Lauren:
[Nova Iorque. 6:30]
1 ano depois ...
-Amor ... Acorda. -Sinto o colchão se afundar. Me viro enterrando a cabeça no travesseiro por conta da claridade. -Amor, se você não se levantar agora, vamos nos atrasar.
-Já falei que não gosto quando me chama assim. -Falei tentando abrir meus olhos.
-Então tá ... Ô sua gorda, dá pra levantar essa bunda branca, da porra dessa cama? Se não vamos nos atrasar pra merda da faculdade! -Diz irritada.
-Obrigada. -Me sento na cama, e alongo minhas costas. -Bom dia, Vero. -Falei por fim.
-Bom dia é o caralho. Eu to tentando ser toda carinhosa com você, mas você só sabe reclamar, vou voltar a te tratar como antes.
-Eu agradeceria. -Falei me levantando e seguindo para meu banheiro, onde rapidamente fiz minha higiene matinal.
-Por que não gosta que eu te chame de amor? -Perguntou. Bufo enquanto olho as notificações em meu celular. -Te lembra a ...
-É Vero, eu lembro da Camila ... Vamos logo, estou com fome. -Ela nada fala, e logo já estamos seguindo para a enorme cozinha do nosso apartamento.
Bom... Um ano se passou, muita coisa mudou.
Desde daquele dia do aeroporto, falei pouco com Camila, apenas o necessário e nada demais, tivemos duas conversas que me perseguem até hoje. Uma, quando eu havia acabado de chegar aos prantos aqui, que foi quando ela me explicou o porquê daquilo, e me pediu perdão de todas as maneiras que encontrou.
Não que eu sinta raiva dela, pois, eu não poderia obriga-lá a vir pra cá. Eu só queria que ela tivesse conversado comigo sobre isso, antes.
A segunda conversa importante, foi a uns cinco meses atrás, no nosso aniversário de namoro de um ano. Eu estava mal, ela estava mal, conversamos bastante, e resolvemos terminar.
Era melhor assim, tinhamos total noção que nosso relacionamento a distancia não estava funcionando.
Não sinto nenhum remórcio dela, eu apenas sinto saudades. Saudades dos seus traços latinos, saudades do seu sorriso, saudades da sua voz rouca pela manhã, saudades de tê-la em meus braços, saudades de seus beijos ... Saudades da minha Camz!
-Ansiosa? -Vero fala me tirando do transe. Franzo o cenho e ela revira os olhos. -Pra voltar pra Miami?!
-Ahh, um pouco. -A campanhia toca.
-Eu atendo. -Fala se levantando. Termino meu ultimo gole de café e me levanto.
-Bom dia! -A loira fala ao me ver, sorrio.
-Bom dia. -Falei deixando um selinho nela que sorri.
-Eu vou me arrumar, se apressa, bolinho. -Vero falou subindo até seu quarto.
-Eu vou me trocar.
-Te espero aqui. -Disse sorrindo.
-Fica à vontade.
-Sempre. -Piscou, sorrio revirando os olhos e subo para meu quarto.
Prendo meu cabeço em um coque frouxo, e tomo um banho quente. A manhã estava fria, pois estavamos em Dezembro. Termino meu banho, sigo para o meu closet e visto minha calça jeans preta, um moletom preto do Metallica, e por cima, uma jaqueta preta com alguns detalhes em couro. Calço meus inseparáveis coturnos, e deixo meus cabelos soltos, pego minha mochila, notebook e logo já estou descendo as escadas.
-Falou com sua mãe? -Miley fala assim que desco as escadas.
-Falei ontem, por quê?
-Ela ... Sabe que eu ... Que nós ...
-Ela sabe que a gente tá saindo, e disse que seria uma honra te ter junto à família no natal. -Falei segurando sua mão, ela sorriu.
-Vamos crianças?! -Vero exclama descendo as escadas com uma caixa enorme na mão e sua mochila nos ombros.
-Vamos. -Abro a porta do apartamento, e logo já estamos a caminho da faculdade. Assim que chegamos no campo, fomos direto para a sala de palestras, hoje fariamos uma como nota para última nota desse primeiro ano.
Eu e as meninas haviamos preparados alguns slides sobre algumas doenças que exigem um tratamento mais complexo. Já haviam alguns alunos na sala, montamos tudo a tempo da aula começar, repassamos o que cada uma iria falar, e estavamos prontas.
O sinal toca, e logo os alunos estão em suas cadeiras. A professora entra na sala, e assim que vê nós três a frente, abre um sorriso.
-Bom dia meninas ... Tudo pronto? -Diz a simpática Angelina.
-Tudo sim. -Miley fala.
-Certo ... -Ela se coloca a frente de sua mesa. -Bom dia alunos, agora nossas alunas irão apresentar uma pesquisa sobre as doenças que estávamos estudando, após a apresentação, liberaremos um espaço para perguntas, e depois faremos uma aula prática. -Fala com seu ar de superior, mas sempre com uma voz doce e suave. Os alunos concordam, a professora nos olha e pede para começarmos. Me coloco ao centro, encaro os alunos, respiro fundo e começo.
-Bom dia ...
**
A nossa apresentação não poderia ter sido melhor. Respondemos a todos sem dificuldades, assim que terminamos, recebemos aplausos e elogios, com certeza nossa nota vai ser bem maior do que imaginamos.
Estamos na sala de simulação de cirurgias, estamos em duplas. Eu e Miley ficamos juntas dessa vez. A professora falava o passo a passo de como reagir se seu paciênte tiver uma hemorragia na mesa de cirurgia, todos anotavam as principais informações em seus blocos.
Meu celular toca no bolso do avental, pego rapidamente e olho a tela, que tem como nome "número desconhecido"
-Com licença, professora. -Falei pra ela que assentiu. Saí da sala torcendo para ser algo de importante, pra me ligar no horário da aula.
[CHAMADA ON]
-Alô ?
-Lauren ? -Meu corpo trava. Aquela voz ...
-C-Camila ... ? -Pergunto com a voz trêmula.
-É ... Pode falar agora ? Não sei se está em aula. -Sua voz era baixa.
-Ahh, eu estava em aula, mas pode falar. -Falei caminhando para o banheiro do enorme prédio.
-Desculpa atrapalhar ... Se quiser eu ligo mais tarde.
-Não ... Pode falar.
-Então ... Eu ... Gostaria de saber se você vai ir para Miami no Natal?
-Vou ... Mas, por que não perguntou pra minha mãe?
-É que eu mudei de número, e só me lembrava do seu celular, esqueci de anotar meus contatos antigos. -Ela dá um riso fraco.
-E por que não foi até minha casa?
-Eu não estou em Miami. -Ouço uma voz masculina no fundo e logo a risada dela. -Espera um pouco, Lo.
Lo ... Quem será que está com ela ?
-Voltei, desculpa ... Então, como eu disse, eu estou em Paris, a trabalho.
-Wow, em Paris?!
-Sim. -Ouço sua risada e as famosas borboletas começam a voltar. -Bom, só liguei pra te ouvir ... É, pra perguntar ... Bom ... Então, te vejo no Natal? -Ouço novamente a risada masculina.
-Até o natal, Camz. -Falo sem reparar, ouço um risada fraca.
-Até, Lo.
[CHAMADA OFF]
Ela desliga a ligação, e suspiro pesado. Encaro o espelho a minha frente, e eu tinha um leve sorriso nos lábio. Nego coma a cabeça.
Maldita Latina.
-Camz? -Olho para o lado e Miley me encarava com os braços cruzados. -Saiu da aula pra falar com a Camila?
-Ela que me ligou.
-Parece que gostou.
-Miley ... Não vamos ter essa conversa novamente, eu já te falei que não temos nada sério, e que você não tem motivos pra ficar assim. -Ela revira os olhos.
-Desculpa Lauren, mas eu não escolhi te amar tanto! -Fala irritada.
-Eu também não escolhi ser amada por você, ou amar a Camila, mas as coisas não funcionam como você quer, desculpa ... -Pego meu celular. -Eu vou voltar pra sala.
-Tudo bem. -Seus olhos estavam levementes marejados.
-Ei ... Não fica assim, já conversamos sobre ...
-Sobre você ainda amar a Camila, e eu topei ficar com você mesmo sabendo disso ... Agora, eu só não sei quem é a mais idiota Lauren, você que ainda a ama, ou eu por aceitar ser usada. Tenha um bom dia. -Falou e saiu do banheiro.
Respirei fundo e contei até cem, saí do banheiro e o corredor me parecia vazio. Caminhei a passos lentos até a sala. Dei três batidas na porta, e a professora me permitiu entrar. Me sentei no meu lugar, ao lado de Vero, e Miley estava do outro lado dela.
A morena me olha com a sobrancelha erguida, ignoro e me viro pra frente. Eu até prestaria atenção, se minha cabeça não estivesse tão confusa.
Camila está em Paris ... Com um homem ... Ela queria saber de mim ... Será que ela está com alguém ?
Faz uns quatro meses que não nos falamos, mesmo a saudade martelando minha cabeça, o orgulho toma meu corpo. Suspiro e tento prestar atenção em outra coisa sem ser o som da risada dela que ainda me persegue.
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