1. Spirit Fanfics >
  2. Spectrum (Dramione) >
  3. Capítulo 7

História Spectrum (Dramione) - Capítulo 7


Escrita por: malfoyazedo

Notas do Autor


Já leram The Cursed Child?

Capítulo 8 - Capítulo 7


 Sangue

O cômodo onde estava não era em nada acolhedor, mas a sensação que sentia de que já estivera lá tomava seu peito, apertando-o. As paredes eram negras, assim como o chão. A luz era fraca e o cheiro de sangue que sentia a incomodava.

Sentada sobre a mesa, Hermione alisava a parte interna de um de seus braços. Com o tempo, havia aprendido a desligar sua mente para as coisas que aconteciam fora dali. Não queria se preocupar com os seus amigos e a batalha que estava para acontecer.

Draco Malfoy havia sumido há um tempo pela biblioteca que passaram anteriormente. A sua frente estava um pequeno frasco, com um líquido transparente em seu interior, que Malfoy depositara ali antes de se retirar. A água do lago.

Ao ouvir um dos caldeirões bater no chão com um estrondo alto, Hermione virou o pescoço rapidamente em direção ao barulho. O garoto, alto e parecendo muito magro por baixo da camiseta larga que vestia, estava de pé a poucos passos da porta de entrada segurando um livro em suas mãos.

Hermione queria lhe perguntar tantas coisas, mas manteve-se calada enquanto ele caminhava em sua direção, sem se importar em erguer o objeto que havia caído no chão. A luz fraca fazia seus cabelos platinados atingirem uma cor quente de amarelo. Ele sentou-se na cadeira ao seu lado e pousou o volume sobre a mesa calmamente.

Hermione conseguiu ver as letras da capa, o que fez seu coração dar um salto. Era o livro que tanto ansiava ler, mas que parecia ser impossível. Lembrava-se da última vez que tentara. Havia desmaiado e Draco Malfoy tivera que cuidar dela, o que ela não precisava que acontecesse outra vez, ainda que isso não parecesse incomodar o garoto nas tantas vezes que o fez.

— Tome a água antes, Granger — ele pediu. Hermione o obedeceu. Já começava a sentir-se fraca novamente. Era como se o cômodo sugasse sua energia mais que o normal.

Depois de virar um pequeno gole em sua boca, Draco empurrou o livro em sua frente e o abriu. As páginas amareladas continham letras grandes destacadas. Hermione passou seus olhos por elas rapidamente, constatando o óbvio, e o que Draco tentara a avisar, não havia nada ali, além de uma história inútil sobre trevas e feitiços horríveis para serem sequer pronunciados.

— Videtur — Malfoy sussurrou.

As letras parecerem se embaralhar na página, correndo para diversos lugares. Após poucos segundos, Hermione sentiu-se tonta com tantas voltas. Fechou os olhos por segundos. Quando os voltou a abrir a letras haviam parado, porém as palavras já não eram as mesmas.

Encarou Draco.

— O que é isso?

— Os Comensais costumavam esconder coisas, ele criava feitiços para isso. Eu me lembro de ter ouvido esse em umas das reuniões, mas na época não dei muita importância.

Hermione, que ouvia tudo atentamente, mais uma vez, virou seus olhos para as paginas amareladas a sua frente. As escrituras daquela página em específico revelavam mais do que sabia esse tempo todo. Informações sobre as horcruxes que ela e seus amigos tanto procuravam. Estava tudo ali.

— Por que ele deixaria informações como essas em um livro? — Hermione questionou, constatando que Voldermot jamais deixaria algo daquele modo jogado por ali.

— Eu me fiz a mesma pergunta. — Ele virou mais algumas folhas e sussurrou o mesmo feitiço nela.

Hermione cutucou os lábios. Seu estômago começava a se revirar. Não sabia se eram os efeitos de estar naquela sala e ainda lendo o livro que começavam a aparecer ou simplesmente pelo fato do nervosismo e do medo que se estabeleceram em seu peito. Ela procurou o frasco com os olhos, pousando os olhos nele por segundos antes de esticar o braço e tomar outro gole.

Ao voltar sua atenção para o que acontecia, viu Draco Malfoy a encarando atentamente. Parecia calcular cada movimento que a garota fazia. Hermione virou seus olhos para o volume a sua frente.

Leu e releu a folha, sem conseguir fazer com que uma das palavras entrasse em sua mente. Uma dor aguda na cabeça a atingiu, fazendo a compreensão ficar mais difícil. Olhou o líquido a sua frente.

— Draco. — Sua voz era um sussurro, arrastada e mole. O esforço que fazia para que ela saísse a esgotava. — Não acho que esteja funcionando. — Hermione encarou o teto negro da sala. A luz fraca parecia fraquejar de tempos em tempos.

Ainda que estivesse fraca, sentiu os braços de Draco Malfoy apoiarem suas pernas e costas. Fechou os olhos, o movimento do teto a deixava mais tonta. Pouco tempo depois, sentiu as costas sendo apoiadas em um objeto que sabia ser o colchão do quarto no qual dormia. Ainda estava consciente e agradecia por aquilo. Agradecia por não perdê-la totalmente como da última vez.

Respirou fundo.

Uma voz longínqua parecia sussurrar em seu ouvido. Por um instante ela imaginou estar alucinando, porém quando a ouviu novamente, daquela vez com mais clareza, soube que não estava. Apurou seus ouvidos e esforçou-se para que sua mente trabalhasse para entender o que ela dizia.

— Abra a boca — a voz de Draco Malfoy ressonou mais alta em seus tímpanos, fazendo-a compreendê-lo.

Com mais um esforço, Hermione lutou para obrigar sua boca a se abrir poucos centímetros, mas fora o suficiente para que ela sentisse o líquido escorrer por sua garganta, quase a afogando.

Hermione sentiu os ombros relaxarem a cada respiração. Aos poucos, sua consciência voltava ao normal e ela podia finalmente ouvir as coisas ao seu redor. Ainda que seus olhos pesassem, ela os abriu, vendo Draco Malfoy parado a sua frente com a testa franzida. Estranhou por alguns segundos a luz, que era pouco mais forte que do cômodo ao qual estava anteriormente.

Não precisou de muito tempo até que o barulho da chuva fosse ouvido do lado de fora. Gostava da chuva e era comum que chovesse ali, entretando, começava a achar estranho a quantidade de vezes que a água ia e vinha. Ela encarou a janela. As árvores balançavam lá fora com o vento. Ela sabia que poderia fazer muito frio ali, já havia até o experimentado.

Hermione apoiou-se nos cotovelos e sentou-se na cama com as costas apoiadas na cabeceira metálica e fria, que fizeram seus músculos afrouxarem. Ainda estava fraca e sentia seu estômago embrulhar. O ar parecia rarefeito, contudo, ainda assim, ela obrigou seus pulmões a exalá-lo.

— Por que chove tanto aqui? — ela perguntou, voltando seus olhos para os cinzas de Draco. Sua voz era um sussurro e saia arranhando de sua garganta.

Draco sorriu minimamente e passou a mão nos cabelos platinados, que começavam a crescer de uma forma exagerada em sua cabeça. Era estranho como em tão pouco tempo os seus cabelos cresceram tanto.

— É o lago, Granger — explicou, caminhando até a cadeira de balanço e virando-a em direção à cama. Ele sentou-se e a encarou. — Você não conhece a história?

Hermione enrugou a testa em duvida.

— Que história?

Draco balançou a cadeira levemente e a parou com os pés, olhando para o teto da cabana em seguida.

— Merlin o fez de presente para Morgana quando se apaixonou por ela — começou. — Mas o seu brilho atraiu os mortais, os trouxas, que acabaram por se apossar completamente dele. Todos o queriam, mesmo que não entendessem sua magnitude e todo o seu poder. Tinham receio de tomar de sua água, até que um dia um deles tomou e, por acaso, esse estava à beira da morte. — Ele riu. — Imagine a surpresa dele ao ver que estava curado do que quer que tivesse? — Malfoy ainda olhava para o teto, sem desviar os seus olhos por um segundo do local. Hermione ouvia a história atentamente. A cada segundo passado sentia-se melhor. — Então as guerras começaram. Merlin se irritou e amaldiçoou todos aqueles que tomavam ou já haviam tomado de sua água e que não tinham sangue mágico. Todos eles tiveram suas almas presas no lago pela eternidade. E então... Quando as almas dos mortais choram, o lago as separas de sua água pura e as faz cair em forma de chuva em sua redondeza.

Hermione levantou uma de suas sobrancelhas. Conhecia a história sobre os trouxas tomarem da água dele e ficarem presos lá para sempre, mas certamente nunca ouvira a versão completa, agora contada pelo seu pior inimigo de infância, que parecia estar sendo mais gentil que o comum no momento.

— Mas e Morgana? — Um trovão ressoou lá fora, seguido de um relâmpago que iluminou toda a copa das árvores.

Draco finalmente a encarou.

— Morgana não gostou da atitude dele e o condenou a própria maldição.

A garota o observou. As íris cinza a encaravam atentamente, parecendo calcular cada um de seus movimentos. Ela cutucou a boca.

— Mas Merlin tinha sangue bruxo, não? — Hermione constatou.

Draco a encarou por mais poucos segundos antes de olhar para o teto novamente.

— Depois que Merlin lhe ensinou a usar a magia, Morgana se tornou mais poderosa que ele, você deve saber. Ela mesma o prendeu lá — ele explicou.

— O amor o destruiu — a garota falou para si mesma.

Draco riu pelo nariz.

— O amor destrói as pessoas, Granger, deveria saber disso melhor que qualquer um andando com o Potter.

Hermione não precisou perguntar. Ela sabia exatamente do que ele falava. Não era novidade a história do amigo e Draco, assim como todos no mundo bruxo, a conhecia.

Hermione engoliu em seco.

Sentia-se minimamente melhor, mesmo que seu estômago revirasse. Seus olhos pesavam e não sabia se era fraqueza ou simplesmente sono. Talvez precisasse de um pouco mais de tempo para se recuperar totalmente. Fosse o que fosse, o que tinha naquela sala escura a afetava mais que o restante da cabana toda.

Outro trovão ressoou.

— Deveria dormir, Granger. — ela ouviu Draco falar.

O observou. Suas costas encostadas no móvel e a cabeça inclinada; os pés batiam no chão uniformemente e os braços apoiados na lateral da cadeira. A bipolaridade de Draco Malfoy a intrigava.

— Está sendo gentil de novo — observou, fazendo-o encará-la novamente.

— E você me chamou pelo primeiro nome — retrucou rudemente.

Hermione precisou de alguns segundos para poder se lembrar.

— Desculpe — pediu inconscientemente, arrependendo-se no segundo seguinte. — O que estava escrito? — Desviou o assunto para um de interesse comum.

Outra vez o garoto tornou a olhá-la.

Ele se curvou e apoiou os cotovelos nas pernas, passando a mão pelos cabelos. Os pés continuavam a bater uniformemente no chão e ele parecia, no mínimo, nervoso.

— O sangue de meu sangue se erguerá — Draco repetiu.

Hermione precisou de alguns segundos.

— Sangue de meu sangue? Quer dizer um filho? — ela perguntou, com a testa franzida.

— Ele não tem parentes, Granger, o que você acha?

Ela jogou os pés para fora da cama e sentou-se de costas para Draco, tentando pensar no que havia acabado de ouvir.

Sabia que Voldemort não deixaria um livro daqueles por ai em qualquer canto, a não ser que ele precisasse que alguém o achasse. Talvez houvessem o descoberto cedo demais e também não fosse a pessoa que ele esperava. Se havia a ínfima chance de Voldemort ter tido um filho, também havia a chance de nada acabar ali se eles finalmente vencessem aquela batalha. Haveria mais o que esperar e talvez fosse ainda pior.

A única coisa que Hermione conseguia pensar naquele momento era em sair daquele lugar, achar Harry e lhe contar o que estava acontecendo. Poderia lhe contar também sobre cada Horcruxe e o lugar em que cada uma se esconde. Poderiam, finalmente, acabar com aquilo e descobrir mais sobre o primogênito de Voldemort.

— Precisamos sair daqui, Malfoy — ela falou, virando o pescoço para encará-lo. Estava decidida a enfrentar o que fosse para acabar com aquilo, ainda mais quando o próprio corpo clamava por outro lugar para ficar.

— Não é tão simples assim, Granger — a respondeu, levantando o tronco e apoiando as costas na cadeira novamente. Ele aparentemente não conseguia ficar em uma única posição por muito tempo.

Hermione olhou pela janela. A escuridão tomava conta do lado de fora e a chuva ficava cada vez mais forte. Relâmpagos silenciosos iluminavam a copa das árvores de pouco em pouco tempo, e era possível avistar também as densas nuvens que cobriam o céu.

— Tem que ser.

Ela pode ouvir o riso frouxo de Draco Malfoy no quarto, ainda que não o encarasse diretamente.

— Você não entendeu, Granger. — Ela o fitou. — Nós dois estamos presos aqui até que os feitiços enfraqueçam.


Notas Finais


Estou em época de vestibular, enem, provas, trabalhos etc. Isso tudo tá me deixando bem nervosa e estou tendo alguns problemas com o bloqueio criativo.
Prometo que responderei os comentários em breve.
NÃO DEIXEM DE LER MINHAS OUTRAS HISTÓRIAS.
Beijos, adoro vocês.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...