Estela Wilson
Quarta-feira
20:28 PM
Enquanto deixava a água quente passar pelo meu corpo até chegar ao chão, pude ouvir meu celular começar a tocar. Ao mesmo tempo que queria saber quem era, meu corpo implorava por mais alguns míseros minutos dentro do banheiro.
O dia foi bastante corrido. Comecei com a faculdade, depois tive que fazer um trabalho com o resto do grupo em uma das bibliotecas da cidade, em seguida tive que ir para o serviço, e depois disso passei na igreja por alguns minutos e vim para a casa.
Nem se quer tempo para conversar com o Justin eu tive.
O toque do celular começou a tocar novamente me fazendo bufar o mais alto e fundo possível. Enrolei uma toalha no meu corpo e outra no cabelo e fui em direção a escrivania pegando meu celular, e digo uma coisa. Eu sorri quando vi seu nome em minha tela.
- Justin ? - Perguntei me sentando na ponta da cama.
- Demorou pra atender. - Ouvi uma gargalhada, mas não era do Jaxon era de uma mulher. - Estela ?
- Oi. E-eu estava no banho. O que queria ? - Perguntei indo pegar a minha roupa.
- Achei estranho, você não me ligou hoje, e nem se quer foi lá em casa.
Era isso mesmo ? Ele sentiu a minha falta ? Ele notou isso ? Meu coração acelerou de um modo totalmente descompensado. O que é isso ?
- Sentiu minha falta ? - Perguntei zoando ele. Talvez pra não ficar estranho o " clima ".
- Jaxon sentiu sua falta.
Claro que ele colocaria a culpa no irmão que nem se quer entende o que é sentir falta de algo.
- Jaxon ? - ri. - Aham!
- Não adianta rir, Estela. - Ele agora parecia sério. - Alguma novidade sobre o caso da minha mãe ?
- Nada ainda. - A voz da tal mulher soou mais perto.
- Para Caitlin, eu não quero baba no meu rosto. - Justin disse a ela, enquanto eu so ouvia calada. - Caralho, Chris da um jeito na sua irmã.
- Onde você está ?
- Na casa de um amigo. - Riu, mas não foi pra mim. Tenho certeza disso.
- Ah sim. - coloquei o celular no viva voz e fui me trocar.
- O que fez hoje ? Tipo, algo de bom ?
Ele nunca tinha me perguntado isso antes.
- De bom? Absolutamente nada. E você ?
- Também fiz nada. O que vai fazer amanhã ?
- Não sei ainda, por que ? Vai fugir de casa na hora que eu sair do serviço pra não me ver ?
- Contrário disso. Queria saber pra não sair de casa. Jaxon passa mais tempo te chamando, do que falando mama.
A risada da tal Caitlin tinha cessado por alguns minutos dando o lugar a vozes de menino.
- Estranho. - Falei.
- O que é estranho ?
- Você parece que tá querendo me ver. - Afirmei querendo implicar com ele. - Ou é impressão minha ?
- Com certeza é impressão sua, Estela.
- Percebi.
O silêncio entre nós dois apareceu quando ele começou a falar com seus amigos do outro lado da linha. Pensei em desligar a chamada. Até porque não fazia sentido para mim, ficar ali ouvindo tudo.
- Ei crentinha. - Um dos garotos me chamou por esse apelido desnecessário. - Tem como você desgrudar do pé do Justin ? Resolveu fazer dele seu testemunho ? - Sua voz saiu seria entre as risadas no fundo. - Ryan me dá meu celular. - Justin pediu. - Você está acabando com nosso amigo com essas pregações sua, o garoto nem se quer tem tempo de se divertir, cai fora menina... - Ouvi o celular caindo no chão em seguida o Justin chingando seu amigo. - Estela, está aí ainda ?
- O que você anda dizendo para seus amigos ? - Perguntei. - Eu ando te atrapalhando ? Foi isso que eu entendi ?
- Estela não é isso. Esses garotos são uns idiotas, não liga para o que eles falam. - Pediu. - Larga de mentira Justin, você mesmo disse que não aguenta mais ela no seu pé. - O mesmo garoto, o Ryan disse.
- Acho melhor desligar, não quero te atrapalhar mais do que já atrapalho.
- Estela! - Foi a única coisa que ele disse antes que eu apertasse o botão de finalizar a chamada.
Eu não queria hipótese alguma me sentir se quer afetada com o que tinha ouvido. Mas, sou humana, sinto o que todos sentem. Não consigo não me deixar afetar pelas as coisas do dia-a-dia.
Com a cabeça agora pensando no que acabará de acontecer, resolvi descer até a cozinha para comer alguma coisa. Não estava com muita fome, mas também dormir com estômago vazio não iria me ajudar em nada amanhã.
Minha mãe não estava em casa. A reunião com os casais de corte acontecia hoje, ela e muito menos o Rick iriam perder esse momento. Eu havia implorado para irem junto só pra poder comer algumas guloseimas que teria, mas não é não. Mães!
" Larga de mentira Justin, você mesmo disse que não aguenta mais ela no seu pé. "
Como eu não pensei na hipótese dele estar mesmo não me aguentando mais ? Não, espera! Se ele não tivesse me aguentando não teria me ligado pra saber o motivo de não ter ido na casa dele hoje. Que coisas mais confusas.
Justin anda se esforçando muito, eu vejo isso no seu modo de agir comigo e até mesmo com o seu irmão. Não posso dizer que foi Á transformação, mas houve sim uma mudança, pequena mas houve. E se isso aconteceu, foi por que Deus agiu. E não foi eu a responsável. Deus e eu somos uma dupla, aliás, a dupla infalível.
Eu preciso ignorar todos os tipos de comentários que venha me desanimar, como o do Ryan. E se eu o incômodo, qual o problema ? E se ele for meu testemunho ? Qual é o problema ? Nenhum!
Tenho que ver que será esse e outros obstáculos que o inimigo irá colocar no meu caminho para que eu desista de ajudar o Justin. Que eu desista dos planos de Deus. Oras, quem é ele para fazer algo na minha vida ? Satanás não tem nenhum poder sobre mim, e muito menos nas minhas escolhas e ações. Ele simplesmente não é nada, e se mantém abaixo dos meus pés.
Eu aceitei esse caminhada com Deus, e tenho que crer que nada, absolutamente nada irá nos atrapalhar.
Quando terminei de bater a vitamina de morango com banana, subi para o meu quarto já disposta para dormir mais de oito horas. Acredite, isso é quase que impossível para mim, dormir isso tudo.
O copo eu havia largado no criado mudo. Meus pés estavam coberto pelo enorme cobertor, sem contar que a luz já estava desligada quando a campainha soou.
Não acredito que minha mãe deixou que eu conseguisse arrumar a melhor posição para tocar a campainha. No segundo toque me levantei indo para fora do quarto.
- A senhora não levou... - Parei de falar quando encontrei o Justin parado na minha frente. - Justin ?
- Posso entrar ? Tá meio frio aqui fora. - Assenti assim que notei que ele vestia uma regata branca.
- Aconteceu alguma coisa com o Jaxon ? - Perguntei atrás dele.
- Ele está bem. - Ele sorriu de canto quando me olhou. - Você já estava deitada ?
- Estava. - Notei que ele me olhava dos pés à cabeça. - Por que veio aqui a essa hora ?
- Nem está tão tarde assim. Deve ser umas dez da noite agora. - Disse. - Você desligou na minha cara, por que ?
- Porque!
- Você não deveria fazer isso. Ninguém desliga na minha cara.
- Você não me bota medo. - Ri passando por ele me sentando no sofá. Não demorou, e ele riu junto.
- Desculpe pelo o que o Ryan disse. Eu falei sim aquilo pra ele, mas foi bem antes de te conhecer de verdade. Você realmente vivia no meu pé, era muito chato. - Seus olhos não estavam em mim. - Quero dizer, ainda é chato. Mas, não como antes.
- Você é o único que diz isso.
- Talvez por que as outras pessoas tenham medo.
- Acho que não... Mas por que não me conta como foi lá com sua mãe ? Não nos vimos a dois dias.
- Não aconteceu nada de mais.
- Certeza ? - O encarei como se olhasse no fundo da sua alma. - Justin ?
- Por que tá me olhando assim? - Franziu a testa.
- Nada. Vai, me fala o que aconteceu lá. - Eu fui até para o sofá onde ele estava me sentando ao seu lado.
Ele parecia pensar, tipo, muito mesmo. Até por que ele abria e fechava a boca várias vezes.
- Eu fiquei um pouco nervoso quando eu me toquei que a viria. - Sua voz saiu baixa. - Eu até já imaginei ela sendo presa, mas nunca pensei que aconteceria.
- E como ela estava ?
- Bem, aparentemente.
- Vocês conversaram sobre alguma coisa ?
- Nada de mais, somente sobre o Jaxon. Ela queria saber como ele estava.
- Só isso ?
- Ela...Ela disse que eu não tinha e nem deveria ajuda-la. Sabe, pelas as coisas que ela fez. Pelo menos ela sabe que é a culpada disso tudo.
- Você senti mágoa da sua mãe ? - Perguntei curiosa.
- Por que a pergunta ? - Ele que estava com as duas mãos apoiadas no joelho, virou o rosto para mim me olhando com a testa levantada.
- Não sei... Você sempre a culpa, tudo que aconteceu na sua vida. Tenho certeza que antes disso tudo acontecer, vocês dois eram bastante grudado um no outro. - Ele assentiu. - E isso tudo, esse amor todo, acabou ?
- Sim.
- Certeza ?
- Não. - Respondeu rápido. - Isso por acaso é uma sessão de terapia ?
- Acho que não. - Ri.
- Mas ta parecendo.
- Você que está achando isso. Eu sou quero saber mais sobre o que você sente e pensa a respeito da sua mãe. Sou sua amiga, não sou ? - Apoiei minha mão encima da sua.
- Uma conhecida já está bom pra você ?
- Depende, seria uma conhecida amiga ?
- Pode ser.
- Posso te perguntar uma coisa ?
- Já tá perguntando, Estela.
- Você sente falta da sua mãe ? Quero dizer, do que ela era antes...
- Sinto... Muito.
- E ela sabe ?
- Você acha que nós dois conversamos sobre sentimentos ? Me poupe, Estela. - Agora suas mãos estavam na nuca. Ele parecia tenso.
- Foi só uma pergunta.
- Agora eu posso fazer um pedido para você ? - Assenti.
Mais uma vez ele demorou para falar. Estranhei quando ele se levantou e ficou na minha frente me olhando. Oh céus, o que ele queria ?
- Pode parecer estranho...Mas, você pode cantar pra mim aquela música da última vez que fui na igreja com você ? Ela de algum modo me acalma...bom, não que eu esteja bravo, mas sei lá... Me sinto bem. - Pediu e explicou completamente nervoso.
- Trouxesse -me ao fim de mim mesmo, e quanto tempo isso levou. Quando meu ALELUIA cessou, nova canção me deste, e para ti eu vou. - Eu estava em pé na frente dele. - Para eu vou, para ti, eu vou. Me rendo a ti.
Devagar, Justin deixou que eu o abraçasse. Minha voz não era a melhor, mas com o silêncio da casa, acabou melhorando um pouco a situação.
- Confesso seguro estou, mas teu amor me envolve, e as mentiras que ouvi se esvai-em. Quando eu me entregou a ti. E para ti eu vou.... E para ti eu vou. Me rendo a ti... Me lembras-te de tuas promessas, me moldas, te até meu ser desfeito ser, teu amor me envolve, não a medo em teu amor, capturou- me....
Quando terminei de cantar a música, pensei que ele me soltaria mas ele fez ao contrário, ele simplesmente me apertou mais entre seus braços não querendo que eu me afastasse.
- Não a medo no amor de Deus... O amor de Deus diz quem somos, não a barreiras. Amor invencível, furioso, incontrolável é o amor dEle por nós. - Falei sussurrando. - E quando nós nos juntamos, não a nada que possa nos separar.
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