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História Só vejo você - Vazio


Escrita por: MikaWerneck

Notas do Autor


OMG!!! Hoje fez um ano que comecei a escrever a fic *o*
Obrigada à todas as leitoras que a acompanham, serei eternamente grata <333
:')

Capítulo 52 - Vazio


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - Vazio

POV BIANCA

Assim que coloquei Rafa para fora, voltei para meu quarto indignada. Caí na cama e fiquei olhando para o teto, permitindo que  lágrimas caíssem livremente. Eu não conseguia acreditar que ela quase acabara com minha fortuna por uma briga de infância, coisa que eu nem sequer lembrava que havia feito. Eu me lembrava, sim, que teve uma época onde eu me juntava com outras crianças do colégio e fazíamos de tudo para atazanar a vida dos bolsistas, mas depois que conheci a Beka, tudo mudou. Ela era tão fofinha e inocente, que eu sentia vontade de cuidar dela, e foi isso o que eu fiz. Quando meus amigos queriam prococá-la, eu a defendia e pedia para eles não fazerem mais aquilo. No começo foi difícil convencê-los, mas conforme os dias foram passando, eles finalmente entenderam que não podiam mexer com ela e a deixaram em paz. Por alguma razão, proteger Beka fez com que eu parasse de agir daquela maneira idiota e deixasse os bolsistas em paz. Mas eu não lembrava que tinha prejudicado os estudos de Rafa a ponto de ela guardar mágoas por tanto tempo e querer se vingar. Isso era muito infantil, mesmo que eu tenha mesmo feito algo com ela na infância, eu era apenas uma criança, e ela me conhecia agora, sabia que aquela bobagem de criança mimada havia passado, agora eu era uma mulher.

Sentir todo esse rancor pelo que Rafa fez, estava fazendo meu peito doer, como se alguém estivesse apertando meu coração com as próprias mãos e não quisesse mais parar de me torturar. E o pior de tudo era que eu estava gostando realmente daquela doida. E vendo que meus pais ainda não tinham ido embora, havia feito um plano de apresentá-la a eles na manhã seguinte como minha namorada.

Dei risada disso, como eu pude ser tão boba em gostar dela, eu sempre soube que me apaixonar era furada, mas dessa vez me deixei levar pelos sentimentos e olha onde tudo acabou. Eu estava começando a acreditar que esse negócio de ter um relacionamento sério com alguém, não funcionava comigo. Eu nunca tinha sorte nisso…

Limpei, em vão, meus olhos com as costas das mãos e me virei em posição fetal. Não havia nada a ser feito, a não ser sentir a dor do desgosto, e sofrer calada.

Ainda precisava entregar os documentos para meu pai e nem sabia como fazer isso. Pensei em algumas desculpas, mas meu pai saberia que era mentira. Pensei em contar a verdade, mas conhecendo meu pai, sabia que ele não deixaria barato e mandaria a polícia atrás de Rafa. Está certo que ela errou, quase acabou com a minha fortuna, mas eu não ia falar a verdade. Como ela disse, eu já tinha acabado com a vida dela uma vez e não iria fazer novamente a colocando na cadeia.

Eu já estava cansada de chorar, ficar assim não ia mudar nada, eu precisava ser forte, então me levantei e coloquei um pijama, fui lavar meu rosto e peguei a pasta que ainda estava onde eu havia deixado. Se eu não podia curar a dor, pelo menos iria resgatar minha fortuna. Olhei no espelho e não gostei da imagem minha que vi no espelho, se alguém me visse assim, eu não saberia como me explicar. Torci para ninguém estar andando pela casa, afinal, já estava quase amanhecendo, e decidida, fui para o escritório. Pretendia deixar a pasta sobre a mesa, e inventar uma desculpa de manhã, até lá eu pensaria em algo descente. Girei a maçaneta, abrindo a porta e fiquei surpresa em ver a luz acesa e meu pai com a cabeça deitada sobre a mesa. Ele não parecia estar nada bem. O ambiente cheirava à álcool, e se papai já estava depressivo assim agora, imagino o que aconteceria se ficássemos realmente pobres. Mas ainda bem que eu não iria chegar a viver isso.

ㅡ Pai… ㅡ O chamei dando passos lentos até a mesa ㅡ O senhor está bem?

Ele levantou a cabeça e ao me ver, ficou envergonhado, mas como não tinha como se esconder, se sentou com a postura ereta.

ㅡ Acho que peguei no sono. ㅡ Falou e passou a mão no rosto. Dei um sorriso fraco fingindo que acreditei.

ㅡ Devia estar com a mamãe, porque voltou pra cá? ㅡ Preferi não falar sobre o cheiro de álcool forte que sentia.

ㅡ Ela está dormindo tão tranquila e eu não conseguia dormir, se eu ficasse lá iria acordá-la, preferi descer e deixá-la em paz. Ela precisa dormir bem. ㅡ Sorri, meu pai ainda sabia cuidar de mamãe, isso era muito fofo.

ㅡ Essas insonias são terríveis, sei como é, pai… ㅡ Abaixei a cabeça e olhei para minhas mãos, nossa riqueza toda estava em minhas mãos e eu tinha que devolvê-la para seu dono. ㅡ Mas esse pesadelo irá passar, olha o que achei. ㅡ Entreguei a pasta para ele e dei um sorriso.

ㅡ São os documentos, Bia? ㅡ Meu pai ficou feliz e sério ao mesmo tempo e abriu a pasta, confirmando se todos os papéis estavam lá dentro. ㅡ Onde você os encontrou?

Engoli em seco, olha só onde a Rafaela estava me metendo, tentei fingir estar tudo bem, e dei uma das desculpas que havia pensado antes de sair do meu ninho de tristeza, animada como eu sempre fui.

ㅡ Eu devo ter pego ela sem querer quando precisei de folhas sulfite para por na impressora há alguns meses. Aí, agora fui mexer nas minhas coisas e acabei encontrando.

ㅡ Eu não estou acreditando, Bia, você disse que não mexia aqui e agora me diz isso? ㅡ Meu pai falou sério, ele sabia ser ruim quando queria. Um homem de negócios tinha que ser assim.

ㅡ Às vezes, quando preciso de algo para os estudos, venho aqui pegar… ㅡ Menti, tentando ser natural para que ele acreditasse.

ㅡ E pegou a pasta sem perceber, como se ela fosse igualzinha as folhas de sulfite?

ㅡ Foi… ㅡ Eu não sabia mais o que inventar, meu pai nunca iria acreditar, eu precisava desviar o rumo da conversa ㅡ Me desculpe, pai, achei que uma pasta velha não fosse importante.

ㅡ Tudo bem, mas ainda não acredito no que me disse, iria se lembrar quando te perguntei aquele dia se realmente tivesse pego.

ㅡ Eu não me toquei, nem me lembrava, nunca imaginei que as coisas chegariam nesse ponto… ㅡ Eu estava cada vez mais piorando as coisas, se eu saísse correndo, talvez desse mais certo.

ㅡ O mais engraçado é ela aparecer logo hoje que sua amiga tentou entrar aqui. ㅡ coçou o queixo pensativo, sem tirar os olhos dos meus.

ㅡ Minha amiga estava perdida, você ouviu. ㅡ Meu pai era esperto demais, eu não podia deixar ele desconfiar da Rafa.

ㅡ E onde ela está agora? É melhor não tirar os olhos dela, ela é muito estranha.

ㅡ Ela já foi embora. ㅡ Falei não gostando da maneira como ele falou.

ㅡ E porque você chorou?

ㅡ Eu não chorei. ㅡ Passei a mão nos cabelos, que droga, eu tinha esquecido completamente da minha situação.

ㅡ Seus olhos estão inchados, parece que andou chorando.

ㅡ É que estou com sono. ㅡ Dei a volta na mesa e abracei meu pai, para que ele parasse de me analisar. ㅡ Eu já ia dormir quando achei a pasta, e vim correndo devolver. Me perdoa, pai? Eu fui muito idiota…

ㅡ Está tudo bem, Bia, não se preocupe mais com isso. ㅡ Deu um beijo no topo de minha cabeça ㅡ Vou agora mesmo ligar para o advogado e resolver as coisas.

ㅡ Faz isso, pai. ㅡ O soltei do abraço e sorri ㅡ Não quero atrapalhar, vou voltar para o meu quarto. ㅡ Dei um beijo no rosto dele. ㅡ Boa noite!

ㅡ Boa noite! ㅡ Papai sorriu.

Saí do escritório e voltei para meu, me sentei na cama e apesar de estar feliz, por ter feito a coisa certa, eu estava me sentindo muito vazia por dentro. Era como se além de ter colocado Rafa para fora, eu tivesse colocado tudo o que eu tinha por dentro também. Eu estava oca.

Me deitei para dormir, mas o sono não vinha, somente lembranças, boas e ruins ao mesmo tempo e isso só me deixava ainda pior, então deixei a tristeza vencer e não segurei mais a vontade de chorar. Eu sentia amor e ódio, tudo de uma vez, como isso era possível?



 

POV RAFAELA

A escuridão voltou a clarear e comecei a ouvir vozes de pessoas e sirenes por toda parte. Fiquei confusa por alguns poucos minutos, até me dar conta do que estava acontecendo. Assustada, tentei me endireitar no carro, mas uma mão tocou em meu ombro, me impedindo de me mover.

ㅡ Fica calma, não se mexa, já iremos te tirar daí. ㅡ Um homem falou, mas na posição em que eu me encontrava, não consegui ver quem era.

ㅡ Estou bem… ㅡ Falei ignorando o pedido dele e tentei me mexer, mas ele me impediu outra vez.

ㅡ Não se mexa moça, precisamos te imobilizar, você pode ter quebrado algo e se se mexer será pior. Por favor, não se mexa, já estão trazendo a maca.

Não falei mais nada e fiquei quieta como ele pediu, tentando me lembrar como eu tinha sofrido um acidente, se eu sempre dirigi tão bem e nunca fiz um arranhão no meu carro.

Senti que colocaram algo em meu pescoço e nas minhas costas, mas isso foi bem demorado. Eles estavam tomando o máximo de cuidado comigo, e foi assim, bem lentamente, após imobilizarem minha coluna, que me tiraram do carro. Pude ver o rosto de todos, mas não consegui ver como estava meu carro. Após me colocarem numa maca, logo me levaram para uma ambulância e apesar de eu estar consciente, as coisas estavam meio turvas. Tipo quando eu enchia a cara no bar e não sentia meu corpo direito. Um paramédico tirou minha pressão e me colocou uma máscara de oxigênio. Eu realmente achava que aquilo não era necessário, mas quem era eu para opinar algo? Logo após ele passou uma gaze molhada e gelada na minha testa e senti muita dor, tanta, que lágrimas caíram dos meus olhos.

ㅡ Ela vai precisar levar pontos na testa, o corte está profundo. ㅡ Ouvi o paramédico dizer.

ㅡ Está mesmo… ㅡ Outro homem disse e senti uma pontada no meu braço. ㅡ É melhor deixar ela no soro até chegarmos no hospital… ㅡ Essa foi a última coisa que ouvi, antes de tudo começar a rodar e eu apagar de vez.

 

 

XXX


 

ㅡ Eu te odeio, Rafaela, suma da minha vida… ㅡ Bia repetia essa frase sem parar e eu tentava abrir a boca para falar algo, mas meu corpo estava petrificado. Eu não conseguia me mover e nem falar nada, só podia ver Bianca me mandando embora. A sensação era horrível  e quanto mais eu me esforçava para dizer algo, mais meu coração disparava.

ㅡ É só um pesadelo, moça, está tudo bem agora.

Ouvi uma voz feminina e saí daquele pesadelo horrível abrindo meus olhos. Meu coração ainda batia muito rápido, mas ao perceber que era só um pesadelo fiquei aliviada. A mulher em minha frente estava toda de branco e o quarto todo era branco. Virei o rosto para o lado e tinha outra mulher deitada numa cama ao lado da minha.

ㅡ Onde estou? ㅡ Perguntei, voltando a olhar para a mulher em minha frente.

ㅡ No hospital, lembra que sofreu um acidente?

Assim que ela disse acidente, minhas lembranças voltaram à tona e lembrei do clarão, da dor, das pessoas me tirando do carro e principalmente da briga com Bianca.

ㅡ Lembro. ㅡ Respondi, mas lembrar que briguei com a loira foi fatal. Meu estômago ficou embrulhado e sentia uma vontade enorme de chorar. O que foi que eu fiz?

ㅡ Você está bem? ㅡ A enfermeira perguntou e forcei um sorriso, concordando com a cabeça. ㅡ Teve muita sorte em só ter levado uns pontos na testa. Tiramos raios X, fizemos alguns exames e não encontramos nada de errado com você. Iremos te dar alta, mas como a batida na cabeça foi muito forte, pode ser que você fique um pouco atordoada por uns dois dias. Por isso preciso do telefone dos seus pais.

ㅡ Eu moro sozinha. ㅡ respondi no automático, apesar de ter ouvido tudo o que ela me disse. Meu peito estava apertado e a angústia era tanta, que ter morrido no acidente parecia ser a melhor coisa pra ter acontecido. Pelo menos eu não teria remorso, nem essa dor esmagando meu coração. Tudo estaria em paz.

ㅡ E seus pais?

ㅡ Eles moram no litoral… ㅡ Pensar nos meus pais só piorou minha angústia.

ㅡ Não tem parentes por aqui?

ㅡ Só um primo, acho que ele pode vir me buscar.

ㅡ Que ótimo, ou você não poderia ganhar alta.

Pelo menos isso de bom na minha vida.  Era só o que faltava, aguentar a dor de ter perdido Bianca num hospital.

Passei o número do meu primo para ela e assim que ela me deixou, eu chorei como um bebê, ignorando totalmente a paciente que estava do meu lado. Eu era tão sem sorte que nem conseguir morrer num acidente eu conseguia.

Não sei quanto tempo eu fiquei nessa depressão, mas me pareceu anos, até que finalmente, meu primo entrou no quarto.

ㅡ Tampinha, eu não acredito que você está viva, assim que o hospital me ligou, eu fui até a delegacia e fiquei até assustado quando vi sua Land Rover guinchada lá na delegacia. Seu carro deu perda total.

ㅡ É… nem pra morrer eu tenho sorte. ㅡ Dei uma risada sem nenhum pingo de vontade, apesar de meu primo falar tudo muito animado. ㅡ Já podemos ir?

ㅡ Daqui a pouco. A enfermeira foi pegar uma cadeira de rodas pra você e parece que eu tenho que assinar alguma coisa.

Fechei meus olhos, eu não aguentava mais ficar ali. ㅡ Relaxa, Rafa, consegui dar um jeito nas multas que você levou e não irá perder a carteira.

ㅡ Eu ia perder a carta? ㅡ Abri os olhos, mas nem achava aquilo importante no momento.

ㅡ Sim, levou pontos na carteira por andar na contra mão e bater num caminhão. Porque andava na contra mão, sua doida?

ㅡ Sei lá, acho que colocaram algo na minha bebida, não lembro de nada.

ㅡ Você tem muita sorte em ter um primo advogado pra limpar a sua barra, tampinha.

Fiz uma cara como quem diz “não enche o saco” e fechei os olhos novamente.

Logo a enfermeira voltou e após me ajudar a sentar na cadeira de rodas e dar o papel para meu primo assinar, me entregou uma receita, dizendo que era remédio para as dores e para cicatrizar meu corte mais rápido e para a tontura, com os horários em que eu devia tomá-los.

Agradeci e meu primo me tirou de lá. Finalmente, eu estava torcendo para aquele embrulho no meu estômago ser pelo cheiro de éter do hospital e que ao respirar ar puro ele iria passar, mas não passou, tão pouco o vazio que eu sentia no peito e só uma pessoa seria capaz de me curar, mas ela me odiava no momento.

Assim que passamos numa drogaria para comprar os remédios, meu primo me deixou em casa, mas antes de me deixar só, perguntou mil vezes se eu ia ficar bem. Era até fofo vê-lo preocupado comigo. Prometi para ele que na condição que eu estava eu iria ficar bem quieta na minha cama e ele confiou em mim, dizendo que voltaria mais tarde.

Esperei ele sair e como já estava na hora indicada pela receita, tomei um dos remédios e me deitei, eu realmente ficava tonta quando ficava em pé, a enfermeira tinha razão, então me deitei bem devagar, pois meu corpo estava meio dolorido. O remédio que tomei era tão forte, que começou a me dar sono um sono incontrolável e do jeito que deitei, fiquei.



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