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História Só vejo você - Vida Frágil


Escrita por: MikaWerneck

Notas do Autor


Olá, queriam um capítulo rápido e com a Rafa, aí está ele.
Perdão por não agradar todas, a fic tem um roteiro e pretendo seguí-la, tudo se encaixa! Só peço uma coisa, fiquem calmas e não desistam, obrigada!

Capítulo 64 - Vida Frágil


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - Vida Frágil

POV RAFAELA

Desde sempre notei que minha amiga Tati era hiperativa, mas nos dias que veio passar comigo, numa tentativa sem sucesso de me distrair, estava muito pior e não conseguia ficar parada por muito tempo, sempre inventando algo para acabar com o tédio. Hoje ela decidiu fazer uma faxina em meu apartamento. Tirou tudo do lugar para poder limpar, deixando meu apartamento de pernas para o ar. O único lugar que ela ainda não tinha mexido era a minha cama e só porque eu estava lá, sentada, com meu caderno de desenho, fazendo meu milésimo desenho sobre uma loira linda de olhos azuis toda patricinha, aff.

Eu ainda não conseguia aceitar o fato de nunca mais poder vê-la e nem tocá-la. Beijar aqueles lábios macios, sentir o aroma dos perfumes importados que ela usava, ou só ficar admirando a beleza do azul dos olhos dela, sem dizer nada, só contemplando a sua beleza, eu sentia saudades de tudo isso. Eu achava que nunca amaria ninguém, mas com a patricinha descobri que eu estava errada e que podia sim amar alguém e o pior de tudo é que era muito fácil amar um pessoa. Era fácil demais cair nas arapucas da paixão e mudar todos os nossos planos.

Agora, nada era mais importante do que ter Bianca em meus braços outra vez, eu só não sabia como, já que ela não queria mais me ver. Ela até já devia estar com alguém, porque bonita do jeito que ela é, só precisava estalar os dedos para qualquer pessoa correr atrás dela e pensar nisso me deixava triste, Bianca nunca mais seria minha.

ㅡ Ah, não! Outra vez você desenhando essa garota? ㅡ Tati jogou um travesseiro no meu rosto, me tirando, de modo bruto, dos meus pensamentos.

ㅡ Me deixa em paz, sua chata. ㅡ Falei sem vontade.

ㅡ Nada disso, já limpei tudo pra lá, agora só falta aqui, levanta para eu poder arrastar a cama. ㅡ Mandou tentando pegar meu caderno e o segurei firme.

ㅡ Não, deixa como está, depois eu limpo aqui.

ㅡ Ai, Rafa, sai dessa fossa, eu estou aqui para isso, lembra? Meu objetivo aqui é te distrair, pode parando de pensar nessa loira gostosa, que eu fico com ciúmes.

Eu nada disse, apenas a olhei. Era impossível não pensar em Bianca depois de tudo o que vivemos.

ㅡ Já sei, eu estou pensando em fazer uma tatuagem nova bem aqui ㅡ Disse levantando a blusa e apontou sua costela, abaixo do braço. ㅡ Pensei numa caveira pirata, vai ficar legal, o que você acha?

ㅡ A ideia parece boa, mas quer grande ou pequena?

ㅡ Não sei ainda, porque você não faz um desenho pra eu ver como fica?

ㅡ Está bem… ㅡ virei a folha do caderno e peguei o lápis, tentando imaginar como seria o desenho.

ㅡ Eu pensei só no crânio do pirata, com umas moedas de ouro por perto, algo do tipo: sou perigosa, não mexa comigo.

ㅡ Tipo uma caveira que colocam em potes de veneno?

ㅡ Isso mesmo, nossa, vai ficar muito foda!

ㅡ Vai, só não vai combinar com você, porque de perigosa você não tem nada, seria melhor fazer uma sereia. ㅡ Comecei a rir e ganhei outra travesseirada na cabeça.

ㅡ Cala a boca e desenha, tampinha, ou já te mostro como sou perigosa, hum!

Dei risada, ela achava que iria me atingir com a palavra tampinha, mas nem dei bola, meu primo só me chamava assim, já tinha me acostumado.

ㅡ Já que você não vai sair daí, vou limpar primeiro desse lado. ㅡ Falou se abaixando para ligar o aspirador de pó e depois começou a limpar embaixo do guarda-roupa.

Eu odiava o som que o aspirador de pó fazia, principalmente hoje, que meu grau de estresse estava elevado. Desde a hora que ela começou a faxinar meu apartamento, fiquei irritada, eu não via a hora que ela desligasse o aparelho. Nem meus desenhos eram os mesmos com toda aquela barulheira.

Ouvi um barulho de coisas caindo e olhei para ver o que Tati estava derrubando. Ela me olhou assustada e depois se abaixou, desligou o aspirador de pó.

ㅡ Me desculpa, Rafa, eu não sabia que essa pasta estava atrás do guarda-roupa. ㅡ Disse apressada juntando várias telas, mas parou ao pegar uma e ficou olhando.

Droga, ela tinha descoberto meu esconderijo com várias pinturas da loira. Mas porque raios ela decidiu afastar o guarda-roupa?

ㅡ Meu Deus, Rafa! ㅡ Exclamou e se levantou com uma tela e veio até mim ㅡ Não sei o que está mais perfeito, se é o desenho, a pintura ou a modelo…

Olhei o desenho entre os dedos de Tati e vi que ela segurava o primeiro desenho que eu havia feito da loira. Realmente ele estava perfeito e não era por ter sido eu quem tinha feito, ou por Bianca ser linda e muito menos pela tinta usada ser de primeira qualidade, era por ter sido feito com extrema paixão e só agora eu tinha percebido isso. Peguei a tela das mãos dela e fiquei olhando hipnotizada, parecia que eu realmente olhava para os olhos dela e não para uma pintura.

ㅡ Já peguei tudo e não estragou nada.

Saí do transe e olhei para Tati, nem percebi que ela tinha saído do meu lado e pego todas as telas que estavam no chão e colocado-as do meu lado.

ㅡ Tudo bem, deve ter caído de cima do guarda-roupa quando você o arrastou ㅡ Menti e coloquei a tela que eu segurava junto com as outras.

ㅡ Eu vou dar um pulo na padaria, quer alguma coisa?

ㅡ Aqueles pães de queijo. ㅡ Respondi sem pensar.

Tati concordou e após ir ao banheiro, saiu do meu apartamento. Notei que ela ficou sem graça por ter derrubado as telas e confesso que fiquei mexida por vê-las. Voltei a olhar elas, uma por uma, sendo impossível conseguir evitar um suspiro ao me lembrar do dia que eu tinha feito cada uma e apesar de sentir imensa vontade de chorar, eu ria por ter escondido por tanto tempo meu amor, eu jurava que era raiva e que queria só vingança, mas nunca foi nada disso, eu amava fortemente Bianca. Na época que eu escondia os desenhos, não os escondia de ninguém, eu os escondia de mim mesma. Hoje eu compreendia que amei Bianca desde sempre, mas eu escondia esse sentimento forte e puro, tornando a vingança em prioridade para camuflar o amor. Só que agora eu queria mostrá-lo para todos, eu precisava de uma nova chance, eu precisava que Bianca me perdoasse e precisava vê-la.

Olhei para a bagunça que Tati havia feito e encontrei meu skate, não era só de Bianca que eu sentia saudades, também tinha saudades de sentir o vento batendo no meu rosto, da sensação de liberdade que ele me dava, eu sentia saudades de tudo, então porque não juntar o útil ao agradável.

Um barulho na fechadura me fez guardar as pinturas rapidamente de volta na pasta e segurei o lápis e o caderno de desenho outra vez. Eu ainda não tinha desenhado nada do pirata que Tati havia me pedido, tinha me esquecido completamente dele.

ㅡ Comprei seus pães de queijo, Rafa e… ㅡ Tati entrou falando animada, mas eu só conseguia pensar em duas coisas, meu skate e Bianca.

ㅡ Como está o tempo lá fora? ㅡ Cortei o que ela falava.

ㅡ Tá frio, mas não está nevando, acho que o clima vai ficar bom, já não cai mais neve há três dias.

ㅡ Então não tem neve nas ruas? ㅡ Me levantei e olhei pela janela, parece que o destino estava a meu favor.

ㅡ Não, as ruas foram limpas, mas porque tantas perguntas?

ㅡ Vou sair um pouco. ㅡ Peguei meu boné e o coloquei. Tati me olhou surpresa e nem esperei ela me perguntar mais nada, peguei logo meu skate e saí do meu apartamento.

Pensar em meus dois amores fez a energia da vida me animar. Eu sentia vontade de viver, eu precisava consertar as coisas ou eu iria ficar louca. Joguei o skate no chão assim que cheguei na rua, coloquei meu pé esquerdo sobre ele, remei com o direito para dar impulso e o skate começou a se mover. Eu queria sentir a liberdade e precisava de velocidade e foi o que eu fiz, indo o mais rápido que eu conseguia.

Como era bom sentir o vento frio batendo no rosto me congelando. Por muito tempo fiquei sem fazer o que eu gostava e estar realizando, pelo menos um deles, era revigorante. Toda a minha depressão ficou deitada sobre a cama em meu apartamento, agora eu queria viver. Fiz o caminho que eu sempre fazia para ir até a mansão da loira, não era perto, o que me rendeu longos minutos de diversão em cima do meu amado skate.

Ao parar na esquina, esperando os carros passarem, para que eu pudesse atravessar a rua, notei que eu estava na avenida mais perigosa da cidade. Lembrei de quando contei para Bia sobre minha vontade de descê-la e de como ela não gostou nada do que ouviu. Sorri e olhei em meu relógio de pulso e ainda faltava cinco minutos para que todos os semáforos entrassem em sintonia e eu não poderia perder essa oportunidade. Hoje era dia de viver, dia de enfrentar meus medos. Um deles era falar com Bia, pois eu sabia que seria difícil e nem sabia se iria conseguir o seu perdão. O outro era descer a avenida mais movimentada da cidade, principalmente no horário em que os semáforos entram em sintonia. Eu havia estudado os semáforos durante meses e sabia que não corria perigo, tudo iria dar certo e eu ainda poderia mostrar para Bia que descer a avenida de skate não tinha nada de mais. Sorri já imaginando ela me chamando de louca e depois me beijando, eu precisava muito mesmo beijá-la outra vez.

Me posicionei no início da avenida, no meio dos carros, olhando atenta para o semáforo, eu não podia perder nem um segundo, ou tudo poderia dar errado. Vi no meu relógio que faltava dez segundos e fiz contagem regressiva mentalmente. Como eu já esperava, o primeiro semáforo mudou para a cor verde e tirei o pé do chão dando início a minha aventura. A avenida tinha uma inclinação adorável, não sendo necessário muito esforço físico para que o skate ganhasse velocidade, apenas algumas manobras, deixando a descida muito agradável. Assim como eu já tinha estudado, os semáforos foram se abrindo um a um, à medida que eu me aproximava deles. Os carros reduziam a velocidade sempre que chegavam perto dos semáforos, me tornando, assim, a primeira. Na metade da avenida eu já havia ganhado uma boa vantagem de distância dos carros. Tudo estava ocorrendo como eu havia planejado, enquanto os semáforos dos cruzamentos se fechavam, os semáforos da avenida se abriam e eu passava com meu skate, a adrenalina correndo solta em minhas veias, me dando uma sensação gostosa de aventura que eu não sentia há um bom tempo. Passei pelo penúltimo semáforo com um sorriso estampado no rosto, os braços abertos como se eu estivesse voando e uma velocidade de uns 50 km/h. Agora só faltava mais um, fechei meus olhos sabendo que tudo continuaria dando certo, até que ouvi uma derrapada escandalosa de um carro e abri meus olhos levando o maior susto. Tudo aconteceu muito rápido, um carro que devia ter parado no cruzamento, furou o sinal vermelho e avançava contra mim, mesmo com seu condutor pisando no freio. Sem que eu conseguisse fazer alguma manobra e parar, devido minha velocidade, dobrei os braços para proteger meu rosto e fui atingida em cheio do lado direito do meu corpo. Senti uma dor horrível, sem conseguir identificar onde era, enquanto meu corpo era arremessado a alguns metros da batida e quando bati contra o chão gelado pude ver as luzes dos faróis dos carros girando e girando enquanto ouvia gritos que foram ficando cada vez mais silenciosos. Parecia que eu estava morrendo e toda a minha alegria de minutos antes por estar realizando minha vontade de descer a avenida e de ver Bianca, agora não significavam mais nada. Senti meu rosto ficar molhado com um líquido quente, que devia ser sangue e, apesar de ficar desesperada, nada podia fazer, eu estava imóvel e sentia que estava perdendo a vida, eu ia morrer sem ser perdoada por Bianca. Sentindo medo de morrer, tentei manter os olhos abertos, mas eles brigavam comigo e acabaram vencendo, me dando a completa sensação de estar morta.



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