1. Spirit Fanfics >
  2. Só vejo você >
  3. O Mundo do Inconsciente é o Melhor Lugar

História Só vejo você - O Mundo do Inconsciente é o Melhor Lugar


Escrita por: MikaWerneck

Capítulo 15 - O Mundo do Inconsciente é o Melhor Lugar


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - O Mundo do Inconsciente é o Melhor Lugar

POV MELISSA

Acordei e as lembranças da noite anterior vieram à tona. Sentindo a mesma dor no peito que sentia durante a noite, deixei as lágrimas encheram meu olhos e inundar meu rosto.

Beka tinha passado a noite com Bia, isso estava claro na mensagem que eu tinha lido. Eu tinha perdido, Bia e Beka se amavam e estavam dormindo juntas. Eu ia ficar chupando o dedo e meu coração destruído teria que conviver com essa dor.

Não tentei levantar da cama em nenhum momento e nem sei quanto tempo fiquei deitada ali sem me mexer. A única parte do meu corpo que tinha vida eram os meus olhos, que derramavam lágrimas quentes sem cessar.

─ Ainda está deitada, Mel?

Pisquei quando ouvi a voz de minha mãe, mas continuei na mesma posição.

─ Sabe que horas são? ─ Minha mãe se sentou na cama, ela ainda não tinha percebido que eu estava destruída.

Não consegui dizer nenhuma palavra, eu só queria dormir e esquecer aquela dor.

─ Mel... ─ minha mãe pegou em minha testa. Acho que estava medindo minha temperatura. ─ O que você tem? ─ Ouvi que ela se levantou e acendeu a luz. Fechei meus olhos, pois a claridade repentina os fez doer.

─ Mel, você não está bem? Me conta o que está sentindo.

Abri os olhos novamente, deixei que se acostumassem com a luz e olhei para minha mãe. Ela parecia muito preocupada. Tentei dizer alguma coisa, mas minha voz estava inaudível e só o que consegui fazer foi chorar.

Minha mãe me fez sentar na cama e me abraçou muito forte, me dando segurança.

O abraço me fez chorar ainda mais, não soube explicar o porque, mas chorar abraçando minha mãe, fez eu me sentir um pouco melhor.

─ Quer me contar o que está sentindo? ─ perguntou quando viu que eu estava mais calma.

─ Está doendo, mãe... ─ Eu não sabia como começar a contar. Aliás, eu não podia contar, eu estava sofrendo por uma menina linda de cabelos ruivos e olhos verdes, isso não era nada bom.

─ Mas o que dói, meu amor?

Suspirei, como eu ia dizer isso? A não ser que eu falasse que não era uma menina, já tinha dado certo uma vez, porque não daria agora?

─ Meu coração, acho que não tenho mais.

Ouvi minha mãe rir e então parou de me abraçar, me fazendo olhar para ela.

─ É claro que ainda tem coração, Mel. ─ Ela passou mão em meu rosto com carinho. ─ O que fez você achar que perdeu ele?

─ Eu vi quem eu gosto com outra. Eles dormiram juntos. Não podiam ter feito isso comigo. Eu estava realmente apaixonada... ─ Conforme eu tentava contar, sentia um nó na garganta que cada vez apertava mais. Ele estava me sufocando tanto, que não aguentei mais continuar e voltei a chorar.

─ Calma, Mel. Não fica assim, vem cá.  ─ minha mãe me fez deitar em seu colo, e ficou afagando meus cabelos. ─ Ele sabia que você gostava dele?

─ Não sei, acho que desconfiava. E parecia gostar de mim também...

─ Talvez por não perceber seu interesse, acabou ficando com outra. Se você tivesse contado a ele, com certeza ele iria te escolher.

─ Eu não tive tempo... acabei perdendo.

─ Mas ele não é o único no mundo, filha. Com certeza devem ter muitos afim de você.

─ Os outros não são interessantes como el... como ele. ─ Quase disse ela, mas minha mãe não  percebeu.

─ É por causa da paixão, assim que você se permitir gostar de outro, vai achar outros interessantes também. É só deixar o tempo passar.

Olhei para minha mãe, e tentei acreditar no que ela falava, mas acho que tempo nenhum iria fazer meu coração se reconstruir. Eu não queria outro, eu queria só ela, eu a desejava como nunca desejei ninguém, e mesmo que eu sofresse muito, não ia querer parar de amá-la.

─ Apesar da vida nem sempre ser como a gente quer, não podemos abaixar a cabeça. As decepções nos fazem ser mais fortes. Aprendemos muito com elas e aposto que quando essa dor passar e você se apaixonar outra vez, vai ser mais rápida e não irá deixar ninguém roubar quem você gosta de você.

Apenas ouvia a teoria dela, sem expressar nenhuma reação. A vida era uma droga, isso sim!

─ Mel, porque você não levanta e vai tomar um banho? Vai se sentir melhor. A janta já está quase pronta. Imagino que ainda não comeu nada hoje.

─ Estou sem fome. ─ Eu fiquei o dia inteiro na cama, já era noite, por isso minha mãe já estava em casa. Perdi completamente a noção do tempo.

─ Mel, você tem que reagir. A vida continua. Vai lá tomar um banho.

Sem vontade nenhuma de viver, me sentei na cama. Eu me sentia fraca. Mamãe me ajudou a ficar em pé e me levou ao banheiro.

─ Consegue tomar banho sozinha?

Balancei a cabeça que sim e ela disse que iria para a cozinha. Esperei ela sair, tranquei a porta e me olhei no espelho, eu estava horrível. Olhos inchados, vestígios de maquiagem, cabelos muito bagunçados. Se a Beka me visse nesse estado sairia correndo de susto.

Acabei rindo com isso, mas ao mesmo tempo voltei a chorar. Só de lembrar nela eu já sentia meu peito apertado, e o ar me faltava.

Em pranto, tirei minha roupa e liguei o chuveiro. Entrei embaixo da água morna e assim fiquei. A água foi me acalmando aos poucos e quando pude respirar novamente, me lavei.

Não sei se demorei, pois o tempo não me importava em nada. Eu não tinha olhado nenhuma vez no relógio aquele dia. Fui para o quarto, coloquei um moletom e me sentei em frente a penteadeira. Olhando no espelho, notei que minha aparência tinha melhorado um pouco. Mas meus cabelos molhados precisavam serem penteados.

─ Está se sentindo melhor?

Minha mãe entrou no quarto e balancei a cabeça que sim.

─ Logo ficará boa, você vai ver. ─ Fiquei olhando ela pelo reflexo do espelho, e ela sorriu,  mas eu não conseguia sorrir. Vi ela pegar uma escova e então começou a pentear meus cabelos com muito carinho.

─ Que saudades de quando você era pequena e eu cuidava de você. Nada te magoava, sua única tristeza era não poder brincar no quintal quando chovia. ─ minha mãe sorria enquanto se lembrava do passado ─ Não tinha outros amores a não ser seus pais. E esse amor sempre foi recíproco.

Ela tinha razão, eu era tão feliz na minha infância e ainda era. Meus pais me amavam e eu amava eles. Sorri para ela e me levantei. Abracei-a forte.

─ Te amo, mamãe. E sei que nunca ficarei decepcionada com você e papai.

Minha mãe sorriu, me abraçando e assim ficamos por algum tempo.

Eu não quis ir jantar e ela respeitou minha vontade. Voltei a me deitar na cama pensando em tudo outra vez e então ouvi meu celular tocar. Peguei ele e vi na tela que era uma ligação de Beka. Mas eu não queria falar com ninguém hoje. Rejeitei a ligação e vi que já tinha 3 chamadas perdidas dela em horários diferentes. Eu devia estar dormindo, porque não ouvi tocar nenhuma vez.

Me levantei e peguei um urso de pelúcia que eu sempre deixava na poltrona e me deitei sobre ele. Ele era enorme e bem macio, era meu melhor conselheiro em momentos de crise, pois me deixava chorar à vontade e só me ouvia sem dizer nada.

 

POV REBECA

Assim que Bia acordou (ela dorme demais), avisei que precisava ir embora, pois precisava pegar a Lisa com a vizinha. Ela concordou numa boa e eu preferi ir à pé mesmo. Depois daquela cantada que o motorista da Bia deu, não quero mais ficar sozinha com ele. Eu não sabia porque, mas eu tinha medo de homens tarados. Nunca gostei de sentir eles me olhando, me tocando, me dava repulsa. Ethan tinha a mão muito boba, e por esse motivo, o máximo que fiz com ele foram beijos e mais nada.

Bia tentou me tocar ontem, mas não senti repulsa, eu confesso que até gostei, mas ela já veio querendo tirar a minha roupa e como nunca tinha ficado nua na frente de ninguém eu fiquei com vergonha. Acho que eu sou boba demais. Todo mundo faz isso o tempo todo, porque eu não consegui? Eu não sabia me responder.

Minha primeira vez foi com a Bia, mesmo somente eu dando prazer a ela. Não consegui me entregar, mas acho que ela curtiu. Ela sem roupa é linda, pele macia, um pouco mais bronzeada que a minha, muito perfumada, medidas e curvas perfeitas. O corpo dela tremia muito tendo um orgasmo. Mas mesmo com todas aquelas qualidades eu não consegui me entregar. Faltava alguma coisa...

E então o rosto de Mel apareceu nos meus pensamentos. Sim, era a Mel que estava faltando, eu queria ela demais, sempre foi esse o meu desejo. Talvez fosse a hora de me declarar, eu estava cada vez mais apaixonada por ela e estava me sentindo possessiva também.

Eu não me declarava, mas odiava ver ela com outra pessoa. Que tipo de garota eu sou, uma covarde, que não tinha coragem de se declarar porque tinha medo de levar um fora?

Sim, era isso mesmo o que eu era, uma covarde. Mas eu estava disposta a começar a ser corajosa. Era a Mel que eu queria e eu ia me declarar para ela.

Decidida coloquei crédito no celular e liguei para ela. Esperei, esperei, esperei e ela não atendeu. Mas ainda era cedo, ela devia estar dormindo. Bebeu demais e devia estar de ressaca. Ela estava muito mal ontem, eu queria ter cuidado dela, não gostava de ver ela chorando. Sentir o corpo dela sacudindo com cada soluço partia meu coração.

Ela estava brava comigo, mas eu não sabia o que eu tinha feito.

─ Tata... ─ Ouvi a voz fofinha de Lisa e me virei para trás.

Lisa estava correndo em minha direção com um sorriso lindo e quando chegou até mim, abraçou minhas pernas.

Eu andei tão distraída pelas ruas que nem me dei conta de que já estava abrindo o portão para entrar em casa sem antes passar na vizinha para pegar a Lisa.

Abri um sorriso ao me abaixar para pegar minha irmãzinha no colo.

─ Oi minha pequena, se divertiu bastante? ─ Falei com a Lisa, enquanto voltava para trás para agradecer dona Lourdes.

─ Bom dia, dona Lourdes. ─ Sorri para ela e ela sorriu em resposta.

─ Bom dia, Rebeca. Sim, a Lisa se comportou como uma mocinha. ─ Disse adivinhando qual seria a minha pergunta e eu ri ─ Só me desobedeceu agora que te viu e saiu correndo de felicidade. ─ Ela ria enquanto falava e eu acabei rindo também contagiada com a simpatia dela.

─ Que coisa feia Lisa, não pode desobedecer a dona Lourdes. ─ Falei séria, com voz autoritária e Lisa ao perceber o tom de minha voz fez um bico lindo ao ser repreendida e sem conseguir resistir, beijei a bochecha fofa e rosada dela.

─ Mas ela fez por te amar demais, não brigue com ela, Rebeca. ─ Lourdes defendeu a Lisa, achando que eu realmente estava brava com minha irmãzinha.

─ E a senhora acha que eu consigo brigar com essa loirinha?

─ Imagino que seja muito difícil. ─ Nós duas rimos.

─ Obrigada por cuidar dela. Assim que eu estiver trabalhando, eu pagarei…

─ Nada disso, eu faço porque gosto. Não precisa me dar dinheiro. ─ ela me interrompeu e sorriu ao terminar de falar.

─ Tem certeza? ─ Eu achava chato deixar a Lisa lá direto, não queria abusar da bondade dela, como muitas pessoas na rua faziam.

─ Sim, sim, não preciso de dinheiro Graças a Deus. Amo a companhia das crianças.

Sorri, com toda a certeza, dona Lourdes era a pessoa mais bondosa que eu já havia conhecido. Era muito difícil, nos dias se hoje, conhecer pessoas tão tranquilas, que espalhavam o amor apenas com o olhar.

Conversei com ela mais um pouco e depois entrei em casa. Victória e seu namorado estavam deitados no sofá. Havia um aroma forte de cigarro misturado com cerveja no ar. Eles pareciam estar dormindo, então entrei em silêncio e fui com Lisa para a cozinha. Como eu já esperava, tudo estava uma bagunça por ali. Cansada, coloquei Lisa no canto onde ela sempre brincava e me sentei ao lado dela. Eu não sabia que Victória andava bebendo, mas pelo cheiro de cerveja lá na sala, era óbvio que ela bebeu. Não bastasse ser tão fria, agora também seria alcoólatra. Meus problemas só pareciam aumentar cada vez mais. Uma onda de tristeza me invadiu e sem saber como reagir para que a minha família volte a ser feliz, me permiti ficar ali sentada segurando as lágrimas que lutavam querendo escapar.

Lisa ajudou a me distrair, querendo total atenção. Brinquei com ela a tarde toda, enquanto fazia o almoço e arrumava a casa.

Liguei para Mel quando deu 15:00 horas, mas ela também não atendeu, então quando deu 20:00 horas, tentei mais uma vez e nada. Ficando preocupada com ela, acabei ligando para Duda, mas esta também não tinha notícias de Mel.

Mel sempre atendia minhas ligações, mas hoje ela não quis. Será que o fato de parecer estar brava comigo, era o motivo? Talvez eu estivesse ficando maluca, e não era nada disso. Uma hora ela iria ver minhas ligações perdidas e iria retornar.

Levei um susto ao ouvir batidas de porta e antes que eu levantasse para ver o que era, Ricardo entrou em meu quarto com cara de desespero. Se sentou na cama e me olhava, seu corpo estava tremendo muito e aquele cheiro horrível de maconha começou a invadir meu nariz.

─ Eu preciso de você, me ajuda? ─ ele falou olhando para os lados à procura de algo.

─ Você andou usando drogas outra vez? ─ perguntei chocada.

─ Não, era só cigarro, sem drogas. ─ Mentiu descaradamente achando que iria me enganar.

─ Aham, claro que foi só cigarro, não sou idiota. ─ revirei os olhos.

─ É eu fumei maconha sim, o que é que tem? Eu preciso de dinheiro, o que você tem aqui? Tem que ser uma coisa bem valiosa.

Fiquei boquiaberta com o que ele disse e não respondi nada, apenas olhei para ele com pena. O que ele estava fazendo com a vida dele?

─ Se mexe, Beka, os caras estão aí fora.

─ O que? Que caras? ─ Assustada, fiquei em pé e olhei pela janela.

Dois homens mal encarados estavam parados em frente ao portão, usavam bonés e roupas largas, todos os dois eram fortes e exibiam um revolver enfiado no cós da calça, sem medo.

─ Viu só como é verdade? Eles são os caras encomendados para me matar se eu não pagar o que eu devo.

─ Você está ficando louco? ─ saí da frente da janela encarando meu irmão ─ Como é que foi se endividar com esses babacas?

─ Eles me ofereceram as primeiras de graça. Eu gostei do bagulho e todo dia pedia um. Eles eram muito camaradas, sempre me davam um. Mas ontem quando pedi outro eles disseram que eu não tinha mais crédito com eles e que se eu quisesse mais, eu iria ter que pagar. Me deram um prazo até hoje, mas como to sem grana eles descobriram onde eu estava e já vieram apontando a arma na minha cabeça. Consegui convencer eles de que vinha pegar o dinheiro e eles me seguiram até aqui. Agora estou encurralado, ou eu saio daqui com o dinheiro, ou eles me matam.

Fiquei espantada com o que ele me contou, eu não acreditava que ele tinha se envolvido nisso. Fui até a cômoda, abri a gaveta e peguei o dinheiro que era pra comprar o leite e as fraldas da Lisa, e entreguei para ele.

─ É tudo o que eu tenho, é do leite da Lisa, mas eu tento me virar até a Victória dar mais.

Ricardo pegou o dinheiro de minha mão e começou a rir, jogou o dinheiro na cama e agarrou em meus ombros me assustando.

─ Sabe o que eu pago com essa micharia? Um tiro na testa, é isso o que você quer? Ver seu irmão morto também?

─ Mas eu não tenho mais dinheiro, só isso.

─ Eu já imaginava que não, mas você pode me ajudar me dando isso… ─ Ricardo soltou meus ombros e pegou a minha mão, tirando o anel que a Bia me deu.

─ Não, eu não posso te dar esse anel, minha amiga me deu, o que eu vou dizer a ela. ─ tentei pegar o anel que ele olhava sorrindo, mas ele o guardou no bolso.

─ Você prefere me ver morto? Esse anel pagará toda a minha dívida. ─ Ricardo me puxou até a janela ─ Tá vendo aqueles caras? Eles vão me matar.

Me sentindo numa rua sem saída, sem saber o que fazer, olhei para aqueles caras estranhos. O anel era só um anel, mas era a vida do meu irmão que estava em risco, eu não podia deixar ele morrer.

─ Tudo bem, leve o anel, mas você tem que prometer que não vai mais usar drogas e nem se envolver com esses caras.

─ Tá legal, eu prometo, irmãzinha. ─ Ricardo disse sorridente e me deu um abraço.

Sorri ao sentir o abraço de Ricardo, já fazia anos que ele não chegava assim tão perto de mim. Correspondi ao abraço e o abracei fortemente.

─ Agora eu tenho que ir. ─ Ricardo me soltou e saiu do quarto.

Fiquei o olhando sair e depois olhei pela janela com o coração na mão. E se eles dessem um tiro nele após pegar o anel.

Logo Ricardo saiu de casa, conversou com aqueles homens e entregou o anel a eles. Eles passaram o anel de mão em mão, morderam e deram uma esfregada no portão e olharam novamente. Após abrirem um sorriso, deram um tapa na cabeça de Ricardo e foram embora. Ricardo olhou para a janela e ao me ver, fez um gesto com a mão dizendo que estava tudo bem e foi para a rua, em lado oposto aos traficantes.

Acho que eu tinha feito a coisa certa, estava mais aliviada, então voltei a me sentar na cama e olhei meu celular. Eu podia ligar para a polícia, mas conhecia histórias horríveis do que esses traficantes fazem com quem denunciam eles. Muitas vezes a família inteira era assassinada. Eu não queria que mais ninguém da minha família morresse. Olhei para a Lisa e ela brincava tão feliz no berço, que a ideia de ligar para a polícia desapareceu. Apesar de minha família não ser como eu gostaria, era sangue do meu sangue e eu amava eles.

 

POV MARIA EDUARDA

Minha cama estava cheia de doces e eu estava ajoelhada ao lado dela, saboreando tudo bem devagar. Cada nova mordida era um misto de prazer e alegria. Não existia nada na vida melhor do que comer.

Ouvi meu celular tocar e o atendi com pressa, sem nem ver quem era.

─ Alô.

─ Oi, Duda. Tudo bem? ─ Parecia a voz da Beka, mas ela nunca me ligava. Achei muito estranho.

─ Beka? ─ perguntei mordendo uma barra de chocolate.

─ Sim, sou eu. ─ ouvi ela rir ─ Meu nome não apareceu aí?

─ Eu atendi sem ver quem era. Estou bem e você?

─ Bem também. Você sabe se a Mel está bem? ─ Então era isso o que ela queria.

─ Não sei, Beka. Não falei com ela ainda.

─ Ah, mas se falar com ela você me avisa? Eu tentei falar com ela, mas ela não atende. Estou preocupada.

─ Aviso sim. Pode deixar.

─ Muito obrigada, Duda. Preciso desligar agora.

─ De nada. Tudo bem.

Nos despedimos e joguei o celular na cama. Ela não me enganava mais, ultimamente ela só tem olhos para a Mel, está na cara que que está apaixonada por ela.

Mas o que eu estava achando muito estranho, era o fato da Mel não estar aceitando as ligações da Beka. Alguma coisa tinha acontecido enquanto as duas ficaram a sós, porque Mel estava morrendo de amores pela Beka e com certeza atenderia a ligação na mesma hora.

Fiquei muito curiosa e sem conseguir resistir, liguei para ela. Mas ela também não me atendeu. Comecei a ficar preocupada também e liguei para acasa dela. Foi a mãe dela quem atendeu.

─ Boa noite, doutora Nicole. Aqui é a Duda, amiga da Mel, a Mel está?

─ Boa noite, Duda, ela está sim. Espera só um minuto que vou chamá-lá.

Esperei alguns minutos, ouvindo passos do outro lado da linha, uma porta se abrindo, o som do interruptor de luz sendo ligado e ela chamando a Mel bem baixinho. Depois um silêncio e então, Nicole voltou a falar comigo.

─ A Mel está dormindo, Duda.

─ Por isso ela não atendeu o celular. Eu fiquei preocupada.  Mas ela está bem?

─ Ela estava bem indisposta hoje. Não quis comer nada.

─ Mas ela contou o que houve?

─ Ela me falou, mas não sei se posso te falar. É melhor ela mesma te contar.

─ Eu entendo, Nicole. Mas amanhã eu ligo para ela então.

─ Se preferir, pode vir aqui em casa. Acho que ela precisa de um amigo para conversar.

─ Vou ver se consigo, estou de castigo.

Ouvi Nicole rir e acabei ficando sem graça. Trocamos mais algumas palavras e depois desligamos.

A mãe da Mel era uma mãe muito legal. Jovem e divertida, bem diferente da minha. Senti um pouco de inveja e olhei os doces sobre a cama. Voltei a pegar a barra de chocolate que eu havia aberto e a devorei em segundos.

Então a Beka estava certa em se preocupar com a Mel, ela realmente não estava bem, mas porque? Ela estava morrendo de ciúmes ontem, podia ser isso. E se a Beka tivesse confessado que gostava da Bia. Ai meu Deus, acho que poderia ser isso. Eu não quis deixar a Mel com mais ciúmes, mas ouvi a Bia gemendo quando liguei para ela. Será que ela e a Beka fizeram...

─ Eca, duas meninas, que nojento.  ─ Falei em voz alta, sem perceber.

Espero que não tenha sido isso. A Mel iria pirar.

Me levantei e guardei os doces que ainda estavam fechados de volta no guarda roupas, coloquei as embalagens vazias numa sacola e enfiei embaixo da cama. Amanhã eu jogaria no lixo escondida. Amanhã eu ligaria para a Mel e tiraria todas as minhas dúvidas.


Notas Finais


Obrigada pela leitura, beijo grande ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...