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História Spectrum (Dramione) - Capítulo 1


Escrita por: malfoyazedo

Capítulo 2 - Capítulo 1


A cabana e o lago.

A neblina pairava sobre o local e enquanto caminhava lentamente pela rua completamente deserta, sentia o medo e o desespero crescerem em seu peito. Tentava enxergar a sua frente, chegar a algum lugar, mas apenas parecia que ia se afogar na imensidão cinza. O ar ficava rarefeito a cada centímetro que andava e seus pulmões logo não aguentariam mais.

Foi quando chegou a um cruzamento de ruas, com prédios que pareciam tocar os céus, que sua boca se abriu. Conhecia a mulher que sangrava em uma das calçadas como se tivesse sofrido uma série de esfaqueamentos. Seu peito acelerou e, sem perceber, suas pernas se moveram em direção à mulher rapidamente, tropeçando nos próprios pés. Ajoelhou-se em frente à morena de cabelos volumosos tentando estancar os ferimentos desesperadamente, enquanto gemidos e grunhidos de dor saiam da boca dela.

— Mãe? — chamou num sussurro baixo de sofreguidão.

As lágrimas escorreram de seus olhos, encharcando seu rosto. Parou com as falhas tentativas de fazer com que o sangramento parasse e puxou o rosto da mulher para perto de si. Aos soluços alisou o rosto de sua mãe.

— Me desculpe. Me desculpe. Eu não queria deixar vocês. Não queria... Achei que estariam seguros...

— Hermione? — ouviu a voz masculina já tão conhecida atrás de si e levantou a cabeça para olhar o homem esguio a encarando perplexo.

— Pai — disse aos soluços. Sentindo mais lágrimas descendo de seu rosto, as limpou com as costas da mão.

— O que você fez? — questionou o homem, alterando seu tom de voz.

Ele se agachou no chão, empurrando Hermione agressivamente.

Ainda aos prantos, aproximou-se do pai, ignorando seu gesto anterior. Antes que pudesse falar algo, o homem se virou para ela.

— Isso é sua culpa — acusou com o tom alto.

Sem palavras, Hermione encarou o pai. Sentia seu coração acelerar cada vez mais, seu estômago revirar e sua cabeça doer.

— Foi culpa sua — repetiu; a voz num sussurro. Com lágrimas no rosto, ele se virou para mulher, abraçando seu corpo.

Hermione observou a cena a sua frente sumir como fumaça, deixando apenas o cinza sombrio e a sensação de vazio em seu peito.

Ainda ajoelhada, colocou as mãos na cabeça e deixou as lágrimas caírem mais agressivamente dando um grito de sofrimento.

 

Abriu os olhos abruptamente, vendo o teto amadeirado. A respiração estava descontrolada e a pele queimava por baixo da coberta. Virou o rosto lentamente vendo as paredes de madeira escura e velha, além da pequena janela onde os pingos de chuva batiam fortemente. O céu lá fora estava cinza, fazendo a iluminação do quarto ser mínima.

Hermione Granger se sentou na cama, fazendo as molas rangerem, e observou melhor o ambiente em que estava. O cômodo estaria vazio se não fosse por um armário pequeno, a cama, que parecia como aquelas de hospital, e a mesinha empoeirada ao lado dessa. À direita da cama, uma porta semiaberta, e sem a maçaneta, mostrava que o banheiro era ali.

Levantou-se, sentindo o chão sob seus pés e andou a passos curtos até lá. Terminou de abrir a porta e viu, para sua surpresa, que era extremamente limpo. O espelho em cima da pia a mostrava cabelos desgrenhados, como se não tivessem sido penteados há dias, palidez e a boca ressecada. Só então percebeu a roupa que usava. Tirou os olhos do objeto, mirando-os para si mesma. A camisola bege era como dos filmes antigos, e ela se perguntou quem a teria vestido daquela maneira.

Voltou ao quarto e procurou por sua varinha por entre o cobertor e a cama, não encontrando nada. Sentiu seu estômago embrulhar. Não sabia onde estava ou como havia chegado até ali e agora sem a sua varinha, em tempos como aquele, sentia que qualquer sombra pudesse matá-la.

Em frente à cama, ela observou a outra porta do quarto; velha e com a maçaneta redonda e dourada intacta. Caminhou até lá lentamente, evitando fazer barulho. Antes que pudesse fazer qualquer movimento para abri-la, a porta se moveu sozinha, abrindo-se. Surpresa mais uma vez, Hermione deu mais alguns passos e colocou a cabeça para fora do cômodo, tendo assim uma vista melhor do lugar em que estava. Viu o corredor extenso com várias outras portas em ambos os lados das paredes. Silenciosamente, ela saiu do quarto, mas parou ao ouvir o piso ranger alto sob seu pé.

Suspirou frustrada, esperando que alguém aparecesse para levá-la de volta ao quarto, mas, estranhamente, nada aconteceu. Ela precisava descobrir onde estava e quem a havia levado até ali. Por um momento pensou que estava morta.

Mais uma vez, andou lentamente com o piso de madeira ainda rangendo a cada passo que dava. Quando chegou ao fim do corredor, uma cascata de degraus se mostrou. Ela a desceu, ainda receosa com o lugar, observando a sala em que chegou. Era pequena e quente. Tinha um pequeno sofá velho de três lugares em um canto, e uma TV antiga, que provavelmente não pegava, em cima de uma estante velha e pequena a sua frente. Entre os objetos, um tapete sujo, verde e redondo estava sobre o chão.

Não havia ninguém ali e a única janela mostrava que lá fora a chuva ainda caia, mais forte do que quando acordara.

Ela continuou a andar, esperando encontrar algo que a ajudasse descobrir onde estava e quem a levara até ali e parou ao ouvir uma voz depois do arco do outro lado do cômodo. Hermione completou o caminho até lá, o coração acelerado e a respiração falha. Quando o viu de costas para ela, fazendo alguma coisa em frente a um fogão de cozinha velho demais, exclamou baixo, parando na entrada. Talvez fosse pela surpresa em vê-lo ali, ou a surpresa ainda maior; fora ele que a trouxe ate ali, ele que a salvou das mãos da tia. O anjo que pensara que a estava salvando e levando-a para um lugar melhor, era ele.

— Surpresa, Granger? — ele perguntou com a voz fria, sem ao menos olhar para trás.

Hermione não respondeu. Ainda perplexa com a ideia de ele a ter levado até ali. E a sua única pergunta era: por quê?

Draco Malfoy, com a sua postura de superior e exalando repulsa, se virou para encará-la, apoiando-se no fogão.

— É o seguinte, Sangue-Ruim — ele continuou com a voz dura e o semblante sério. — Não fale. Não toque em nada, e muito menos em mim. E o mais importante, não dê uma de Sabe-Tudo.

Hermione pensou em retrucar a ofensa do garoto e responder a altura que jamais pensaria em tocar nele, queria o fazer tantas perguntas; o porque levara até ali; onde estaria Harry e Rony e se haviam conseguido escapar da Mansão Malfoy vivos; mas calou-se. A possibilidade que os amigos ainda estivessem lá, sendo torturados como ela, ou pior, fazia seu coração doer.

— O seu quarto fica a esquerda da biblioteca, vá para lá como uma boa rata e me deixe em paz – concluiu grosseiramente.

Draco voltou a mexer no fogão, ignorando sua presença ali.

Não pode evitar em dar um passo a frente, ela não estava nem umpouco a vontade em seguir as ordens dele. Viu o restante da cozinha; ao lado do fogão havia uma geladeira pequena e antiga, assim como tudo ali, a pia, que pingava água sem parar, fazendo um barulho que Hermione julgou irritante, o armário em cima dela e a mesa de madeira escura, com apenas três cadeiras, em um canto.

— Onde está minha varinha? E minhas roupas...

— Você não ouviu nada do que eu disse? — interrompeu, irritado. — Cale a boca, Granger, antes que eu me arrependa do que fiz.

Hermione deu as costas para ele, estafada e decidida a voltar para o quarto da onde viera, mas antes de dar qualquer passo, desistiu e virou-se para o rapaz novamente.

— Eu não te pedi nada, Malfoy — começou, com o tom de voz alterado. — Então não me venha com “não faça eu me arrepender”, porque me deixar onde eu estava para morrer seria me fazer um favor. Qualquer coisa é melhor do que ficar no mesmo lugar que você — terminou, se virando sem esperar uma resposta ou uma reação.

Ao invés de ir para o quarto, Hermione caminhou rapidamente até à porta, a qual reparou pela primeira vez. Ela estava logo em frente à escadaria e, ao que parecia, a maçaneta redonda podia ser quebrada com apenas um giro. Ela precisava tentar sair daquele lugar, ainda que isso custasse sua vida. Não suportaria ficar ali por muito tempo, preocupada com seus amigos e com ele.

Deu passos largos e rápidos, descendo os poucos degraus de madeira em frente a casa e sentindo seus pés irem contra o chão de terra molhada, fazendo o barro entrar por entre seus dedos dos pés. Os pingos fortes e gelados da chuva a ensopando.

Ainda corria, com o coração e a respiração acelerada, quando as árvores começaram a surgir, formando uma vasta floresta. Viu quando tudo escureceu dentro da selva, fazendo-a tropeçar várias vezes, e viu quando a imensidão de árvores abriu espaço para um grandioso lago. Era mais frio ali, ela percebeu. A chuva que ainda batia em sua pele, parecia a queimar como gelo.

Nesse momento, Hermione sentiu braços fortes entrelaçarem-se em sua barriga, impedindo-a de correr mais. Em desespero ela tentou gritar, até ser impedida com uma mão apertando forte sua boca. Ela ainda não podia identificar de quem era, até ouvir a voz.

— Cale a boca, garota idiota! — Era a mesma voz do garoto que deixara na casa.

Ele a levou para um dos cantos, onde se agachou atrás de um espesso tronco de uma árvore caída, com ela ainda presa aos seus braços. A chuva aumentava e podiam-se ouvir os trovões no céu nublado. A floresta era iluminada vez ou outra por relâmpagos próximos a ela. Hermione sentia as roupas grudadas ao seu corpo, fazendo-a tremer. A mão do garoto ainda estava em sua boca, e seu corpo estava colado ao dela. Ela chorou em desespero.

— Granger, cale a boca! — Malfoy sussurrou, mas Hermione só se calou quando ouviu passos próximos a eles.

A cada segundo era ouvido mais claramente. Cada vez mais próximos. E logo as vozes vieram acompanhadas deles.

— Tenho certeza de que ouvi algo por aqui. — Uma voz grave e rouca falou. Hermione tinha certeza de que eles estavam a poucos metros de distâncias deles.

— Duvido muito. — Outra se sobrepôs, menos grave e mais rouca. — Quase ninguém conhece este lugar além dos seguidores do Lorde, e quem conhece não vem até aqui.

O outro bufou visivelmente irritado com a estupidez do colega.

Hermione sentiu o ar sair e entrar de seus pulmões cada vez mais rápido e seu coração acelerar mais a cada passo que eles davam. Draco a apertou mais contra si, também apertando a mão em sua boca.

— Não sei se você lembra, McNair, mas temos um novo Régulos entre nós — disse com nojo na voz. — Eu mesmo terei o prazer de matá-lo, sendo ou não filho de Lucius.

Ela sentiu Draco tremer sobre seu corpo e ficar tenso.

Um deles riu.

— Eu sempre suspeitei do garoto, não entendo o porquê demorou tanto a acontecer.

— Os Malfoy sabem onde se metem. Lucius sabia que o garoto não tinha determinação para tanto antes de enfiá-lo nisso. E agora olhe só... — gargalhou. — Se escondendo da gente como um covarde.

Os passos começaram a ficar distantes junto com as gargalhadas que eles davam.

Draco Malfoy ainda a apertava. Hermione tremia ainda mais com o frio. Frio demasiado. O loiro a soltou, empurrando-a. Ela apoiou suas mãos no barro para não cair de cara e soltou uma exclamação de dor. Malfoy se levantou de onde estava e, parecendo não se importar com o frio ou a chuva, começou a andar de volta para a casa, deixando-a ali.

Hermione sentiu sua pele se arrepiar e seu estômago revirar. Seus braços se enfraqueceram. Sem conseguir mais apoiar o peso de seu corpo, caiu no barro da floresta. Ela sentiu a dor por todo o seu corpo e se contorceu; seus olhos virando nas órbitas e os lábios trêmulos.

O que viu depois disso foram apenas borrões. Em um segundo, ela já estava no mesmo quarto em que acordara anteriormente, com Malfoy ao seu lado. Ela tentou virar a cabeça, ainda se contorcendo pela dor, e viu o pequeno elfo. Contudo, a última coisa que viu antes de apagar foi a íris cinza da cor da tempestade.



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