinar muita coisa, pai… por favor, seja forte!
ㅡ John… ㅡ Victória começou a gritar repetidas vezes o nome dele, desesperada, quando o viu fechar os olhos.
Rebeca começou a chorar ao ver aquela cena e então sentiu um empurrão.
ㅡ Se afastem, ele precisa de ar. ㅡ Um homem de roupa branca disse tirando Ricardo do lado de John e depois sua mãe.
Depois disso muita gente com a mesma roupa branca entrou na frente de Rebeca, deixando-a tonta. Olhou para sua mãe e ela não parava de gritar. Então um homem foi até Victória e disse: ㅡ Sinto muito senhora, mas ele está morto.
ㅡ Não… ㅡ Victória gritou outra vez ㅡ John… ㅡ Ela gritou pela ultima vez o nome e desmaiou.
Sem saber o que fazer, Beka não conseguia mais respirar, as pessoas começaram a rodar e então sua vista escureceu e tudo ficou em silêncio.
FLASH BACK OFF
Chorando muito ao reviver tudo aquilo novamente, tentava respirar. Era incrível como ainda conseguia sentir todos aqueles sintomas novamente, mesmo já fazendo tantos anos. Toda vez que lembrava desse momento, as dores e a falta de ar eram as mesmas.
Sentiu uma mãozinha pegar em sua perna e olhou para a dona dela. Lisa a olhava com uma carinha de curiosa.
ㅡ Tata, num tola.
Beka sorriu e pegou ela no colo a abraçando com carinho.
ㅡ Não estou chorando, Lisa.
Lisa disse algumas palavras muito enroladas e sem tradução e fez Beka rir novamente. Respirou fundo e secou suas lágrimas. A dor já estava passando e já conseguia respirar normalmente. Ficou aninhando Lisa, enquanto tentava esquecer aquela tristeza que havia lhe invadido. Quando se sentiu melhor, entrou com Lisa na casa e sentiu um cheiro horrível. Olhou num canto da sala e viu Ricardo sentado no chão com um cigarro entre os dedos.
Revirou os olhos ao ver aquilo e colocou Lisa sentada no sofá, indo até ele.
ㅡ Rick, você sabe muito bem que não pode fumar aqui dentro.
ㅡ Ah, não, chegou a chata! ㅡ Ricardo resmungou e olhou para ela com desdém ㅡ Estou na minha casa, eu faço o que eu quiser, tá ligada?
ㅡ Mesmo sendo a sua casa, não pode fumar aqui, vai prejudicar os pulmões da Lisa com toda essa fumaça.
Ricardo deu de ombros, tragou o cigarro novamente e fez questão de soltar a fumaça na direção de Beka.
ㅡ Seu idiota ㅡ Beka tossiu algumas vezes, aquele cheiro estava pior do que fumaça de cigarro. ㅡ Porque você bagunçou meu quarto hoje de novo, hein?
ㅡ Fui pegar o que era meu. ㅡ Respondeu sem olhar para Beka e tragou o cigarro novamente.
ㅡ Você sabe muito bem que não tinha nada seu lá. Me explica esse negócio direito, porque eu já estou farta de toda vez ter que bancar a idiota arrumando tudo, sendo que foi você quem bagunçou.
ㅡ Você tem umas coisas legais lá, que valem alguma coisa, sabia? ㅡ disse soltando a fumaça na direção de Beka outra vez.
Beka tampou logo o nariz com as mãos para se proteger daquela fumaça fedida.
ㅡ Como é que é?
ㅡ Isso mesmo que você ouviu, eu peguei uma coisa que você ganhou daquelas amiguinhas ricas e vendi. Elas te dão aquelas coisas mesmo, ou você anda roubando? ㅡ Ricardo olhou na mão de Beka e fitou o anel que ela ganhou por algum tempo.
Rebeca percebeu o que ele não tirava os olhos de seu dedo e então entendeu o que ele tanto procurava no seu quarto e sentiu um alívio por ter saído a noite com o anel, a pulseira e o colar que ganhou de Bia. Se não, como iria explicar para ela que não tinha mais?
ㅡ Olha só, não sou nenhuma ladra. Elas me dão sim e não quero você entrando no meu quarto nunca mais, ok?
ㅡ Aposto que anda roubando suas amigas. Que coisa feia, Beka.
Beka revirou os olhos e tentou tirar o cigarro da mão dele, mas ele foi mais rápido e escondeu a mão.
ㅡ O que foi que você pegou do meu quarto?
ㅡ Um porta retrato que tinha lá, ele era de bronze. Me rendeu uma boa grana. ㅡ Disse e voltou a tragar seu cigarro.
ㅡ Eu não acredito que você fez isso. ㅡ Beka estava chocada com a maneira fria que ele falava. ㅡ E o que você fez com o dinheiro?
ㅡ Comprei umas coisinhas… ㅡ disse balançando o resto do cigarro, mas imaginava que Beka não iria entender.
ㅡ Você está usando drogas, Rick?
Ricardo apenas balançou os ombros e se levantou sem dizer nada.
Beka entrou na sua frente sem deixar que ele passasse e encarou ele muito séria, mas Ricardo apenas sorriu com ar de superioridade.
ㅡ Sério, Rick, porque você está usando drogas?
ㅡ Porque eu quero, agora saia da minha frente e me deixe passar.
ㅡ Como pode usar isso? Você por acaso esqueceu de todo o conselho que papai deu pra gente, lembra do que ele dizia sobre as drogas? ㅡ Beka viu a expressão no rosto do irmão mudar quando ouviu a palavra pai, e viu um olhar com ar de superioridade se transformar em um olhar raivoso e cheio de mágoas.
ㅡ Não fale no papai, ele está morto, tudo o que ele falou morreu com ele, sua tonta.
ㅡ Não é verdade, você devia se lembrar mais dele em, vez de fazer tanta burrada por aí.
ㅡ Cala sua boca e nunca mais fale dele, ele nos abandonou aqui.
ㅡ Não foi um abandono, foi um acidente…
ㅡ Chega ㅡ Ricardo interrompeu Rebeca dando um grito que a assustou ㅡ Eu pedi que ele ficasse, eu implorei e ele preferiu nos abandonar, eu odeio ele. ㅡ Terminou a frase cheio de rancor e empurrou Beka, jogando-a no sofá e foi para seu quarto batendo a porta.
Beka não disse mais nada, deixou as lágrimas rolarem em sua face novamente, sentindo muita tristeza. A vida já não era fácil e agora Ricardo estava usando drogas, mas essa tempestade teria que acabar um dia.
POV MELISSA
A Noite estava fresca, o vento balançava meus cabelos com leveza enquanto eu andava pelas ruas. Estava tentando me lembrar porque é que eu não tinha ido de carro, se agora eu tinha um. Pensei em voltar para casa e pegar meu carro, mas eu já tinha andado tanto, que voltar não parecia ser uma boa ideia. Olhei em volta e estava tudo tão deserto, não passava ninguém na rua, achei estranho e olhei no meu relógio de pulso que marcava meia noite. Porque é que mamãe me mandou ir à padaria comprar pão tão tarde? Talvez a padaria nem estivesse aberta. De repente as luzes da rua se apagaram e senti um frio na espinha e fiquei toda arrepiada, morrendo de medo. O melhor que eu tinha a fazer, era voltar para casa, então dei meia volta e comecei a correr, mas eu nunca chegava em casa, quando já estava ficando cansada, parei e me abaixei colocando as mãos nos joelhos recuperando minhas energias.
ㅡ Ora, ora… mas olha só quem eu encontro por aqui.
Me virei assustada, tentando reconhecer aquela voz, mas além de não reconhecer, não conseguia ver um palmo à minha frente.
ㅡ Melissa, que bom vê-la por aqui… ㅡ disse isso e senti uma mão abraçando a minha cintura por de trás.
ㅡ Me solta! ㅡTentei tirar aquelas mãos de volta da minha cintura, mas não conseguia.
ㅡ Fica calma, Melzinha…
A voz tentou me acalmar, mas eu estava desesperada. De repente uma luz forte se acendeu e vi Ryan me agarrando, olhei em volta desesperada e reconheci aquele local, era o terraço da danceteria.
ㅡ Olhe para mim… ㅡ Ryan virou meu rosto, me forçando a olhar para ele e me beijou.
Morrendo de nojo, o empurrei, mas ele não me largava. Parecia que eu não tinha força nas mãos.
ㅡ Relaxa, não vai doer nada ㅡ disse isso e me prendeu na parede com suas pernas, levantou meu vestido com uma mão e quando comecei a gritar ele tampou minha boca com a outra mão. ㅡ Fica quieta, só quero te dar prazer.
Tentei gritar, mas estava impossível. Quase desfaleci quando senti sua mão apertando a minha bunda.
Num ato rápido ele destampou a minha boca e rasgou meu vestido com facilidade, e então começou a apertar meu seios. Mas era muito para mim, eu senti que ia desmaiar então aproveitei que ele tinha soltado minha boca e gritei chorando.
ㅡ Acorda, Mel…
Ouvi a voz de minha mãe e abri os olhos. Meu coração estava disparado, quase saindo pra fora do peito que chegava até a doer, eu estava suada e meus olhos cheio de lágrimas. Fiquei mais calma ao perceber que era só um pesadelo quando vi meu quarto e o semblante preocupado de minha mãe.
ㅡ Foi só um pesadelo, Mel. Já passou… ㅡ Ela me acalmou passando a mão em meu rosto com carinho.
Me sentei na cama e a abracei apertado, sentindo muita vontade de chorar, então o fiz. Chorei muito molhando o ombro da roupa que mamãe usava. Ela não me disse nada, apenas me deixou chorar e ficou me afagando os cabelos. Quando senti que já estava melhor, resolvi falar.
ㅡ Foi horrível, mãe.
ㅡ Mas foi só um pesadelo, amor. Está tudo bem agora.
ㅡ É que parecia tão real, mãe.
ㅡ Já passou, Mel, já passou.
ㅡ Tinha um homem me agarrando à força, mãe, você me salvou na hora que ele rasgou minha roupa.
ㅡ Que bom que consegui te salvar. ㅡ Disse beijando o topo da minha cabeça, depois me olhou ㅡ Tenta esquecer esse pesadelo, querida.
Levantei meu rosto e olhei para minha mãe e ela sorriu, secando minhas lágrimas. Tirou meus cabelos do rosto e beijou minha testa me fazendo sorrir.
ㅡ Tia Lourdes ficou muito chateada porque você não foi vê-la.
ㅡ Mas ela está bem?
ㅡ Sim, bem melhor, amanhã já volta para a casa dela. Deu tudo certo.
Sorri e abracei minha mãe novamente.
ㅡ Faz tempo que vocês chegaram?
ㅡ Quase agora, vim ver se você estava acordada e ouvi seus gritos. Então entrei e te salvei.
ㅡ Obrigada, mamãe. ㅡ Agradeci e a soltei do abraço para depositar um beijo na bochecha dela. ㅡ E o papai?
ㅡ Ele foi tomar um banho e se deitar, está cansado da viagem.
ㅡ A senhora também está, não é?
Ela balançou a cabeça dizendo que sim e eu ri do jeitinho dela.
ㅡ Vai lá descansar então.
ㅡ Você vai ficar bem? ㅡ perguntou me olhando nos olhos.
ㅡ Vou sim, já estou bem. ㅡ sorri, mas ainda era forte em minha memória a imagem dele me agarrando.
ㅡ Então vou lá descansar. Qualquer coisa é só me chamar, tudo bem?
ㅡ Sim mãe.
Mamãe se levantou, bagunçou meus cabelos me fazendo rir, me deu um boa noite e saiu do quarto. Fechei meus olhos, mas estava com medo de dormir e ter pesadelo de novo. Ainda bem que eu não me lembrava de nada que ele fez comigo de verdade, porque no sonho foi terrível. Se eu me lembrasse acho que ficaria traumatizada. Se é que eu já não estava. Abri meus olhos, eu não ia conseguir dormir de novo, então me levantei, abri a porta da varanda e me encostei na grade de proteção. Talvez pensar em Beka me ajudasse a esquecer o pesadelo, ou melhor, eu devia ter sonhado com ela, minha noite seria muito mais feliz.
Sorri com esse pensamento e tentei me lembrar do primeiro sonho quente que tive com ela, bem aqui no lugar onde eu estava agora. As lembranças vieram rápido e estava funcionando, meu medo estava dando lugar ao prazer que senti naquele dia. Sorria passando a mão em meu corpo quando tive uma lembrança diferente.
FLASH BACK ON
Me joguei nos braços de Beka e comecei a beijar o pescoço dela de maneira desesperada, passando a língua em seguida. A pele dela estava muito gostosa e eu não queria mais parar.
ㅡ Mel, o que está fazendo?
ㅡ Quero beijar você ㅡ disse erguendo meu rosto e fui dar um beijo na boca dela, mas errei e acabei acertando o queixo. Eu estava completamente fora de mim, não conseguia controlar meu corpo. Passei os braços em volta do pescoço dela e encostei meus lábios nos dela acertando dessa vez. Beijei-a com vontade. Beka correspondeu e ria durante o beijo conforme eu perdia o equilíbrio, então senti que ela me pegou no colo e como seu pescoço estava na altura de minha boca aproveitei, dando muitos beijos por ali, às vezes no rosto e em outras na boca.
Senti que ela me colocou no chão, então voltei a abraçá-la, enchendo-a de beijos, mas ela me forçou a sentar, percebi que estava no meu quarto quando olhei em volta e tudo estava rodando.
ㅡ Vem, senta aqui, vou pegar um pijama pra você. ㅡ Beka disse saindo de perto de mim, não consegui esconder minha frustração, porque ela estava se afastando? Senti muita vontade de chorar e acabei soltando essa vontade.
FLASH BACK OFF
Eu estava chocada, quando foi que isso aconteceu que eu não me lembrava. Passei a mão no rosto morrendo de vergonha. Eu estava bêbada, só pode, e se eu estava bêbada só podia ter sido na noite anterior. Que mico, meu Deus!
Mas e depois disso o que foi que aconteceu? Tentei me lembrar, mas não vinha nada mais.
Voltei para o quarto e me deitei novamente, fazendo um esforço, mas só me lembrava das mesmas coisas.
ㅡ Pelo menos ela correspondeu meu beijo ㅡ sorri feliz da vida e foi com esse sorriso bobo que acabei dormindo, mas dessa vez sem pesadelos.
A semana foi tranquila, conversei muito com Duda pelo celular muito e ela conseguiu me convencer de que eu tinha imaginado aquelas coisas, já que Beka não tocou no assunto em momento nenhum. Mas eu estava achando que não foi imaginação e sim uma lembrança mesmo, e eu queria muito me lembrar do resto. Duda me disse que somente eu conversando com Beka pra saber o que realmente rolou e confesso que cheguei a discar o número dela, mas me faltou coragem para ligar. Eu estava com saudades dela, mas não conseguiria mais vê-la com tanta frequência, já que logo as aulas na faculdade começariam e apenas Duda e Bia iriam estudar também, mas Beka não conseguiu estar presente no dia que faria a prova para ganhar uma bolsa e acabou perdendo a oportunidade. Senti vontade de ir vê-la, mas tinha vergonha de chegar assim sem mais nem menos na casa da Beka. Até convidei Duda, mas ela ainda não tinha saído do castigo e não ia poder me ajudar.
Sem saber o que fazer, apenas deixei as horas passarem na frente da televisão. Senti meu celular vibrar em minhas mãos. Eu o segurava com a esperança de que Beka pudesse me mandar uma mensagem, mas como eu sabia que ela não colocava créditos, não levava muita fé. Desbloqueei o celular logo e abri a mensagem, era de Bia, sorri lendo a mensagem:
“Meninas, amanhã estou de volta e quero vocês lá no aeroporto me esperando. Não aceito não como resposta, então desmarquem todos os seus compromissos e estejam lá às seis da tarde. Isso é uma intimação, ok? Sei que vocês me amam e morreram de saudades x’D Beijinhos da loira mais top de Beverly Hills.”
Ri alto lendo a mensagem, essa Bia não tinha jeito, e então fiquei feliz. Iria ver a Beka amanhã. Queria conversar com ela se eu tivesse coragem e oportunidade, mas se eu não tivesse, só em ver ela eu já ficaria feliz.
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