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História Só vejo você - Ossos Do Ofício


Escrita por: MikaWerneck

Capítulo 56 - Ossos Do Ofício


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - Ossos Do Ofício

POV REBECA

Os dias foram passando e o inverno ficando cada dia mais rigoroso, as ruas já estavam completamente brancas por grossa camada de neve, era até bonito de olhar, obrigando a prefeitura a limpar as ruas constantemente. Eu achava o inverno lindo, e as paisagens que se formavam com a neve, e o galho das árvores congelado era tudo tão perfeito.

Eu estava achando muito estranho meu irmão não ter mais ido me procurar para me pedir dinheiro e agradecia todos os dias por ele não ter tentado invadir a casa dos pais Mel. Eu havia avisado eles que Ricardo queria assaltar a casa e pedi para ficarem muito atentos com qualquer coisa suspeita, mas ainda bem que nada aconteceu. Ele deve ter entendido que eu não estava brincando quando disse que o denunciaria se acaso ele fizesse algo com Mel.

Meu trabalho cada dia ficava mais difícil, está certo que eu sou forte e aguento muito coisa, mas eu já estava ficando esgotada de todo dia levantar caixas e mais caixas pesadas, eu já havia reclamado com o gerente que era muita coisa para eu fazer sozinha e ele disse que iria contratar um rapaz para fazer o trabalho pesado, enquanto eu apenas faria os pedidos de novos produtos, anotava tudo o que saia do depósito para as prateleiras do mercado. Mas tudo não passou de promessa, eu continuava fazendo tudo sozinha e parece que cada dia o trabalho aumentava mais. Eu chegava em casa tão cansada, que a única coisa que eu conseguia fazer era cair na cama e dormir, mas raramente eu fazia isso, pois Mel todo dia ia me ver e estava amando a liberdade que nós tínhamos na nova casa. Ela estava cada dia mais fogosa e sempre dizia que tinha visto uma posição nova e queria tentar. Eu não iria nunca reclamar, até porque eu amava tudo nela, mas tinha dias que eu não tinha nenhum pingo de energia. Eu percebia que ela ficava chateada quando acontecia, mesmo que ela não brigasse comigo, mas o problema era que isso estava acontecendo com mais frequência, e por mais que eu tentasse fingir que estava tudo bem, eu percebia que Mel não acreditava nisso.

Quando finalmente terminou o expediente, fui para casa, olhando atenta em volta. Graças a Deus, Ricardo não estava por ali e pude ir em paz. Não era todo dia que Mel ia se encontrar comigo, tinha dias que ela estava ocupada e precisava fazer suas coisas. Mas ela sempre dava um jeito de ir me ver mais tarde. Hoje, no entanto, ela me mandou uma mensagem dizendo que iria lá pelas oito horas me ver. Quando recebi a mensagem, eu já estava na rua e não deu tempo de comprar algo para fazer no jantar. Eu iria chegar em casa, tomar um banho rápido para tentar espantar a canseira do meu corpo e iria voltar para a rua. Mas assim que eu cheguei em casa e olhei para a cama, não resisti aos seus encantos e me deixei cair nela. Não havia sensação mais gostosa, que estar com o corpo todo moído e deitar por cinco minutos. Fechei meus olhos e fiquei bem relaxada, esvaindo de minha mente tudo o que me perturbava e pensei apenas em Mel, a morena mais linda que eu já havia visto em toda a minha vida.

 

POV MELISSA

Peguei a chave do carro e fui até ele, Beka estava morando bem perto da minha casa, mas estava tão frio, que eu não tinha ânimo nenhum para ir até lá a pé. Pelo menos no carro eu ligava o aquecedor e não passava tanto frio. Assim que abri a garagem e saí com o carro, fiquei olhando atenta à procura de Ricardo ou de qualquer outra pessoa suspeita, pois Beka disse que ele tinha amigos que podiam ajudá-lo a assaltar a minha casa, ou a mim na rua. Confesso que estava morrendo de medo de ser assaltada e desde que ela nos avisou o que o irmão pretendia fazer, fiquei muito cautelosa ao sair na rua, e sempre ficava atenta pensando numa maneira de tentar escapar de uma possível abordagem. Eu estava ficando paranoica já, era uma sensação terrível saber que a qualquer momento poderíamos ser assaltados. Quando eu ficava em casa sozinha sempre verificava se as portas e janelas estavam bem fechadas, meu pai disse que sempre que eu ouvisse qualquer barulho eu podia ligar para a polícia e para ele no mesmo instante. Mas com o passar dos dias, meu pai foi ficando mais tranquilo com relação a esse possível assalto e disse que talvez ele só quisesse dar um susto na Beka e que não ia nos fazer nada, mas sabendo de tudo o que ele fazia com Beka quando eles moravam juntos, eu não conseguia ficar tranquila. Eu detestava estar insegura, mas eu não tinha alternativas.

Parei em frente à casa de Beka e saí logo do carro, acionando o alarme e as travas rapidamente e entrei na casa. Ela havia deixado uma chave comigo, para que eu pudesse sempre entrar sem precisar ficar esperando, o que era ótimo. A casa estava escura e silenciosa, como se não estivesse ninguém ali, pensei que talvez ela pudesse estar no banho e fui até o quarto. Ascendi a luz do ambiente e vi ela deitada na cama toda torta, ainda com o uniforme do mercado e de tênis. Sorri e fui até ela, Beka vivia cansada, desde que mudou de cargo, ela tentava disfarçar, mas não conseguia. Nem fazer amor comigo direito ela queria mais e quando fazia dormia logo em seguida, eu já estava começando a achar que ela estava se cansando de estar comigo e isso me deixava muito triste, mas eu tentava disfarçar e fingir que estava tudo bem, achando que no dia seguinte ela estaria mais animada, mas ela não ficava. Eu perguntava o que estava acontecendo pra ela se cansar tanto assim, mas ela dizia que não era nada, que devia ser o tempo frio que a deixava sonolenta, mas eu sabia que tinha alguma coisa aí.

Tentei parar de pensar nisso e tirei o tênis que ela usava depois a endireitei na cama e apesar de ela resmungar, não acordou. Dei, então, um beijo nela e me sentei na beira da cama. Ela devia estar com fome, pois do jeito que chegou, ficou, então decidi ir fazer alguma coisa para ela comer. Levantei-me, a cobri com um cobertor, apaguei a luz e fui para a cozinha. Abri a geladeira para ver o que eu podia preparar, mas estava vazia. Olhei no armário e não encontrei nada ali também, como é que ela estava vivendo sem ter nada pra comer? Em todos esses dias que eu ia vê-la durante a noite, ela sempre me dava algo para comer, mas eu nunca tinha pensado em olhar a geladeira e o armário. Beka estava escondendo alguma coisa e não queria me contar.

Pensativa, peguei a chave do carro outra vez e fui comprar algo para ela comer, a princípio optei por um lanche, mas depois achei melhor passar num restaurante e comprar uma comida de verdade, eu não sabia quando tempo ela estava sem comer e ela poderia ficar doente assim. Meia hora depois voltei para a casa dela, tranquei tudo e após deixar a comida na mesa, fui acordar Beka. Sentei-me ao lado dela e toquei em seu ombro.

ㅡ Amor… ㅡ Chacoalhei-a suavemente ㅡ Acorda meu amor, cheguei… ㅡ Ela resmungou e se virou na cama, mas não acordou. Sorri e tirei os cabelos que agora lhe cobriam o rosto e dei um beijo na bochecha ㅡ Minha dorminhoquinha linda, trouxe comida, deve estar com fome. ㅡ Continuei cutucando-a até ela abrir os olhos, que estavam avermelhados e ao me ver sorriu preguiçosa.

ㅡ Mel, que horas são? ㅡ Falou com a voz rouca e se espreguiçou.

ㅡ Deve ser umas oito e meia, cheguei e você estava desmaiada aqui, de tênis e com o uniforme do mercado. Você está bem, está sentindo alguma coisa?

ㅡ Eu só deitei um pouquinho, mas já ia me levantar e acabei dormindo. Desculpe-me, eu ia preparar o jantar, mas o sono foi mais forte. ㅡ Disse e se sentou na cama.

ㅡ Não se preocupe com isso, eu trouxe a janta, deixei lá embaixo. Agora tem que se preocupar com você, meu amor, o que está havendo?

ㅡ Nada. ㅡ Ela sorriu e passou a mão nos cabelos, os jogando para trás. Fiz uma cara de não estou acreditando e ela entendeu ㅡ Só estou muito cansada hoje.

ㅡ Hoje e todos os outros dias, está sempre cansada agora, me conta o que está acontecendo.

ㅡ Só estou trabalhando, são ossos do ofício, Mel.

ㅡ Meus pais trabalham e não ficam assim, notei que você está mais magra esses dias. Está ficando doente? Por favor, me fala, eu sou sua namorada, quero te ajudar.

Beka riu e ajeitou os travesseiros, para se deitar novamente.

ㅡ Só estou trabalhando demais, Mel, logo meu corpo se acostuma. Mas fica tranquila, eu não estou doente.

ㅡ Então porque parece estar doente? Eu olhei seu armário e na geladeira e ambas estão vazios, você não está se alimentando direito?

ㅡ Eu posso pegar algumas coisas no mercado enquanto estou trabalhando, acabo comendo lá mesmo, assim não preciso fazer compras. Dessa forma consigo economizar e guardar o dinheiro para pagar o aluguel, só trago algo para casa quando você vem dormir aqui.

ㅡ Você está querendo ficar doente então, deve ser por isso que está tão sem ânimo, não está comendo as proteínas e vitaminas necessárias, deve comer só babagem. ㅡ Falei séria e deixei-a perceber que eu não estava nem um pouco contente com essa situação.

ㅡ Amor… ㅡ Beka pegou minha mão ㅡ Não estou ficando doente.

ㅡ O que é então? Nem fazer amor você gosta mais, só quer dormir o tempo todo.

ㅡ Desculpa, Mel, ser adulta é tão difícil, tanta responsabilidade que acabamos nos sacrificando pra dar conta de tudo. Eu amo fazer amor com você e estar com você, mas estou fazendo tanta coisa no mercado que acabo ficando sem energias quando chego em casa.

ㅡ E porque antes não ficava assim e agora está? Eu estou achando que você se cansou de mim já e está inventando desculpas.

ㅡ Nunca eu vou me cansar de você, boba, eu te amo mais que tudo, sempre amei. ㅡ Beka se sentou e me abraçou muito forte. Abracei-a também e assim ficamos. ㅡ Eu nunca quis te magoar, eu estava pensando só em mim, esqueci que você também precisa de mim quando mudei de cargo e agora tudo sobra para mim. Tenho que levantar caixas pesadas e ficar o dia todo numa infinita correria para garantir que nunca falte nada nas prateleiras e nem no estoque, já reclamei para o gerente que estou sobrecarregada e ele disse que iria contratar alguém para me ajudar, mas até agora ele não contratou ninguém e nem sei se ele irá mesmo fazer isso.

Fiquei passando a mão nos cabelos dela enquanto ela falava e só então entendi porque ela estava tão cansada ultimamente, ela nunca me disse que levantava coisas pesadas e nem que ficava nessa correria toda, o dia inteiro, eu pensava que era bem mais simples, pois foi o que ela me disse.

ㅡ Eu não te contei antes porque eu sabia que iria brigar comigo e não iria me deixar aceitar ficar no estoque, mas eu precisava de mais dinheiro.

ㅡ E você estava certa, eu nunca iria permitir. ㅡ Me afastei o suficiente para poder olhá-la nos olhos, e além do verde, o vermelho de cansaço ainda estava bem visível, dando a ela um ar abatido ㅡ Não quero mais te ver cansada desse jeito.

ㅡ Não tem muito o que ser feito, só podemos esperar a boa vontade do gerente de contratar um novo funcionário.

ㅡ Tá… Mas prometa que vai se alimentar melhor a partir de agora ou pedirei pra minha mãe fazer todo dia uma quentinha pra você.

ㅡ Eu prometo, Mel. ㅡ Deu um leve sorriso e me deu um beijo.

ㅡ Não quero te ver doente, amor, partiria meu coração.

ㅡ Não vai me ver, meu amor, estarei sempre forte para poder te pegar no colo. ㅡ Disse me abraçando novamente e se deitou comigo para que eu ficasse por cima. ㅡ Te amo tanto, que não queria mais te deixar ir embora, só te deixo ir porque seus pais são legais.

Sorri e rocei meu nariz no dela antes de beijá-la com todo o meu amor. Agora que meu medo de que ela estava se cansando de mim já tinha passado, estava me sentindo bem mais leve, a paz voltou a morar dentro de mim enquanto eu estava com ela.

ㅡ Eu comprei aquela sopa de milho verde que você adora, e ela está tão cheirosa... ㅡ Agucei a fome dela e sorri com o brilho que os olhos dela ficaram ao ouvir minha frase.

ㅡ Sério, Mel? Minha barriga até resmungou agora… ㅡ Beka passou a mão na barriga, me fazendo rir.

ㅡ É verdade, eu vou lá esquentar a sopa, já deve ter esfriado. Enquanto isso você pode ir tomando banho e depois te faço uma massagem.

ㅡ Tem mais notícias boas hoje escondidas? ㅡ Beka sorriu e me puxou para me dar outro beijo.

ㅡ Pode haver muito mais… ㅡ Sorri de maneira provocante e me levantei.

Fui logo para a cozinha para voltar logo para o quarto e após esquentar tudo, preparei a bandeja com pães, arroz, carne, a sopa de milho verde que estava muito apetitosa e um pudim de sobremesa. Se Beka não estava comendo direito, hoje ela iria tirar a barriga da miséria. Foi sorrindo que voltei para o quarto, Beka ainda estava no banho, então coloquei a bandeja sobre a cama, liguei a TV e me sentei, esperando-a.

Não demorou muito, ela voltou para o quarto com um pijama de inverno e não preciso dizer que ela estava linda. Ela deu um sorriso e se sentou ao meu lado.

ㅡ Demorei muito? ㅡ Perguntou e tirou a tampa que cobria a sopa.

ㅡ Não, foi rápida, eu teria demorado bem mais. ㅡ Sorri e entreguei um prato para ela, ficando com o outro. Eu ainda não tinha jantado e o aroma da comida estava me deixando com fome.

Enquanto comíamos, jogamos conversa fora, Beka me contou em detalhes tudo o que fazia no trabalho. Contei que Duda já não era mais virgem e que ela tinha amado sua primeira vez, também contei que Bia estava um pouco distante e quando vinha falar conosco não parecia estar muito feliz, mas eu não sabia o motivo e combinamos de marcar um dia para convidá-las para conhecer a casa de Beka. Também falamos sobre Ricardo e ela também estava achando estranho ele não ter mais dado as caras. Por um lado isso nos deixava tranquilas, mas por outro acabávamos ficando com medo de ele estar tramando alguma coisa. Tentamos deixar isso pra lá e após terminarmos de comer, ficamos sentadas bem juntas assistindo um filme. Quando notei que Beka estava quieta demais, a olhei e vi que já estava dormindo. Sorri e ficamos na mesma posição, pois estava bem confortável.

Mandei uma mensagem para meu pai dizendo que iria dormir aqui, pois estava muito frio para voltar pra casa, e que ele me esperasse de manhã, pois eu queria conversar com ele. Quando o filme acabou, ajudei-a a se deitar melhor e me deitei ao lado dela. Eu precisava dar um jeito nas coisas, Beka não podia mais continuar trabalhando naquele mercado, ela não merecia sofrer mais na vida, como sofreu até agora. Estava na hora das coisas melhorarem e se não fosse por vontade própria do destino, eu iria dar um empurrãozinho. Sorri e passei a mão nos cabelos ruivos e macios dela.

ㅡ Você vai ser muito feliz, meu amor. ㅡ Dei um beijo em sua testa e a abracei, pensando no em como eu poderia melhorar a vida da mulher que eu amava.



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