POV NARRADOR
Mel estava indo buscar Beka para irem para a Casa Noturna do pai de Bia, estava se sentindo imensamente feliz, mesmo que seu pai não tivesse gostado nada da ideia dela ser lésbica, estava feliz, afinal, ele disse que não iria impedir e era isso o que ela temia. Tinha medo de ser expulsa de casa, ou que proibissem a Beka de vê-la, mas para a sua felicidade nada disso tinha acontecido, ainda podia ver sua amada e continuava morando em seu lar. Thomas podia não gostar nada de como as coisas estavam, mas Mel amava seu pai, e sabia que mesmo ele tentando ser duro com a realidade, uma hora ele iria ceder e iria acabar aceitando as coisas como elas são, pois nada iria mudar.
Estacionou o carro em frente à casa de Beka e saiu do mesmo, acionando o alarme. Como sempre fazia, passou pelo portão que estava sempre aberto e entrou, foi até a porta e bateu na mesma.
Foi Victória quem abriu a porta de supetão, assustando Mel, que abriu um sorriso, tentando fingir não ter se assustado.
ㅡ Ah, é você, quer falar com a Rebeca? ㅡ Victória disse secamente.
Estranhando o tom que ela usou, não conseguiu responder e apenas balançou a cabeça.
ㅡ Entre, vou chamar ela.
Mel entrou e viu um homem com cabelos grisalhos, barrigudo, sentado todo largado no sofá, com uma lata de cerveja na mão, assistindo televisão. Se encostou na parede e ficou esperando Beka aparecer e viu com o canto do olho, o homem a analisar e dar um sorriso safado.
Achando isso muito nojento, Mel quis sair dali o mais rápido possível e sem pensar duas vezes foi até o quarto de Beka.
ㅡ O que a sua amiga faz aqui? ㅡ Mel ouviu Victória falando e pensou em voltar, mas Victória se virou e a viu parada na porta.
ㅡ Nós vamos sair, não vamos ficar aqui. ㅡ Beka disse logo, ela estava de costas para Mel, terminando de colocar agasalho em Lisa.
ㅡ Tudo bem. ㅡ Victória disse com a voz mais mansa, e Beka se virou estranhando essa reação, e então, entendeu tudo. Abriu um sorriso ao ver Mel parada na porta e Mel também sorriu.
ㅡ Vou deixar a Lisa na dona Lourdes, mãe. Não se preocupe. ㅡ Beka disse, pegando Lisa no colo e suas coisas. ㅡ Já estamos indo.
ㅡ Hum, é… divirtam-se. ㅡ Victória tentou sorrir, mas o sorriso foi mais falso que nota de três reais.
ㅡ Obrigada, Victória. ㅡ Mel disse e sorriu, abrindo passagem para que ela saísse do quarto.
Beka deu uma piscadinha para Mel, pelas costas de Victória, fazendo Mel sorrir. Passaram pela sala sem dizerem uma palavra, pela porta e pelo portão e quando viram que não corriam mais riscos, deram um beijo.
ㅡ Sua mãe é muito chata, amor. ㅡ Mel fez uma careta enquanto falava.
ㅡ Ela é sempre assim, ainda bem que você foi lá no quarto, ou ela ficar me enchendo. ㅡ Beka sorriu e bateu na porta da vizinha.
ㅡ Eu precisava te salvar, minha vida.
Ambas sorriram e só não deram outro beijo porque Lourdes abriu a porta. Como sempre, Lourdes foi um amor de pessoa e recebeu Lisa com muito carinho, deixando Mel e Beka irem tranquilas para a balada.
Assim que entraram no carro, se beijaram de verdade. Elas não tinham se visto durante todo o dia e isso as deixavam cheias de saudades.
ㅡ Senti a sua falta hoje, acho que estou mal acostumada. ㅡ Beka riu e pegou a mão de Mel fazendo carinho.
ㅡ Eu também, mas você é o melhor vício que eu já tive em toda a minha vida. ㅡ Mel sorriu e ligou o carro, começando a dirigir.
ㅡ Você é tão linda… ㅡ Beka ficou olhando Mel dirigir, amava ver ela toda concentrada.
ㅡ Você é mais. ㅡ Mel olhou para Beka rapidamente. ㅡ Contou para sua mãe que vai trabalhar?
ㅡ Contei, ela não gostou nada da notícia, acredita?
ㅡ Então deve ser por isso que ela estava mais azeda hoje. ㅡ Mel riu.
ㅡ Só pode ser por isso, ela disse que eu vou ter que chegar e arrumar toda a casa e que só vai pegar a Lisa na creche porque é perto da casa do namorado dela, mas caso contrário eu iria ter que me virar se quisesse trabalhar. ㅡ Beka entortou a boca e olhou pela janela decepcionada.
ㅡ Nossa, que vaca, me desculpe a palavra. Mas pelo menos ela vai buscar a Lisa.
ㅡ É, pelo menos isso, mas ela faz questão de acabar com o meu dia. Só quando estou com você me sinto feliz. ㅡ Beka sorriu e voltou a olhar para mel, pegando a mão dela que estava sobre o cambio.
Mel sorriu, parou o caro no semáforo e beijou Beka, com carinho. ㅡ Também sou muito feliz quando estou contigo.
E foi assim, nesse clima romântico e todo meloso que continuaram a viagem até a casa noturna de Bia.
XXX
Enquanto isso, no bairro mais rico de Beverly Hills, na mansão de um dos homens mais ricos da cidade, Bia terminava seus últimos detalhes. Estava se sentindo radiante e tinha certeza que Mel iria ficar puta da vida quando a visse. Usava um mini short jeans com tons azul claro e rosa, sem barra e todo desfiado, uma blusa regata preta de malha pesada, muito decotada, que deixava um pouco à mostra o sutiã branco com rendas pretas. Jogou os cabelos para o lado e pediu para Mary fazer uma maquiagem bem marcante, com um batom bem vermelho. Por ter a pele bem clara, levemente bronzeada, o batom acabou dando muito contraste e Bia amou isso, era exatamente o que ela pretendia essa noite.
Toda sorridente, pegou a bolsa com tudo o que precisava e foi chamar seu motorista, que o levou até a casa de Rafa, o despachando logo. Não precisava muito dele quando estava com ela, afinal, ela sabia dirigir e era muito interessante, coisa que ele não era.
Passou pelo portão sem nem tocar no interfone, pois o porteiro estava bem atento. Entrou toda sorridente, passando por ele, e deu um boa noite. Notou que o porteiro ficou todo besta com isso e segurou a vontade de rir. Ele nunca conseguia disfarçar seu tesão quando Bia passava por ele.
Pegou o elevador, notando que todos a olhavam, alguns com admiração e outros com repugnação, mas era disso o que ela gostava.
Bateu na porta de Rafa e quando ela abriu, sorriu ao ver Rafa a olhando de corpo inteiro e deu uma voltinha.
ㅡ Como estou? ㅡ Perguntou assim que terminou de rodar, e passou por Rafa, entrando no apartamento, se sentando no sofá.
ㅡ Muito provocante. ㅡ Rafa fechou a porta e se sentou no braço do sofá, levantando o queixo de bia, e lhe deu um selinho. ㅡ E perfumada também. ㅡ Rafa completou, inspirando o perfume que ela espirrou atrás da orelha.
Bia sorriu e olhou o que Rafa usava: uma calça de tactel preta, com bolsos nas laterais que por algum milagre, não era tão larga como as que ela costumava usar e uma blusa cinza de manga longa preta. Os cabelos estavam soltos, com um gorro cinza, que lhe caiu muito bem. Ela usava apenas um delineador preto nos olhos e um batom da cor da boca dela. De todos os dias que Bia a viu, tirando o dia na boate, hoje era o dia que ela estava melhor vestida.
ㅡ E porque não para de me analisar? Já sei, quer que eu troque de roupa? ㅡ Rafa perguntou, já incomodada.
ㅡ Não, hoje você está bonitinha, vou te deixar assim mesmo. ㅡ Bia sorriu e piscou. ㅡ Já está pronta?
ㅡ Você só me convida hoje a tarde e acha que eu já estou pronta? ㅡ Bia balançou a cabeça e Rafa riu ㅡ Pois então você está certa, eu já estou pronta.
ㅡ Mas é tonta. ㅡ Bia revirou os olhos, mas riu em seguida. ㅡ Vamos então, Rafinha?
ㅡ Vamos. ㅡ Rafa se levantou e pegou as chaves e a carteira, enfiando-a no bolso. ㅡ Espero que essas suas amigas não sejam tão metidas como você. ㅡ Abriu a porta e esperou Bia se levantar e a seguir.
ㅡ Olha aqui, não existe ninguém igual a mim. Sou única. ㅡ Bia se levantou, e empinou o nariz enquanto falava, muito metida.
ㅡ Ainda bem, não preciso de mais patricinhas na minha vida. ㅡ Rafa segurava a vontade de rir.
ㅡ Bom mesmo, eu também acho. E digo mais, você morre de amores pela patricinha aqui. ㅡ Bia segurou o queixo de Rafa, mordeu os lábios dela, e depois foi andando até o elevador.
Rafa riu, pois sabia que era verdade e trancou seu apartamento, depois correu até Bia, a olhando por de trás, e quase tropeçou de tão linda que ela estava.
ㅡ Você só pode estar achando que é verão, pra usar essa roupa hoje. ㅡ Rafa disse a abraçando por trás, bem perto do ouvido da loira.
ㅡ Não estava frio quando eu cheguei, e se fizer depois, você pode me esquentar, não pode?
ㅡ Com toda a certeza, e irei adorar fazê-lo. ㅡ Rafa deu um sorriso safado, antes de entrarem no elevador.
ㅡ Já pode começar então, Rafinha. ㅡ Bia se virou de frente para ela.
Rafa sorriu, encoxou Bia na parede gelada de ferro e deu vários beijos pelo decote, que estava muito atraente, mostrando partes do sutiã. Depois foi subindo pelo pescoço, deu uma mordida no queixo dela, fazendo a loira gemer e sorriu, iniciando um beijo, quente e cheio de desejo, com direito a muita mão boba, mas o barulho de gente entrando no elevador as fez parar o beijo e se comportarem.
XXX
Não demorou para chegarem na casa noturna, Rafa dirigia sem medo e amava velocidade. Sempre que achava seguro, metia o pé no acelerador.
Bia preferiu entrar pela porta dos fundos, pois a entrada estava lotada, como sempre. Assim que entraram, foram direto ao bar e Bia pediu energético com whiskey, seguindo logo para a mesa, onde Beka e Mel já estavam sentadas e pra variar estavam se beijando.
ㅡ É tão bom ser a dona da casa e pegar as bebidas sem pagar. ㅡ Rafa comentou, bebendo o líquido, mas notou que Bia não a ouviu. Achou estranho, mas deixou quieto e apenas a seguiu.
ㅡ Vocês não se desgrudam mais? ㅡ Bia disse e já foi se sentando. Rafa se sentou também.
Mel e Beka ao ouvirem Bia, pararam o beijo, sorriram e olharam para Rafa.
ㅡ Boa noite pra você também Bia. ㅡ Beka disse, divertida, entrelaçando os dedos nos de Mel.
ㅡ Boa noite, casal lindo, a Duda não vem? ㅡ Bia sorriu, mas seus olhos estavam focados nas mãos das duas entrelaçadas sobre a mesa.
ㅡ Ela disse que vem, mas está com um amigo e podem demorar. ㅡ Foi Mel quem respondeu, levantando a mão de Beka, dando um beijo.
ㅡ Um amigo? A Duda está com um amigo? ㅡ Bia fingiu estar admirada, mas estava sentindo um peso no estomago com as duas a sua frente trocando carícias.
ㅡ Está, parece que estamos todas acompanhadas essa noite. ㅡ Beka disse, sorridente, olhando para Rafa, que estava séria no momento se sentindo excluída. ㅡ Não vai nos apresentar sua… namorada?
ㅡ Oi?... ㅡ Bia estava boiando, mas como se sua boia furasse de repente, voltou a realidade. ㅡ Ah… ㅡ riu de si mesma e se virou para Rafa que revirou os olhos. ㅡ Beka, Mel, essa é Rafa. Rafa, essas são minhas amigas Mel e Beka. ㅡ Terminou as apresentações e abraçou Rafa de lado.
ㅡ Prazer em conhecê-las, Mel e Beka. ㅡ Rafa sorriu, mas na verdade estava voltando ao passado, na primeira vez em que ficou com Bia, lembrou que naquela noite Bia a chamou de Beka. Essa lembrança a fez entender tudo o que estava acontecendo e porque Bia estava muito estranha.
ㅡ O prazer é todo nosso. ㅡ Mel e Beka disseram juntas e começaram a rir.
ㅡ Rafa, fica com elas um segundo, preciso ir ao banheiro. ㅡ Bia disse já se levantando, deu a volta no banco e se abaixou, pois sabia que sua blusa de tecido pesado iria se cair e mostrar todo seu sutiã. Deu um beijo em Beka e olhou para Mel e Beka, mas ambas se olhavam, ignorando completamente sua falha tentativa de deixar mel com ciúmes. ㅡ Já volto.
ㅡ Como conheceu a Bia? ㅡ Mel perguntou curiosa para Rafa, assim que ela saiu.
Rafa entendeu todo o jogo de Bia, e estava furiosa. Fingiu que a beijava, só para mostrar seu decote para a Beka, e ainda estava lhe usando. Sorriu tentando disfarçar sua ira. ㅡ Aqui mesmo, numa noite. Ela estava dançando e eu a vi. ㅡ Sorriu novamente se lembrando daquela noite.
ㅡ Você parece ser bem legal, cheia de estilo, gostei disso. ㅡ Beka sorriu e olhou para Mel para como quem diz que foi só um elogio e nada mais que isso.
ㅡ Talvez… sempre fui assim, esse negócio de roupa cheia de frescura me enche o saco, gosto de praticidade.
As três ficaram conversando por um bom tempo, até depois que Bia retornou. O assunto da noite foi a vida de Rafa, como ela ganhava seu próprio dinheiro e que gostava de skates.
ㅡ Boa noite, suas lindas!!! ㅡ Duda chegou toda animada, abraçando uma de cada vez, exceto Rafa, que ela não conhecia.
ㅡ Pode abraçar a minha mina também, Duda, prometo que não te matarei por isso. ㅡ Bia tentou ser animada.
ㅡ Sua mina? Está namorando? ㅡ Duda perguntou incrédula e se abaixou para comprimentar Rafa, que sorriu para ela.
ㅡ Não, apenas ficante. E você, onde está seu namorado? ㅡ Peguntou Bia toda curiosa ㅡ Me falaram que você estava acompanhada.
ㅡ Namorado? ㅡ Duda riu ㅡ Em lugar nenhum, mas meu amigo Enzo está atrás de você.
Bia se virou para olhar e deu um grito em aprovação, se levantou bem rápido e abraçou o rapaz, que estava todo tímido.
ㅡ Que lindo, você parece o Harry Potter com esse óculos, sabia?
ㅡ É o que dizem por aí… ㅡ Enzo sorriu, tentando olhar apenas no rosto de Bia, pois o decote chamava muita atenção.
ㅡ Cuida bem da Duda, ela é uma ótima amiga. A propósito, venha cá. ㅡ Bia puxou Enzo e o levou até onde Duda estava. ㅡ Vocês formam um lindo casal.
Duda riu e fez um gesto para Enzo deixar pra lá e não ligar, a Bia era doidinha assim mesmo.
O papo rolou solto a noite toda, o grupo estava bem animado, exceto pela Bia, que estava sempre perdida em pensamentos.
Beka e Mel foram as primeiras a irem dançar e não voltavam mais. Duda e Enzo conversavam sem parar e Bia o incentivou a irem dançar também. Após alguns não e Bia continuar incentivando, eles acabaram aceitando e foram finalmente dançar. Deixando apenas Rafa e Bia na mesa.
Rafa amou as amigas de Bia, todas muito educadas, simpáticas e sabiam conversar. Até o rapaz que estava com Duda era simpático, apesar de ser bem tímido. Também pudera, um único rapaz no meio de cinco meninas. Ele devia se sentir um peixe fora d’água.
ㅡ Vamos dançar também? ㅡ Duda pediu, abraçando Bia, dando beijos no rosto.
ㅡ Vamos… ㅡ Bia respondeu e se levantou, estava chateada porque sua roupa curta não teve o efeito que ela esperava.
Rafa sorriu e se levantou também, iria pegar Bia de jeito, e fazer ela enxergar o que ela perdeu a noite toda, olhando para Beka. De mãos dadas foram para o meio da pista, deram alguns beijos, mas não sentia que Bia estava se entregando. Então decidiu apenas dançar e tocar em Bia, mas toda hora ela arrumava uma maneira de virar o pescoço e olhar na direção de Beka. Aquilo já estava ficando demais, Rafa tinha sido forte a noite toda, mas agora não estava mais conseguindo controlar sua raiva.
POV RAFAELA
Percebo que Bia está outra vez olhando na direção de sua amiga e isso me deixa fervilhando de raiva. Levo a mão até a nuca dela e puxo os cabelos com força, a obrigando a me olhar ㅡ Pra onde você está olhando?
ㅡ Ai, isso doeu. ㅡ Bia reclamou com a voz mimada, levando a mão até o pescoço e ficou massageando ㅡ Porque você fez isso?
ㅡ Está achando que eu sou idiota e que não estou vendo que você não para de olhar para sua amiguinha? ㅡ Fui muito grossa, falando bem alto, atraindo a atenção de algumas pessoas que estavam por perto.
ㅡ O que? ㅡ Bia deu uma gargalhada e isso me deixou com mais raiva ㅡ Eu não estava olhando pra ninguém, não seja neurótica.
ㅡ Não sou otária, você não tira os olhos dela. Pensa que sou cega?
ㅡ Não viaja, Rafa, eu estou de olho os funcionários. Meu pai pediu pra ficar de olho neles. ㅡ Ela tentou me enganar, segurou em minha cintura achando que eu tinha acreditado nessa mentira e me beijou, mas eu não consegui me entregar ao beijo, eu só sentia raiva por estar sendo trocada descaradamente. Puxei novamente os cabelos dela, fazendo-a parar o beijo e me olhar confusa.
ㅡ O que foi agora, sua louca?
ㅡ Não acreditei em nenhuma palavra que você disse. Eu sei que você gosta da Beka. ㅡ Eu continuava falando alto, não conseguia controlar minha voz, eu precisava desabafar.
ㅡ O que? ㅡ Bia arregalou os olhos, devia estar curiosa pra saber como eu sabia disso.
ㅡ Já ouvi você chamando essa Beka durante a noite, eu pensava que ela não existia e que era apenas sonho, mas ao conhecer a Beka hoje e ver que você não tira os olhos dela, vejo que a coisa é muito séria. Parece que você é louca por ela.
ㅡ E se eu gostar dela, o que você vai fazer? ㅡ Fez cara de deboche ao terminar de falar.
Bia estava tentando me provocar? Pois então ela tinha conseguido, dei um empurrão nela, a raiva só aumentava, me corroendo por dentro. ㅡ Fique com ela, não sou mais sua ficante fixa e não me procure mais. ㅡ Passei rapidamente, esbarrando nela, vendo a confusão estampada em seu rosto dela.
Eu era uma idiota, perdoei tudo o que ela tinha me feito na infância, mas ela não merecia perdão. Bianca só merecia desprezo e era isso o que ela iria ganhar de mim a partir de agora.
Passei no bar e comprei uma garrafa de cerveja. Eu precisava refrescar a minha mente e aquela multidão dançando só piorava minha raiva. Eu sentia vontade de gritar, mas aquele lugar fechado estava me sufocando.
Com pressa e sem nenhuma educação, empurrei as pessoas que estavam em minha frente, obstruindo a saída.
Quando finalmente cheguei na rua, respirei fundo. O ar gelado limpou meus pulmões, me devolvendo o ar que faltava. Olhei para o céu, não havia estrelas, apenas nuvens avermelhadas passavam rapidamente, anunciando que em breve iria chover.
Andei um pouco e me sentei num canto, bebendo a cerveja. Porque eu tinha que me apaixonar pela Bianca? Gostar das pessoas só dava nisso: decepção!
POV BIANCA
Nunca imaginei que Rafa era assim tão ciumenta, ela nunca demonstrou e hoje ela surtou. Tá certo que eu dei mesmo umas olhadas na Beka durante a noite, mas não foi nada demais, era apenas simpatia, ela estava tão linda que eu não conseguia resistir.
Eu só não imaginava que Rafa sabia que eu gostava da Beka, se eu soubesse, teria me controlado mais. Porque motivo eu chamava Beka durante a noite? Eu não sabia, mas será que era toda a noite? Eu precisava saber. Segui Rafa com os olhos e vi que ela parou no bar, então fui até lá, mas como a casa estava lotada, acabei demorando pra chegar e perdi ela de vista.
ㅡ Droga!!! ㅡ Praguejei e me debrucei no balcão. ㅡ Rafa, sua idiota.
ㅡ O que disse Bia? ㅡ Ethan me perguntou e levantei a cabeça.
ㅡ Nada, me traz a melhor bebida desse lugar.
ㅡ Quer uma que te derrube ou a melhor em sabor?
ㅡ Os dois e bem rápido. ㅡ Ordenei e apoiei a cabeça na mão, lembrando das últimas palavras de Rafa.
Então eu estava mesmo sozinha? Beka e Mel estavam namorando, Duda e Enzo não se desgrudavam mais e eu não tinha ninguém. Como assim? Eu era a amiga mais legal de todas, todo mundo se divertia comigo, mas hoje eu parecia não fazer mais nada certo e culpa disso tudo era da maldita paixão que eu sentia pela Beka. Que ódio disso, porque eu fui inventar de beijar ela, agora nem ficante eu tinha mais e tudo por causa da Beka.
ㅡ Caprichei na batida, prima. ㅡ Ethan me tirou dos meus pensamentos e então me lembrei onde eu estava.
ㅡ O que eu tenho de errado? ㅡ Perguntei olhando para a batida de cor suspeita em minha frente.
ㅡ De errado? ㅡ Ele me analisou e sorriu. ㅡ Ser minha prima, na boa, eu te pegava de jeito se não fosse.
ㅡ Tonto! ㅡ Comecei a rir. ㅡ Estou falando sério.
ㅡ Eu também. Você é linda, não tem nada de errado. ㅡ Meu primo estava me cantando sem nenhum pudor. Oh, meu Deus, em outra época eu iria aproveitar isso, mas agora ele estava completamente sem graça. Homens estavam muito sem graça ultimamente.
ㅡ Obrigada. Bom, deixa pra lá.
ㅡ Não vai tomar a bebida que eu fiz? É minha especialidade.
ㅡ Ela está com uma cor gozada. Está nojenta. ㅡ Fiz uma careta olhando novamente para o copo. O líquido era espesso e bege, parecia mais água suja com leite condensado.
ㅡ Beba e depois me diz o que achou.
Experimentei a bebida e ela era gostosa, então tomei um grande gole.
ㅡ Sua amiga Beka é mesmo lésbica... Dá até tesão ver as duas dançando. ㅡ Ethan disse com cara de sem vergonha e segui a direção em que ele olhava.
Lá estava Beka e Mel, dançando e se pegando, e o pior era que Ethan tinha razão, a cena era muito quente, dava vontade de agarrar alguém ver as duas juntas, mas eu estava só, abandonada pela Rafa.
ㅡ Aquela idiota!
ㅡ Ta falando comigo? ㅡ Ethan perguntou e então notei que estava pensando alto, droga.
ㅡ Não, Ethan, vou indo. Obrigada pela bebida. ㅡ Coloquei o copo quase cheio de volta no balcão e fui andando para fora da boate.
Eu nunca mais queria ver Rafa outra vez, ninguém me abandona assim. Se eu a visse de novo iria encher ela de tapas. Ai que raiva dela.
Abri a porta e saí, mas quase voltei pelo frio que estava. Minha roupa curta não estava apropriada para aquele tempo.
Peguei meu celular e chamei meu motorista, pedi urgência. Depois me encostei na parede e me encolhi toda afim de me proteger do vento.
POV RAFAELA
Aquela maldita cerveja não prestou pra nada, devia ter comprado algo que pelo menos me esquentasse. Fechei os olhos e bufei, porque eu estava curtindo aquele frio e ainda não tinha ido pra casa? Eu devia ser louca mesmo. Não tinha mais ninguém na rua, fora eu.
ㅡ É... não se fazem mais loucos como antigamente. ㅡ Falei sozinha, rindo de mim mesma.
Ouvi um barulho na porta da boate e curiosa olhei na direção. Estava parecendo ser a Bia, a cor do cabelo e as roupas eram as mesmas. Vi que ela pegou o celular falou alguma coisa e o desligou. Claro, a patricinha já estava ligando para o seu chofer. Eu não entendia porque ela ainda não sabia dirigir, tinha sempre que depender de alguém. Revirei os olhos e voltei a prestar atenção nela. Agora ela estava toda encolhida e parecia estar morrendo de frio. Em vez de esperar lá dentro, esperava lá fora, parece que eu não era a única louca nesta cidade. Mas eu estava com roupas mais adequadas que ela. Dei risada e olhei as roupas dela, tão curtas e decotada, ela devia estar querendo provocar alguém e esse alguém não era eu.
Pensar nisso fez meus nervos ferverem outra vez, como é que ela estava comigo querendo provocar outra? Se tinha algo que eu odiava, era esse tipo de garota. Sempre gostei de exclusividade.
Pingos muito gelados bateram em meu rosto me causando ainda mais frio. Logo aqueles pingos viraram uma chuva fina e castigante. Me encolhi e olhei para Bia, ela era mais louca que eu, iria ficar doente se não saísse logo da chuva.
Mas porque eu me importava com isso? Eu não queria mais saber dela, que ficasse doente e morresse logo. Virei meu rosto e tentei me proteger da chuva.
Se ela morresse eu iria me livrar de todos os meus problemas, mas aí quem eu iria odiar? Droga, porque eu tenho que ter uma ligação com essa gostosa?
Sem conseguir controlar minhas pernas, me levantei e fui até Bianca, eu não sabia direito o que eu ia fazer, mas eu precisava tirar ela da chuva.
Quando ela me viu se aproximando, fez a maior cara de braba e me encarou.
ㅡ O que você está fazendo aqui? ㅡ Ela parecia estar muito zangada.
ㅡ Cale a boca, patricinha. ㅡ Ordenei pegando no braço dela e a puxei
ㅡ Me solta sua louca, não vou pra lugar nenhum com você. ㅡ Bia tentou se soltar, mas eu era mais forte.
ㅡ Está querendo ficar doente? ㅡ Continuei puxando, mas ela não saia do lugar.
ㅡ Melhor ficar doente do que te acompanhar.
ㅡ Já falei pra calar a boca. ㅡ Soltei o braço dela, me abaixando rápido e a peguei pela perna, colocando-a no meu ombro. Andei rapidamente até meu carro já destravando a porta pelo controle.
ㅡ ME SOLTA, IDIOTA! ㅡBia gritava sem parar, balançando as pernas, enchendo minhas costas de murros que ardiam demais.
Mas eu estava determinada, abri a porta do carro e a joguei lá dentro, trancando a porta em seguida. Dei a volta e entrei no carro, travando a porta rápido e liguei o carro e o ar quente.
ㅡ Imbecil, abra essa porta agora. ㅡ Bia mandou, tentando em vão abrir a porta.
ㅡ Não vou abrir porra nenhuma, e cale a boca. ㅡ Comecei a dirigir furando todos os sinais vermelhos, não havia uma alma viva na rua aquela hora. Tudo estava deserto. Era seguro.
ㅡ Pra onde está me levando? Eu quero ir pra casa.
Não respondi ela, os murros que ela me deu, queimavam as minhas costas, acendendo ainda mais a minha raiva. Foquei minha atenção na direção e liguei o rádio bem alto numa música de rock muito sinistra.
Olhei Bia de canto e ela estava me olhando com cara de medo. Sorri levemente com isso e continuei a dirigir. Parei no portão para entrar no estacionamento do prédio que eu morava e logo o porteiro me viu e abriu, me dando passagem para entrar. Assim que entrei, desliguei o rádio e saí do carro. Abri a porta de Bia e peguei no pulso dela a puxando com força.
ㅡ Louca, para de me puxar assim.
ㅡ Então me obedeça, porra. ㅡ Tranquei o carro sem soltar ela.
ㅡ Agora vai ficar falando palavrão?
ㅡ Não enche, Bianca, só obedeça.
Tranquei o carro sem soltá-la e entramos pela área de serviços. Fiz ela subir as escadas e ela reclamou o tempo todo. Ao chegarmos no meu apartamento, abri a porta, a levei para o banheiro e a soltei.
ㅡ Tire essa roupa. ㅡ Olhar a roupa dela safada me lembrava do porque ela a tinha vestido.
ㅡ Eu não vou te obedecer, você não manda em mim. ㅡ Bia se sentou na privada e ficou me olhando emburrada.
ㅡ Eu sei porque vestiu essa roupa logo hoje? ㅡ Me encostei no armário.
ㅡ Ah sabe? E foi pelo que?
ㅡ Para você provocar a Beka, não é?
Bia me olhou séria, não consegui identificar o que significava esse olhar e então ela começou a rir. Eu odiava quando ela fazia isso.
ㅡ E como chegou a essa conclusão?
ㅡ Você sabe que não precisa vir assim para me provocar, eu já tenho uma queda por você. ㅡ Vi ela sorrir de lado com essa revelação, merda, falei demais. ㅡ Então se não era para mim só podia ser para sua amiga.
ㅡ Okay, eu confesso, vesti para provocar uma amiga sim, mas não foi a Beka e sim a Mel.
Então ela gostava das duas amigas? Olhei com mais raiva ainda para ela. Ela era pior que um animal no cio.
ㅡ A Mel morre de ciúmes da Beka comigo, eu acho isso bem divertido, me enche de auto estima, então queria causar essa noite, mas a Mel nem ligou para como eu me vestia. Quem acabou brigando comigo foi você.
Agora quem ria era eu, essa foi a melhor coisa que eu ouvi hoje. Então Bia queria provocar Mel e se dizia amiga dela.
ㅡ Bem feito pra você, é uma boboca por querer que a Mel brigasse contigo. Até onde eu sei ela é sua amiga.
ㅡ Sempre amei a amizade com Mel, mas por causa dela eu perdi a Beka. Beka era para ser minha.
ㅡ Será? Nós estamos onde temos que estar. Beka e Mel foram feitas uma para a outra, ninguém pode negar, isso.
ㅡ Que seja!!! ㅡ Bia colocou os pés no vaso e abraçou os joelhos. ㅡ Não importa mais.
ㅡ Se não importasse mais você não iria perder seu tempo olhando pra amiga, podendo aproveitá-lo muito melhor comigo.
ㅡ Para de falar disso, que saco! Me deixa em paz, você me abandonou hoje. Te odeio. Eu quero ir embora.
Sentindo vontade de rir, me desencostei do armário e fui até ela. ㅡ E porque você acha que eu não tenho motivos para te odiar? Você me abandonou primeiro essa noite.
ㅡ Eu não sabia que você era assim tão ciumenta. Esse ciúmes todo só pode ser amor. ㅡ Bia me olhou fixamente nos olhos, e me senti numa rua sem saída.
ㅡ Quem disse? Não estou apaixonada por você. ㅡ Blefei tentando ser bem convincente, ela não precisava ficar ainda mais convencida sabendo dos meus sentimentos.
ㅡ Não? ㅡ Bia se levantou e me encarou. ㅡ Então porque quis me tirar da chuva, porque sentiu tanto ciúmes? ㅡ Engoli em seco, e o pior é que eu não sabia a resposta.
ㅡ Não faço a menor ideia. ㅡ Falei a verdade ㅡ Mas isso não é amor.
Bia riu outra vez, isso me provocava muito, dava vontade de encher a bunda dela de tapas.
ㅡ Okay! Vou tomar banho, então, está muito frio. ㅡ Disse já levantando a blusa, e a tirou em instantes, chacoalhou os cabelos e eu não conseguia disfarçar, meus olhos focaram nela, e ela percebendo isso, me provocou ainda mais. Bia ficava linda de qualquer jeito, os cabelos molhados caindo pelo rosto a deixavam muito sexy. A vi se virar de costas para tirar o short jeans e isso acabou comigo, o bumbum dela era perfeito, e como ela usava uma calcinha fio dental preta, só o evidenciava ainda mais. Ela virou-se de frente para mim outra vez, deu uma risada gostosa (dessa vez eu não tive raiva) e tirou o sutiã.
ㅡ Vai ficar aí só olhando, ou vai me ajudar a ligar o chuveiro.
Dei um sorriso safado, abrir o chuveiro era só um detalhe, eu iria fazer muito mais que isso. Fui até ela, passei as mãos em seus braços, passeando com eles até seu ombro, levei uma de minhas mãos até a nuca dela e enroscando meus dedos em seus cabelos, puxei a cabeça dela para o lado com força e passei a língua pelo seu pescoço, fazendo Bia gemer.
ㅡ Promete que quando sair comigo, não vai ficar olhando para mais ninguém? ㅡ Minha voz estava mais rouca do que o normal e Bia ficou toda arrepiada com isso.
ㅡ Vou tentar… ㅡ Bia deu uma piscadinha e sorrindo, levou as mãos até a minha blusa de manga longa e a puxou para cima, ajudei ela a tirar, e depois abaixei minha calça junto com a calcinha. Notei que ela ainda estava de calcinha, levei minha mão até a lateral dela, puxei o elástico e o soltei, fazendo barulho quando o mesmo tocou a pele com força.
ㅡ Ai, para de judiar de mim, eu já estou cheia de hematomas. ㅡ Bia resmungou e era verdade, mas acima de tudo, ela estava adorando.
Me abaixei para puxar a calcinha dela, mas antes beijei a coxa dela e a virei de lado, alisei o bumbum dela e só não o arranhei e nem mordi, porque ela já estava toda roxa naquela região. Puxei aquela peça minúscula, que eu não sabia como ela conseguia usar, pois incomodava muito, passei a língua na perna dela toda, fui subindo pela lateral do corpo dela, agarrei os seios com as duas mãos e os suguei, intercalando de um para o outro. Bia gemia, agarrando em meus cabelos e os puxou me fazendo levantar a cabeça, a olhei e sorri, ela estava com a boca semi aberta, mostrando apenas os dois dentes da frente, e Deus, como isso era sexy, não resisti por muito tempo e a beijei, cheia de desejo, explorando cada pedacinho de sua boca. Minhas mãos se divertiam passeando por aquele corpo perfeito.
ㅡ Me esquenta, Rafa. ㅡ Ela pediu entre o beijo e como o corpo dela estava muito gelado, a levei para dentro do box, e liguei o chuveiro na temperatura mais quente. ㅡ Oh, que delícia!
Sorri ao ouvir isso e, então, a abracei por trás e deixei que a água esquentasse seu corpo.
Quando percebi que a pele dela já estava bem quente, e o banheiro cheio de vapor, comecei a passar o sabonete pelo corpo dela. Fui contornando os seios, a pele estava escorregadia, facilitando. Fui descendo pela barriga lentamente e finalmente cheguei entre as pernas dela. Bia já gemia em cima, mas quando cheguei nessa região, ela deu um grito de puro prazer que só aumentou ainda mais a minha vontade. Fiquei do lado dela, dei um beijo em seu ombro e enquanto com uma mão eu estimulava o clitóris dela, com a outra eu a penetrava, comecei devagar e fui aumentando o ritmo cada vez mais. Não demorou muito e seu ventre começou a ter espasmos e em seguida ela gozou e me abraçou, ficando toda mole, a beijei novamente várias vezes e desliguei o chuveiro. Saí do box e após pegar uma toalha e me enrolar, entreguei uma para ela.
ㅡ Isso é o que eu chamo de fazer amor nas nuvens. ㅡ Bia disse com voz preguiçosa e olhei ao redor, quase não se via nada no banheiro de tando vapor que tinha. Parecia realmente que estávamos numa nuvem.
Dei risada e fomos para o quarto. Bia mal pisou no quarto e já se jogou na cama, sorri e procurei uma roupa para ela. Peguei uma Blusa de moletom preta bem grossa, e uma calça moletom marinho.
ㅡ Veste isso, Bianca.
Peguei algo parecido para mim também, com diferença nas cores e fui ligar o aquecedor. Estava muito frio no meu quarto. Depois de me vestir, me joguei na cama, olhando Bianca se olhar no espelho com aquela roupa nada sexy, porém fofa.
ㅡ Nossa, parece que tenho uns cem quilos com essa roupa. ㅡ Disse esticando a blusa na cintura e depois me olhou. ㅡ Não parece?
ㅡ Não, estou te achando bem fofinha. Ta dando vontade de te apertar. ㅡ Falei e dei risada, mas era verdade.
ㅡ Tá esperando o que para me apertar?
ㅡ Um convite… ㅡ Respondi rindo e me levantei, a abraçando por trás. ㅡ Olha que linda, minha ursinha polar. ㅡ Falei e mordi a bochecha dela e ela gemeu.
ㅡ Tonta, você é uma ursa parda, então. ㅡ Ela se soltou do abraço e se virou de frente para mim, me olhando da cabeça aos pés ㅡ Uma ursa parda desnutrida.
Comecei a rir disso e mostrei a língua. ㅡ Bem que você gosta dessa ursa desnutrida aqui.
ㅡ Quer saber? Gosto mesmo, bobona. ㅡ Bia me puxou e me abraçou outra vez. ㅡ Você me assustou hoje.
ㅡ Confessa que você gostou do sequestro. ㅡ Dei beijinhos no pescoço dela.
ㅡ Em outra situação eu teria amado, mas você estava com uma cara de louca muito assustadora. Nunca mais faça isso. ㅡ Ela me fez olhar para ela e me olhou nos olhos. ㅡ Promete?
ㅡ Vou tentar… ㅡ Dei uma piscadinha para ela, a imitando e ela riu. ㅡ Se você se comportar eu me comporto.
ㅡ Não, não gostei disso, não sou comportada. ㅡ Bia fez uma careta me fazendo rir.
ㅡ Aprenda a se comportar, então, mocinha. ㅡ Bati meu dedo no nariz dela ㅡ Gosta de chá?
ㅡ Gosto, mas preferia um chocolate quente. Sabe fazer? Aliás, você sabe cozinhar? Nunca comi nada que você fez.
ㅡ Ah, eu tento, não fica lá muito bom, mas não posso reclamar. Eu uso a internet para pegar as receitas, quer se arriscar? ㅡ Perguntei procurando onde tinha enfiado meu celular.
ㅡ Quero, mas só o chocolate quente, já está muito tarde e precisamos dormir. Outro dia venho conhecer seus dotes culinários.
ㅡ Só me deixa encontrar meu celular antes. Acho que está no banheiro.
ㅡ De novo? ㅡ Bia riu e se sentou na cama. ㅡ A gente sempre perde eles quando estamos juntas.
ㅡ Culpa sua. ㅡ Brinquei e entrei no banheiro, procurei no bolso da minha calça e lá estava ele. Procurei uma receita de chocolate quente na internet e como eu tinha todos os ingredientes em casa, decidi fazer. ㅡ Achei, eu sabia que a culpa era sua. ㅡ Saí do banheiro, olhei para Bia e ela já estava deitada sob o edredom com a maior cara de preguiça.
ㅡ Você que tirou a calça, lembro bem, não vem com essa de que sou a culpada.
Rimos e fui para minha mini cozinha, preparei o chocolate quente de olho em Bia para que ela não dormisse sem antes prová-lo. Assim que terminei, coloquei em canecas e fui para a cama. Me sentei ao lado de Bia e ela se sentou também.
ㅡ Hummm, tá cheirando gostoso. ㅡ Bia disse pegando a caneca e sorriu.
ㅡ É porque fui eu que fiz, sabe?.. ㅡ Assoprei antes de beber.
ㅡ Convencida! ㅡ Bia bebeu e fechou os olhos ㅡ Hummm, acho que gozei, que delícia. ㅡ terminou de falar e jogou a cabeça para trás.
Comecei a rir, ela só podia estar exagerando ㅡ Gozou? Então o seu está melhor que o meu, me deixe provar. ㅡ Ela me ofereceu sua caneca, mas não a peguei, e sim, a beijei de surpresa. ㅡ É o seu está bem mais gostoso. ㅡ Falei roçando nossos lábios.
ㅡ É porque eu sou muito gostosa. ㅡ Bia mordeu meus lábios e riu. Depois ficou me olhando.
ㅡ Depois eu que sou convencida. ㅡ Sorri sem tirar os olhos dos dela. ㅡ Me fale, que tipo de desenho você gosta em tatuagens?
ㅡ Nunca parei pra pensar, porque?
ㅡ É que estou fazendo uma coleção feminina e queria que me desse algumas ideias.
ㅡ Hum… Sou péssima nisso. ㅡ Bia riu ㅡ Porque não faz uma tatuagem para mim assim como fez para você?
ㅡ Mas você não me falou do que gosta.
ㅡ Não vou falar, quero que pense em mim e desenhe e depois me mostre e então eu digo se gostei ou não.
ㅡ Okay, depois se você não gostar a culpa não será minha.
ㅡ Vou adorar correr esse risco. ㅡ Sorriu e mordeu os lábios, depois ficou me olhando, virou a caneca terminando de tomar o chocolate quente. ㅡ O que você acha de ménage?
ㅡ Oi? ㅡ Ela tinha tantas coisas para me perguntar e perguntou isso?
ㅡ É, sabe, sexo a três? ㅡ Ela riu e se encostou no encosto da cama ㅡ Você já fez?
ㅡ Nunca fiz, porque? ㅡ Olhei para ela, querendo saber onde é que ela queria chegar com isso.
ㅡ Mas você teria coragem de fazer? ㅡ Perguntou e colocou a caneca em cima do criado mudo.
ㅡ Eu teria sim, mas só se fosse por puro prazer e sem nenhum sentimento, nunca faria com alguém que eu gosto.
ㅡ E porque não?
ㅡ Porque não gosto de dividir o que é meu.
Bia riu e jogou uma mecha de cabelos para trás, sem parar de me olhar. ㅡ E se eu te convidasse para um, você aceitaria?
ㅡ Não. ㅡ Disse e parei de encará-la, virando o rosto e terminando de beber. Depois dessa resposta ela teria a certeza que eu gostava dela, mas eu não podia dizer sim, ou ela poderia aparecer com mais alguém e eu iria ter que dividí-la.
ㅡ Vem cá, Rafa… ㅡ Ela me chamou após minutos de silêncio e me sentei mais perto dela.Coloquei a caneca no chão e quando terminei de me ajeitar e me cobrir, ela deitou a cabeça em meu ombro. ㅡ Dorme comigo hoje, a noite inteira?
ㅡ Vou tentar, às vezes não consigo dormir.
ㅡ Por favor… ㅡ Pediu levantando o rosto para me olhar. ㅡ Prometa que não vai sair da cama.
ㅡ Okay, menina carente, eu prometo.
Bia deu um sorriso tão lindo e acabou me contagiando, sorri também e a abracei, dando-lhe um beijo. Nos deitamos e ficamos abraçadas, e a posição estava tão confortável, a pele do rosto dela tão macia, a respiração tão suave, que logo acabei adormecendo, sentindo que meu corpo flutuava, como se estivéssemos voando.
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