Ellie sempre foi uma garota comum, diferença nenhuma das outras, a não ser o fato de não gostar de sair, estar nem aí pra moda, não se importar com a opinião dos outros, pensar... etc.
Gostava de ficar em casa, era completamente louca pela sua cama, e seu hobby preferido era ler. Gostava de contos, romances, comédias e até fanfics. Sua paixão por ler era tamanha, que agora ela também escrevia seus contos e histórias que ninguém lia, mas que a satisfaziam mais do que uma noite na balada.
As pessoas a viam como louca, a julgavam depressiva, e mal sabiam o quanto ela era feliz.
♡
13:10 da tarde, o relógio marcava em sua escrivaninha, como sempre, estava atrasada! Levantou dando um salto da cama, precisava estar no colégio a pelo menos uma aula atrás.
Pegou a primeira coisa "vestível" em seu guarda-roupa, e correu à cozinha para preparar seu almoço, nada de miojo de carne hoje, era dia de inovar com o suculento sabor galinha caipira!
Comeu menos do que precisava, até porque, o que era a fome, perto dos professores raivosos, as garotas exibidas, e os garotos imbecis do primeiro dia? Passou pela porta feito flash, estava "ansiosa" por tamanha agitação.
Com apenas dois passos, já estava em frente ao prédio "Imagine Teen" , parecia o nome perfeito para um colégio cheio de adolescentes retardados, Ellie pensou, não poderia estar em lugar melhor.
Apressada, corria em meio a corredores que mais pareciam labirintos, tentando encontrar sua sala, até que sem nenhuma chance de evitar, acaba esbarrando em alguém, derrubando todas as suas coisas.
— Desculpa! Machuquei você? — perguntava o desastrado garoto ruivo, enquanto abaixava para ajudar Ellie a pegar suas coisas.
— Não, sem problemas! Esbarrar em pessoas é comum no meu dia-à-dia, então eu quem deveria pedir desculpas! Sou mesmo um desastre! — disse Ellie, sem perceber que havia pensado alto.
O garoto que já havia levantado, a olhou com um ar meio irônico, e disse com um breve sorriso:
— Prazer em conhecê-la, Desastre, me chamo Mathew — terminou a frase, esticando a mão para ajudar a mesma a se levantar.
— Me chame de Ellie! — ignorou completamente o gesto de Mathew, levantado sozinha, não havia gostado da ironia.
O garoto, meio desconcertado, pediu desculpas, e continuou andando em direção ao que pra Ellie parecia um corredor sem fim, em determinado momento, ele virou-se, voltando completamente onde Ellie estava, dizendo:
— Prazer em conhecê-la novata, vamos, vou te apresentar ao nosso colégio! — imediatamente a pegou pelo braço, puxando-a em sua direção.
Instantaneamente feito os miojos que ela adorava, puxou o seu braço de volta, parando bruscamente a ação do garoto, não estava entendendo nada, como alguém que nem a conhecia, se sentia no direito de a tocar, e como sabia que ela era novata, o colégio era enorme, havia milhares de novos rostos naquele lugar.
— Primeiro, não me toque! Segundo, como sabe que sou novata? Terceiro, não tem terceiro, mas você entendeu.
Mathew parecia surpreso, como se ela fosse a primeira garota a qual alterou a voz para ele, não era tão bonito, mas tinha um porte de garoto estremamente convencido. Com uma sombrancelha levantada, e um tom de orgulho em sua fala, respondeu:
— Primeiro, não fazia ideia que tinha alergia a toque, então desculpa, segundo essa é fácil, esse livro — apontou para um livro que Ellie levava consigo — quem estuda aqui sabe que não temos aula de Física desde o ano passado, por isso agora estamos de aula vaga, e por último, terceiro, nunca pedi tantas desculpas em toda a minha vida, então, agora podemos ir, vamos, prometo não a tocar.
Depois dessa resposta estranha e confusa, porém bem sincera, Ellie decidiu seguir Mathew, afinal, precisava mesmo conhecer a sua sala e os demais cantos desnecessários para não se perder, e nunca mais achar o caminho de volta pra casa, e morrer de fome ou ficar perdida pra sempre e, morrer de fome, pensamentos loucos de alguém de poucos neurônios.
Enquanto andavam, o garoto ia explicando o que era cada porta fechada, cada painel rabiscado, e então chegaram em um pátio coberto de árvores, de verdes, havia um jardim lindo cheio de flores, e arbustos, definitivamente era a parte mais linda do Imagine Teen. Ellie enxergou o lugar como perfeito para escrever seus livros, aqueles tais que ninguém sabia que existia, pensava, quando foi interrompida.
— Ainda está aí ? — Mathew a encarava, passando a mão em frente ao seu rosto, tentando tirá-la do transe.
— Estava admirando esse lugar, é incrível.
— Ah, é sim, agora vamos, preciso encontrar meus amigos.
— Olha, Mathew né ? Agradeço pelo Tour gratuito, não tem mais como me perder então, já consigo chegar sozinha a sala, acho que vou ficar mais um tempo aqui.
— Como quiser Ellie, eu vou ter que ir mesmo, a gente se ver na sala!
Mathew se despediu de longe, sem nenhum toque, o que mostrava que ele tinha entendido o recado e tinha um Qi maior do que ela imaginava que os garotos tinham. Logo, ficou sozinha em meio ao pátio, e como alguém que amava escrever, abriu o seu caderno de contos, e começou a rabiscar as palavras:
"Acho que é do ser humano não se contentar com o que tem, há sempre um vazio, as vezes é fome, mas outras, um buraco enorme a preencher que também parece ser fome. Ninguém é totalmente completo, e quase sempre o que nos completa não está ao nosso alcance".
Essa é a minha história, sim, eu sou uma garota, ao contrário do que muitos pensam.
Depois de ser abandonada por meus pais e ter de me virar sozinha, não fiz nada interessante da vida, além de queimar miojo e esquecer sempre de dar ração ao meu gato Luph, que apesar de passar fome é um pouco obeso pra sua idade. Ele não é só um animal de estimação, mas o único da família que não me deixou.
E mesmo sabendo que muitos querem mais da vida, eu me considero uma garota de sorte!
O sinal tocou, os alunos lotavam os corredores como formigas atrás de açúcar, Ellie estava quase fechando o seu caderno, quando lembrou que havia esquecido o título da sua história, e antes de entrar, anotou.
"Sorte de Garota"
Fechou seu caderno, e partiu para aula...
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