História "Sorte" de Garota - Sonho ou Pesadelo?

— Louise!

— O que? Já se passaram das 10 da manhã, hora de acordar!

— 10 da manhã de sábado? Não se acorda ninguém as 10 da manhã de sábado Louise! — gritava a garota enquanto puxava de volta o seu cobertor.

Não era a primeira vez que alguém a acordara de madrugada, Aaron já havia feito isso uma vez, quando trouxera o seu livro de contos...

— Desculpe querida! — Louise dizia, interrompendo seus pensamentos — Mas acho que estava tendo pesadelo, tava fazendo uns barulhos bem estranhos, ou será que era um sonho bom.. Já sei, foi um sonho erótico…

— Louise!

— Que foi?

— Nada, só me deixa dormir.

A garota falou, embrulhando-se completamente. Louise assentiu com a cabeça, e saiu pela porta.

Um sonho? Tudo aquilo fora apenas um sonho? As palavras de Louise a fazera recordar do que acabara de acontecer. Havia tido o sonho mais louco de toda sua vida!

Parecia tão real, a não ser pelo fato de Henrique estar cozinhando, "Henrique e Cozinhando" eram palavras que não se encaixavam na mesma frase.

E essa era a razão para ela acreditar que estava acordada agora, e não dormindo ao lado de Aaron.

"Aaron" precisava falar com ele, precisava vê-lo. A única coisa de real que lembrara era de tê-lo expulsado de sua casa depois da chegada e saída inesperada de seus pais malucos.

O que ele estaria fazendo agora? E se ela fosse até a casa dele... Talvez assim realizasse de vez o sonho que teve…

— Não!

A garota gritou levando um susto com a sua própria voz, havia pensando alto, o bastante para a convencer de que o melhor mesmo era ficar em casa, de preferência trancada em seu quarto, sem ser incomodada por seus pais. Não queria falar com ninguém, ninguém que não fosse a sua bolinha de pêlos que se aconchegava em cima do seu travesseiro. Fechou os olhos novamente, mas dessa vez não iria dormir…

                           §

Já estava de pé a horas, e pela primeira vez na vida estava ansioso. Esperava pela visita de Ellie. Quase não dormira pensando que talvez não escutaria se ela o chamasse no portão, apesar de que a garota era mais do tipo que invadia, sorriu, ao lembrar da vez em que a mesma invadira sua casa. Ela era realmente louca. E ele mais louco ainda por se apaixonar por ela.

Quase meio dia pra desespero do garoto, será que ainda dormia? Conhecia ela o suficiente pra acreditar que era exatamente isso que estara fazendo agora. Pensou em ir acordá-la, mas provavelmente seus pais estariam lá, e depois do que havia acontecido no dia anterior não estara com a mínima vontade de conhecê-los.

Mas, e se ela não estivesse bem? Estava presa com os seus pais, os mesmo que a deixaram sozinha, e se ela estivesse precisando dele agora? Estava quase cruzando a porta de casa, quando algo o parou e o fez desistir, iria esperar mais algumas horas.

Talvez estivesse sendo dramático, apesar de tudo eram seus pais. Haviam voltado por ela, pensava. Talvez pra compensar tudo o que haviam feito. Diferente dos seus que desde que ele saíra de casa nunca mais dera notícias.

Aquilo estava deixando o garoto doido. Nunca imaginou que ele seria capaz de tanta insanidade por causa de uma garota. Mas Ellie não era uma garota qualquer. Ela era diferente, diferente dele. E isso o completava.

Já era noite quando o garoto notara que ela não viria. Tomou um banho rápido. E dessa vez nada o impediria de ir até ela. Precisava de notícias, só queria ver se ela estava bem.

A rua estava deserta, era uma noite fria, coisa da qual o garoto não estava acostumado. Saíra de casa tão as pressas que esquecera de pegar um casaco. Mas isso era o menor de seus problemas, a verdade era que a preocupação com a garota ocupava todo o seu subconsiente, sem espaço pra coisas tolas como frio. E mesmo que ele congelasse, daria um jeito de chegar até ela.

Quanto mais ele andava, mas parecia não chegar, era estranho. As ruas pareciam maiores, a cada passo que dava, mais a casa de Ellie parecia distante.

Demorou muito a perceber que havia tomado um caminho errado. Era o que faltava, logo ele acostumado com a cidade inteira, errar o caminho do colégio, local para o qual ele ia todo dia. Retomou o caminho certo, até que se deu conta de estar sendo seguido por alguém.

Podia correr, mas ele não era do tipo que corria. E no meio da escolha mais válida, fizera a mais estúpida. Apenas parou, esperando uma silhueta masculina que vinha em sua direção.

— Aaron é você? — A voz gritou, ecoando na noite. Era Ethan.

— Não, é um fastasma idiota!

— Sabia que era você!

— Por que está me seguindo?

— Não estou te seguindo cara, to indo visitar Ellie.

— O que? Ficou doido? Eu estou indo ver ela.

— Ótimo, então vamos os dois!

— Você não vai a lugar nenhum.

— Ah eu vou! E você não vai me impedir. Ela pode até gostar de você, mas é minha amiga. E está precisando de mim.

— Ela não precisa de você, por que já tem a mim.

— Ela tem os dois.

— Ela tem os três! — Uma terceira voz entrou na discussão, fazendo os dois garotos pararem completamente.

— Mathew, O que faz aqui? — Agora Ethan questionava o garoto.

— Vi você saindo e resolvi seguir você, ou seja, vou ir visitar nossa amiga, e um pouco mais que amiga dele — dizia, enquanto apontava pra Aaron.

— Ninguém vai a lugar nenhum, eu já disse! Sou eu quem vou ir ver a minha… ver a minha…

— Ver a sua, ver a sua...

— Cala a boca Mathew! — Ambos gritaram, fazendo-o rir.

— Ei, só a Ellie tem o direito de me mandar calar a boca, agora vamos! — o garoto falava enquanto dava passos a frente dos outros — Se ficarmos aqui discustindo nunca vamos chegar lá.

Os garotos apenas concordaram e seguiram Mathew, mas antes que os mesmos pudessem bater na porta, encontraram um casal na porta da casa da garota, ambos estavam chorando...