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História Spin-offs - A liberdade e a escuridão - Elsa - Parte III


Escrita por: Elis_Giuliacci

Notas do Autor


Encerro a história da Elsa - ela terá muita importância na segunda parte da fic principal, então... Atenção e boa leitura!

Capítulo 7 - Elsa - Parte III


O salão de costura era grande e as rocas ficavam espalhadas pelos cantos. As freiras mais velhas eram responsáveis por esse trabalho e não era muito fácil uma vez que elas tinham que dar conta das doações que o convento fazia para os necessitados da vila que ficava próxima dali.

O horário do trabalho havia encerrado naquele instante e as freiras recolhiam o que haviam tecido e nós, as mais jovens, cuidávamos da limpeza do lugar e precisávamos nos apressar, pois a celebração começaria em alguns minutos. Aurora e eu já usávamos nossos hábitos brancos e, confesso, eu prefiro a cor azul, o branco me deixava mais pálida do que já estava.

Levei um grande susto, perdida nos meus pensamentos enquanto varria, notei que um homem jovem vestindo hábito como daquele monge que me trouxera dias antes se aproximando de nós duas. Eu tive medo de novamente sair em viagem tomando outro rumo incerto. Mas para meu alívio, ou desconsolo, quem sabe, ele queria falar com Aurora.

— São as noviças recém-chegadas? - concordamos juntas acenando com a cabeça e baixamos os olhos - O abade Rumple pediu que eu procurasse por Aurora.

— Sou eu. - ele abriu um sorriso quando Aurora identificou-se. O homem tinha os cabelos bem pretos grudados na cabeça de tão curtinhos, usava barba e tinha olhos tão azuis quanto os meus.

— Preciso de auxílio com os livros de tombo do convento, sou o frei Killian e vou ficar por uma semana realizando algumas pesquisas. - de repente ele lançou-me um olhar como que percebendo minha surpresa, mas ele não sabia que eu admirava a sua beleza - E como você se chama, filha?

— Elsa. - respondi quase sussurrando tal era a minha vergonha, pois, se ele pudesse ler pensamentos veria que eu notara o seu belo sorriso. E foi sorrindo que ele se afastou, acompanhado por Aurora seguiram em direção a ala das celas. Enquanto isso, eu voltava ao meu trabalho.

Naquela noite, depois das orações o abade veio até mim pedindo que fosse com ele até seus aposentos, pois queria ter uma conversa muito séria. Senti meu corpo congelar com ideia de ficar a sós com aquele homem, por mais que eu soubesse quem era, não confiava nele, tinha algo que me fazia ter muito medo dele.

— Então, Elsa, como estão seus estudos?

— Estão indo bem.

— Ora, querida, não precisa ter receio algum... - sorriu - Eu sempre tenho essas conversas com as freiras, faz parte do meu trabalho zelar pelo bem estar de todas e isso inclui saber como vai a vida de cada uma! - ele mostrava-se muito amável e eu não conseguia relaxar na presença dele. Continuei ali por mais alguns minutos e respondi todas as perguntas que Rumple fez. Em seguida voltei rápido para minha cela, pois já era muito tarde e os trabalhos do convento madrugavam antes mesmo que o galo cantasse.

Ainda na manhã seguinte o abade tentou um contato visual comigo durante a celebração da manhã, eu estava ficando cada vez mais assustada, pois aquele homem começava a perseguir-me com esses estranhos olhares e sempre queria que eu o auxiliasse ou apenas conversar em seus aposentos - eu não tinha coragem de confidenciar o que eu sentia à mais ninguém, ora, se eu tivesse que me confessar seria justamente com o próprio Rumple e isso, definitivamente, não seria uma boa ideia. Aurora puxou-me pelo braço depois das orações da manhã e correu até o frei Killian que saía da capela também.

— Desculpe, frei Killian, mas não estava no seu quarto quando bati. - ele sorriu e parecia um pouco cansado.

— Fiquei tão concentrado nos trabalhos que resolvi estender toda a madrugada e acabei não dormindo, irmã. - ele estava rondando o convento pela madrugada, levei um susto, pois ele poderia ter me visto indo para minha cela já tarde da noite, o pior é que ele notou meu espanto, pois sorriu tranquilizando-me - Não se incomode, Elsa, estou acostumado com esse ritmo de trabalho. - tornou a Aurora - Após o café podemos descer para continuar? - minha amiga assentiu e caminhamos em silêncio até o refeitório para nosso desjejum.

Realizei todas as minhas tarefas naquele dia pensando em um modo de contar a alguém sobre o que estava acontecendo, as atitudes estranhas do abade. Será que eu poderia confiar em Aurora? Pensei no frei Killian, ele pareceu tão espontâneo e sincero - e como era bonito! Eu sentia meu rosto corar todas as vezes que se aproximava de mim, mas do jeito que as coisas iam, eu poderia vestir meu hábito e não esperar nada além de um abade velho perseguindo-me.

E Rumple sabia fazer isso muito bem. Tornara solicitar minha presença em seus aposentos. Eu obedeci, não tinha muito o que fazer não ser isso. Ao chegar lá, o abade levou-me para um cômodo que tinha passagem apenas por seu quarto - estranho - lá dentro um pequeno altar e objetos passavam a sensação de que algo sinistro acontecia ali dentro. Ele tirou um pequeno amuleto do pescoço e deixou sobre o altar, depois pegou um cajado adornado que ainda não tinha visto com ele em nenhuma de suas celebrações.

— Está feliz aqui em Albiano, Elsa? - eu assenti com a cabeça e ele foi adiante - Quer permanecer conosco? - diante daquela pergunta eu baixei os olhos e senti meu rosto queimar - Eu entendo, você ainda é nova aqui e está confusa, mas eu posso ajudá-la a livrar-se dessas dúvidas. - eu continuava de cabeça baixa e ele se aproximou pegando no meu queixo e fazendo com que eu olhasse de frente e bem perto - Nós dois sabemos o que motiva suas dúvidas, não é, Elsa? - eu arregalei os olhos e ele sorriu - Sim, queridinha, eu sei o que traz seus pesadelos mais sufocantes nas noites geladas e eu posso ajudá-la a acabar com tudo isso. - eu não fazia ideia de como ele sabia dos meus problemas antes de entrar ali no convento, mas ele sabia.

— O que quer que eu faça, Vossa Paternidade? - essa pergunta aleatória saiu da minha boca sem que eu percebesse, se pudesse teria tapado meus lábios, mas não deu tempo. Rumple sorriu ainda mais, parecia estar feliz com o questionamento.

— O que ofereço à você, Elsa, é o fim do seu tormento, eu sei muito bem de onde veio e o que aconteceu, mas eu posso acabar com o que incomoda você! - definitivamente esse homem estava tirando qualquer possibilidade de eu sobreviver quando saísse dali, sentia meu coração na boca - Você terá que se unir à mim para que isso acabe, é muito simples, eu lhe ajudo e você, em troca, se unirá a mim num ritual para que eu possa completar minha preparação para assumir um lugar bem mais poderoso até mesmo que o próprio Vaticano.

Bom, pareceu-me loucura, mas o abade falava sério, não poderia duvidar de sua sanidade, pois ele estava convicto de que eu deveria ajudá-lo nesse ritual e eu teria o meu dom tirado de mim para que não pudesse atrair a atenção de mais ninguém - admito que foi tentador, teria Anna de volta, eu teria minha liberdade de volta. Porém, o preço era alto, eu não fazia ideia do que era esse ritual ou quais as consequências disso, então, perguntei a ele como se daria esse rito e o que eu ouvi foi assustador - uma união e depois um assassinato! Esse homem realmente estava completamente louco! Eu não consegui correr dali, apenas ouvi tudo o que ele dizia e antes de se despedir ainda alertou-me.

— Se você aceitar a minha proposta permaneça na capela amanhã, pela manhã, após as orações. Se ficar é um sinal de que aceitou... Porém, devo alertá-la ainda que, se não o fizer, temo que sua vida aqui dentro do convento não será muito agradável, minha querida. - deu-me boa noite e eu voltei para minha cela.

Eu tremia e não por frio, o medo tomara conta do meu corpo após sair dos aposentos do abade. Chorava e tentava ir mais depressa quando alguém segurou-me - eu gritei abafando minha boca com uma das mãos e achei que desmaiaria.

— Calma, Elsa! - era o frei Killian - O que faz aqui à essa hora? - ele segurava-me pelos braços e amparava-me, pois eu não sentia mais as minhas pernas. Ele olhou ao redor e levou-me para o refeitório. Ali, sentou-me cuidadosamente e pegou um copo d'água - bebi aquilo com dificuldade, tremia e não conseguia segurar a caneca.

— Por que está acordado, frei Killian?

— Você bem sabe que eu tenho estudado no subsolo do convento. Eu é que devo fazer essa pergunta à você! - ele arrastou outra cadeira e sentou-se de frente para mim, segurando minhas mãos. Com aquele toque comecei a me acalmar e resolvi contar tudo de uma vez para o frei. Eu não tinha outra escolha, não tinha mais o que fazer - ou ele me ajudaria ou eu estaria com mais problemas.

Quão grande foi meu alívio ao relatar tudo o que acontecera desde que cheguei no convento, um tempo curto, mas o suficiente para aquele abade estranho tornar minha vida mais sufocada do que já estava. A única coisa que tive medo de expor para o frei foi aquele dom, mas nem adiantaria, pois eu mesma não entendia o que estava acontecendo. Ele ouviu tudo em silêncio com toda atenção daquele par de olhos azuis brilhantes - tive vontade de puxá-lo ao final da conversa e dar-lhe um beijo, mas me contive "Elsa isso não é certo! Ele é um frei!" Praguejei em silêncio por Rumple ter escolhido Aurora e não à mim para ajudá-lo nas suas pesquisas.

Frei Killian pediu-me que ficasse na capela pela manhã, como abade tinha sugerido, isso lhe daria tempo de pensar - se Rumple acreditasse que conseguiria seu intento, poderia afrouxar a atenção e ele tentaria impedi-lo. Eu confiei em frei Killian, faria exatamente como o combinado. Logo depois fui para minha cela e o frei disse que iria até a capela para meditar, pois o dia seguinte seria uma grande provação.

Não consegui dormir. As coisas que ouvira de Rumple e toda a conversa com Killian - eu fiquei muito agitada e nem sequer cochilei. Quando o céu começava a dar sinais de iluminação, ainda que bem fraca, eu me coloquei de pé. Estava na hora de enfrentar a minha maior ameaça. O sino da capela começou a tocar, corri para a celebração.

As freiras já entravam na capela, burburinhos e sussurros. Encontrei Aurora no jardim e ganhei dela um sonoro "bom dia" que me deixou muito irritada, ela não sabia o que estava acontecendo, como poderia ser um bom dia? Enfim, ela não tinha culpa do que acontecia. Quando o sino parou de tocar já nos aproximávamos e frei Killian estava ali na porta da capela. Lançou um sorriso nervoso e deixou que sua assistente passasse, segurou-me pelo braço e sussurrou:

— Fique atenta quando a celebração terminar e não saia da capela, apenas sente-se e espere. - aquela frase fez minha cabeça girar e meus olhos queimaram, eu estava muito apavorada e não conseguia disfarçar, apenas abaixei a cabeça e corri para junto de Aurora. Procuramos um lugar que não chamasse tanta atenção, pensamento inútil, pois éramos poucas e o abade me encontraria na assistência de qualquer maneira.

Durante toda a celebração eu mantive o controle das minhas emoções, até porque sentira aqueles tremores e a onda de calor voltando quando entrei na capela - não poderia colocar tudo a perder novamente. Quando a celebração acabou e o abade deu sua bênção, as freiras foram levantando-se, vozes muito falantes e em tom baixo, saindo sozinhas ou agrupadas em três ou quatro. Olhei ao redor e não vi Killian, resolvi levantar-me e sentar nos últimos bancos da capela foi quando percebi meu "protetor" em um canto escuro - pareceu que havia mais alguém ali, mas eu não conseguia ver. Rumple sentou-se na cadeira do celebrante atrás do altar e a iluminação daquele dia deixava a capela na penumbra, sombria e assustadora. Após as últimas freiras saírem da capela, Aurora ainda tentou fazer com que eu a acompanhasse.

— Venha, Elsa, não precisa ficar aqui.

— Eu preciso ficar um pouco só, Aurora, por favor! - estava tão nervosa que não percebera o quanto estava sendo rude com minha amiga, porém ela saiu sem dizer mais nada. Depois de alguns instantes em silêncio pensando no que aconteceria comigo, a capela estava vazia. Rumple levantou-se e desceu o altar fazendo um sinal para que eu fosse até ele. Meu medo era maior e as pernas não obedeciam, mas respirei fundo e caminhei até lá. O abade mostrava satisfação no seu olhar, ergueu os braços de forma assustadora e começou a dizer coisas que eu não conseguia decifrar. Ele foi se aproximando e estendeu-me a mão.

“Estamos sendo invadidos!” “Os sentinelas estão mortos!”

Deixei a respiração sair como um gemido - que susto! Uma freira, já mais velha, vinha correndo em direção à porta seguida de mais duas companheiras. Elas estavam quase dentro da capela quando Rumple levantou aquele cetro estranho que vira na sua mão à noite passada - as portas da capela bateram com toda a força. Quando retornei meu olhar para o abade, ele sorria. Foi quando uma voz feminina gritou do fundo da capela.

— Pare! Você não pode continuar com isso! - não era nenhuma freira, eu não a conhecia, então lembrei-me que havia alguém com o frei na penumbra da nave. Aproveitei que ele estava distraído e saí da sua frente.

Eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Ele disse à ela coisas horríveis e sem sentido. Quando dei por mim, já estava abaixando-me entre os bancos - outra mulher apareceu, parecia enfrentar Rumple e depois uma terceira começou a gritar palavras estranhas como se estivesse conjurando um feitiço - meu coração acelerado não me deixava ver as coisas com clareza - os tremores e as ondas de calor começaram dentro de mim produzindo aquela leve brisa ao meu redor - fiquei mais agitada com o que poderia acontecer se eu tivesse outra crise como aquela que tirou Anna do lago. Ouvi os gritos do frei, a voz raivosa da abade e aquela mulher falando cada vez mais alto. Eu não consigo me lembrar de muita coisa quando fui tomada por uma onda forte - a brisa que rodeava-me transformou-se em vento - acredito que os vitrais quebraram-se todos juntos - se fui eu mesma a causadora daquilo, então, acabara de dar um grande prejuízo ao convento.

Quando dei por mim, frei Kilian enfrentava o abade e vi Rumple caindo com a testa sangrando. Segurei minha cabeça entre as mãos - eu só queria sair dali - apenas isso. Lembro-me do frei vindo até mim e tirando-me do esconderijo entre os bancos.

As duas mulheres que vi falando com o abade estavam sentadas ao fundo da capela, havia um rapaz e uma terceira mulher provavelmente a que estava gritando - de repente as freiras entravam ali com olhos apavorados vendo a cena - Rumple de bruços, morto - Aurora apareceu com seus olhos arregalados.

— Você está bem?

— Acho que sim. - eu estava um pouco zonza, mas não pude deixar de notar o frei aproximando-se.

— Preciso agradecê-la, Aurora. Sem a sua ajuda, talvez ainda teríamos o abade andando por aí e Elsa estaria perdida na magia negra dele. - Aurora sorriu envergonhada e, ao mesmo tempo, muito assustada, parecia que ele estava terminando algo que viera fazer, fiquei confusa e temerosa, queria que frei Killian permanecesse ali.

— Frei Killian, o que vai fazer agora?

— Sinceramente não faço ideia, Elsa.

— Fique conosco! - sugeri subitamente, nem eu mesma acreditava pedir para que ficasse - Pode nos conduzir de uma forma mais honesta, pode ser nosso conselheiro e tutor até que consigamos encontrar uma nova madre superiora! - sim, eu havia criado uma coragem que não sabia que tinha e percebi que o frei ficara um pouco assustado com a minha investida. Bem, eu não gostaria que ele fosse embora.

— Eu preciso pensar na possibilidade de ficar por algum tempo até as coisas se acertarem por aqui. - assim meu coração se acalmou, teria o frei um pouco mais perto de mim.

Os dias que se seguiram foram intensos. Os votos de Aurora aconteceriam assim que a madre superiora vinda de Trento assumisse o convento - mais tarde soubemos que o abade havia escondido de todos que a nomeação de outra freira chegara a Albiano, mas ele ignorou para permanecer ali. Frei Killian reorganizou toda a nossa rotina e agora eu também estava ajudando-o - confidenciou-me uma noite que já duvidava de suas convicções depois do que passara dentro do convento e pensava numa forma de continuar seus estudos, mas não mais no mosteiro - ele queria procurar mais indícios de heresias, práticas de magia e isso tudo me deixava encantada, pois toda aquela aura mágica, querendo ou não, também fazia parte de mim - eu só teria que encontrar o momento certo de contar a ele. Além do mais queria ir atrás de minha irmã, a saudade de Anna era enorme e precisava contar-lhe tudo o que acontecera desde que parti.

Na tarde que antecedeu a partida de frei Killian, eu estava triste e não queria conversar, mas ele próprio veio até mim com todo o cuidado de sempre.

— O que está deixando você perturbada, Elsa? - aqueles olhos azuis fixaram-se nos meus e eu não podia mais segurar meu sentimento angustiado.

— Eu quero ir com você. - ele olhou-me, primeiro assustado, depois sorriu.

— O que aconteceu, Elsa?

— Quero acompanhá-lo em seus estudos, frei Killian... - nem eu mesma acreditava naquilo, mas a sorte estava lançada, ele poderia me dizer "não" e partir. Eu não saberia se não tentasse. Ele respirou, olhou-me desconfiado e começou:

— Você compreende que vai se deparar com dificuldades. É uma mulher viajando com um homem, encontraremos pessoas boas, mas as más estarão em maior número. Precisaremos de tempo para estudar, pesquisar e às vezes teremos que fugir na calada da noite para não morrermos... - eu apenas calei seus lábios com meu dedo indicador e sorri.

— Eu aceito, contanto que não me afaste mais de você.


Notas Finais


Curtiram a história da Elsa, pessoal?! Obrigada por acompanharem e não deixem de comentar! Bjusss e até a próxima!


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