História Só vejo você - Tattoo Na Alma

POV RAFAELA

Acordei sentindo o peso de Bia sobre meu corpo, mas isso estava gostoso. Me permiti ficar nessa posição, fechei os olhos novamente e cochilei várias vezes. Eu estava meio que inebriada com o perfume dela e sua respiração quente batendo em meu pescoço. Eu não pretendia voltar para o meu apartamento ontem a noite, eu estava planejando ir para a mansão de Bia, porque eu precisava colocar os documentos no mesmo local de onde eu tirei. Até guardei os documentos na minha mochila e deixei ela estrategicamente no banco de trás do meu carro antes que ela chegasse, mas como nem sempre as coisas saem como imaginamos, tudo deu errado, e os documentos continuavam no meu carro. Mas se Bia ainda não tinha comentado nada sobre seu pai e a denuncia, talvez ainda desse tempo, eu só precisava de uma chance para ir até a casa dela e entrar no escritório. Entre uma cochilada e outra fiquei pensando em que tatuagem eu iria desenhar para ela. Tinha que ser algo que combinasse com ela. Algo bem feminino, bonito, poderoso... mas o que? Olhei para o relógio e já eram 7:00 horas, mas eu não conseguia mais dormir, e agora com essa vontade de desenhar eu não conseguia mais ficar parada, eu precisava me levantar. Tentei sair de baixo de Bia, mas ela me abraçou ainda mais.

ㅡ Bianca… ㅡ Ela gemeu, me fazendo rir, então continuei ㅡ Eu preciso me levantar, fiquei a noite toda com você... ㅡ Passei a mão nos cabelos dela os levantando para descobrir seu rosto. ㅡ Ela gemeu de novo ㅡ … como prometi. ㅡ Percebendo que ela não me ouvia e muito menos iria se mexer, tirei Bia de cima de mim com cuidado e me levantei. Bia resmungou e do jeito que a deixei, ela ficou. De barriga para cima e com os cabelos jogados no rosto. Achei engraçado, Bia dormia demais, ela sempre acordava beirando o meio dia, e eu com as minhas insonias. Tirei outra vez os cabelos de seu rosto, dei um beijo em seu rosto e a cobri melhor.

Deixei ela quieta ali e fui para o banheiro, lavei o rosto e escovei os dentes e então voltei para o quarto. Liguei a cafeteira, e enquanto ela fazia o café, peguei meu caderno de desenho, meu estojo e fui para o sofá começar a desenhar.

Eu rabiscava, rabiscava, mas nada ficava legal, então desisti e fui tomar uma xícara de café. Fiquei olhando para Bia dormir e pensei no que eu gostava dela, e o que eu achava dela. Eu gostava de tudo nela, linda, toda feminina, ousada, mal humorada e carente, mas por dentro era uma pessoa sensível. Dormindo ela até parecia um anjo, sorri, sentindo a inspiração chegar.

ㅡ Mas é claro, porque não pensei nisso antes?

Eu já sabia exatamente o que eu iria fazer. Levei a xícara de café até o sofá, me sentei e voltei a desenhar. Em pouco tempo o desenho estava pronto. Olhei para a imagem e para Bia e achei que combinava muito com ela.Talvez ela gostasse.

Satisfeita, fechei o caderno e decidi cozinhar, ela nunca havia comido nada que eu havia feito, mas hoje esse dia iria mudar.

Preparei panquecas sem usar o liquidificador, eu não queria acordar a bela adormecida, fiz tudo a mão. Eu estava mesmo apaixonada e o pior é que era pela Bia, e isso me parecia uma enrascada. Depois do que vi ontem, percebi que eu não era a sua paixão, muito pelo contrário, eu era apenas a sua diversão. Eu precisava tomar cuidado e manter meus sentimentos por ela no mesmo nível que ela os tinha por mim, ou eu iria sair machucada no final.

Respirei fundo e voltei meus pensamentos para o que eu fazia. Se apaixonar não era legal, e eu estava terminantemente proibida de pensar diferente disso.

Após longos minutos preparando o café, coloquei tudo numa bandeja: Um copo de leite, outro com suco natural de laranja, um pote com rosquinhas, geléia de morango, as panquecas, uma xicara de café e um copo com um flor de origami. Coloquei tudo em pontos estratégicos, deixando a bandeja com um aspecto muito agradável.

ㅡ Hora de acordar a loira preguiçosa. ㅡ Sorri já imaginando o mau humor dela e, pegando a bandeja, fui até a cama. Deixei a bandeja de lado, me sentei ao lado dela, me inclinando e após a admirar dormindo, beijei sua boca gostosa e dei leves mordidas pela boca, queixo e bochechas. ㅡ Acorda, donzela...

ㅡ Sai, me deixa dormir. ㅡ Bia resmungou, a voz bem rouca. Se mexeu e virou do outro lado.

ㅡ Nada disso, quero companhia. ㅡ Levantei os cabelos dela e mordi a pontinha de sua orelha passando a mão por baixo do cobertor para apertar cintura dela.

ㅡ Você está pior que um homem tarado. Me deixa! ㅡ Bia resmungou tentando tirar a minha mão de sua cintura.

Comecei a rir achando isso divertido e enfiei a mão por baixo de sua blusa. A pele dela estava bem quente ㅡ Bom dia pra você também, Bianca. ㅡ Falei ao pé do ouvido e contornei o umbigo dela.

ㅡ Que saco! ㅡ Reclamou outra vez e se virou para me olhar. ㅡ Bom dia, chata.

ㅡ Finalmente acordou, preguiçosa. ㅡ Dei risada e a encarei. Ela estava com os olhos semi abertos, enrugando a testa.

ㅡ Que horas são? ㅡ Bocejou enquanto fazia a pergunta.

ㅡ São nove horas, hora de acordar.

ㅡ Meu Deus, ainda é madrugada. ㅡ Ela fechou os olhos ㅡ Vou dormir mais.

Comecei a rir, essa loira era uma comédia. Não ia deixar ela dormir, não mesmo. Passei a mão pela barriga dela e fui até o seio dela, o massageando de leve.

ㅡ Para, Rafa... ㅡ Bia reclamou, mas se deitou de barriga para cima para que eu continuasse. ㅡ Isso é golpe baixo.

ㅡ Mas você adora... ㅡ Falei perto do ouvido dela outra vez e beijei seu rosto.

ㅡ Está tentando me seduzir? ㅡ Perguntou de olhos fechados e mordeu os lábios quando apertei o bico do seu seio.

ㅡ Estou... ㅡ Sorri e dei outro beijo, agora no canto de sua boca.

ㅡ Então você conseguiu, cachorra... ㅡ Disse e pegou em meu ombro, virando o rosto para me beijar, cheia de desejo. Me puxando para subir em cima de si.

Sorri, me entregando ao beijo. As mãos famintas a apertavam e acariciavam sem parar, enquanto eu sugava e mordia seus lábios.

Esse beijo ardente durou por alguns minutos e muito à contra gosto parei, pois bati meu pé na bandeja, me lembrando do propósito de eu a estar acordando.

ㅡ Hey, onde vai? Volte aqui. ㅡ Bia arqueou uma sobrancelha, assim que eu me levantei a deixando sedenta de prazer.

ㅡ Relaxa, Bianca, fiz um café pra você. ㅡ Respondi pegando a bandeja e levei até ela.

ㅡ Você quem fez? ㅡ Curiosa, Bia se apoiou nos cotovelos para olhar o que tinha de bom. ㅡ Está muito bonito. ㅡ Disse e de sentou na cama, com um sorriso.

ㅡ Está bem simples. Fiz as panquecas e o suco. Os demais não são de minha autoria. ㅡ Sorri e peguei uma rosquinha ㅡ Quis cozinhar algo pra você.

ㅡ Amei, a vista está bem bonita. Agora preciso saber se o sabor também está. ㅡ Brincou e levou a mão até a geleia, mas ao invés de pegá-la, parou e começou a rir. ㅡ O que é isso?

ㅡ O que? ㅡ Eu estava ocupada demais notando os traços de beleza que ela possuía que nem notei que ela olhava para a flor de papel no copo.

ㅡ É uma flor? ㅡ Bia pegou a flor, rindo.

ㅡ É... ㅡ Falei sem graça ㅡ Eu não tinha nada para enfeitar, então fiz uma flor, achei que ia gostar.

ㅡ E eu gostei, foi bem criativo. ㅡ Bia sorriu e pendurou o origami atrás da orelha. ㅡ Ficou bonito?

Olhei para ela com a flor atrás da orelha e balancei a cabeça dizendo que não, ela não precisava de nada para ser bonita, pois já era naturalmente.

ㅡ É claro que ficou, oras. ㅡ Bia me mostrou a língua e rimos ㅡ Agora vou provar essa panqueca.

ㅡ Depois me fale se estou aprovada na cozinha, apesar de eu não curtir muito esse posto.

Bia concordou e provou de tudo um pouco, e é claro que eu fiquei observando cada detalhe dessa cena, enquanto ela comia toda delicada e conversávamos. Eu estava correndo perigo gostando dessa bandida, mas eu não tinha escolhas, era impossível não gostar dessa loira perfeita.

ㅡ Rafinha, você está aprovadíssima na cozinha. ㅡ Bia sorriu e levou à boca o ultimo pedaço de panqueca. ㅡ Estava delicioso. Obrigada!

ㅡ De nada. ㅡ Eu sorri e peguei a bandeja, a levei até a pia, deixei ela lá e voltei para a cama, mas antes peguei meu caderno de desenho. ㅡ Adivinha o que eu fiz enquanto você dormia?

ㅡ Hum… preparou um delicioso café? ㅡ Bia fez uma careta quando terminou de falar e eu ri.

ㅡ Não, não, outra coisa. ㅡ Balancei o caderno para dar uma pista.

ㅡ Um desenho? ㅡ Ela muito inteligente, percebeu que dei a pista, me fazendo sorrir. ㅡ Me deixe ver.

ㅡ Sim, fiz um desenho, mas não é qualquer desenho, é a sua tatuagem. ㅡ Abri o caderno, virando as folhas.

ㅡ Mentira! Você já fez? ㅡ Bia ficou me olhando surpresa, e eu toda convencida entreguei o caderno à ela.

ㅡ Sim, me diz, o que acha?

Bia pegou o caderno, e ficou olhando para o desenho sem dizer nada, não consegui definir se ela havia gostado ou não. Após minutos de silêncio e análise, ela me olhou.

ㅡ O que é?

ㅡ É uma raposa, e essa é um lua tribal. ㅡ Apontei a lua e a olhei, ela parecia não estar entendendo nada.

ㅡ Okay, mas porque uma raposa e uma lua? O que elas tem a ver comigo? ㅡ Bia me perguntava, mas não tirava os olhos do desenho.

ㅡ Tem tudo a ver com você. As tatuagens tem um significado, nem todo mundo sabe, mas elas podem mostrar muito a sua personalidade. A raposa é um animal ativo, inventivo e destruidor, é audacioso e medroso, inquieto, astucioso, porém desenvolto. Na china as raposas tinham fama de ter grande força vital, já no oriente médio era mais ligada pelo lado filosófico. Diziam que uma raposa feiticeira faria só um pouco de mal ao homem, mas uma mulher que enfeitiça como uma raposa, esta fará um grande estrago. Raposa é simbolo da esperteza. Eu, particulamente, te acho muito parecida com o significado da raposa, você é forte, animada, inteligente, poderosa e sabe enfeitiçar as pessoas como uma raposa. Então fiz a sua raposa com traços mais delicados, assim como você, para mostrar o lado feminino. Já a lua representa o poder feminino. A lua crescente significa, fortuna, sucesso, amor...

Bia me ouvia atentamente e olhava de mim para o desenho. Quando eu terminei minha breve explicação, abriu um sorriso e passou o dedo sobre o desenho.

ㅡ Eu gostei da explicação, você acha mesmo que sou tudo isso? ㅡ Ela me olhou e deu um sorriso de canto que me derreteu.

ㅡ Sim, você é muito interessante de se analisar, sabia? ㅡ Eu estava sendo sincera, ela já sabia que eu gostava dela mesmo, então liguei o foda-se.

ㅡ E depois você não quer que eu seja convencida, não é? ㅡ Ela riu e levantou o caderno, o colocando em frente ao braço ㅡ Onde você acha que essa tatuagem ficaria melhor no meu corpo?

ㅡ Pode ser no braço, na perna, nas costas. Acho que nas costas ficaria lindo e você, bem grande.

ㅡ Será? Quer fazer um teste? ㅡ Bia levantou a sobrancelha e sorriu de maneira única e senti aquele famoso frio na espinha.

ㅡ Quer que eu desenhe em você? ㅡ Não sei porque, mas eu estava achando essa ideia muito tentadora.

ㅡ Sim, se ficar legal eu faço de verdade. ㅡ Bia sorriu e piscou.

ㅡ Tudo bem, vou pegar as canetas… ㅡ Sorri e fui até o sofá onde estava meu estojo, o peguei e voltei para a cama. ㅡ Quer nas costas?

ㅡ Quero, bem grandona, como você falou.

ㅡ Então tire a blusa e deite-se. ㅡ Pedi e assim ela o fez, tirou a blusa e se deitou de bruços. Eu fiquei olhando para a cintura dela tão perfeita, já sabendo que desenhar na pele dela não ia prestar. Dei um sorriso com malícia e me sentei no bumbum dela.

ㅡ Hey, é pra desenhar e não cavalgar. ㅡ Bia reclamou virando o rosto tentando me olhar.

ㅡ Calma, eu vou desenhar, é que daqui o angulo é melhor. ㅡ Sorri e passei a mão nas costas dela, tirando os cabelos e os coloquei para o lado. Abri a tampa da caneta e fiz um traço, mas Bia se remexeu toda.

ㅡ Isso faz cócegas. ㅡ Disse rindo e eu acabei rindo também.

ㅡ Faz, mas tenta não se mexer, se não eu vou errar e não vai ficar bonito.

ㅡ Vou tentar…

Fiz novos traços e apesar de Bia estar morrendo de cócegas, ela foi muito forte tentando não se mexer e assim fui conseguindo desenhar. Passar a caneta na pele clara dela era muito prazeroso, e eu precisava me controlar muito para não pegar ela de jeito e desistir completamente do desenho. Aos poucos o desenho foi ganhando forma e detalhes. Quando terminei (o que levou mais ou menos meia hora), fiquei em pé para olhar de longe se tinha ficando bom. Sorri, estava perfeito, e como eu havia imaginado, o desenho combinava perfeitamente com a loira.

ㅡ E, então, como ficou? ㅡ Bia perguntou, ainda deitada.

ㅡ Ficou perfeito, vou tirar uma foto para te mostrar. ㅡ Falei pegando meu celular. ㅡ Sente-se.

Assim como pedi, Bia se sentou na cama e após eu enquadrala no melhor ângulo, tirei a foto e fui mostrar para ela. Me sentei ao seu lado e mostrei.

ㅡ Uau, ficou linda, amei. ㅡ Bia parecia estar surpresa e sorria olhando para a tela do celular. ㅡ Você desenha muito bem, estou quase convencida a ir mesmo fazer essa tatuagem.

ㅡ Mas eu não acho uma boa ideia, você fazer. ㅡ passei a mão nos cabelos dela que cobriam o ombro e o descobri. ㅡ Sua pele é tão linda assim tão branquinha. ㅡ Elogiei-a e beijei o ombro dela.

ㅡ Para de me seduzir, Rafaela. ㅡ Bia começou a rir e segurou meu rosto, o apertando ㅡ Agora é a minha vez de fazer uma tattoo em você. ㅡ Sorriu e levantou meu rosto para beijar minha boca.

ㅡ Está falando sério? ㅡ Perguntei e Bia riu concordando. ㅡ E você sabe desenhar?

ㅡ Tatuagens nem sempre são desenhos bonitos… ㅡ Bia riu divertida e pegou na minha blusa, querendo levantá-la.

ㅡ Já vi que o desenho vai ficar horrível. ㅡ Comecei a rir e ela continuou tentando tirar a minha blusa, então deixei que ela tirasse e me deitei de costas e entreguei a caneta pra ela. ㅡ Não faz muito grande.

ㅡ Quem disse que é nas costas? Quero desenhar na frente. ㅡ Bia deu uma gargalhada e me virei de frente.

ㅡ Tudo bem, mas só porque hoje eu estou legal.

ㅡ Nem é por isso, sei que você me ama, cachorra. ㅡ Bia riu e ficou de quatro em cima de mim, me olhando nos olhos.

Não respondi ela e não tirei meus olhos dos dela, a encarei mesmo, até ela desistir e rir, depois se abaixou, afastou meus cabelos.

ㅡ Vou desenhar bem aqui. ㅡ Avisou apontando para meu seio na altura do meu coração e após rir outra vez se abaixou ainda mais e em vez de desenhar deu um chupão muito forte, que me fez gemer.

Bia levantou o rosto um pouco e olhou se tinha ficado marcado, ainda não convencida, repetiu o chupão e olhou novamente, dando um sorriso.

ㅡ Agora sim, já posso desenhar. ㅡ Dando um sorriso sem vergonha, levou a caneta até a minha pele e após secar com a outra mão, começou a passar a caneta.

Eu só observava Bia, sem ver o que ela fazia, ela estava se divertindo muito, com certeza o desenho não estava nada bom, mas deixei ela ser feliz.

ㅡ Agora um último detalhe e… pronto! Já pode olhar.

ㅡ Ficou bom? ㅡperguntei e olhei para o meu peito começando a rir.

ㅡ Ficou ótimo, olha no espelho.

Mesmo eu já tendo visto o que era, me levantei e olhei no espelho. Apesar de simples achei bem fofo. No meu seio esquerdo havia uma mancha vermelha da chupada que ela me deu e em cima da mancha tinha o desenho de um coração todo torto e em baixo do coração a seguinte frase: Esse coração é meu. Sorri olhando o desenho e então Bia me abraçou por trás e cobriu o desenho com a mão.

ㅡ Esse coração é meu, e agora ele está tatuado… ㅡ Disse e me virou de frente para ela ㅡ E você sabe que tatuagens não saem com água… ㅡ Passou a mão em meu rosto ㅡ Tatuagens são eternas… ㅡ Sorriu e me beijou lentamente.

Fiquei tentando entender se essa frase que ela disse era apenas uma frase jogada ao vento ou se ela tinha algum significado. Bia estava apaixonada por mim ou ela só estava brincando? Talvez essa resposta eu só tivesse com o tempo, enquanto isso eu iria ficar na dúvida.

POV BIANCA

Rafa me beijava devagar acompanhando meu ritmo, enquanto suas mãos me tocavam e me apertavam. Eu não sabia explicar, mas eu amava o jeito que ela tinha nessas horas. Era muito gostoso, e era por isso que eu vivia a procurando, eu apenas buscava o prazer. Mas ontem tudo mudou, depois de me fazer acordar para a vida, me dar um susto com aquele jeito todo agressivo e depois cuidar de mim, cozinhar pra mim, acho que ela finalmente me fez enxergar que eu gosto dela de verdade. Talvez o que eu sentia pela Beka não era amor, mas eu não sabia o que era. Eu tinha ciúmes dela com a Mel de verdade, era horrível ver as duas juntas, mas eu não ia mais tentar fazer nada para estragar o namoro delas. Agora eu estava olhando para Rafa de um jeito diferente, nós já estávamos ficando há vários dias e isso era totalmente novo para mim. Porque não tentar dar uma chance para o que tínhamos?

Rafa me jogou na cama e tirou a calça que eu usava, subindo em cima de mim em seguida. A olhei nos olhos e sorri, ela ficava tão linda com esse fogo todo, se sentindo o macho alfa. Quando perguntei a ela sobre o menage, eu não pretendia convidá-la para um, eu só queria confirmar minhas suspeitas, e confirmei, Rafa me amava e eu amava saber disso, mesmo que ela negasse, eu sempre soube.

Sorri e me entreguei de corpo e alma, eu estava com uma sensação boa, uma sensação de paz. Será que isso era amor? Eu não sabia muito sobre ele, mas agora eu estava querendo conhecê-lo.

Ficamos horas na cama, esse negócio de ficar namorando não era tão ruim como eu pensava. Rafa sabia a hora certa de ser carinhosa, e isso era ótimo. Quando começou a escurecer, decidi deixá-la e ir para casa. Com a nossa discussão durante a noite, acabei esquecendo minha bolsa no carro dela e fomos lá buscar. Rafa insistiu muito para me levar para casa, mas eu não aceitei, eu não queria abusar da boa vontade dela. Ela aparentou ficar chateada, mas depois acabou desistindo de tentar me convencer.

Não demorou muito, o motorista chegou e me levou para casa. Nós quase não conversávamos, eu preferia evitar ter intimidades com ele, o achava um folgado. Apesar dele não ter dito nada, deve ter ficado muito irritado por não ter me encontrado na porta da boate, e eu estava me divertindo em pensar nisso.

Cheguei em casa e entrei, eu estava desejando muito tomar um banho, e tirar a roupa larga que Rafa me emprestou. Até que a roupa era bem confortável, mas não combinava comigo e eu queria que ninguém me visse assim. Mal fechei a porta e me virei, vi Mary parada na minha frente, com as mãos na cintura e uma cara de séria. Eu a conhecia muito bem e sabia que ela estava brava.

ㅡ Onde é que você estava, Bianca? ㅡ Mary me perguntou muito grossa, eu odiava quando ela falava comigo nesse tom.

ㅡ Que desespero é esse, Mary? Não foi a primeira vez que não dormi aqui. ㅡ Falei séria, querendo ir para o quarto.

ㅡ Acontece que você chamou o motorista, ele ficou lá te procurando e você simplesmente desapareceu. Estava chovendo, fiquei pensando um monte de besteira e a senhorita nem para dar um sinal de vida dizendo que estava bem? Sabe quantas vezes eu te liguei só hoje? Ouvia, pelo menos, as ligações?

ㅡ Olha só, eu estou viva, okay? Chega de drama. ㅡ Fiquei estressada com essa chatice dela, agora eu ia ter que dar satisfações do que eu fazia?

ㅡ Eu tive que ligar para o seu pai pra ele decidir o que fazer, porque não não sabia mais onde te procurar.

ㅡ Ah é? E o que ele resolveu? ㅡ Fui até o sofá da sala de visitas e me sentei, jogando minha bolsa de lado.

ㅡ Ele disse que só pode vir aqui amanhã, porque ele já iria vir mesmo e que está resolvendo uns problemas.

ㅡ Que ótimo, então amanhã eu falo com ele. ㅡ Falei sentindo os nervos à flor da pele, me levantei e passei por Mary, mas ela segurou meu braço me impedindo de continuar.

ㅡ Onde você estava e que roupas são essas?

ㅡ Ai meu Deus… ㅡ Revirei os olhos ㅡ Quer saber o que aconteceu? Okay, vou contar, estava chovendo e o imprestável do motorista demorou para ir me buscar, então encontrei uma amiga que você não conhece, ela me levou até a casa dela e me emprestou essa roupa, porque a minha molhou. Mas esqueci a bolsa no carro dela, por isso que não o ouvi chamando quando você me ligou. Agora me dá licença, porque eu quero tomar um banho.

Em vez de me dar licença, Mary me abraçou e começou a chorar. ㅡ Eu fiquei tão preocupada com você, nunca mais faça isso.

ㅡ Não farei de novo. ㅡ Sem saber como reagir, totalmente surpresa, eu só consegui abraçá-la de volta. Poucas vezes eu a via chorar e sempre que ela o fazia era por coisas muito graves.

ㅡ Me desculpe.

ㅡ Tudo bem, o importante é que você está bem. ㅡ Mary me soltou do abraço e me olhou, os olhos marejados e vermelhos, deu um sorriso. ㅡ Pode ir para o quarto.

Concordei, dei um sorriso fraco e fui para o quarto com a consciência pesada por tê-la deixado preocupada. Nem passou pela minha cabeça que ela pudesse estar preocupada, nem do meu celular eu lembrei. Rafa conseguia me distrair muito bem e ela era uma das poucas pessoas que tinha esse dom.

ㅡ É, Bia… ㅡ Falei comigo mesma, me olhando no espelho ㅡ Talvez ela mereça o seu amor...