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História Spectrum (Dramione) - Capítulo 6


Escrita por: malfoyazedo

Capítulo 7 - Capítulo 6


A luz no fim túnel

Hermione Granger tomara como hábito sentar-se em frente a janela, observando a copa das árvores, que dançavam com o vento. Deixara de se importar com o rangido decorrente que a cadeira a qual sentava fazia em seu oscilar.

A chuva batia no vidro da janela sucessivamente, fazendo um barulho que ela julgaria agradável, se não fosse o lugar onde estava. Das madeiras viam-se amostras das consequências dos dias que passaram sem que a precipitação passasse. Pingos de água molhavam a madeira escura das paredes e do chão, ainda que a cabana fosse, de algum modo, mágica.

Fazia três dias que chovia incessantemente. O frio era comum, mas fora outra coisa com a qual deixara de se importar, deixando com que ele tomasse sua pele exposta dos braços e das pernas, tornando-a fria assim como o ar que pelo quarto rodava. Era uma distração. A mantinha acordada.

Hermione olhava para fora do vitral, os olhos vazios e a mente calculando cada passo que teria de dar para sair dali. Olheiras começavam a formar-se embaixo de seus olhos. Estava cansada, mesmo que ainda não admitisse a si mesma. A cama era utilizada apenas poucas horas pela noite, até que ela se levantasse e se dirigisse novamente até a cadeira.

Não conseguia dormir. Não queria. Os pesadelos tornaram-se constantes e por vezes sentia-se enferma. Os calafrios subiam pela sua coluna e a respiração tornava-se falha, fazendo-a quase sufocar. Não conseguia entender o que havia com ela e única explicação suscetível era Draco Malfoy.

Há dias não o via. Desde que acordara em sua cama sem se lembrar de nada da noite anterior, Hermione sentia-se cada vez pior. O procurou, sem encontrar vestígios do garoto que a resgatara. Sabia que estava por perto, pois costumeiramente sua elfo lhe trazia pratos recheados de comida, o qual Hermione devorava com prazer. Passara da fase da obstinação, mas, ainda que não fosse prisioneira, sentia-se como uma.

Procurara por algo pela casa e tudo o que encontrara fora poeira e escuridão. A cozinha regularmente estava vazia. No começo, acostumou-se sentar à mesa, esperando que alguém aparecesse, o que nunca acontecera.

Evitava pensar em Harry e Rony e em todos os seus colegas. Pessoas que costumava dividir o dormitório e as que frequentavam as mesmas aulas. Preocupava-se constantemente com todos, até que parara. Não aguentava se remoer, questionando e duvidando de tudo. Não queria pensar neles, deveria pensar apenas em si mesma e em como escaparia do lugar onde estava e, principalmente, que deveria achar Draco Malfoy para responder às diversas perguntas da noite que sumira de sua mente sem explicações.

Hermione beirava o desespero. Estava sozinha e estava morrendo. Cada segundo a mais que passava naquela maldita cabana pareciam ser anos de sua vida. Ela podia sentir o cansaço a dominando. Sentia dores e mudanças bruscas na temperatura de seu corpo. Se tivesse outro ataque não teria Draco Malfoy para ajudá-la, como ele sempre fazia.

Não o entendia e isso a irritava. Ela gostava de manter-se no controle. Enquanto pudesse fazer aquilo sabia que era ela mesma, mas o sonserino era indecifrável. Era cômodo deixar da maneira como estava, dispersar a mente, pensar em algo de útil ao invés de apenas tentar compreender. Ela sabia que ele não lhe daria mais respostas, mal sabia onde o garoto se encontrava.

Hermione observou a escuridão se aproximando. Levantou-se da cadeira e deu uma última olhadela para as árvores antes de dar passos trôpegos para fora do quarto. Estava cansada, sentia o corpo mole e mais uma vez a pele queimar. Arrastou-se pela escada e lembrou-se de sua varinha em cima da cama tarde demais. Estava esgotada e sabia que mal conseguiria subir um degrau antes de cair. Continuou seu caminho com sofreguidão.

Hermione Granger, vestida em uma camisola larga, andou até a porta de madeira. A única entrada e, consequentemente, a única saída. Abriu-a e pisou na madeira úmida do lado de fora. Seus pés descalços sentiram a água fria, fazendo-a se arrepiar. Estava febril, ela sabia, e mal entendia o que estava fazendo. Desceu os poucos degraus em frente à cabana, até sentir a terra entrar por entre seus dedos dos pés e caminhou em passos lentos, adentrando por entre a imensidão de árvores.

A chuva caia em seu corpo, fazendo com que sua camisola já transparente colasse nos seios, os deixando a mostra. O sutiã já não era o essencial. Draco havia sumido por dias, sem deixar rastros. A liberdade que tomara para vestir as roupas que Pinklink lhe trazia tornara-se maior.

Os pingos de chuva que tocavam sua pele eram agoniantes. O frio se alastrava, fazendo-a tremer. Seus cabelos escorridos e grudados em seu pescoço. Hermione respirava com tamanha dificuldade que, por vezes, encostava-se a uma das árvores, buscando oxigênio. Tropeçou diversas vezes, sujando-se completamente de terra. Não sabia aonde ia, mas confiava em seu instinto. O subconsciente a mandava para aquele lado e ela não o contrariaria. Já não tinha nada a perder.

Depois de um tempo perguntou-se onde estava. Se houvesse comensais por ali estava morta, levando junto consigo Malfoy.

Hermione tinha a boca trêmula. Atravessou galhos, desviou-se de árvores no caminho. Suas pernas começavam a bambear quando finalmente ela viu a luz. Por um momento achou que estava imaginando, ou simplesmente morrendo.

A luz no fim do túnel.

Um trovão ecoou ao longe, fazendo-a se assustar e seu coração disparar. Ainda estava viva, mas não por muito tempo. Hermione tropicou por entre a terra e os galhos de árvores caídos no chão. Havia dez vezes mais árvores, mas elas se abriam para um formoso lago.

A sua lua. Hermione lembrava-se. A única fonte de luz própria naquele lugar, além do sol completamente coberto pelas nuvens.

A garota mal notara que a chuva se dissipava a cada passo que dava até o lago.

Seu brilho estava visível à luz do dia. Estava mais forte. Em passos lentos, Hermione caminhou até ele, ajoelhando-se na borda. Estava fascinada novamente. Ela jamais havia visto algo tão belo.

Ainda tremendo de frio, enfiou a mão em sua água, até que uma sombra humana passasse por ele. Assustou-se e retirou-a rapidamente, se lembrando em seguida que era comum.

“— É o Lago Fény”.

Hermione lembrou-se da voz suave a dizendo.

— Dizem que ele atende às suas necessidades”.

Malfoy havia sido gentil naquela noite. Recordou-se do garoto com quem estudara em Hogwarts. Aquele garoto que jamais resgataria uma sangue-ruim e a levaria para viver em uma casa onde ele também teria de viver. Aquele garoto que jamais desobedeceria ao pai e, além disso, jamais seria gentil com ela. A pessoa com quem dividia a casa não se parecia em nada com o garoto que conhecera. Era melhor do que ele. Deixara de ser apenas um garoto e agora Hermione conseguia reconhecer.

Enfiou a mão na água iluminada novamente, sentindo o alivio em sua palma trêmula.

Ela respirou fundo, fechando os olhos.

— Atende às suas necessidades físicas”.

Hermione abriu os olhos e observou a água mais alguns instantes, antes de levar a outra para dentro. Juntou as duas em concha e pegou uma quantia moderada da água brilhante. Abaixou-se, inclinado o tronco e experimentou de sua pureza.

Era água doce e, diferente do que pensara, não tinha um gosto diferente do normal. Apenas porque emitia sua própria luz, não queria dizer que seu liquido tinha de ter gosto de suco de manga no café da manhã, martirizou-se ironicamente.

Não demorou em sentir sua fraqueza ir embora. O frio congelante a deixou, fazendo com que seu corpo parasse de tremer. Não sentia mais dores e sentia seu pulmão se abrindo, como se estivesse espremido esse tempo todo.

Hermione observou à água por mais um tempo antes de dar-se conta do que acontecera.

— Ele supre suas necessidades físicas. É claro! — murmurou para si mesma, a voz saíra rouca e rasgando a garganta. — Como não percebi antes?

Ela sorriu, satisfeita com sua própria mente. Havia algo que poderia curá-la, apenas precisava da água e, enquanto a tivesse, estava salva.

Parou suas mãos em conchas novamente e desceu-as na água, levando-as até a sua boca em seguida. Tomou mais do liquido, deixando-o descer suavemente por seu esôfago.

— Granger! — ouviu a voz que há dias não ouvia. Virou-se rapidamente para ver Draco Malfoy parado à suas costas.

Hermione suspirou de alivio, ainda que estivesse confusa com o seu sumiço e aparecimento repentino. Precisava de algumas respostas e ele era o único que poderia as dar.

— Malfoy? — perguntou, com rouquidão, apenas para garantir que não era uma miragem de sua mente. Havia ficado dias sem falar com outrem, era aceitável que a voz ficasse presa em sua garganta.

Ele aproximou-se. Os cabelos loiros estavam escorridos e pingavam água, ainda que o resto de seu corpo estivesse seco.

— O que está fazendo aqui? — o garoto questionou-a, ao mesmo tempo em que olhava para os lados. Parecia procurar por algo, ou alguém, Hermione não saberia dizer. Ele parecia... aceso e agitado. Era como se tivesse tomado dez xícaras de café.

Por entre os troncos das árvores o eco de um uivo ensurdecedor foi ouvido. A garota se perguntara por um momento se havia lobisomens naquela floresta, ainda que fosse impossível. Não era um local tão amplo para que se escondesse por ali. Por mais que as árvores cercassem toda a cabana, improvavelmente um sobreviveria.

— O que foi isso? — Hermione perguntou.

Malfoy a encarou por alguns segundos, até a ventania arrebatadora começar. A folhagem das árvores se mexeu junto a ele e ela ouviu galhos se partindo em seus troncos.

— Granger, precisamos sair daqui...

Ela não queria sair dali. Precisava da água e precisava levar um pouco consigo para dentro da casa. Ainda que seu coração se agitasse dentro do peito, a garota passou os olhos pela água brilhante, acentuando seu instinto de grifinória.

— Granger, anda!

— A água! A água pode ajudar — tentou explicar rapidamente. Sentia o calafrio subir por sua espinha, mas dessa vez era por medo do que habitava aquele local.

Hermione procurou ao redor qualquer coisa que pudesse utilizar para pegar um pouco que fosse do liquido, encontrando apenas folhas e galhos secos. O desespero batia em seu peito quando Draco Malfoy se aproximou da garota, abaixando-se ao seu lado. Só então Hermione viu a bolsa que o garoto carregava. Ele a colocou de lado e, enquanto olhava fixamente para ela, tirou de dentro dois vidrinhos. Malfoy tirou a tampa dos cilindros e mergulhou-os na água, assim que cheios ele os tampou e jogou de qualquer jeito na bolsa.

— Anda, vamos! — falou antes de se levantar e pegar Hermione pela mão, a arrastando consigo.

Mesmo assustada, o gesto fora uma surpresa para a garota. Entendia-o bem. Parecia desesperado para sair dali, mas ela também queria entender por que.

Hermione o acompanhou. Sentia-se mais forte e, por isso, seus passos foram mais longos e precisos. Não caíra e suas pernas não ameaçaram quebrar-se durante o percurso que os dois faziam apressadamente.

Quando finalmente chegaram em frente à casa de madeira, foi que a menina percebeu que a chuva havia ido embora, ainda que as nuvens cobrissem os céus. Também percebeu a camisola branca colada ao seu corpo, com as aréolas e os mamilos visíveis. Sentiu seu rosto esquentar e vontade de se esconder, mesmo sabendo que Malfoy estava distraído demais para perceber. Por instinto, cruzou os braços em frente ao peito.

O garoto olhava para todos os lados rapidamente, enquanto a arrastava para dentro da cabana. Hermione sentia os pés completamente sujos de barro e folhas, além de seu cabelo pingando água pela madeira da casa. O menino, antes que ela pudesse perguntar qualquer coisa, sumira pelo andar de cima, andando a passos rápidos até onde quer que fosse.

Prestes a subir as escadas, Hermione ouviu o estalo já tão conhecido de Pinklink.

— Pinklink preparou seu banho — falou a elfo.

Hermione hesitou. Poderia tomar um banho, sozinha, em seu banheiro, estava bem. Ainda que adentrar a casa parecesse pesar seus ombros. Contudo, ela seguiu a elfo até o andar de cima sem reclamar.

 

Hermione parou em frente à porta que lembrava ser o quarto de Draco Malfoy.

Estava seca e limpa e seus cabelos armados como naturalmente. Vestia calça de moletom e uma camiseta de gola larga. Desde que a elfo doméstico de Malfoy a levara até o banheiro que ficava no corredor repleto de portas, Hermione não voltara para o quarto. Não queria ficar lá no momento. Estava cansada e, se passasse mais um minuto observando a escuridão do lado de fora, surtaria. Precisava falar com alguém. Precisava de respostas. Seu peito se apertava ansiando por elas.

Virou a maçaneta e empurrou a porta, fazendo-a ranger. Como da última vez que o procurara ali, o cômodo estava vazio, sem sequer uma presença de alma humana. Hermione o adentrou e sentou-se na cama de Malfoy.

Esperava que daquela vez ele pudesse responder às suas perguntas. Apenas queria saber o que acontecera na noite em que, do nada, acordara sozinha, tendo a última lembrança do livro em que lia encostada à cabeceira da cama. Ela sabia que havia acontecido algo. Sentia no fundo de âmago que o que acontecera naquela noite poderia os ajudar.

Hermione Granger ouviu passos no corredor e levantou-se da cama do garoto apressadamente.

Draco apareceu na porta de seu quarto. Os cabelos estavam secos e arrepiados. Ela imaginava que poderia ter ficado nervoso por algo e remexido nos cabelos, como normalmente fazia. Ele parou à porta ao vê-la lá dentro. Encarou-a por longos segundos antes de prosseguir com seu caminho e entrar no quarto.

— O que está fazendo aqui?

Hermione bufou.

— Você só consegue dizer isso? — perguntou, irritada.

Não queria agir com grosseria, ainda mais se esperasse qualquer tipo de ajuda da parte dele. Sabia como um Malfoy poderia ser difícil e sabia ainda mais que aquele Malfoy, em particular, era mais complicado do que os outros.

— Desculpe — pediu em seguida. — Eu só queria entender o que está acontecendo.

— O que está acontecendo, Granger, é uma guerra, onde talvez o seu amiguinho Potter perca e seu namoradinho pobretão morra, depois de mim e de você.

Hermione respirou fundo, tentando-se manter calma.

— Onde você esteve? — a sua voz tremeu.

— Lendo aquele maldito livro — ele respondeu-a facilmente.

Hermione franziu o cenho.

— Qual livro?

Foi a vez de Malfoy mostrar confusão.

— O livro que ele escreveu.

Hermione manteve-se confusa, sem passar despercebida por Draco, que se aproximou e a observou por um instante.

— Você não se lembra? — Hermione mexeu a cabeça negativamente. — Que droga, Granger!

Hermione estava prestes a respondê-lo quando mais uma vez o garoto pegou a sua mão e a arrastou para fora do quarto, deixando-a ainda mais confusa.


Notas Finais


Vocês me perdoem a demora, mas as coisas tão corridas por aqui. Gente, eu to estudando pra três seminários, tenho um milhão de trabalhos pra fazer, listas de exercícios de matemática e física, sem contar as provas que já estão ai. Eu to morrendo e não sei o que fazer, socorro.

Por conta de tudo isso que está acontecendo, eu vou deixar pra responder os comentários até sexta, então não os responderei hoje. Essa semana estou livre de escola, graças ao Universo, por conta das reuniões. Me desculpem, mas tá difícil pra responder os comentários em TODAS as histórias.

Beijos, amores ♥


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