Justin Bieber
Terça-feira
4:38PM
Penitenciária feminina Estadual de Nova Iorque.
- Só mantenha a calma, Justin. - Susane disse ao meu lado enquanto aguardava-mos o diretor da penitenciária em sua sala. - Estela me disse que você não queria vim...
- Tinha mais coisas para fazer, do que vim fazer uma visita a Pattie.
- Sua mãe pode ter errado. Mas, acredite em mim, ficar aqui dentro é sem sombra de dúvida horrível. Vai ser bom pra ela te encontrar aqui.
- Acho que você percebeu que não estou nem um pouco empolgado com isso. - Olhei pra ela.
- Por que você age assim ? - Susane se virou pra mim. - Você a culpa por tudo isso ?
- Não pense que ela não é a razão de tudo isso estar acontecendo. Nossas vidas viraram um inferno depois que...que ela começou a mexer com drogas.
- E isso tem quanto tempo ?
- Uns quatro anos... Por aí.
- E seu pai ? Não quis ajudar vocês ?
- Pai ? - Ri irônico. - Eu não tenho pai.
- Você nenhuma vez pensou em ajudar sua mãe. Por exemplo, conseguir alguma vaga em uma casa de reabilitação ?
- No começo sim, mas agora não ligo muito pra ela. A vida é dela mesmo, ela sabe o que faz. Além do mais, ela me parece bem determinada com sua escolha.
- Já parou pra pensar na possibilidade dela não conseguir pedir ajuda, por medo do que você vá achar ?
Medo ? Aquela lá não tem medo algum. E aquilo estava parecendo que era uma consulta com o psicólogo e não uma espera.
- Não.
- O seu jeito de ser bruto, talvez venha está impedindo dela se aproximar de você. O único refúgio dela é as drogas. Por isso ela é assim.
- Cadê esse diretor que não chega ? - Mudei de assunto.
Não era por que ela é a mãe da Estela que eu tenho que falar desse assunto com ela. Nem eu mesmo chego a pensar nisso, quem dirá conversar sobre isso.
Quando a Estela apareceu lá em casa na noite de segunda-feira comentando sobre vim com sua mãe até a penitenciária, não achei que seria tão estranho assim.
Posso já ter pensado em todas as possibilidades de ver a Pattie aqui, mas não imaginei que realmente iria acontecer. Eu não sabia quais seriam as consequências disso tudo. A chance de tirarem o Jaxon de mim, nunca tinha passado pela a minha cabeça.
Susane percebendo o meu desconforto com esse assunto desnecessário, concordou comigo sobre a demora do diretor do lugar. Mas confesso, que mesmo as vezes ter ficado uns dois dias sem ver a Pattie, nada se compara ao meu nervosismo de vê-la novamente depois daquele dia na delegacia.
- Desculpe pela demora. Houve uma briga entre duas detentas, por conta de um pudim. - Revirou os olhos. - Sou o Jake, o diretor da penitenciária.
- Sou a Susana, advogada detenta Patrícia Mallette. - Cumprimentaram com um aperto de mãos. Aliás, bem firme.
- E você garoto ?
- Sou o Justin, filho da detenta. - houve também um aperto de mãos.
- Por favor, sentem- se novamente.
- Obrigada. - A pasta da Susane foi aberta, a mesma tirou alguns documentos e colocou sobre a mesa. - O caso da detenta Patrícia está em processo aberto por venda e local de drogas...
Enquanto Susane dizia tudo que tinha que dizer. Pude perceber que o próprio Jack não me parecia muito contente pelo o fato de ser a primeira prisão da minha mãe, e que a probabilidade dela sair e aguardar em liberdade era grandes.
Poderia dizer que não nos batemos bem um com o outro. Sua cabeça sem cabelo, e sua barba mal feita não o deixava apresentável a ninguém.
- Poderia ter alguns minutos com a detenta ? - Susane pediu com sua pasta fechada.
- Antony, acompanhe a detenta Patrícia até a sala de visitas. - Pediu ao policial que estava em pé feito uma estátua. - Por favor, me acompanhem.
Nós nos levantamos e fomos seguindo o diretor até a sala que era enorme com várias mesas e cadeiras. Havia algumas pessoas reencontrando seus familiares, seja lá o que fossem. Com as minhas mãos no bolso da minha calça, fiquei ao lado de Susane.
- Darei uma hora para vocês conversarem. - Disse. - Aguardarei a ordem do juiz, senhorita Wilson.
- Essa semana ainda entrarei em contato. Obrigada! - Susane disse seria após perceber o olhar malicioso do diretor.
Não me atrevi dizer alguma coisa, apenas me sentei e com as duas mãos sobre a mesa comecei a batucar os dedos. Talvez um pouco nervoso. Eu não sei bem o que é.
- Justin ? - A voz da minha mãe soou atrás de mim. Devagar me virei e a encontrei com a sua pele mais branca do que o normal. Seus cabelos estavam em um coque e estava vestida... Vestida com um conjunto de calça alaranjada, e uma camisa branca.
O típico uniforme de detentas.
- Patrícia ? - Minha mãe assentiu. - Me chamo Susane, sou a sua advogada. - Elas deram um aperto de mãos antes de se sentarem. Susane ao meu lado, e Pattie a nossa frente.
- Advogada ? - Ela me olhou. - Onde conseguiu dinheiro para...
- Não se preocupe com isso. - Susane disse. - Minha filha e Justin, são amigos. Não irei cobrar nada.
Pattie me olhou confusa. Até porque ela sabia muito bem que não tenho amigas, e sim, amigos. Ela não sabia sobre a Estela.
- Bom, o seu caso não chega a ser muito complicado. - Eu estava com meus olhos na feição da Pattie.
Fazia tempo que eu não a via assim. Limpa, e ao mesmo tempo sã e consciente das coisas.
- O fato de você ter sido pega com drogas em casa poderia ser bem mais pior se caso você já tivesse sido condenada alguma vez. A lei é rigorosa, e ao mesmo tempo pode ser justa ou injusta.
- Me falaram isso na delegacia.
- Irei falar com o juiz responsável pelo seu caso e pedirei um habeas corpus, para que você possa ser julgada em liberdade.
- Irá demorar muito ? - Pattie perguntou olhando para os dois lados.
- Vai depender do juiz. Mas por que a pergunta ?
- Não é nada... Muito obrigada, Susane por ter aceito o meu caso.
- Não precisa agradecer. - Susane sorriu. - Vou deixar vocês dois a sós. Justin, irei te esperar no carro.
- Mais uma vez, obrigada.
Quando Susane saiu nos deixando sozinhos naquela mesa. O que eu mais queria era sair dali. Nós não tínhamos isso a muito tempo, não tínhamos uma conversa a muito tempo. Eu nem se quer conseguia encara-la sem lembrar das merdas que ela já fez durante esses anos.
Confesso; eu sinto mágoa dela, por tudo que ela já fez comigo e com o Jaxon.
- Pelo amor de Deus, me fala como está o Jaxon. Depois que você saiu daquela delegacia, eu não consegui dormir uma noite toda, sem acordar preocupada.
- Está bem.
- E onde ele estava ? Ele estava machucado ? Ele...
Eu a interrompi.
- Estela o encontrou algumas quadras de casa. - Falei. - Com três moradores de rua. Parece que eles sabem cuidar de um bebê, melhor do que você.
- Como está as coisas em casa ? - Ela ignorou o que tinha dito.
- Indo.
- Justin. - Eu a encarei por alguns segundos. - Isso tudo... Isso tudo que esta acontecendo é tudo culpa minha, eu sei disso. Mas, você não deve e nem tem o direito de me ajudar. Eu sei que você não gosta de mim, não do mesmo jeito de antigamente.
- Acredite, só estou fazendo isso pelo o Jaxon. - Sua testa ficou franzida. - Eles podem tirar do Jaxon de mim, caso você seja condenada.
- COMO ASSIM ? - Sua voz saiu alterada, fazendo uma guarda se aproximar já com o porete nas mãos. - Você pode cuidar dele, eu sei disso.
- A justiça não vê isso. Por isso que eu aceitei a ajuda da Susane. Não posso deixar que eles levem o Jaxon para longe de mim.
- E onde ele está agora ? - Perguntou com seus olhos marejados.
- Com a Caitlin...
- Posso te pedir uma coisa ? - Assenti já de pé. - Se caso eu ainda fique aqui até semana que vem, traga o Jaxon para que eu possa vê-lo?
- Tentarei vim. - Me virei prestes a sair dali. - Sabe o que a Estela me disse uns dias atrás ? - Não esperei por sua resposta, mesmo de costas para ela, eu sabia que aguardava para que eu continuasse. - Que mesmo em tempestades, esse Deus que não sei se acredito ou não, não nos abandona
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