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História Spectrum (Dramione) - Capítulo 3


Escrita por: malfoyazedo

Capítulo 4 - Capítulo 3


 O Livro da Morte (parte 1)

Não havia conseguido dormir durante toda a noite. Assim que fechava seus olhos, os pensamentos e os sonhos estranhos dominavam sua mente, o levando para o fim. Sempre acordava no meio de uma guerra, com uma morte assombrando seus pensamentos. Sentia o suor escorrer por sua testa quando acordava, a respiração acelerada e o peito pulando. Não se lembrava da última vez não que tivera pesadelos daquela maneira.

O sol ainda não havia nascido quando, desistindo de tentar dormir, levantou-se de sua cama cansado e com dores. Contudo, ali, a claridade do dia demorava a aparecer, deixando o quarto em completo breu. Passou a mão pelos cabelos molhados de suor e caminhou até o banheiro.

Acendeu as luzes e olhou-se no espelho imundo do cubículo, vendo seus olhos fundos. Os fios brancos estavam bagunçados e ensebados. A pele nua e branca da barriga mostrava o seu físico pouco trabalhado. Tudo o que precisava era de um banho.

Antes que pudesse completar o caminho até a banheira encardida, ouviu os soluços no cômodo ao lado. Tentou ignorar, mas não pôde quando eles ficaram mais altos. Andou com passos curtos até a única fina camada de madeira que os separavam. Não resistiu ao ver o pequeno furo na estrutura, que lhe dava a visão quase perfeita para o outro lado, e observou atentamente a menina seminua encostada na parede oposta.

Sua cabeça estava entre suas pernas torneadas e os braços as abraçavam. A posição em que estava lhe dava uma visão perfeita do meio de suas coxas e consequentemente imaginou-a sem aquela única peça. Balançou a cabeça e afastou-se, irritado consigo mesmo por aquele pensamento. Draco Malfoy não tinha esse tipo de pensamento sobre uma sangue ruim nojenta. Porém, Draco Malfoy também não salvava uma sangue ruim do cruciatus de Belatriz.

Argh.

Socou a parede sem se importar com a garota ao lado.

O que estava acontecendo com ele?

 

— O que está fazendo aqui? — questionou grosseiramente.

Hermione tirou os olhos do livro o encarando. Vestia a mesma calça de moletom e a blusa branca que vestira na noite anterior e estava sentada com as pernas em cima da única poltrona da saleta pequena.

O lugar cheirava a mofo e dava para ver a grande camada de poeira sobre as estantes de ferro. Havia três, cada uma delas cheia de livros desorganizados e empoeirados. Livros tão velhos quanto à própria casa. A única iluminação era o abajur em uma mesinha ao lado da garota.

— Você me disse para ficar aqui, Malfoy — retorquiu calmamente. — "Como uma boa rata", se lembra?

— Não quando eu estiver aqui, Granger.

— Então faça uma tabela de horários para que cada um tenha uma hora para frequentar os cômodos da casa sem esbarrar com o outro — contrapôs com ironia.

Hermione fechou o livro apoiado em suas pernas agressivamente, fazendo uma fumaça de pó escapar de suas páginas. As orbes castanhas lhe mostravam desprezo e irritação.

Draco não respondeu e no minuto seguinte apenas se encararam. Ele viu quando o olhar da menina passou de irritação para curiosidade. Hermione deixou a cabeça cair alguns centímetros para o lado.

— Por que fez isso, Malfoy? — perguntou.

— O que? — retornou, mesmo já sabendo o que ela queria dizer, porém preferia não ter de lhe responder. Aquilo só interessava a ele mesmo e mais ninguém.

— Você sabe do que estou falando.

Ele bufou, irritado com a garota. Sabia o quão irritante Hermione Granger poderia ser, já a conhecia de salas de aulas e corredores de Hogwarts, e isso era um dos motivos que o fazia a repudiar, além de ser uma Sangue-Ruim nojenta.

— Não está satisfeita? Vá embora, Granger. — Em gesto automático, Draco passou as mãos pelos cabelos, se segurando para não os arrancar de uma vez.

A garota se levantou da poltrona e jogou o livro sobre ela.

— Você acha que eu não tentei? — Hermione Granger começou, alterando seu tom de voz. — Tentei ir embora, não sei se você se lembra, mas me impediu!

Ele soltou um grunhido de irritação e deu um passo a frente. Estava cansado da teimosia e da ignorância da tão sábia Hermione Granger, que parecia mais ingênua do que nunca.

— Você deveria me agradecer por isso! Se eu não tivesse feito isso estaria morta agora! — rebateu em um tom de voz mais alto que o dela.

— Eu não pedi para ser salva, muito menos por você!

— Ótimo, então vá, eu não vou te impedir.

 

Hermione observou o menino por um instante antes de andar em sua direção. Passou por ele, indo em direção à porta aberta. Antes que pudesse passar por ela, a mesma foi fechada violentamente com um estrondo, confirmando o que ela já sabia. Ele não a deixaria ir.

Draco Malfoy estava apoiado com uma das mãos nela enquanto encarava a garota. Hermione observou o cinza de seus olhos passando por toda a extensão de seu rosto, mas tudo o que eles transmitiam era fúria.

— Eu não fodi a minha vida por causa de você pra nada, Granger. Você não vai sair deste lugar até que eu mande.

Hermione sorriu.

— Então é melhor começar a fazer a tabela se está tão incomodado em ver minha cara por aqui — concluiu, abrindo a porta de supetão e saindo com passos rápidos.

 

A noite havia chegado junto com a chuva e a escuridão. A névoa cobria as árvores e o céu, como sempre cobria, e Hermione Granger, mais uma vez, desejou não estar ali.

Harry e Rony precisavam dela e tudo o que ela conseguia fazer era se sentar em uma cadeira de balanço e imaginar onde eles estavam, se haviam conseguido sair da mansão e se estavam bem. A preocupação fazia seu peito se apertar e pensar no pior.

Não era burra e sabia que Draco Malfoy também não era. Sabia que, com certeza, o menino havia posto feitiços para impedir aparatações ao redor da propriedade, assim como muitos outros para a proteção. Se ele sabia que os Comensais estavam atrás dele, não iria deixar o lugar sem proteção, mas ainda sim, sem a sua varinha, sentia-se vulnerável.

Suspirou e se levantou, sentindo a madeira úmida sob seus pés. Andou até a porta do quarto e abriu, dando de cara com quem menos queria ver naquele momento e a única pessoa que veria durante um bom tempo. Parecia estar ali há uns bons minutos e surpreendeu-se por isso.

O garoto levantou a cabeça e olhou em seus olhos.

— Eu não aguentava mais... — começou Draco Malfoy num murmúrio. — Fazer o que me mandavam fazer e não o que eu queria fazer.

Hermione manteve-se em silêncio, apenas encarando seus olhos marejados, sem saber o que dizer com a revelação.

— Não aguentava mais meu pai, minha tia e Você-Sabe-Quem. Eu precisava fazer algo, mesmo o Potter sendo o Potter e você sendo uma sangue ruim. Por isso menti sobre saber quem ele era e te trouxe pra cá.

Hermione abriu a boca para retrucar o xingamento, mas o garoto foi mais rápido.

— Só cale a boca, Granger... — Gesticulou com uma careta e parecendo ler seus pensamentos. — Pra mim você continua sendo a mesma sangue sujo que eu fui ensinado a odiar e a moral da minha família é algo difícil de se desfazer quando se cresce aprendendo que pessoas como você são a escória da comunidade bruxa.

Hermione decidiu não falar e não expressar sua opinião quanto àquilo e muito menos a sua raiva e rancor por todos esses anos. Apenas o observou e não resistiu em perguntar depois de algum tempo que estavam ali, olhando um para a cara do outro.

— Onde está a minha varinha?

Draco bufou e deu às costas a menina, pisando duro.

Hermione ignorou e continuou o seu caminho de mais tarde, antes de ser interrompida por Malfoy em sua porta.

A biblioteca era ao lado de seu quarto e estava em completa escuridão sem a única luz do abajur ao lado da poltrona empoeirada. Ela caminhou até lá e deu um toque no objeto, fazendo a luz fraca piscar um pouco antes da claridade se firmar.

Andou até a estante que o livro que lia antes tinha sido guardado. Mesmo não sendo tão interessante, era o único que parecia conter uma história de verdade. Procurou entre as lombadas e antes que pudesse achá-lo, um outro nome chamou sua atenção.

O Livro da Morte.

Retirou-o do lugar e observou sua capa negra com as letras grandes e prateadas. Abriu, vendo a primeira página.

Para aqueles que desejam desafiar a morte.

Eram as dedicações do volume em suas mãos.

Hermione, muito hesitante, virou a página do livro. Observou o nome escrito à mão e sentiu seu peito se apertar mais uma vez, imaginando que aquele deveria ser o dono do objeto.

Tom Riddle.

 

Não tinha fome e preferia ficar em seu quarto naquela noite, ainda mais depois do que havia acontecido há pouco na porta de Hermione Granger, mas o estrondo um pouco abafado pelas camadas de madeira da parede o fez caminhar rapidamente até a porta de seu quarto. Observou o corredor e ao ver a porta da biblioteca entreaberta, andou até lá, podendo assim ver a menina desacordada no chão entre as estantes. O vestido largo que vestia, e que, provavelmente, Pinklink arrumara para ela, ia até o meio de suas coxas, mas a queda o havia feito subir um pouco mais, dando a Malfoy a visão do que preferia não ver novamente. Antes que pudesse pensar, foi até lá. Notou o livro ao seu lado e revirou os olhos. Como podia ser tão intrometida? Pegou-a no colo, passando um dos braços por suas costas e o outro na parte inferior de suas coxas e a levou até o quarto ao lado, pensando que cuidaria do objeto depois.

Colocou-a cuidadosamente na cama. Quando afastou-se, a viu se contorcer.

— Ah, não, Granger... — sussurrou. — De novo, não.

 

Hermione acordou com a claridade em seus olhos. Era dia e, como sempre, chovia.

Abriu os olhos e piscou algumas vezes para se acostumar com a luz do dia. Viu o teto e logo depois virou a cabeça para o lado, vendo as íris cinzas sob as suas.

Draco Malfoy estava jogado na cadeira de balanço ao lado da janela. Sem tirar seus olhos dela, ele moveu suas mãos até sua boca, cutucando-a.

— O que faz aqui? — questionou Hermione.

O outro não a respondeu e com a testa franzida tornou com outra pergunta:

— Com o que sonha?

Hermione abriu a boca para responder, mas desistiu. Ele não tinha que saber sobre o que sonhava, não era de sua conta.

— Se tiver fome chame a Pink — Malfoy falou depois de algum tempo, se levantou e saiu do quarto, deixando-a sozinha.

Hermione se levantou assim que o garoto sumira pela porta e caminhou rapidamente até a biblioteca ao lado de seu quarto. A claridade não entrava ali. Não havia janelas ou luz de teto e por isso teve que ligar a única fonte de luz na sala, o abajur velho, em cima da mesinha velha.

Esperou até que a lâmpada parasse de piscar e buscou pelo livro que vira na noite anterior. A curiosidade corroendo-a por dentro. Se o livro pertencia a Voldemort, devia ter alguma pista sobre as Horcruxes dentro dele, porque afinal, Harry precisava achar as outras três.

Procurou em cada prateleira de cada estante da biblioteca e não o achara. Lembrava-se claramente de estar com ele na mão quando as dores de corpo a consumiram e perdera a consciência. Imaginou que o livro estivesse caído em algum lugar, então se abaixou e olhou embaixo de cada lugar possível, mas, ainda sim, não havia nada.

— O que está procurando, Granger? — ouviu a voz atrás de si.

Hermione se levantou, olhando para a sombra de Draco Malfoy na luz fraca.

— Não te interessa, Malfoy.

— Na verdade, Granger... — O garoto aproximou-se com um sorriso no rosto. — se você está falando daquele livro velho, me interessa sim.

Hermione abriu a boca surpresa.

— Você o pegou?

Draco deu mais um passo a frente, deixando com que seu rosto se iluminasse, mas não disse nada, apenas a observou.

— Malfoy, aquele livro pode ter alguma pista sobre as Horcruxes.

— Você sabe sobre o que se trata aquele livro? Não se meta em coisas que não são da sua conta.

Hermione bufou.

— Então me diga sobre o que se trata — pediu com o tom de voz alto.

— Tem que coisas que você não precisa saber, Sabe-Tudo.

Malfoy estava muito calmo para a surpresa da garota. As palavras que saiam de sua boca não eram de raiva, grosseiras, severas ou expressavam algum sentimento. Todas elas tinham um tom neutro, o que a fez estranhar toda a situação, fazendo com que seu cérebro trabalhasse para entender aquilo.

Quando o garoto se aproximou mais, sorriu e então Hermione notou os seus olhos.

— O que você tomou? — perguntou, ficando em sua frente.

Malfoy era centímetros mais alto que ela, fazendo-a ter que levantar a cabeça para encará-lo. Levantou suas mãos e deu tapas leves em seu rosto. Ele não reagiu e apenas alargou o sorriso em seu rosto, mostrando os dentes brancos para ela.

Pensou em sair dali e procurar pelo livro nos outros quartos, enquanto ele se recuperava dos efeitos do que quer que tivesse tomado, mas se lembrou da mansão. O toque gelado que sentira em sua mão, era a mão dele. Ele a havia salvo. Lembrou-se da floresta depois que tentara fugir e da comida que a elfo a levou no quarto depois de se recusar a comer, também se lembrou de acordar nessa manhã com ele ao seu lado, depois de perder a consciência na noite anterior. Mais uma vez se perguntou o porquê daquilo tudo. Apenas para se redimir? Por estar cansado de fazer o que os outros queriam? Parecia ridículo aos olhos dela e acabaria por descobrir os seus reais motivos para tudo aquilo de um jeito ou de outro. Se sacrificar por uma sangue ruim não fazia o tipo do covarde Draco Malfoy de Hogwarts.

Ainda assim, ela precisava ajudá-lo. Não era de seu feitio deixar com que outras pessoas ficassem daquela maneira, ainda mais quando essa estava tentando a salvar do que quer que estivesse acontecendo com seu corpo. Mesmo sendo Draco Malfoy.

— Você precisa se deitar — falou em um sussurro após concluir que deveria ajudá-lo, mesmo contra sua própria vontade, afinal, ele a havia ajudado e Hermione duvidava que havia qualquer resquício de simpatia por ela para fazê-lo. — E precisamos descobrir o que você tomou para que eu possa fazer algo.

Pegou em sua mão e o levou até o seu próprio quarto. Não ousaria procurar ou até mesmo entrar no dele. Colocou-o em sua cama e sentou-se na cadeira de balanço. Apoiou os cotovelos nas pernas e cobriu o rosto com as mãos.

Suspirou cansada de tudo aquilo.

Precisava sair dali e ajudar Harry. Precisava ao menos saber como ele e Rony estavam. Só queria que tudo acabasse, que Voldemort sumisse e todo o resto. Queria seus pais e sua casa. Queria voltar para Hogwarts e terminar seus estudos e queria, acima de tudo, paz.

— Eu sei que quer sair daqui, Granger — ouviu a voz rouca do loiro começando a amolecer. —, mas você não pode. Sabe por quê? Porque quando você sair daqui eles vão te  matar e eu não sacrifiquei minha vida pra nada, Granger.

Hermione tirou as mãos do rosto e o encarou. Estava deitado e olhava fixamente para ela. Parecia mal saber onde estava. Os olhos perdidos e boca trêmula.

— Eu vi você do meu banheiro — revelou, fazendo-a erguer a coluna. — Tava chorando.

Hermione subitamente lembrou-se desse momento e corou, sentindo uma pontada de irritação por seu espaço invadido novamente por ele.

Querendo evitar a raiva e ouvir mais coisas que não queria, se levantou e saiu do quarto, deixando o garoto lá.

Tinha que achar o que ele havia tomado antes que acabasse enlouquecendo.


Notas Finais


Comentem, por favor, porque ultimamente eu tenho estado tão desanimada com tudo que não sei se vou te animo pra escrever outro capítulo. Esse é o último que tenho escrito aqui e espero o incentivo de vocês.
Me mandem solicitações de amizade.
Responderei os comentários em breve.

/Betado


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