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História Só vejo você - Minha Filha É Lésbica?


Escrita por: MikaWerneck

Notas do Autor


Hi girls!!! Boa noite, cheguei \o/
Estavam ansiosas para saberem o que Nicole pensou quando viu Beka e Mel se pegando na cozinha?
Com minha última pergunta, notei o quanto vocês curtem uma confusão kkk
Não sei se irei agradá-las ou decepcioná-las, mas foi assim que sempre imaginei esse momento.
Tenham uma boa leitura ;D

Capítulo 32 - Minha Filha É Lésbica?


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - Minha Filha É Lésbica?

POV NICOLE

Alegria era o que definia meu dia hoje, meus pacientes estavam mostrando bons resultados com o tratamento que eu passava para eles. Se sentiam mais confiantes e mais vivos. Isso me dava mais vontade de continuar e estudar cada vez mais o comportamento humano. Minha última paciente havia desmarcado e com isso pude sair mais cedo. Iria aproveitar meu tempo livre para cuidar do meu jardim de inverno, eu amava passar o tempo cuidando das minhas plantas. Era uma ótima terapia, me ajudava bastante a pensar no caso dos meus pacientes e encontrar um tratamento adequado para cada situação. Passei na agropecuária e comprei algumas sementes novas, adubos e vasos de flores. Meu jardim estava cada dia mais completo e mais bonito. Todo colorido, deixando o ambiente bem alegre e convidativo. Eu mesma o havia decorado, e achava que o resultado final ficou magnífico. Se eu não fosse psicóloga, teria sido paisagista, afinal, decorar ambientes assim era meu hobby predileto.

Decidi passar na padaria também, Mel morria de ciúmes do meu jardim, e sempre que eu comprava algo para ele, comprava algo para ela também. Assim ela me deixava cuidar do jardim sem reclamações. Mel sempre fora a minha alegria de viver, sempre fofa e educada, nunca me deu problemas, e após sofrer uma desilusão amorosa e ficar muito mal por isso, sinto que agora ela está mais feliz. Passa o dia todo rindo e na maioria das vezes está distraída, desconfio que esteja com algum namorado novo, mas não quero cometer invasão de privacidade perguntando o que está acontecendo, então deixo-a livre, quando ela se sentir à vontade irá me contar.

Ao chegar em casa, vi que Rebeca estava nos visitando. Desde criança achava ela uma menina bonita, ruivinha e com aqueles olhinhos verdes curiosos, sempre querendo saber o que era tudo, e, agora estava se tornando uma linda mulher. Sempre achei muito estranho ela não ter nenhum namorado, os rapazes deviam morrer de amores diante de tanta beleza. Apesar de ter perdido o pai muito cedo, não era depressiva, pelo contrário, se mostrava cheia de vida e era muito responsável. Era fofo a maneira como ela sempre se referia a sua irmãzinha, demonstrava gostar muito dela.

Porém, hoje quando cheguei, notei que não somente ela, como também minha filha estavam nervosas, pareciam que viram um fantasma entrando e não à mim. Ignorei isso, afinal, eu poderia estar enganada e convidei-as para comerem o bolo que eu havia comprado para Mel. Levei-as para a cozinha, brincando com Mel, que como imaginei, ficou cheia de ciúmes por saber que eu iria cuidar do jardim. Após desembrulhar o bolo e colocar os pratos e talheres sobre à mesa, deixei as meninas na cozinha e fui até o jardim, coloquei as sacolas sobre uma mesa e fui tirando as coisas da sacola. Percebi que não tinha pego o adubo, provavelmente o tinha deixado no carro e eu precisava muito dele. Deixei as coisas sobre a mesa e estava indo para a garagem, mas ao passar em frente à janela para acessar a porta dos fundos que levava à garagem, ouvi algo que me deixou curiosa para saber o que estava acontecendo.

ㅡ O que está fazendo, Mel?

ㅡ Te deixando ainda mais gostosa…

ㅡ Sua mãe está aqui, lembra?

ㅡ Relaxa, Beka, quando ela vai cuidar do jardim, ela esquece da vida.

Não conseguindo resistir à tanta curiosidade, olhei pela janela e o que vi me deixou perplexa. Mel estava beijando sua amiga, isso não estava certo, minha filha não podia ser lésbica. Sentindo meu sangue ferver, mudei o rumo e passei pelo pequeno corredor que tinha uma parede de elemento vazado, segurei na parede e olhei novamente, meus olhos não acreditavam no que estavam vendo. Agora era Rebeca quem estava lambendo Mel e passando a mão pelo corpo dela. Ela estava abusando de minha filha e minha filha estava gostando. Sem conseguir sair do lugar e expulsar aquela menina da minha casa, fiquei ali, olhando para as duas se agarrando, alimentando meu lado irracional com muito desgosto. Desde quando isso estava acontecendo?

Lágrimas começaram a brotar em meus olhos e sem saber como reagir voltei para o jardim e me sentei nas pedras da cachoeira artificial que eu tinha feito há alguns anos.

Eu estava me sentindo um monstro com aquela raiva toda. Minha filha era lésbica, ou estava sendo induzida por aquela amiga? Se fosse pela primeira opção eu precisava conversar com ela, mas se fosse pela segunda opção, Rebeca nunca mais pisaria em minha casa.

Fiquei olhando os peixes coloridos que nadavam tranquilamente na água cristalina da cachoeira pensando se ia até a cozinha ou não impedir que Rebeca tocasse em minha filha, mas ouvir o som do carro de Mel me fez perceber que elas não estavam mais na cozinha. Mel estava levando ela para casa, mas eu não podia permitir isso, corri até a garagem, porém, quando cheguei lá, Mel já estava na rua e nem me viu.

Revoltada com tudo, fui para o quarto de Mel, assim que ela chegasse, ela iria me ouvir. Abri a porta do quarto e notei que a cama estava bagunçada. Além de tocar em minha filha, Rebeca dormia com Mel? Ela estava tirando a inocência da minha filha. Andei pelo quarto, e notei que na mesa do computador havia um caderno, parecido com um diário, mas não tinha chave. Abri ele, fazendo completamente o contrário do que eu dizia para as mães desesperadas que iam se consultar comigo. Em várias folhas Mel havia desenhado corações em volta do apelido de Rebeca, dizia que amava ela, e todas as declarações de amor que as crianças dizem sentir quando encontram o primeiro amor. Em algumas delas, apesar do sentimento ruim que apertava meu peito, acabava rindo, pois eram declarações muito fofas. Guardei o caderno dela de volta em seu lugar, fui até um mural de fotos e observei que ela e Rebeca estavam juntas em muitas fotos, mesmo ao lado das amigas, eram sempre elas se abraçando, com beijos no rosto, mãos dadas. Desde as fotos mais antigas até as mais recentes. Percebi que sempre achei fofo aquele mural, com essas fotos. Via nele o carinho e a amizade e nunca me passou pela cabeça que poderia ser outra coisa. Andando mais pelo quarto e obsvervando-o, vi uma rosa muito bonita sobre a penteadeira, será que elas estavam namorando?

Fui para a varanda e me debrucei sobre o parapeito da grade de segurança, estava frio ali, o vento gelado batia contra meu rosto, me congelando por inteira, mas continuei ali. Se eu fosse numa consulta psicológica pedir ajuda, como eu iria poder me ajudar sobre esse assunto?

Primeiramente eu iria pedir que eu me acalmasse. Já assisti muitas mães que iam até a clínica e pedia ajuda com seus filhos homossexuais. Muitas mães acreditavam que ser homossexual era uma doença, mas após consultar vários gays e ler muitos livros à respeito disso, pude explicar para essas mães que ser homossexual não era nenhuma doença. As pessoas já nascem assim, e muitas vezes, desde pequenas já demonstram o que realmente gostam, e até mesmo os pais já sabem disso, mas diante de toda a sociedade e muitas vezes por questões religiosas, fecham seus olhos, se tornando cegos, e se os filhos decidem escolher pelo caminho “errado”, eles acabam odiando os próprios filhos.

Outro vento gelado chicoteou meu rosto, me despertando. Era isso o que eu iria fazer? Odiar a minha filha? Odiar a Rebeca? Mas então tudo o que eu dizia para as minhas clientes estava errado. Não, eu não podia agir dessa maneira, Mel é minha filha, eu não posso odiá-la e nem partir o coração dela. Eu amo ela e continuarei sempre amando-a, independente de suas escolhas.

Vi que Mel estava chegando, respirei fundo e voltei para o quarto. Eu precisava conversar com ela e saber desde quando elas estavam juntas. Me sentei sobre a cama e a esperei, prometendo a mim mesma ser forte e não brigar com ela.

Mel entrou no quarto cantarolando, e acendeu a luz, me fazendo perceber o quanto já estava escuro.

ㅡ Mãe? ㅡ Mel quase gritou de susto, levando a mão ao coração. ㅡ O que faz aqui no escuro?

ㅡ Eu queria conversar com você, nem notei que já estava tão escuro. ㅡ Sorri, tentando disfarçar o nervosismo que eu sentia.

ㅡ A senhora está bem, mãe? ㅡ Mel veio até a cama e tocou em meu rosto. ㅡ Está gelada, o que estava fazendo?

ㅡ Estou bem, filha, senta aqui, vamos conversar.

Mel ficou um pouco receosa, mas se sentou, me olhou com curiosidade e eu não sabia como começar. Olhei para a rosa na penteadeira, ela parecia ser um bom ponto de partida então voltei a olhar para ela e comecei:

ㅡ Notei que tem uma rosa, ali, você está namorando? ㅡ Falei com calma, pondo em prática as técnicas de respiração que ensinava aos clientes.

ㅡ Namorando? ㅡ Mel começou a piscar e era obvio que a resposta era sim, assim que ela desviou seus olhos dos meus tentando fugir daquela situação.

ㅡ Sim, há vários dias venho notando que está feliz, e hoje vendo essa rosa aqui, só pude pensar nisso.

ㅡ É… q-que… ㅡ Mel começou a gaguejar, suas piscadas aumentaram o ritmo. Sempre tive sucesso em todos os tratamentos para nervosismo e timidez, exceto com Mel, talvez por ironia do destino, nunca consegui ajudá-la com seu tique nervoso. ㅡ E-eu... e-estou…

ㅡ Viu, não foi tão difícil dizer a verdade. ㅡ Sorri e toquei a mão dela, que tremia muito, tentando passar calma. ㅡ Há quantos dias?

ㅡ Um mês. ㅡ Mel continuava tensa, então massageei a mão dela com meu polegar, na esperança de tranquilizá-la.

ㅡ E você está feliz com o namoro?

ㅡ Estou. ㅡ Mel continuava nervosa, mas pude ver um brilho em seus olhos com a resposta. A tremedeira estava começando a diminuir.

ㅡ Seu namorado é o mesmo por quem você sofreu tanto aquela vez? Foi ele quem ficou com outra quando você ia se declarar? ㅡ Lembrei das nossas conversas antigas e fiquei curiosa para saber a resposta.

ㅡ Sim, ele mesmo.

ㅡ Então ele não namorou com a outra menina?

ㅡ Não, mãe, conversei com a Duda, e ela me disse que eu não podia jogar toda a culpa nele sendo que eu era a culpada, ele não sabia que eu gostava dele e ele não era proibido de ficar com outras se eu e ele não tínhamos nada. Então fui conversar com ele e descobri que ele também era apaixonado por mim. ㅡ Mel sorria enquanto contava, seus olhos eram puro brilho e já não piscava mais, estava mais tranquila e confiante.

ㅡ Que corajosa você foi, filha. ㅡ Sorri sendo sincera, eu só estava chateada por ela chamar a Rebeca de ele e não dizer completamente a verdade, mas eu estava pensando no lado dela, poucas pessoas tinham coragem de dizer que eram homossexuais, algumas escondiam a vida inteira. ㅡ Quero que sempre tenha coragem assim, e sempre que quiser, pode vir falar comigo. Nunca se esqueça que eu te amo.

Mel sorriu e me abraçou apertado, e eu a abracei de volta, dando à ela o mesmo carinho que eu recebia. ㅡ Quando vai me apresentar seu namorado? ㅡ Perguntei ainda abraçando-a e senti o quanto ela ficou tensa com essa pergunta.

ㅡ Logo, mãe, logo conhecerá ele.

ㅡ Quero conhecê-lo logo mesmo, vou preparar um jantar especial no dia. ㅡ Sorri e me afastei do abraço para poder mostrá-la que eu estava decidida.

ㅡ Combinado, mãe, vou conversar com ele. ㅡ Mel não piscava, mas seus olhos mostravam preocupação num misto de medo.

ㅡ Notei que sua cama está muito bagunçada, o que houve? Não está arrumando mais seu quarto? ㅡ Não consegui resistir à essa pergunta, estava curiosa quanto à ela desde que entrei no quarto.

ㅡ E-eu… ㅡ Mel voltou a gaguejar e a piscar descontroladamente ㅡ ...n-não tive tempo de arrumar a cama hoje, tive muito trabalho à tarde.

ㅡ Isso não é desculpa, meu amor. Lembra o que te ensinei desde pequena?

ㅡ Sim, que a limpeza é fundamental, não importa o seu estado de espírito.

ㅡ Exatamente. Nunca se esqueça disso. ㅡ Sorri e me levantei, fui até a porta e antes de sair disse: ㅡ Estou curiosa para conhecer esse rapaz que conquistou seu coração.

Mel deu um sorriso e balançou a cabeça positivamente, pisquei para ela e saí do quarto. Fui para a cozinha e enquanto preparava a janta, bem mais tranquila e me sentindo em paz por ter entendido que Mel amava Rebeca e que esse amor a deixava feliz. Me senti envergonhada pela raiva que senti quando descobri que Mel era lésbica e passei a entender o que todas as mães desesperadas que passaram em meu consultório sentiram. Talvez todas as se mães sentissem tristes quando descobriam que seus filhos eram homossexuais, mas isso não as impediam de continuar amando eles, afinal, eles apenas amavam alguém do mesmo sexo, e o amor é o sentimento mais lindo do ser humano. Amar não é doença, amar é divino.

ㅡ No que está pensando tanto que nem notou que eu cheguei, Nick?

Senti as mãos de Thomas abraçando a minha cintura e um beijo no rosto após falar em meu ouvido. Sorri e me virei para ele, esquecendo a panela no fogo. O abracei e dei um beijo em meu esposo cheio de amor. Eu não sabia como ele iria reagir quando descobrisse que Mel era lésbica, eu precisava prepará-lo para quando chegasse a hora.

ㅡ Eu pensava num caso que estou cuidando lá na clínica. ㅡ Sorri, ajeitando a gravata que ele usava.

ㅡ E que caso é esse, pode dizer? ㅡ Ele ficou curioso e continuei sorrindo, minha preparação iria começar a partir de agora.

ㅡ Desde que eu não cite nomes… ㅡ Beijei ele e ele me sorriu, dando uma piscada ㅡ Hoje uma mãe foi com muita raiva me pedir ajuda, disse que pegou sua filha beijando a amiga na cozinha e não sabe como reagir.

ㅡ Nossa, parece ser mesmo complicado.

ㅡ E é, então pensando no caso dela, decidi ajudá-la pondo em prática a empatia, que é tomar a dor do outro para si. Você pode me ajudar?

ㅡ E como eu poderia ajudar? ㅡ Perguntou curioso me fazendo sorrir.

ㅡ É bem simples, vamos fingir que foi a Mel quem beijava sua amiga na cozinha, como você iria reagir?

ㅡ Eu não sei, e ainda bem que não é. ㅡ Coçou a cabeça, largou minha cintura e foi espiar o que tinha nas panelas.

ㅡ Vamos fazer assim, vai lá tomar um banho, pense a respeito, seja sincero e depois da janta a gente volta a falar sobre isso.

ㅡ Está bem, Nick, vou pensar sobre isso. ㅡ Sorriu e me beijou antes de sair da cozinha.

Se eu conseguisse fazer ele entender que ser homossexual não era nada demais, e sim mais um sentimento de amor entre duas pessoas do mesmo sexo, quando Mel criasse coragem para nos contar que amava Rebeca, ele não iria ficar com raiva e nem tratá-la com rancor. Eu estava disposta a todos os dias conversar com ele sobre isso. Eu iria lapidar ele, como se lapida um diamante e fazer ele entender que tudo o que ele já ouviu sobre homossexualismo estava errado. Thomas sempre teve um bom coração, e eu sabia que quando chegasse a hora, ele não iria me decepcionar.


Notas Finais


Infelizmente minhas férias acabaram, e devido à falta de tempo voltarei a postar capítulos novos somente aos sábados. =/
Obrigada, meninas, beijinhos!


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