História Something's Gotta Give - She's the life of the party

[P.O.V. Michael]

-Ashton, eu não quero saber em que merda de fase você está, estamos passando aí em CINCO MINUTOS -Luke gritou pelo telefone, depois de ouvir todas as desculpas existentes que o Ash inventou para não ir à festa.

Fui até a cozinha do Hemmings, onde Calum abria todas as portas dos armários procurando algo para comer, até abrir um pacote de salgadinho. Sentei em cima da pia junto com ele enquanto comíamos e tomávamos refrigerante.

-Será que a America daria bola para mim? Sabe, quando ela já estiver bêbada e tal -ele comentou e eu ri, achando que era uma piada. Então ele ficou sério novamente e eu parei de rir.

-Você está a fim da menina que conhece faz dois dias, Cal?

-Não é a fim, cara. Ela só é muito gata. E como eu sei que com a Allyson eu não tenho chance nenhuma, achei que a amiga dela me daria bola.

-Por que acha que não teria chance com a Ally? -perguntei e ele riu -Qual é, Calum? Não entendi a piada.

-Tu chamou ela de Ally, percebeu? Vocês já tem alguma coisa -foi a minha vez de rir novamente. Ele estava ficando louco. Será que era o salgadinho? -Vai falar que ela é feia e você não pegaria?

-Ela é bonita sim, mas somos só uma dupla de química, não sei se ficaria com ela. Quer dizer, ela tem toda essa coisa do passado dela, não quero nenhum problema.

-É só beijar, imbecil -ele me deu um tapa na cabeça -Beijar não vai te envolver em nada.

Antes que eu pudesse argumentar e falar que só não estava a fim de ficar com ela, Luke desceu com as chaves do carro e nos dirigimos para a casa do Ashton. Meio contra vontade, ele entrou no carro e somos, finalmente, para a famosa festa.

Fiquei o caminho pensando sobre a conversa com Calum. A verdade era que eu tinha medo de ficar com ela e descobrir que, na verdade, ela é uma pessoa incrível e aí ser só aquela vez e eu ficar pensando em tudo. Isso soa muito gay, juro que nunca mais vou repitir esse pensamento na vida.

Paramos um pouco longe, já que a rua estava lotada. A casa de Brian ficava numa esquina e dava para ouvir a música pelos quarteirões. Fomos caminhando até lá e, assim que entramos, arragalei meus olhos. Pessoas dançavam com copos na mão, algumas já estavam tropeçando pelos cantos e na escada, perto da sala, estava uma faixa com uma contagem regressiva para o final das aulas. Realmente parecia que aquela festa prometia.

-Vamos, eu preciso beber -Ashton me puxou no meio da multidão. Fomos até a cozinha onde tinha um bar improvisado.

Peguei um copo, a garrafa de vodka e um pouco de limão. Modéstia parte, eu fazia uma capirinha deliciosa, tinha aprendido num canal de um brasileiro no Youtube. Ashton só misturou um monte de bebidas e saiu de lá. Avistei Calum e estava indo em sua direção, quando senti alguém me abraçar por trás e beijar minha bochecha. Não que eu ficasse prestando atenção na testura da boca, mas eu sabia que era Ally.

-Eu sabia que você não resistiria -ela disse sorrindo

-Oi, Ally -sorri de volta -A festa parece estar realmente muito boa -bebi um gole da minha bebida enquanto ela me encarava, sorrindo -Quão bêbada você já está? -perguntei rindo.

-Nem um pouco -ela disse mostrando a garrafa de cerveja -É só a segunda

-Então eu já sei -disse puxando ela para a cozinha novamente. -Posso te apresentar a melhor capirinha do universo?

-Olha senhoras e senhores, ele sabe fazer outra coisa sem ser pintar o cabelo -ela sorriu -Espero que seja boa mesmo.

Comecei a pegar as coisas e perguntei como ela sabia que eu pintava o cabelo. Eu nunca tinha comentado isso.

-Seu cabelo parece cabo de vassoura, Mike -ela disse dando um último gole na cerveja e jogando no lixo -Eu já pintei bastante, sei reconhecer um cabelo com química de longe -Eu assenti e entreguei o copo para ela.

-E aí, passei no teste? -ela fechou os olhos por um instante

-Michael Clifford, eu poderia te dar um beijo agora! -respondeu animada -Isso está incrível.

-Eu sei, sou muito bom no que faço -ela revirou os olhos e disse que ia achar America.

Comecei a andar pela casa procurando meus amigos, mas ela era muito grande. Acabei minha bebida no meio do caminho e passei para pegar outra. Foi quando percebi que tinha uma porta que dava para o lado de fora. Fiquei tanto tempo prestando atenção na Ally que mal percebi que a piscina estava lotada.

Luke e Ashton estavam conversando com três garotas e Calum estava sentado com uma cerveja na mão, não muito longe dali. Sentei do seu lado e tentei perceber para onde ele olhava.

-Qual o problema? -perguntei

-Eu já vi ela beijar, no mínimo, uns dois caras -ele disse emburrado -Não tenho chance, Mike

-Você está na porra de uma festa, Calum -eu gritei e puxei ele para que ficasse de pé - Vamos ali com Luke e Ashton

Meus amigos apresentaram as garotas, mas esqueci o nome completamente. Eu ria de tudo o que eles falavam e comecei a perceber que talvez a bebida estivesse começando a fazer efeito. Quando dei por mim, já estávamos os quatro (e mais as três garotas) dançando. Começou a tocar Wild Thoughts do Dj Khaled com a Rihanna e nós pulávamos como se estivéssemos realmente fazendo algo útil.

De longe, vi que Ally chegava até a pista seguida de America. As duas começaram a dançar e a balançar o corpo de um lado para o outro. No estágio que eu estava, com o terceiro copo de caipinha, eu nem me importava de estar encarando Ally. E ela percebeu, porque ria toda vez que nossos corpos se encontravam. Fui chegando mais perto dela, tentando seguir o ritmo da dança.

-Até que você dança bem, Clifford -ela disse no meu ouvido.

-Sou melhor cantando do que tocando -respondi rindo

Ela sorriu e voltou a dançar. Seu cabelo ruivo ia de um lado para o outro, exceto a parte que grudava na testa junto com alguns pingos de suor. Ela fechava seus olhos, levantava o copo de cerveja, e balançava o quadril. Eu estava olhando para sua bunda e, meu Deus, que bunda! Eu estava bêbado, mas sabia apreciar uma bunda. Olhei em volta procurando alguma menina que tivesse uma bunda melhor que a dela. Mesmo torcendo para que eu encontrasse, não foi possível.

Ela começou a dançar mais próxima de mim e coloquei minha mão na sua cintura, conduzindo seus movimentos. Ela subiu o olhar para meu rosto e olhou em meus olhos por um instante. Desci o olhar até sua boca, ainda com uns resquícios de um batom escuro e percebi que ela olhava para minha também. Eu conseguia sentir sua respiração e o cheiro de cerveja da sua boca. De repente, num movimento súbito, ela saiu andando e pegou o microfone, meio sem jeito.

-Eu conheço o rosto de todos os novatos do terceiro -ela disse e deu um último gole na cerveja -E como é tradição, nós vamos fazer uma pequena brincadeira. Aquelas duas meninas ali -apontou para duas loiras no canto na porta -, Michael, Calum, Ashton e... Luke? É, isso, Luke -ela disse, franzindo a testa- Me acompanhem até a cozinha.

Ela saiu de perto do som e passou pela multidão, fazendo sinal para que a seguíssemos. Olhei para meus amigos e eles só ergueram os ombros, indicando que também não tinham ideia do que estava acontecendo. Ela nos colocou do lado de trás do balcão e pediu um dólar para todo mundo. Com a mão cheia de dinheiro, ela pegou seis copinhos e colocou na nossa frente.

-A brincadeira é a seguinte: cada dose, dois dólares -ela apontou para o copo -Vence quem tiver mais dinheiro.

America apareceu com uma garrafa preta, sem rótulo. Merda, o que tinha ali dentro? Antes que eu pudesse protestar, Luke, que estava do meu lado, no começo da "fila", virou o copo, fazendo careta logo em seguinta.

-Isso tem gosto de álcool etítilo -ele resmungou enquando guardava seus dois dólares no bolso.

Eu era o próximo. Já tinha bebido uma caipinha tão forte que a dose tinha passado normal pela garganta, mas quando o gosto atingiu minha boca, fiz careta.

-Isso é ruim para caralho -reclamei. Era mesmo horrível, não dava nem para comparar. Peguei meu dinheiro e o amassei no bolso.

Calum era o próximo. Ele estava rindo da nossa cara até agora e eu sabia que ele ia pagar por isso quando colocasse aquele líquido dos infernos na boca. E foi o que aconteceu. Ele começou a tossir e xingar Deus e o mundo, socando o dinheiro no bolso de trás do jeans.

Ashton até que foi bem, não fez nenhum escândalo. As duas garotas garotas gritaram até a morte, dando pulinhos histéricos. Eu não consigo explicar o quanto tenho raiva de garotas com frescura iguais a elas.

Na segunda rodada tudo ainda estava bem. Na terceira, quase que Calum não engoliu, mas com um pouco de força ele bebeu, pegando o dinheiro e dizendo que estava fora.

-Só mais um, Calum -eu disse, com certa dificuldade, pegando seu braço para que ficasse do meu lado. Ele aceitou

Na vez das meninas, uma delas saiu correndo até o banheiro para vomitar e a amiga foi junto. Duas já eram. Luke virou o copo como se fosse água e eu nem sabia mais o que estava acontecendo. Calum pegou os últimos dois dólares que tinha ganhado e saiu. Ashton também estava de boa.

-Vamos lá, gente, eu posso ficar a noite toda aqui -Luke se gabou, tomando mais um gole

-Eu não -respondi enquanto via meu copo ficar cheio novamente. Mas eu não iria desistir, não até eles saírem.

Na sétima rodada, já com doze dólares, eu fui fazer a merda de olhar para Calum enquanto bebia. Ele estava fazendo uma dança muito idiota com a planta e de repente parava e olhava, como se percebesse que tinha algo muito estranho naquilo. Não lembro muito como foi, só sei que fiquei com muita vontade de rir e, quando dei conta, tinha cuspido todo o líquido.

-Sinto muito, Mike, mas você está fora -Ally disse, me tirando da bancada. Fiz bico com a boca e ela riu, me abraçando. -Fica aqui comigo enquanto Ash e Luke não acabam

Eu apenas assenti e tentei me manter em pé. Perto dela, eu estava extremamente ruim. Já não conseguia diferenciar as coisas, muito menos saber o que girava de verdade e o que era da minha cabeça. Ela tinha cheiro de morango, eu nunca tinha sentido nenhum perfume igual aquele. Seu cabelo ruivo estava, agora, desgrudado da sua testa e eu conseguia ver todo o caminho que a franja dela fazia pelo seu rosto.

Ela ria de vez em quando e eu estava adorando a ideia de poder ver suas bochechas e sua boca se moverem de tão perto. Podia ver algumas sardas, levemente escondidas entre sua base e seu cílios exaltados pela pequena quantidade de rímel que havia neles. Ela não precisava carregar a maquiagem, era linda naturalmente. Sua boca, sempre levemente rosada, estava coberta por uma camada agora quase invisível de batom roxo. Incrível como todas as cores combinam com ela.

Quando me dei conta, Luke havia ganhado a brincadeira, saindo com vinte e seis dólares. Ally me deu um beijo na bochecha, como de costume e desapareceu pela festa. Se eu estivesse bem, provavelmente teria a seguido, mas a única coisa que eu consegui fazer foi fechar os olhos respirar mais uma vez, tentando lembrar do seu perfume.

-Vamos, quero me mexer -Ashton agarrou meus braços, me levando até a pista de dança.

-Você está bêbado, Irwin -eu reclamei ao sentir o cheiro de álcool que ele exalava. Eu era eu? Já estava difícil de diferenciar.

Eram apenas onze horas, a festa tinha acabado de começar.