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História Só vejo você - A Verdade Dói


Escrita por: MikaWerneck

Notas do Autor


Oiiie, domingo altas horas e eu aqui hahaha
Eu ouvi um #amém?
Bora ler? *-*

Capítulo 67 - A Verdade Dói


Fanfic / Fanfiction Só vejo você - A Verdade Dói

POV REBECA

Abri meus olhos e, apesar do quarto ainda estar escuro por causa da cortina, eu sabia que já havia amanhecido. Virei para o lado e vi meu motivo para sorrir todos os dias, ela dormia serena, preferi ficar só admirando-a, não queria atrapalhar seu sono que parecia estar bem gostoso. Meus planos de dar a ela uma noite maravilhosa não deu certo, ter visto a namorada da Bia (que não era namorada) acidentada não me fez bem, tive náuseas a noite toda e nem consegui comer a pizza que havíamos comprado. A imagem da garota toda machucada não iria sair da minha mente tão cedo. Pensamos em ir ao hospital para saber como ela estava, mas como eu não me sentia bem, só liguei para Bia e como ela não atendeu, mandei uma mensagem e também não obtive respostas. Como as notícias ruins sempre chegam rápido, levei isso a sério acreditando que Rafa estava bem.

O celular de Mel tocou uma música tão alta, que eu e ela assustamos. Era o despertador que ela deixava programado para despertar durante a semana para conseguir acordar e ir para a faculdade. Mel levou a mão até o criado mudo e após pegar o celular, desativou o alarme, resmungando sonolenta, fechou os olhos e largou o celular na cama. Sorri e cheguei mais perto abraçando-a, dei um beijo em sua testa.

ㅡ Bom dia, preguicinha linda…

Mel ronronou como uma gata e me abraçou também, escondendo o rosto em meu peito. Notei que a respiração dela ficou mais suave e se eu deixasse, logo ela iria dormir e perder a aula.

ㅡ Amor… ㅡ levei minha mão direita até seus cabelos e fiz um cafuné, ela soltou um “hum” preguiçoso me fazendo sorrir ㅡ O tempo está passando, vai perder a primeira aula.

ㅡ Ah, não quero, me deixa ficar aqui, está tão quentinho e gostoso. ㅡ disse afundando ainda mais a cabeça em meu peito.

ㅡ Não tem nada importante hoje? ㅡ Sem parar de massagear os cabelos macios e perfumados dela, fechei os olhos. Mel tinha razão, a cama estava ótima e sentir o calor da morena contra meu corpo era maravilhoso.

ㅡ Nada é mais importante que você, meu amor… ㅡ Me abraçou mais forte enquanto dizia e beijou meu seio por cima do pijama.

Sorrindo toda boba com estas palavras, parei de tocar os cabelos dela e levei minha mão por baixo do edredom, levantei a blusa dela e fiquei alisando suas costas macia e quente. Eu podia sentir que o coração dela deu uma leve acelerada com este gesto simples e depois foi se acalmando.

ㅡ Linda!

Mel logo voltou a dormir, enquanto meu corpo parecia flutuar, como se eu estivesse deitada numa nuvem macia. Acordei horas mais tarde com beijos no rosto e uma Mel risonha sobre mim, pedindo brincalhona que eu acordasse.

ㅡ Bom dia, minha vida!!! ㅡ Disse ela, assim que abri meus olhos e encontrei os dela, e me deu um beijo estalado no rosto.

ㅡ Own, que bom dia mais gostoso ㅡ Falei me espreguiçando e a abracei em seguida ㅡ Fica aqui comigo mais um pouquinho? ㅡ Pedi encarecidamente e após ela sorrir lindamente, se deitou ao meu lado, com a cabeça apoiada em meu ombro e ficou brincando com meus dedos.

ㅡ Vou ficar o dia todo com você. ㅡ Mel virou o rosto e beijou meu pescoço ㅡ Temos que aproveitar essa folga que você está tendo, segunda você começa a trabalhar e fazer cursinhos.

ㅡ Estou muito empolgada para começar. ㅡ Confessei, eu não gostava de ficar parada, esses dias em casa sem ter o que fazer estavam sendo uma tortura.

ㅡ Você vai adorar, meu pai ama aquela empresa.

Sorri e dei um beijo no topo da cabeça dela, Mel era meu trevo da sorte, desde que começamos a namorar, minha vida mudou totalmente e para melhor.

ㅡ Minha namorada é tão linda! ㅡ Abracei-a forte e ela riu resmungando que eu estava a esmagando. Rindo, soltei-a e ela se virou, ficando de quatro sobre mim, mordeu meu queixo e me deu vários beijinhos, me fazendo rir.

ㅡ Mais linda que você é impossível. ㅡ Tocou em meus cabelos e se sentou em meu quadril, brincando com uma mecha dos meus cabelos ㅡ Você é uma ruiva perfeita, parece uma princesa…

Não resisti ao ouvir princesa e acabei rindo, eu não tinha nada de princesa, achava elas muito frágeis e vaidosas, bem diferentes de mim.

ㅡ Porque está rindo, você é uma princesa sim. ㅡ Deslizou os dedos por meu rosto e parou em meu ombro.

ㅡ Gosto mais de ser parecida com uma guerreira, princesas são muito delicadas, assim como você. ㅡ Olhei Mel, ela ficava tão linda de pijama e a imagem que eu via agora era maravilhosa, seus cabelos pretos caiam por sobre o ombro, desalinhados, com um leve volume, escondendo os seios. Peguei em suas coxas e levei as mãos até o seu quadril, apertando suavemente.

ㅡ Hummm ㅡ Mel jogou os cabelos para trás, me olhou dando uma mordida no lábio inferior. ㅡ Que tal me mostrar um pouco da força dessa guerreira ruiva?

ㅡ Quer mesmo ver? ㅡ Com um sorriso safado dela como resposta, levei minhas mãos por baixo da blusa dela e apertei sua cintura.

ㅡ Só isso? ㅡ Fez uma cara de decepção, me fazendo rir.

ㅡ Eu ainda nem comecei, donzela. ㅡ Falei deslizando os dedos pelas costas dela e levei as mãos até a bunda e após apertar, forcei ela a rebolar.

ㅡ E está esperando o que para começar? ㅡ Jogou novamente os cabelos para trás, numa provocação irresistível.

ㅡ Nada, rebola pra mim. ㅡ Ordenei e ela assim fez, rebolando sobre mim. Fiquei admirando aquele movimento perfeito, enquanto minhas mãos passeavam pelas pernas dela. Me sentei com ela em meu colo e sem pedir licença, arranquei a blusa dela.

ㅡ Nossa! ㅡ Mel mordeu os lábios e eu sorri, levando minhas mãos até o par de seios perfeitos, apertando-os, sem tirar meus olhos dos dela.

ㅡ Gosta assim? ㅡ Perguntei quando ela gemeu e deu algumas piscadas.

ㅡ Sabe fazer melhor? ㅡ Conseguiu me olhar firme, mesmo eu apertando seus mamilos, que eu sabia que eram muito sensíveis ao meu toque.

ㅡ Muito melhor. ㅡ sorri e me inclinei, dando um beijo seguido de um chupão em seu pescoço. Minhas mãos sem parar de massagear os seios, agora foram até o ombro dela, e a empurrei para trás, obrigando-a a se inclinar e apoiar as mãos na cama. Tendo livre acesso, passeei com minha língua até os seios dela, sentindo Mel estremecer cada vez mais. Segurei em suas costas e matei a minha fome, mamando, mordendo e beijando os deliciosos seios dela. Deixei algumas marcas sobre eles e a deitei na cama, pronta para iniciar um sexo oral, quando meu celular começou a tocar.

A princípio o som do toque da chamada estava muito longe, como se eu e Mel estivéssemos em outra dimensão, mas ele começou a ficar tão alto que olhei sobre o criado mudo. Pensei em não atender, mas e se fosse algo importante, e se fosse Bia com notícias ruins.

ㅡ Vou atender, Mel, só um segundo.

Ela concordou, mas fez um bico triste e prometi a mim mesma depois apertar as bochechas dela por isso. Peguei o celular e ao ver o número do advogado na tela, atendi logo, ele devia ter notícias do meu irmão.

ㅡ Rebeca? ㅡ Com a minha confirmação ele continuou ㅡ Infelizmente tenho notícias nada boas sobre seu irmão, saiu o julgamento dele hoje e ele foi condenado a vinte e cinco anos de prisão.

ㅡ Vinte e cinco anos? Meu Deus!!! ㅡ Fiquei em choque, o que Ricardo tinha feito com a vida dele?

ㅡ Ele era traficante, roubava e ainda trocou tiros com a polícia, e como a polícia conseguiu a gravação como prova dos atos dele, infelizmente não tinha muito o que fazer, ele estava muito encrencado.

ㅡ Então acabou, não dá pra fazer mais nada? Ele só tem 19 anos.

ㅡ Bom, como ele nunca se envolveu com a polícia antes e a vida dele no crime ainda era recente, vou entrar com um recurso para tentar reduzir a pena, mas vou ser sincero com você, pode ser que eu não consiga.

ㅡ Por favor, faça tudo o que estiver em seu alcance.

ㅡ Te manterei informada.

ㅡ Obrigada!

Fiquei parada com o celular nas mãos, Ricardo não merecia meus sentimentos, mas era inevitável não ficar triste, ele devia estar arrasado.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ Mel me abraçou de lado e olhei para ela.

ㅡ Saiu o julgamento do meu irmão hoje, ele pegou vinte e cinco anos anos de prisão, Mel...

ㅡ Puxa, amor, 25 anos é muito tempo.

ㅡ Tempo demais, ele vai passar toda a juventude dele atrás das grades. ㅡ Pensar nisso me dava vontade de chorar ㅡ Ele acabou com a vida dele.

ㅡ Oh, Beka, não fica assim, foi ele quem escolheu isso seguindo o mau caminho.

Era impossível não ficar triste, tudo o que eu queria era ter meu irmão bom e alegre de volta, como ele era na infância, mas eu nunca mais iria conseguir vê-lo assim. Agora preso ele só poderia ficar mais rebelde e sair do presídio ainda pior. Deitei a cabeça no ombro de Mel e fechei os olhos por alguns segundos.

ㅡ Quem sabe todo esse tempo que ele ficar lá não o faça perceber que seguir o caminho do mal é roubada. ㅡ Mel tentou me animar, mas eu não conseguia sorrir.

ㅡ Seria bom, mas conheço Ricardo, ele deve estar furioso e planejando ser pior ainda quando tiver oportunidade.

ㅡ Mesmo que ele queira isso agora, as pessoas mudam com o tempo, com ele não será diferente.

ㅡ Tomara, eu nunca quis que as coisas chegassem nesse ponto.

Mel me abraçou mais forte e beijou minha cabeça. Dei um leve sorriso e a abracei também, não dissemos mais nada, eu precisava ficar quieta por um tempo, apenas sentindo a paz, que o abraço de Mel me dava. Eu havia perdido completamente o clima, mas Mel era compreensiva e sabia respeitar meu tempo.

ㅡ Está com fome? ㅡ Ela perguntou, passando a mão em meus cabelos ㅡ Vou lá preparar um café especial pra você, tá?

Concordei com a cabeça e sorri. Vendo meu sorriso, ela sorriu também e foi até o guarda-roupa, pegou um moletom e o vestiu.

ㅡ Quando o café ficar pronto eu venho te chamar. ㅡ Falou vindo até a cama, me deu um beijo e sorriu ㅡ Te amo!

Sem esperar que eu dissesse que a amava também, saiu do quarto, me deixando com meus pensamentos. Mel tinha toda a razão, tudo o que estava acontecendo com Ricardo era escolha dele, mesmo que fosse triste, eu não podia fazer mais nada, ele ia perder uma parte da vida por escolha própria. Se meu pai estivesse vivo, ficaria muito triste com as escolhas de Ricardo.

Mesmo que eu tentasse me animar meu dia, não conseguia, o julgamento do meu irmão foi arrasador, como se uma tsunami tivesse deixado apenas destroços na minha vida, o que estava me salvando era Mel, com toda a sua doçura e alegria. Vimos um filme abraçadas do início ao fim, numa tentativa de esquecer os problemas e estava funcionando. Quando o filme acabou eu já estava me sentindo bem melhor. Durante o filme Bianca havia me ligado e me contou que Rafa tinha passado por uma cirurgia no braço e agora estava em observação. Seu quadro era estável, mas Bia tinha esperança que ela ficaria bem. Disse que me mandaria novas notícias mais tarde, quando fosse visitá-la.

Pelo menos uma notícia boa naquele dia. Mas quando achei que já estava bem, recebi uma visita inesperada. Nem acreditei quando abri a porta e vi Victoria, ela estava sozinha, Lisa ainda estava na creche. Fiquei parada, olhando para ela, não conseguia dizer nada e nem expressar nenhuma alegria em vê-la, pelo contrário, vê-la só me mostrava o quanto eu ainda sentia rancor por tudo o que ela havia feito.

ㅡ Teve notícia de Ricardo? ㅡ Perguntou ao perceber que eu não tinha nada para dizer.

ㅡ Sim, o advogado me ligou hoje, é uma pena.

ㅡ Estou inconformada, ainda deve haver alguma coisa a ser feita, ele não pode ficar preso todo esse tempo.

ㅡ O advogado disse que vai entrar com recurso para tentar diminuir a pena. ㅡ Parei de olhar para ela, aposto que se eu estivesse no lugar de Ricardo ela nem ligaria.

ㅡ Mas e se ele não conseguir?

ㅡ Foi Ricardo quem quis assim, se ele não fosse um viciado ganancioso as coisas estariam bem diferentes. ㅡ Encarei ela agora, a cara que ela fazia foi como se eu tivesse dado um soco nela. A verdade dói.

ㅡ Não diga isso, ele deve estar péssimo naquele lugar.

ㅡ Só disse a verdade, mas ele sempre vai ser o filho preferido pra você, eu entendo.

ㅡ Não é isso, você que é uma vergonha, sabe o que é ouvir todo mundo me apontando e dizendo que a minha filha é lésbica? É claro que não sabe, porque você não está na minha pele.

Perplexa, foi assim que ouvi ela dizer estas palavras, se para ela já era difícil, imagina estar no meu lugar, tentando ignorar todos que me julgavam e cochichavam quando eu andava de mãos dadas com Mel ou se eu desse um beijo nela em público, mas eu tentava ser forte. O pior não era o ser julgada por pessoas desconhecidas, e sim saber que a própria mãe tinha vergonha de mim, não ter o apoio dela era pior que levar uma facada no coração.

ㅡ Desculpa não ser como a senhora gostaria, mas pelo menos você não foi presa porque eu beijei uma menina em público. Ser presa por ter um filho viciado em drogas e ladrão é que deveria ser uma vergonha para você. ㅡ Eu sabia que tinha atingido o ponto mais fraco dela, pois a cara que ela fez não era das melhores, mas eu não estava com medo e não ia ficar quieta, ainda tinha muita coisa para dizer ㅡ Lembra quando você disse que preferia ter um filho drogado do que uma filha lésbica? Pois bem, a senhora está pagando por tudo o que disse. Eu nunca fiz nada para te envergonhar, sempre me esforcei ao máximo para dar tudo o que você queria, cuidava da casa, cuidei de Lisa esse tempo todo como se fosse minha própria filha sem nunca reclamar enquanto Ricardo fazia o que? Nada, ele entrou no mundo do crime, se tornou um viciado e a senhora nem percebeu, só passava a mão na cabeça dele. Ele e aquele seu namorado ridículo estavam assaltando casas e lojas juntos e olha onde tudo terminou, até você foi presa e quem foi a idiota que contratou um ótimo advogado para te tirar de lá? A filha lésbica, a vergonha da família que sempre acreditou que um dia nossa família ia estar unida, que achava que a mãe sentiria orgulho por ela sem quem é, independente de sua orientação sexual.

Meus olhos ardiam cada vez mais, mas me mantive forte, conseguindo segurar a vontade de chorar enquanto Victoria me ouvia calada, sem dizer uma só palavra. Não consegui definir se minhas palavras estavam surtindo efeito nela. Talvez tudo estava sendo em vão, mas pelo menos eu havia desabafado um pouco.

ㅡ Eu sinceramente não sei o que a senhora veio fazer aqui, mas se foi pra dizer que sente vergonha de mim, eu sinto muito, pois continuarei assim. Namorar a Melissa foi a melhor escolha que já fiz em minha vida e não é o seu preconceito que vai mudar isso. Sou lésbica sim e grito para todo mundo ouvir se for preciso, pois sou muito feliz, ser lésbica não muda em nada o meu carácter. Não perca mais o seu tempo vindo aqui, cuide de sua vida e de Lisa, que eu já sei cuidar da minha própria vida.

Sem conseguir mais olhar para minha mãe, dei as costas à ela e fechei a porta. Encostei na mesma e desabei a chorar. Perdi as forças e me sentei no chão, chorando copiosamente. Tudo o que eu não precisava hoje, era ver Victória, mas ela tinha que aparecer para piorar o meu dia.

Senti um abraço e um leve carinho em meus cabelos, era Mel me dando apoio e carinho, como sempre. Mel era maravilhosa, deixou que eu chorasse à vontade, sem dizer nada. Quando me senti melhor, olhei para ela.

ㅡ Falei umas verdades para minha mãe. ㅡ Ri em meio às lágrimas.

ㅡ Eu ouvi tudo, amor, você foi muito corajosa, eu estou tão orgulhosa de você. ㅡ Disse secando minhas lágrimas e terminou o que dizia com um beijo.

ㅡ Não sei se o que eu disse vai mudar alguma coisa nela, mas foi tão bom poder desabafar.

ㅡ Ela ficou tão chocada com suas palavras que nem conseguiu te falar nada. Mesmo que ela não mude, tenho certeza que doeu e ainda deve estar doendo.

ㅡ Eu só queria que ela soubesse que eu sou feliz contigo, que ela não precisa sentir vergonha. ㅡ Abracei Mel e ganhei um beijo no pescoço.

ㅡ Espero que ela tenha entendido e não venha mais te perturbar, você só merece companhia de pessoas boas.

ㅡ Assim como a sua companhia, amor. ㅡ Falei e a olhei um sorriso sincero. Cada dia eu me apaixonava mais pela morena linda que agora estava em meus braços. ㅡ te amo, maravilhosa!

 

POV BIANCA

Acordei num susto e olhei meu celular, já era meio dia e meia. Não preguei os olhos a noite toda e quando finalmente dormi, acordei muito tarde. Como será que estava Rafa? Eu não tinha nenhuma mensagem e nenhuma ligação perdida, será que isso era um bom sinal ou será que estavam me escondendo as notícias ruins. Devia ser a primeira opção, eu não tinha passado meu número para Maurício e muito menos para Tatiane.

Porque o acidente não foi um pesadelo, eu gostaria que fosse, era péssimo ficar preocupada. Se ao menos eu tivesse pego o número de Tatiane já teria ligado para ela, mas eu só tinha o número de Maurício e se ele não quisesse mais falar comigo, pois eu sabia que era ele quem ajudou Rafa a fazer a denúncia. Me levantei e procurei onde eu havia jogado a minha bolsa quando cheguei, a encontrei na escrivaninha. Fui até ela, e após pegá-la, a abri e peguei o cartão que Maurício me deu. Eu não tinha escolhas, ou eu ligava para ele ou não teria notícia de Rafa. Brigando comigo mesma, disquei o número que estava no cartão e após algumas chamadas, ele atendeu.

ㅡ Maurício, é a Bianca.

ㅡ Ah, oi Bianca, como está? ㅡ Ele disse empolgado e relaxei, ele não estava com receio de falar comigo, que bom.

ㅡ Eu estou bem, e a Rafa, tem notícias dela? ㅡ Não tinha porque eu enrolar, então fui direto ao ponto.

ㅡ Liguei no hospital hoje de manhã e ela continua na mesma, o quadro dela é estável e como o médico nos disse ontem, ela vai dormir hoje o dia todo.

ㅡ Mas você não foi até lá dar uma olhada nela só para confirmar?

ㅡ Mesmo que eu fosse, não poderia vê-la, o horário de visitas na UTI é só às sete da noite, as visitas nesse bloco são bem restritas.

ㅡ Hum, as sete da noite? Posso fazer uma visita?

ㅡ Mas é claro, a Rafa ficaria muito feliz se estivesse consciente.

ㅡ Então tá, obrigada!

“A Rafa ficaria muito feliz se estivesse consciente” o que será que ele quis dizer com isso?

Franzindo o cenho pensativa, joguei meu celular na cama e fui tomar um banho. Agora que eu estava mais tranquila, percebi que eu estava com fome, não tinha comido na noite anterior e mesmo se eu tentasse, não conseguiria. Sempre que eu ficava ansiosa, perdia a fome.

Após me vestir, fui para a cozinha e o aroma do almoço estava maravilhoso, me deixando com mais fome ainda. Me servi com tudo o que tinha e enquanto almoçava, Mary se sentou ao meu lado, perguntando se eu tava bem e como estava a Rafa. Era fofo a maneira como ela se preocupava comigo.

Quando terminei de comer, meu motorista trouxe a pintura que Rafa havia feito, dizendo que eu tinha esquecido no carro e eu devo ter ficado um pimentão de tão constrangida. Esperava que ele não tivesse notado que uma das garotas nuas na pintura era eu. Agradeci e voltei para meu quarto, fiquei observando o desenho, Rafa era mesmo muito habilidosa com aquela mão, todos os seus desenhos eram maravilhosos. Passei o dedo pelo rosto dela na pintura, desejando que ela se recuperasse logo. O rancor que eu sentia por ela agora que Tatiane havia dito que não era namorada dela, era tão irrelevante. Eu pensei a noite toda nas palavras dela, ela tinha garantido que não tinha nada, além de amizade, com a Rafa.

Coloquei o desenho com cuidado sobre a cama e peguei meu celular, lembrei que ainda não tinha respondido a mensagem de Beka, então achei melhor ligar para contar tudo o que eu sabia.

xxx

A tarde passou devagar, eu estava tão ansiosa para ir visitar Rafa, que acabei chegando cedo demais no hospital. Me deram o adesivo para colar na roupa, mas eu só poderia entrar no quarto na hora certa. Pensei em entrar no quarto antes da hora, mas depois achei melhor respeitar as regras do hospital. Fui para fora do hospital para esperar e me sentei num banco. Estava frio, mas o clima lá fora era menos denso que no ambiente hospitalar.

ㅡ Oi Bianca! ㅡ Maurício se sentou ao meu lado ㅡ Chegou cedo.

ㅡ Parece que não fui a única.

ㅡ Pois é, vamos ter que esperar mais um pouco para vermos a tampinha.

Sem ter muita intimidade com ele, não consegui continuar a conversa.

ㅡ Sobre ontem, eu queria te pedir desculpas, eu só fiz a denúncia porque a Rafa pediu...

ㅡ Não precisa se desculpar, já está tudo resolvido…

ㅡ Mesmo assim, perdoe a Rafa também, ela pediu para que eu não fizesse mais nada, mas já era tarde demais e a justiça federal já tinha recebido a denúncia. Perdão.

ㅡ Se eu não tivesse perdoado, nem aqui eu estaria e você ainda estaria encrencado com meu pai. Até hoje ele quer descobrir o que realmente aconteceu.

ㅡ Que bom que tudo se resolveu. Eu não imaginava que você era filha dele ontem, aí eu vi a sua casa e depois que você foi embora a Tati me contou que a rafa é apaixonada por você.

ㅡ Não havia necessidade disso. ㅡ Revirei os olhos, quando eu encontrasse a Tati eu ia dar um puxão naqueles dreadlocks.

ㅡ Eu tenho que admitir, a Rafa tem muito bom gosto e a entendo sobre ser apaixonada por você.

Era só o que me faltava, abaixei a cabeça e vi no relógio de pulso dele que faltava apenas cinco minutos para o horário de visitas, notei também que ele ainda estava sem o adesivo e encontrei a fuga perfeita para escapar da nossa conversa.

ㅡ Hey, está quase na hora e você ainda nem gerou o seu adesivo de visitante.

ㅡ Nossa, é mesmo! ㅡ Exclamou apressado após conferir seu relógio de pulso e correu para dentro do hospital.

Entrei no hospital e o esperei na porta do elevador. Após alguns minutos ele parou ao meu lado e apertou o botão para chamar o elevador. Três minutos depois, já estávamos em frente ao quarto em que Rafa se encontrava. Como era proibido duas pessoas no quarto de uma vez, Maurício foi primeiro. Hoje poderíamos ficar com a Rafa por dez minutos, não era muito, mas já era alguma coisa. A enfermeira me contou que se durante a noite Rafa continuasse reagindo bem ao tratamento, no dia seguinte ela iria deixar a UTI e poderia ter um acompanhante no novo quarto. Eu não sabia disfarçar a minha felicidade em poder ouvir isso, Rafa tinha que continuar sendo forte como sempre foi.

Eu já estava me acostumando com meu coração ficando acelerado toda a vez que eu a via, mas hoje até um frio na barriga me deu. Fui até a beira da cama e não consegui ver muita diferença, a não ser pelos hematomas pelo rosto e no braço que não estava enfaixado estarem numa tonalidade muito mais roxa e pelo líquido no soro estar numa quantidade maior hoje, mas Rafa permanecia imóvel, na mesma posição, sem ter se mexido um milímetro sequer. Não fosse pela boa notícia que a enfermeira me deu, eu estaria muito preocupada.

ㅡ Sabe o que eu fiquei sabendo? ㅡ Toquei na ponta dos cabelos dela que estavam sobre o ombro, tinha medo te tocar em seu rosto, ou em outra parte do seu corpo e machucá-la. ㅡ Que se você continuar assim, amanhã você vai para um quarto e não ficará sozinha o dia todo, então continue sendo essa garota forte que você é para sair logo daqui, quem sabe eu possa ficar contigo amanhã? Pensa bem, a proposta é interessante.

Terminei de falar e dei uma conferida no quarto para ver se eu estava sozinha mesmo. Rafa estava sedada, eu devia estar ficando louca se achava que ela iria mesmo me ouvir. Ri de mim mesma e prestei atenção nos batimentos cardíacos dela, parecia normal, dei uma olhada rápida no prontuário em frente a cama e não entendi nada, mas a enfermeira disse que ela estava bem, eu devia confiar.

Passei meu dedo com muito cuidado sobre o rosto dela, pensei em dizer que a tinha perdoado, mas fui informada que o tempo havia acabado então me inclinei para dar um beijo na testa.

ㅡ Continue assim para nos vermos amanhã, Rafinha, boa noite!

Deixei o quarto, mas dessa vez eu estava confiante, Rafa estava reagindo bem ao tratamento, ter uma notícia boa era animador. Apesar da minha ansiedade para o dia seguinte chegar logo ser imensa, eu me sentia em paz, tudo ia ficar bem.



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