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História Space Oddity - Capítulo Único - Uma aventura


Escrita por: HelenaS

Notas do Autor


EU NEM ACREDITO QUE CONSEGUI POSTAR ESSE CARALHO A TEMPO.
AI, VOU RECLAMAR NAS NOTAS FINAIS
BOA LEITURA O//

Capítulo 1 - Capítulo Único - Uma aventura


Fanfic / Fanfiction Space Oddity - Capítulo Único - Uma aventura

— Pode-se dizer que há ar no espaço?  

— É claro que não. Você que ajustou esse negócio pra fazer o vento, não é real.  

— Para mim, está ventando, e eu estou no espaço. Logo, isso é uma prova inegável que existe ar no espaço e que eu sou um verdadeiro navegador.  

— Boa noite, Minseok. Eu vou dormir antes que escute mais dessa sua palhaçada.  

Jongdae desceu para a câmara dos marinheiros, deixando Minseok sozinho no deque principal. O jovem, no auge dos seus dezessetes anos-padrão, ainda bombeava adrenalina em suas veias. À distancia, ainda era possível ver Adana, seu planeta natal. Com um sorriso, ele constata que também é o planeta que ele não veria até tempo indeterminado.  

Em seu peito, ele sabia que deveria ligar a velocidade da luz e se distanciar o máximo que pudesse daquele planeta. No entanto, o escuto invisível do navio permitia que Minseok visse o Universo como uma noite estrelada – algo que ele nunca pôde testemunhar em sua vida na cidade grande.  

Usando novamente sua agilidade, aquela que permitiu que ele fugisse de Adana com Jongdae sem serem pegos, pulou para o deque de proa e se deitou lá. Talvez ele pegasse um resfriado, mas foi bem ali que dormiu; sob as estrelas, pela primeira vez.  

 

— O oxigênio está acabando – Jongdae falou gritando para Minseok da ala de navegação. - Precisamos parar em qualquer lugar com atmosfera habitável para recarregarmos isso aqui.  

— Merda – o garoto respondeu, dando um grande pulo e descendo para o deque principal. - Até que durou mais do que eu esperava, mas vou ter que tentar fazer isso durar mais. O que você acha de colocar algas no painel do tesouro? 

— Isso foi uma pergunta sincera ou é só pra testar minha saúde cardíaca? 

Minseok logo chegou onde Jongdae estava e começou a analisar os dados que o timão projetava.  

— Pare de ser tão quadrado, Jongdae. Já estamos no espaço há quase um mês, você já deveria ter se acostumado com isso.  

Jongdae suspirou e caminhou até a lateral. Olhando para o oceano estrelado e vazio abaixo dos dois, ele disse: 

— Eu faço o papel chato porque me preocupo com você, Minseok. Eu quero que você faça o que queria fazer ao construir isso aqui e fugir no meio da noite. Se por um acaso essa viagem não dê certo, eu não consigo imaginar o que eu pensaria... o que eu faria... 

O garoto desviou os olhos para as costas tensas do amigo. Era possível ver as omoplatas muito bem contra a camisa branca, além de algumas corcovas da coluna vertebral. Minseok não podia pensar em como Jongdae havia emagrecido em tão pouco tempo, ou em como o viu olhando para a foto da família sorrindo e acenando em seu medalhão. Em vez de pensar, ele andou até o amigo e o abraçou, sem saber se isso iria ajudar ou não. 

Jongdae também tinha dezessete anos, mas era formado na escola e poderia ser aceito em qualquer universidade da galáxia, no momento que ele quiser. Minseok, por outro lado, ainda não era formado no ensino básico e nem sonhava em ter uma carreira. Ele entendia a culpa de Jongdae: se tudo der errado, ele tem família e um futuro para onde voltar. O amigo, por outro lado, teria menos do que nada.  

— Não precisa fazer nada. Se algo der errado, eu abro um negócio de conserto de eletrônicos e pago um apartamento pequeno em qualquer lugar. Não tem problema, não será uma vida ruim.  

Jongdae não retribuiu ao abraço, mas não se mexeu também. O momento se manteve até ele afastar os braços do amigo e voltar a mexer nas coordenadas do navio.  

— Uma das luas de Éfeso está há uns dois dias de viagem na velocidade que estamos. Você é um filho da puta, Minseok, porque o ar acaba em três.  

— Como minha falecida mãe diria: "não basta ser lindo, tem que ter sorte". 

Em vez de rir ou reclamar, Jongdae apenas encolheu os ombros e continuou a digitar no holograma.  

— Descanse um pouco – ele falou, sem se virar para o amigo de cabelo vermelho. - Você assume o turno da noite.  

Minseok tinha sempre uma piada na ponta da língua, mas escolheu ficar calado e ir para a câmara do capitão. Além de tudo, a menção a sua mãe fez algo pinicar em seu peito e ele detestaria que seu melhor amigo o visse chorar naquele momento.  

 

O porto de Caristo - a principal cidade da lua humana de Éfeso - era grande e movimentado. Minseok aportou sem muitos problemas, apesar da imensa quantidade de barcos e navios que atracavam e partiam. Dando algumas moedas para uns garotos para cuidarem do navio, os dois amigos desceram e se dirigiram ao centro da cidade.  

— O que vamos fazer agora? - Jongdae perguntou.  

— Eu queria ficar aqui alguns dias para poder consertar o armazenamento de oxigênio do Medeia, porque quero poder avançar mais sem ter que parar. Daí, acho que podemos aproveitar pra comprar suprimentos e relaxar um pouco. O que acha?  

Jongdae olhava para todos os lados com a boca levemente aberta. Quando não arrumava o cabelo raspado na altura das orelhas, arrumava seu cinto de utilidades ou alisava seu colete. 

— Eu nunca pensei que chegaria tão longe na galáxia, Minseok. Quantos livros devem ter aqui que eu nunca ouvi falar, quantas comidas que nunca pensei em provar. Eu nem sei por onde começar.  

— Então o que quer fazer agora? 

— Tomar uma cerveja.  

Com isso, Minseok gargalhou, fazendo algumas pessoas olharem para os dois garotos.  

 

Mesmo de ressaca, o capitão do navio Medeia trabalhava sem descanso no escudo de proteção. A cada martelada que era necessário dar, Minseok sentia que morria um pouco por dentro, mas nada o pararia. Nem mesmo seu amigo, que estava com tanta ressaca quanto e com bem menos entusiasmo.  

— Você não podia esperar umas duas horas a mais pra começar com essa merda? 

— Duas horas de trabalho fazem toda a diferença. Você saberia disso se trabalhasse.  

Jongdae arremessou um sapato em Minseok.  

— Quando acha que acaba o conserto?  

— Não era um problema tão grande, afinal de contas. Acho que daqui a pouco, daí deixamos ele carregando até a noite e poderemos partir de madrugada.  

— Se esse é o caso, vou pro centro buscar suprimentos. Talvez comprar uns livros. E tampões de ouvido... 

— Tchaaau, Jongdae. - Minseok respondeu, sem desviar os olhos de seu trabalho.  

E Jongdae partiu, bufando e reclamando de seu amigo sob a respiração.  

Caristo tinha um bom sistema de transporte, com bondes passando por todas as ruas e que levavam as pessoas para praticamente qualquer lugar da cidade. Jongdae subiu em um, depois de trocar suas moedas pelo dinheiro local, e foi até o centro da grande cidade.  

Era muito maior do que ele poderia prever, mesmo maior do que a maior cidade de Adana. Os prédios pareciam crescer até o céu. As ruas eram largas, assim como as calçadas, que se tornaram uma grande galeria de comércio informal. Jongdae podia ver comerciantes vendendo produtos eletrônicos, roupas, sapatos, joias e comida. Ele planejava ir em algum mercado, mas decidiu que aquele comércio seria muito provavelmente mais barato e mais prático do que andar mais em busca de um mercado. Além de que ele temia se perder se andasse por mais ruas.  

— Quanto é cada uma dessas frutas, senhor?  

— As peras são vinte carmesins o quilo terráqueo. Todas as outras quinze carmesins o quilo.  

— Vou querer três quilos de maçãs e dois quilos de laranjas e uvas, por favor.  

O homem parecia ser um comerciante experiente, pois ele não fez nenhuma menção de achar que aquilo era muito. Ele apenas chamou seu assistente, um garoto que parecia ser mestiço de humano com marciano, por causa de seus olhos amarelos e sua altura, para ajudar a embalar.  

— Você vai precisar de ajuda com isso, jovem? Meu menino Chanyeol pode te ajudar a carregar essas coisas, só lhe custaria cinco carmesins a mais.  

Jongdae pensou em recusar, mas, olhando em volta e olhando para sua cesta flutuante, ele não conseguiria carregar tudo que precisava levar. Ele detestava gastar o dinheiro de Minseok, mas era necessário.  

— Aceito. Vou só comprar mais coisas, mas já volto aqui. 

Sorrindo, ele agradeceu ao senhor e caminhou em direção a outra barraca.  

Com sua cesta cheia de peixe, carne vermelha, arroz e algumas verduras – que ele distribuira em sacolas que carregava nos braços - o jovem de cabelo castanho voltou a barraca de frutas, onde o garoto chamado Chanyeol lhe aguardava com as frutas.  

— Você se importa se tivermos que pegar um bonde? - ele perguntou para o garoto.  

Chanyeol tinha tudo para parecer assustador: íris amarelas com pupilas que mudavam de tamanho rapidamente, ombros largos e vários centímetros a mais que Jongdae ou Minseok. No entanto, ele balançou a cabeça e sorriu para o jovem.  

— Meu pai fez um combinado com os motoristas dos bondes para que eu não pague a passagem enquanto estiver trabalhando. Para onde vamos? 

— Para o porto – Jongdae respondeu, sem querer dar muitos detalhes.  

Os olhos enormes de Chanyeol se arregalaram e suas pupilas se encolheram e dilataram rapidamente.  

— Você é um pirata? 

Diante daquilo, Jongdae riu. Ele quase perdeu seu bonde, mas Chanyeol deu o sinal em seu lugar.  

— Eu não acho que sou um pirata ainda, mas meu amigo responderia "sim" sem fazer rodeios. 

— E para onde estão indo?  

Chanyeol parecia muito interessado, mas Jongdae não sabia se deveria responde-lo.  

— Para um lugar bem distante.  

Com o tom da resposta, o garoto mestiço entendeu que era melhor não fazer mais perguntas, e é isso que o fez.  

Chegando ao navio, Minseok vestia uma máscara de proteção e soldava uma placa do mastro de volta no lugar.  

— Hey, querida, cheguei! - Jongdae gritou, chamando Chanyeol para subir no navio logo atrás dele.  

— Jongdae, você faz ideia de quantos milênios essa frase já tem? Nem faz sentido mais.  

— Vejo que está de bom humor. 

Minseok terminou a solda e tirou a máscara do rosto, que estava vermelho pelo calor.  

— Eu estou sempre de bom humor.  

Ele olhou para Jongdae, reparando na imensa quantidade de sacolas que ele trazia, para só depois reparar no garoto que o acompanhava.  

— Jongdae, você sabe que ainda teremos que parar em outros lugares, certo? Belluno fica longe, mas não precisava ter feito toda a compra até o fim da viagem ainda.  

As pupilas de Chanyeol se moveram bruscamente, o que fez Minseok olhá-lo melhor pela primeira vez.  

— E quem é você? 

— Sou Chanyeol, senhor – o alto respondeu, fazendo uma longa reverência. - Eu vim ajudar Jongdae a carregar a mercadoria.  

Aquilo fez Minseok rir.  

— Venha comigo, Chanyeol – Jongdae falou, tocando o braço do garoto. - Me ajude a guardar isso. Com esse sol, tenho medo que o peixe comece a apodrecer.  

Chanyeol anuiu com a cabeça, fazendo seus cachinhos verde-piscina balançarem. Ele seguiu o jovem mais baixo até o depósito de suprimentos. Minseok limpou o rosto com a manga de sua camisa, retirou o avental pesado e correu para a ala de navegação enquanto arrumava seus suspensórios.  

— Ah, tudo está bem – ele disse, suspirando. – Até que enfim, tudo está bem...  

Ele se permitiu sentar na poltrona do capitão, deixando a cabeça cair para trás. Ele ouviu Jongdae se despedindo do garoto ajudante e vindo em sua direção.  

Jongdae não tentou acordá-lo. Em vez disso, abriu os hologramas e conferiu tudo ele mesmo.  

— Eu consegui, viu só? - Minseok falou, sem levantar a cabeça ou abrir os olhos.  

— Não é novidade, você é um sortudo do caralho.  

— Vou tomar como um elogio.  

Jongdae fechou o holograma e se apoiou no timão, olhando para o céu que se tornava lentamente vermelho.  

— Jongdae – Minseok chamou, abrindo os olhos.  

— Hum? 

— Você acha que ela está bem?  

Os olhos de Jongdae se arregalaram.  

— Sim, eu acho que ela está.  

— Você... Você acha que ela sentiu dor?  

Uma lágrima escorreu pela bochecha de Minseok. Ele olhava apenas para o sol se pondo, sem ousar olhar para o amigo.  

— Eu queria ter feito ela feliz – ele continuou, sem esperar a resposta do amigo –, mas acho que só consegui trazer problemas pra ela.  

— Nada daquilo foi sua culpa, Minseok. Não diretamente, nem de uma maneira que você poderia controlar.  

Minseok limpou o rosto e se levantou. 

— Aaah, olha isso! A viagem mal começou e já estou emocional. Vou conferir tudo mais algumas vezes e dormir um pouco. Faça isso também, não espere pra dormir quando zarparmos.  

Jongdae assentiu e assistiu o amigo desaparecendo para o deque principal. Suspirando, ele foi para seu quarto e fez o que foi-lhe aconselhado.  

 

— Minseok! Minseok! Me salve, por favor!  

— Eu já estou indo! Segure firme! ...!  

— Minsoeok! Minseok! Min... 

O som da voz de Jongdae o arrancou do sonho como um tapa. Minseok se sentou rapidamente na cama, suando e arfando como se tivesse corrido uma maratona.  

— O que foi? - ele perguntou, ainda sobressaltado.  

— Lembra do garoto de hoje cedo? Chanyeol?  

— Sim. O que tem ele? 

— Ele está nos chamando. Está lá embaixo, no porto.  

Diante daquilo, Minseok esfregou o rosto, suspirando para que seu coração volte ao normal, e se levantou com cuidado.  

— Se arrume... Ah, você já está arrumado. Porra, Jongdae.  

— Não me xingue por eu ser melhor que você. Vou descer e te espero lá.  

Ele se foi e deixou um Minseok muito abalado para trás. O garoto puxou o cabelo para trás e prendeu-o com uma touca de lã para não ter que pentear. Vestiu uma camisa escura, calças, suspensórios e vestiu os sapatos sem as meias. Se sua linguagem corporal não dissesse que estava cansado e bravo, suas roupas diriam.  

Chegando no porto, Jongdae olhava para o garoto – Chanyeol? - com os braços cruzados em frente ao peito. Chanyeol, mesmo sendo muito mais alto que Jongdae, parecia acanhado, com os braços longos firmemente grudados ao lado do corpo.  

— Qual é a situação? - Minseok perguntou, tentando parecer mais velho do que seus dezessete anos.  

— Ele disse que um caminho melhor para Belluno.  

— E suponho que ele queira vir conosco, em troca de nos mostrar o caminho? 

Chanyeol abriu a boca e começou a falar. As pupilas dele pareciam não entrar em acordo com encolherem até ficarem minúsculas ou dilatarem até quase tornarem o olho dele preto.  

— Eu sei velejar, senhor. Além de poder limpar e cuidar dos motores.  

— E o seu pai? - Jongdae perguntou, franzindo as sobrancelhas. - Ele não vai ficar preocupado se você sumir da noite para o dia?  

— Eu posso deixar um bilhete. Além disso, eu tenho mais cinco irmãos e duas irmãs mais novas. Eles poderão ajudar com a barraca no meu lugar, como já fazem as vezes.  

— Menino – Minseok falou, fazendo Chanyeol virar seus olhos amarelos para ele. - O que você quer? Por favor, seja sincero.  

As pupilas de Chanyeol se encolheram e, por fim, dilataram lentamente até um tamanho razoável.  

— Eu quero sair daqui. Não me importa se vocês resolverem me venderem, me deixarem em algum planeta longínquo ou me matarem no caminho. Eu só quero sair daqui.  

Jongdae e Minseok o encararam antes de trocar um longo olhar.  

— Quantos anos você tem? - Minseok perguntou. 

— Dezesseis, senhor.  

— Vamos estar nos metendo em algum problema ilegal que vai nos impedir de pousar neste satélite para sempre.  

— Não, senhor! - Chanyeol negou, arregalando seus olhos já grandes.  

Minseok sorriu para Jongdae, que deu de ombros.  

— Nós temos só um ano de diferença, pode cortar esse "senhor". Bem-vindo a bordo do Medeia.  

O garoto mestiço abriu um sorriso gigante e correu para longe, o que deixou os amigos confusos, até que ele voltou com uma pequena mala de mão.  

— Eu escondi isso, para o caso de vocês me rejeitarem.  

— Mas que menino preparado. Ele é melhor que você, Minseok.  

— Vá se foder. Vem, Chanyeol, vamos zarpar em breve.  

Os três meninos subiram a ponte que ligava o grande Medeia com o porto da cidade de Caristo. Chegando lá, Minseok conferiu os níveis de oxigênio - completos – e decidiu que era inútil voltar a dormir, então começou as preparações para a decolagem. Chanyeol acabou ajudando também: ele ajustou o leme para a direção que deveriam tomar e ajudou Minseok com a checagem dos motores. Em pouco tempo, o navio saiu do porto e tomou seu caminho rumo as estrelas desconhecidas.  

 

Enquanto não eram próximos, Chanyeol parecia ser do tipo que não falava. Em pouco menos de um mês, descobriram que Chanyeol era, na verdade, do tipo de cara que fala muito.  

— De onde vocês são? - ele puxou assunto durante um almoço.  

— Somos de Adana, um planeta comercial no Sistema Sora. - Jongdae respondeu, parecendo mau humorado como sempre. 

— Uau, vocês são de muito longe!  

Minseok riu.  

— Para a nossa perspectiva, você é que é de muito longe. Eu pensei que não existiam mais marcianos puros.  

— Ah, mas não tem mesmo. Minha mãe é de uma família muito antiga, mas ela mesma é mestiça de marciano com crotoneano. Meu pai também é mestiço, até onde eu sei, mas não lembro qual raça que é.  

Jongdae frequentemente reclamava do falatório do garoto, mas Minseok havia aprendido a apreciar aquilo. Ele cresceu gostando do silêncio, mas o espaço é silencioso demais.  

— E por que decidiram ir para Belluno? É tão longe!  

Jongdae olhou para Minseok, mas o mesmo ignorou-o e deu uma risada.  

— E por que você decidiu ir pra Belluno conosco? É tão longe!  

Era para fazer Chanyeol rir, mas ele se empertigou e suas pupilas encolheram um pouco.  

— Eu nasci em Belluno, para falar a verdade. Fui pra Caristo criança, porque minha mãe recebeu uma proposta de emprego lá. Mas ainda lembro caminho! - Ele completou, rapidamente.  

— Eu sei, nós confiamos no que disse. Mas por que quer ir para lá? 

Chanyeol abriu e fechou a boca várias vezes. No final, decidiu voltar a comer seu peixe frito antes de acabar falando demais. Jongdae e Minseok trocaram olhares que significavam algo como "AHAMMMM" e voltaram a comer em silêncio.  

Desde então, ele passou a evitar perguntas pessoais. Minseok percebia que, quando os dois estavam perto – algo que acontecia com frequência, já que Chanyeol entendia de mecânica e eletrônica - ele sempre parecia estar se contendo para fazer alguma pergunta.  

— Por que escolheu sair de seu planeta, Minseok? - Ele perguntou.  

O navio estava cruzando uma galáxia particularmente cheia de estrelas, então parecia que estavam em uma noite muito iluminada. Quase não era necessário luz artificial, tanto que Minseok às havia desligado.  

 — Por que você não conta seus motivos primeiro? Esse navio em que está pisando é meu, eu tenho a preferencia de ficar calado.  

Chanyeol torceu os lábios e suas pupilas encolheram um pouco. Elas sempre pareciam ficar em controle quando ele estava próximo de Minseok.  

— Você que sabe – Minseok continuou. – Eu posso pensar em contar meus motivos, mas só se eu souber de suas motivações antes. A escolha é sua.  

O garoto pareceu considerar por um longo tempo e, no final, acabou falando.  

— Minha família é muito grande – ele começou a falar, chamando a atenção de Minseok. - Eu conheço a maior parte dela, e pude aprender nossa história com isso.  

— E ai? 

— É sempre a mesma coisa. Nós nascemos, entre vários irmãos, e, quando estamos grandes o suficiente, ajudamos nossos pais no negócio deles. Nós crescemos, casamos, herdamos o negócio de nossos pais ou dos pais da pessoa com quem nos casamos, temos filhos e os ensinamos a assumir nosso negócio quando ficamos velhos.  

Ele olhava para as estrelas abaixo do navio, abrindo e fechando os lábios, pensando em como continuar. Minseok permaneceu em silencio ouvindo.  

— Não quero fazer parte dessa história. Eu... É tão pouco. Meus irmãos mais velhos já se casaram e um já tem dois filhos. Uma de minhas irmãs mais novas já demonstra interesse em garotos e vive perguntando a minha mãe sobre o casamento dela. Todos parecem tão felizes com isso tudo, mas é tão pouco. Eu quero ter a chance de seu mais do que isso.  

Chanyeol olhou para Minseok, mas logo desviou o olhar para as estrelas.  

— Bom, acho que é isso. - Ele enrolava a manga da camisa de linho nos dedos. - Por que você saiu de seu planeta?  

Ele havia sido completamente sincero e Minseok havia prometido. Deitando o queixo na mureta da lateral do navio, ele começou a falar.  

— Minha família é bem pequena. Costumava ser só eu e minha mãe. Meu pai é um político importante, que infelizmente também é muito corrupto. Ele tem a família dele; esposa, um casal de filhos, uma casa grande. Minha mãe foi amante dele por um tempo e ele nos mantinha para que ela não abrisse a boca sobre mim. Não que ela fosse fazer alguma coisa, mas eu cresci como um playboy graças a isso.  

Minseok fechou os olhos firmemente e fechou as mãos em punhos apertados. Aquela parte doía muito de relembrar.  

— Meu pai é corrupto, certo? Então. Um dia, alguns dos criminosos descobriram sobre nós e nos sequestraram para exigir que meu pai pagasse as dívidas com eles. Mas, se meu pai os pagasse, ele estaria admitindo nossa existência, então ele nos deixou morrer. Minha mãe achou uma maneira para que eu escapasse, mas ela não conseguiu me seguir.  

Chanyeol pousou sua grande mão entre as omoplatas do garoto, o que o fez encontrar forças para engolir as lágrimas e continuar.  

— Jongdae me ajudou depois disso. Eu fiquei na garagem dele e, todo dia, eu consertava um pouco de um navio que estava praticamente abandonado no porto da cidade. Certa noite, eu e Jongdae fizemos nossas malas, subimos naquele navio e partimos sem que ninguém percebesse.  

Chanyeol ouviu tudo aquilo sem expressar surpresa ou descrença. Isso deixou Minseok tão confortável que ele sentia seu peito ficar menos e menos pesado a cada palavra.  

— Por que Belluno? - Chanyeol perguntou. - Eu entendo porque fugiram, mas poderiam ter ido para qualquer lugar. Por que escolheram Belluno.  

Minseok mordeu o lábio inferior e considerou bastante aquela pergunta.  

— Isso é... algo bastante complicado de explicar. Não me julgue, ok? Jongdae acha que sou louco por causa disso.  

Chanyeol meneou com a cabeça e Minseok, soltando o ar do pulmão, começou a falar. 

— Desde muito pequeno, eu tenho dois sonhos recorrentes. Um é um pesadelo. Eu estou correndo para alguém muito importante e essa pessoa precisa muito da minha ajuda, mas eu nunca a alcanço. Não me pergunte como é essa pessoa, eu nunca lembro de sua aparência quando acordo. O outro é só uma voz. Ela me diz que, em Belluno, eu vou encontrar o que preciso. Em Belluno, tudo vai se resolver e eu não vou mais ficar sozinho.  

Ele olhou pelo canto do olho para o garoto, com vergonha de olha-lo diretamente.  

— É bobo, eu sei. Mesmo assim, eu preciso ter certeza. Jongdae não acredita, mas eu acho que é a minha missão. Eu preciso chegar em Belluno e preciso descobrir o que isso tudo significa. - Ele abaixou a cabeça e continuou. - Talvez salvar essa pessoa que fica gritando o meu nome. 

O silencio dominou todo o espaço entre os dois enquanto o navio se movia cada vez mais para dentro do Universo. Chanyeol tocou o ombro de Minseok, que o fez olhar para ele.  

— Está vendo aquela estrela?  

Chanyeol apontava para um pontinho avermelhado no horizonte a frente deles.  

— O que tem? 

— Ela é a única que sabe dos nossos segredos. Eu, você e ela. Quando não estivermos mais diante destas constelações, uma parte nossa estará viva numa galáxia muito distante de nós. Distante de nossos lares, distantes de nossas famílias, distantes de nossas raízes, mas ainda será nossa. E todos os planetas que receberem esse brilho serão banhados, mesmo que silenciosamente, com nossas histórias tristes.  

Minseok olhou para a estrela. O que seria antes um brilho a mais dentro da visão iluminada diante deles, era agora parte de sua história.  

— Obrigado.  

Chanyeol olhou-o com os olhos arregalados.  

—  Por que? 

— Por fazer alguma parte da minha história não ser trágica.  

Minseok poderia ter imaginado, mas ele pensou ter visto Chanyeol enrubescer um pouco. Os dois ficaram acordados um pouco mais, até que decidiram que dormir era a melhor coisa a fazer.  

 

Minseok corria, suas botas fazendo um som seco contra o chão de madeira, mas ele nunca parecia chegar. Se chegasse, já seria tarde demais.  

— Minseok! Minseok! Min...  

— Já estou indo! Se segure, por favor! Já estou indo! 

— Minseok... 

Ele continuava correndo, mas nunca chegaria. Era como se o chão se alongasse abaixo de seus pés.  

Vá para Belluno. Lá, seu coração encontrará seu lar. Em Belluno você encontrará a casa de seu coração.  

Aquela voz de novo.  

Minseok acordou com a pele grudenta de suor e o coração acelerado, como se toda àquela corrida no sono tivesse sido real. Ele se sentou na cama, apoiando os cotovelos no colchão e puxou o cabelo para trás.  

"Espero que esses pesadelos acabem quando chegarmos", ele pensou.  

Depois de tomar um banho curto, ele percebeu que não estava suando só por causa do pesadelo.  

— O que está acontecendo? - ele perguntou a Jongdae e Chanyeol assim que chegou ao deque principal.  

— Acredito que o ar esteja acabando – Jongdae respondeu. Ele estava sentado em um caixote, com as mangas da camisa marrom erguidas e vários botões abertos. Mesmo de longe, Minseok podia ver sua pele brilhando com o suor. - Parece que estamos passando perto de uma estrela, o que explica esse calor infernal. Além disso, você aumentou o armazenamento de ar, mas colocamos mais uma pessoa a bordo. Suponho que isso tenha tornado nosso tempo de armazenamento o mesmo de antes.  

Chanyeol, que estava de pé contra a vela principal e bebendo água de um cantil, encolheu os ombros e abaixou a cabeça. 

— Me desculpem. Não era minha intenção.  

— O que? Respirar? - Jongdae falou, estendendo o braço para o cantil. - Você não tem culpa por nada, garoto. Talvez só por ter nos colocado em rota com a estrela, mas suponho que você não se lembrava dela.  

Minseok se uniu aos dois e se sentou no chão perto deles. 

— Ela não estava aí quando viajamos, eu te juro. - As íris amarelos estavam imensas, dado que as pupilas estavam encolhidas. - Eu me lembraria se fosse o caso.  

— Isso significa que temos que mudar o curso – Minseok intergerio. – Não podemos ficar nessa rota, temos o risco de encontrarmos com uma nebulosa.  

Jongdae terminou de desabotoar a camisa e se apoiou nos braços, atrás do tronco, e deixou a cabeça cair para trás. 

— Já falamos sobre isso. Eu conferi e a nebulosa dela está longe o suficiente para que não seja problema. O gigante falou algo muito inteligente sobre mudar a rota.  

— O que é? 

Chanyeol pegou o cantil de volta e o ofereceu a Minseok, que o aceitou.  

— Estamos em rota com um planeta com atmosfera habitável. Se nos desviarmos, o tempo que levaremos para chegar nele vai além do tempo que o oxigênio vai durar. Precisamos continuar nessa rota, ou iremos morrer sufocados.  

Minseok deixou o queixo cair e ficou encarando os olhos amarelos por algum tempo. Seu cérebro fazia centenas de cálculos querendo descobrir uma saída para isso.  

— E se formos à velocidade do som, ainda não daria tempo?  

— Já estamos na velocidade do som – Jongdae falou, sem ânimo.  

Minseok se jogou no chão com os braços e as pernas esparramados.  

— Estamos fodidos.  

— Quantas palavras feias, Minseok.  

— Cale a boca, Jongdae.  

— Vai dar tudo certo – Chanyeol falou, abrindo alguns botões de sua própria camisa. - Eu sei que vai.  

Minseok assistia enquanto ele completava o movimento. Era a primeira vez vendo abaixo da clavícula do garoto. A pele dele era clara, poucos tons mais clara que o rosto, devido a falta de exposição ao sol, mas era uma pele humana. O que ele esperava? Escamas e um terceiro olho?   

Ele reparou que estava encarando o peitoral de Chanyeol por um tempo longo demais quando o mesmo havia depositado seus olhos nele.   

— Espero que você esteja certo, gigante.   

Duas horas depois, ele não estava mais tão certo.   

Minseok arfava enquanto apertava seu próprio pescoço numa tentativa de consumir menos ar. Ele estava sozinho no deque principal. Chanyeol havia ido instalar os painéis solares, já que o motor do navio começara a ficar fraco e Jongdae estava controlando o timão do navio na sala de comando.  

Ele queria poder fazer alguma coisa, mas os meninos precisavam disso. Minseok sabia que precisavam, porque, andando em círculos e sem alguma atividade, ele já sentia sua mente ficar vazia e lenta, se desligando.  

Minseok andou se apoiando em tudo que alcançava até a sala de comando. Jongdae estava apoiado no timão com os olhos vidrados no visor holográfico e as veias do pescoço saltadas. Ele parecia estar fazendo um esforço enorme, e deveria ser para manter a consciência.  

— Quanto tempo falta para chegarmos no lugar? 

— Pelúsio - Jongdae respondeu, sem desviar os olhos do visor. - Faltam alguns minutos. Já falei com as torres de comando de lá e permitiram nosso pouso, já que é urgente. Como você está? 

Ele estava olhando para o amigo e preocupação se espalhava por todo seu rosto. Minseok nem queria saber como deveria estar parecendo.  

— Estou, não se preocupe. Vou procurar algum lugar para ficar sentado e tentar consumir o menos de oxigênio possível.  

Jongdae ainda parecia preocupado, mas Minseok deu as costas para o amigo e voltou ao deque principal. O pior do calor já parecia ter passado e ele achava porder ver o tal planeta, mas não tinha certeza. Sua visão estava embaçada e seus pensamentos estavam lentos.  

"Se eu desmaiar, pelo menos vou consumir menos oxigênio do que agora." 

Chanyeol chegou no deque e ele parecia estar pior do que os outros dois. Ele estava muito pálido, seu cabelo estava grudado a testa e ao pescoço pelo suor. Minseok estava se aproximando dele quando o garoto tropeçou e não se levantou do chão. 

— Chanyeol! - o mais velho gritou, correndo na direção dele.  

Ele logo chegou em Chanyeol e o apoiou em sua coxa. 

— Chanyeol, você está me escutando? Se mexa, por favor!  

Chanyeol se mexeu e abriu os olhos. Logo em seguida, Minseok percebeu que ele inspirava e prendia a respiração por um longo tempo antes de inspirar novamente.  

— O que você está fazendo? Você precisa respirar! 

Ele negou com a cabeça e falou, empurrando Minseok para longe. 

— Eu sou o culpado por isso. Eu que nos coloquei nessa rota, eu que entrei na aventura de vocês do nada, sou eu que preciso menos de ar aqui. Me solte e se cuide, Minseok, você precisa cumprir a sua missão.  

— Você tem que estar fodendo com a minha cara.  

Chanyeol se soltou de Minseok, mas se deitou no chão e apertou a cabeça com os punhos.  

— Preciso ficar acordado – ele murmurava – para continuar consumindo pouco ar. Preciso ficar acordado, preciso ficar acordado, preciso ficar acordado... 

— Chanyeol, para com essa bosta de uma vez. Você precisa respirar. Pode inspirar normalmente, faltam alguns minutos para chegar em Pelúsio.  

Chanyeol não ouvia mais. Seu corpo ficara mole no chão e ele estava com os olhos fechados.  

— CHANYEOL! 

Ele respirava, mas muito pouco. Minseok conferiu seu batimento cardíaco e seu coração estava lento e irregular.  

— Você é um menino idiota, Chanyeol.  

Minseok começou a fazer massagem cardíaca no menino e respiração boca-a-boca, mas Chanyeol não reagia. Em pouco tempo, o próprio Minseok começou a ficar muito tonto e sua visão começou a escurecer seriamente. Quando percebeu que não poderia fazer mais nada por Chanyeol, ele apenas se deitou no chão ao lado dele e segurou sua mão.  

— Nós não vamos morrer, ok? Você vai viver uma grande aventura, eu juro. Eu juro... 

E então tudo começou a girar e Minseok perdeu a consciência.  

 

O capitão do navio acordou com uma máscara de oxigênio presa a seu rosto. Ao seu lado, um homem com um uniforme azul-escuro e pele laranja monitorava sua respiração e a de Chanyeol. O gigante de cabelo verde azulado o encarava e pareceu ficar muito aliviado quando ele acordou.  

Os dois ficaram assim por mais dois minutos, quando o homem tirou a máscara dos dois e recolheu o equipamento.  

— Olá, adaniano Minseok. Eu e meus homens estamos fazendo uma vista no navio para ter certeza que nenhuma droga ilegal ou arma estão escondidos por aqui. Me desculpe o transtorno, mas é necessário. Espero que o senhor compreenda.  

O idioma-comum que o homem falava soava arrastado. Isso fez Minseok ficar pensando em que idioma seria falado naquele planeta.  

— Nenhum problema. Agradeço muito por nos permitirem pousar e a essa ajuda. Só peço para tomarem cuidado, pois muitos equipamentos deste navio são extremamente delicados.  

O homem fez uma reverência. 

— Não se preocupe, não vamos causar danos a sua nave. Descanse e partiremos assim que terminarmos a ronda.  

O homem se afastou e Chanyeol voou para cima do capitão.  

— Você está bem? Eu te preocupei? Desculpe por isso, eu realmente não queria que nada disso acontecesse. Eu vou compensar vocês, eu juro, prometo com toda a minha honra.  

Minseok riu e arrumou o cabelo do garoto.  

— Não se preocupe. Fomos nós que concordamos te trazer, não é verdade? E você não precisa se preocupar com o que aconteceu. Estamos todos bem, e é isso que conta.  

Chanyeol fechou a boca e pareceu ficar milhões de vezes mais culpado.  

— O que aconteceu? - Minseok perguntou, sentindo um aperto no peito.  

— Jongdae... - ele murmurou, apontando para o outro lado do deque.  

Minseok olhou àquela direção. Deitado em alguns caixotes e sendo ajudado por um homem uniformizado, Jongdae estava deitado desacordado. Conforme Minseok, conforme se aproximava dele, percebia o quão pálido ele estava.  

— Ele está bem – o homem que o ajudava confirmou. - Ele fez um grande esforço para pousar, então seu corpo está cansado. Em pouco tempo ele deve acordar, mas vou manter o oxigênio para ajudá-lo.  

Chanyeol assistia-o com os braços grudados a lateral do corpo e o corpo contorcido em preocupação e culpa. Minseok, que não queria ficar vendo seu melhor amigo naquela situação, abraçou Chanyeol e fechou os olhos. Chanyeol retribuiu ao abraço, aproveitando para também desviar o olhar.  

Cerca de meia hora mais tarde, Jongdae acordou. O homem se despediu, respondeu a todos os agradecimentos de Minseok e foi embora, já que seus companheiros já haviam partido.  

— Uau, eu sou oficialmente o melhor piloto desse Universo.  

— Com certeza, Jongdae – Chanyeol respondeu, sorrindo para o amigo.  

— O melhor piloto do Universo não deveria quase morrer fazendo uma aterrisagem – Minseok respondeu, se jogando no chão perto do amigo.  

— Por nada, Minseok.  

— Você faz ideia de como fiquei preocupado? Faz alguma ideia?  

Jongdae havia fechado os olhos e cobria as orelhas com as mãos.  

— Eu faço. Imagina como fiquei ao encontrar os dois caídos no chão. Agora, eu vou pro meu quarto descansar um pouco. Arrume o armazenamento de ar e todo o resto. Estamos já quase em Belluno, mas vamos evitar algo desse nível.  

Ele se levantou, com a ajuda de Minseok, e foi até seu quarto no andar de baixo do navio.  

— Eu vou concertar o armazenamento de ar. - Chanyeol anunciou. - Vá se deitar também, Minseok, eu cuidarei de tudo.  

Ele sorriu, mas era claro o quanto ele também estava cansado.  

— Eu te ajudo. Não preciso descansar ainda. Vamos fazer isso juntos que faremos na metade do tempo.  

Chanyeol o encarou com seus olhos imensos e amarelos. Ele segurou o pulso de Minseok com cuidado e falou calmamente.  

— Por favor, vá se cuidar. Eu não quero que você se canse. Você é importante para mim.  

A maneira como Chanyeol falou aquilo era como se ele contasse um segredo. Minseok segurou um sorriso e cobriu a mão do garoto com a própria.  

— Você também é importante para mim, Chanyeol. Por isso não posso descansar enquanto sei que você também precisa, mas está trabalhando. Vamos fazer isso juntos, daí nós dois teremos um merecido descanso.  

Chanyeol mordeu o lábio, mas assentiu. Ele soltou o braço do mais velho, mas Minseok não soltou sua mão. Os dois desceram as escadas até a sala de motores e começaram seu trabalho.  

 

Minseok estava na sala de navegação. Jongdae, ao seu lado, buscava se comunicar com as torres de comunicação dos planetas vizinhos, avisando-os de suas intenções para que não fossem bombardeados sem querer.  

— Que estranho – ele murmurou, o que chamou a atenção de Minseok.  

— O que foi? 

— De acordo com os cálculos, nós deveríamos estar a menos de um dia de Belluno. No entanto, não encontro nenhuma torre de comunicação por perto, seja belluniana ou qualquer outra. Tem alguma coisa errada.  

— Talvez estejamos fora de alcance. Vou verificar a antena, já volto.  

Ele saiu do timão, que foi assumido por Jongdae, e se dirigiu ao mastro principal. Chanyeol estava ali perto e parecia estar conferindo os equipamentos nos caixotes, concertando os que estavam quebrados. Avistando Minseok, ele levantou a cabeça e parou o que estava fazendo.  

— Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou.  

— Não estamos conseguindo contatar nenhum planeta próximo, então vim ver se é algum problema com a antena. Não se preocupe, logo chegaremos lá.  

Ele sorriu, mas o sorriso de resposta de Chanyeol foi um pouco duro. Ele desviou os olhos rapidamente para seu trabalho. Minseok não entendeu, mas ignorou e seguiu com o que estava fazendo.  

Abrindo o sistema da antena, percebeu que tudo estava no lugar que deveria estar.  

"Ué, que estranho. Será que e não tem nenhuma antena por perto?" 

Logo em seguida, Jongdae explodiu pelo deque principal e foi em direção a Chanyeol como um jato. Ele chutou os equipamentos de Chanyeol para longe e o segurou pela gola da camisa.  

— Jongdae! O que é isso?! - Minseok perguntou, correndo para os dois.  

— Quer que eu conte ou você conta, poste com orelhas?  

Jongdae parecia furioso. Suas sobrancelhas enrugavam toda a sua testa e ele estava ficando vermleho. Como Chanyeol não respondeu, ele mesmo falou.  

— Não encontramos nenhuma antena por perto porque não tem ninguém por perto. Ele está nos fazendo dar uma volta gigantesca por nada.  

Minseok arregalou os olhos e olhou para Chanyeol. O menino parecia desesperado querendo se soltar e não conseguia dizer nada.  

— Isso é verdade, Chanyeol?  

Chanyeol olhou para ele e parecia estar a beira do desespero.  

— Não pensem nada estranho! É uma rota mais segura, eu juro!  

— Segura pra quem? - Jongdae bravejava. - Não tem uma alma viva sequer por aqui. Seria o momento perfeito para nos assaltar e matar, não seria?  

Chanyeol negava furiosamente com a cabeça, mas Jongdae continuou a falar.  

— Você queria nosso navio, não queria? Todo aquele teatro de prender a respiração por nós, mas você pode ficar sem respirar. Você sabia que iria sobreviver, não faria diferença para você.  

— Você está entendendo errado... 

— Como assim, Jongdae?  

Jongdae olhou para o amigo sorrindo de lado.  

— Você não chegou a se formar, esqueci disso. Marcianos não precisam de oxigênio como os humanos. Eles tem um sistema que reutiliza o oxigênio pelo menos cinquenta vezes. Eles desmaiam e o coração desacelera, mas o mesmo oxigênio fica circulando pelo sangue por um bom tempo, entçao eles não precisam ficar respirando.  

O estômago de Minseok caiu para seus pés e ele sentiu o coração se tornar poeira. Jongdae, ao ver o rosto do amigo, suavizou o tom.  

— Eu não te contei porque eu sabia como você se sentia por ele. Desculpa, amigo, eu deveria ter falado mais cedo.  

— Eu juro que não quero nada com vocês fora ajudar. Por favor, vocês precisam acreditar em mim.  

— Tarde demais, Chanyeol – Jongdae falou, voltando a atenção para ele.  - Eu já mudei a direção que estamos indo. Chegarem em Belluno em cerca de uma hora, daí poderemos te deixar lá e seguirmos nossa jornada.  

Os olhos de Chanyeol, se podiam se arregalar mais, se arregalaram. As pupilas, que não pareciam se decidir como iriam ficar, se encolheram até ficarem quase inexistentes.  

— V-voc-v-você mudou a rota? - Ele perguntou, tremendo.  

— Sim. E avisarei ao planeta que for sobre seu plano. Quero ver o que vai te acontecer quando pousarmos.  

Chanyeol, franzindo o cenho, empurrou Jongdae com tanta força que ele voou alguns metros para trás. Enquanto Jongdae era arremessado e Minseok estava em choque, ele correu para a sala de navegação.  

Minseok logo se recuperou do choque e correu atrás dele. Mal podia acreditar que fora enganado por Chanyeol, mas não era a hora disso. Ele precisava impedir que Chanyeol fizesse qualquer coisa. Precisava prendê-lo antes de ficar se culpando.  

Chegando na sala de navegação, Chanyeol não conseguia destravar o timão. Jongdae fora inteligente lacrando a direção que tomavam. Somente ele e Minseok saberiam destravar o timão.  

— Já chega, Chanyeol. Venha comigo e eu prmeto não deixar Jongdae te denunciar.  

— Minseok, você não está entendendo, eu não desviei a toa. Percebeu que todos os planetas aqui são congelados? Alguém percebeu isso?? Isso é porque não tem sóis aqui por perto, então Belluno e outros planetas conseguem seu calor de uma... 

O navio tremeu e todos os sensores começaram a apitar alertas nos painéis.  

— Oh, não - Chanyeol murmurou. Ele começou a tentar destravar o timão quase que a força.  

— O que está acontecendo!? - Minseok gritou por cima dos alertas.  

— Os planetas conseguem seu calor de uma nebulosa. Uma nebulosa pequena e indetectável por radares que não estejam programados para ela. O que a torna extremamente perigosa. Acho que já entramos em seu campo de energia. Destrave essa porra, Minseok, precisamos sair daqui!  

Minseok correu para o timão e o destravou, mas, em um movimento grande do navio, Chanyeol foi arremessado para fora da sala de navegação.  

— CHANYEOL!  

O garoto voou para fora do navio. Ele se agarrava a margem, mas ele estava no limite do escuto,  que significa que o vácuo deveria estar sugando-o, além de que ele estava recebendo radioatividade num nível que nenhum ser vivo deveria.  

— Minseok! Minseok! Min... 

— Já estou indo! Se segure, por favor! Já estou indo...  

De repente, Minseok se lembrou do sonho. A pessoa que gritava por socorro possuía olhos amarelos profundos e seus cabelos eram da cor de algodão-doce.  

Ele precisava salvar Chanyeol. Era tudo que ele deveria fazer.  

Ajustando a direção do navio quase sem olhar, ele correu para onde Chanyeol estava.  

— Minseok, me ajude! Por favor, eu não vou aguentar!  

— Já estou indo! Aguente mais um pouco, por favor!  

Com o balanço do navio devido as explosões da nebulosa, mesmo andar era muito difícil. Minseok tinha que se apoiar em tudo que via, se arrastar e mesmo assim acabava caindo e voltando alguns passos. Ele se sentia correndo em areia movediça e Chanyeol ainda se agarrava a beirada do navio.  

— Minseok... 

Os pedidos dele ficavam mais fracos.  

"Não. Por favor, não." 

Uma força fora do comum dominou Minseok e ele simplesmente correu. Sem se apoiar, sem cair, ele correu.  

Quando Chanyeol estava pronto para soltar as mãos, Minseok o agarrou.  

— Eu cheguei, Chanyeol. Por favor, aguente mais um pouco.  

Ele puxava o menino, mas o vácuo era muito forte. Subitamente, o navio balançou, o que ajudou Minseok e arremessou Chanyeol para dentro do navio. Minseok usou o próprio corpo para amortecer a queda dele, fazendo Chanyeol cair em cima de si.  

— Chanyeol, você está bem? Fale alguma coisa! 

Chanyeol não parecia conseguir manter os olhos abertos, mesmo que ainda tentasse ficar de pé e dizer que estava bem. Partes de sua pele estavam queimadas e ele estava mole.  

— Minseok... - ele sussurrou, passando a mão na bochecha do mais velho.  

— Chanyeol. 

Chanyeol se arrastou para longe de Minseok e vomitou. Ele não conseguia levantar, então estava apoiado nos joelhos e nos cotovelos. Minseok ficou ao seu lado, apoiando o corpo magro do garoto para que ele não caísse. Lentamente, o navio se distanciava das ondas de energia da nebulosa e as coisas se acalmavam.  

— Chanyeol, você está bem.  

Ele ficava mais fraco conforme o tempo passava, se apoiando mais e mais em Minseok.  

— Eu vou apagar daqui a pouco – ele falou. Sua voz estava rouca e fraca. - Não se assuste, eu vou ficar bem. Me deixe descansar e fique longe de mim. Meu corpo vai eliminar a radioatividade naturalmente. Minseok...  

Ele não conseguia mais se afastar, então apenas se encolheu contra Minseok e desmaiou. Minseok o amparou, pegou-o nos braços e o levou até sua cabine. Contra a sua vontade, ele deixou Chanyeol sozinho. Deixou a porta aberta, então poderia ouvir caso ele chamasse.  

Jongdae ainda estava desacordado no deque, então Minseok o ajudou e, quando ele acordou, explicou toda a situação e o que havia acontecido.  

 

Quando Chanyeol voltou a acordar, o navio estava em seu segundo pôr do sol em Belluno. Ele sentia-se fraco e seu corpo doía, mas ele se levantou e se arrastou até o deque principal, de onde pôde ver a cidade e os outros dois meninos. 

A cidade era pequena, com mais vegetação do que residências, que também não passavam de dois ou três andares. A população caminhava pelas ruas com suas famílias ou vendendo comidas caseiras.  

Logo que chegou ao deque principal, Jongdae e Minseok correram em sua direção. Minseok parecia estar preocupado ainda, mas era claro o alívio em seu rosto. Já Jongdae, parecia aliviado, culpado e envergonhado. Ele estendeu uma trouxa feita de um pano escuro para Chanyeol.  

— Ontem fomos no mercado daqui e compramos algumas coisas. Coma isso, preparamos para você.  

Jongdae falava com cuidado e parecia querer evitar Chanyeol.  

— Obrigado – Chanyeol respondeu, sorrindo. - É muita gentileza sua.  

— Ahh, por que você tem que fazer isso comigo? Fique puto! Me xingue! Jogue um sapato em mim! Sei lá! - Jongdae respondeu num tom agudo que quase parecia um grito ou um choro. - Me perdoe, por favor! Eu não queria ter suspeitado de você, mas você precisa entender! Me desculpe meeeesmo. Queria ter te perguntado com mais calma, mas tudo parecia tão... 

Chanyeol abraçou Jongdae, que o abraçou de volta no mesmo momento. 

— Eu já te perdoei, Jongdae. Me desculpe por te arremessar e te machucar. Eu havia entendido sua posição desde que você brigou comigo, mas eu precisava nos salvar.  

— Tudo bem, grandão. Obrigado por tudo que fez por nós. Você salvou nossa pele.  

Os dois se afastaram e Jongdae e Minseok trocaram olhares. Jongdae, limpando a garganta, falou: 

— Ahm, eu vi algumas crianças ali embaixo olhando muito pro navio. Vou descer e garantir que nenhuma tente invadir ou sei lá.  

Ele se afastou e desceu a ponte para o porto, saindo do navio. Chanyeol se voltou para Minseok, comendo um pão que estava em sua trouxinha.  

— Estamos aqui há dois dias, certo? E ai? E a sua missão?  

Minseok engasgou e decidiu ir por outro assunto.  

— Você está bem? Como se sente? 

Chanyeol fez uma cara de tédio, mas respondeu as perguntas.  

— Eu estou bem, só estou cansado. Meu corpo lida bem com radiação, só preciso de tempo. Não fuja da pergunta. O que você precisava encontrar em Belluno? Já encontrou?  

Minseok voltou a engasgar. Chanyeol havia se sentado, então ele decidiu se sentar a sua frente.  

— Eu encontrei. 

Chanyeol sorriu enquanto comia outro pão. Ele fez menção para que Minseok continuasse.  

— A voz falava de uma pessoa. Era aquela pessoa que eu precisava encontrar.  

— E você encontrou? 

— Encontrei.  

O rosto de Chanyeol continuou animado, mas suas pupilas se encolheram um pouco.  

— E ai? Como ela é? 

— Igual ao sonho. Ah, sim, consegui ver a pessoa do sonho.  

Minseok realmente não queria ter que lidar com isso ainda, mas Chanyeol parecia estar muito curioso, então ele prosseguiu.  

— A pessoa tinha pele clara e queimada de sol. O cabelo dela é verde azulado, mas o que mais a diferencia das outras são os olhos amarelos.  

Chanyeol parou de comer e encarou Minseok com os olhos arregalados.  

— E eu salvei a pessoa – Minseok prosseguiu. - No sonho não dava pra saber, mas eu consegui salva-lo. Por sorte.  

— Min-Minseok... 

— Não faça essa cara, por favor – Minseok o interrompeu, franzindo o cenho. - Sério, não precisa pensar nisso. O que as visões queriam dizer é que, chegando em Belluno, eu encontraria a casa de meu coração. Eu aparentemente gosto de você, Chanyeol. Muito mesmo.  

Chanyeol estava com o rosto fechado e os olhos muito arregalados, mas suas pupilas lentamente dilatavam. Minseok estava com o rosto apoiado na mão e o olhava com vontade de cavar um buraco e sumir.  

— Não precisa fazer nada com essa informação. Eu encontrei o que a visão queria que eu encontrasse, mas você não é obrigado a retribuir. Sei lá, você ainda é você, sabe? Não precisa deixar de ser você para ser algo que você não escolheu.  

Chanyeol inclinou a cabeça e tocou o rosto de Minseok. O menino de cabelo vermelho ficou parado e acompanhou os movimentos de Chanyeol, que parecia examiná-lo ao mesmo tempo que fazia carinho em sua pele.  

— Minseok, eu já te disse. Você é importante para mim. Eu não deixei claro naquele momento? 

— O que? 

— Minseok, eu... gosto de você. Só parece muito infantil dizer dessa forma, então preferi dizer de outro jeito. Desculpe se não fui muito claro.  

Minseok arregalou os olhos e pegou a mão de Chanyeol, deixando-a encostada em seu rosto.  

— O que faremos agora que sabemos disso tudo? - Chanyeol perguntou, prendendo o mindinho de Minseok com seu polegar.  

Minseok piscou algumas vezes e respondeu.  

— Ah... Sei lá. Conversei com Jongdae e decidimos que vamos voltar para Adana. Ele vai. No caminho, vamos parar em todos os planetas que pudermos. Já que não temos mais um destino que precisamos ir, vamos só aproveitar o que cada lugar pode nos oferecer. Em.. Em relação a nós, você quer dizer? 

Chanyeol pareceu considerar. Depois de pensar, ele deu de ombros e assentiu com a cabeça.  

— Nossa – Minseok respondeu, coçando a nuca –, não sei. Você não precisa ficar comigo, mas eu adoraria sua companhia. Você não precisa se formar?  

— Já me formei. Fui adiantado um ano na escola, então concluí meus estudos ano passado.  

— Ah – Minseok respondeu. - Então não sei.  

Eles ficaram se encarando como se a resposta fosse surgir do céu, mas nunca aconteceu.  

— Eu quero ver a cidade – Chanyeol, por fim, disse. - Aqui parece ser um lugar muiro bonito e calmo.  

— Sim, é. Ah! Olhe o céu! 

Quando Chanyeol olhou, ele perdeu o ar. Em vez de um grande sol, algo como uma constelação diurna coloria o céu de amarelo e branco.  

— Isso é lindo!  

— Agora olhe para mim. 

— Hã? 

E, quando ele abaixou o rosto, Minseok já havia se aproximado e os dois trocaram um rápido selinho.  

— Vamos conhecer a cidade? 

Chanyeol sorria de orelha a orelha.  

— Sim, vamos.  

Minseok ofereceu a mão para Chanyeol levantar, mas o menino acabou se levantando sozinho. Os dois trocaram olhares tímidos e foram se encontrar com Jongdae. Chegando no chão, Minseok passou um braço pelos ombros do amigo e Chanyeol parou ao seu lado.  

— E ai? - Jongdae perguntou, olhando para os dois. - Se resolveram?  

— Sim – Minseok respondeu e Chanyeol concordou.  

— Bastante.  

Jongdae ficou trocando o olhar de um para o outro de maneira suspeita, mas, no final, só se levantou suspirando.  

— O que querem fazer? 

— Eu quero muito ver a cidade.  

Jongdae deu de ombros e começou a andar.  

— Não tem muito o que ver. É pequena, mas é muito bonita.  

— Quero ver com meus próprios olhos.  

Os três caminharam lentamente até o centro da cidade. Jongdae, Minseok e Chanyeol, os últimos dois estavam com os indicadores unidos.


Notas Finais


Queria dizer que não estou nada satisfeita com o resultado disso. Por favor, me avisem dos erros que tem nisso, porque não consegui betar.
Pretendo transformar isso numa longfic. Vocês gostariam?
AAAAH QUE MEDO DE POSTAR ISSO AQUIIIII
Beijos, povo! Até algum momento~


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