- nasceu, é um menino!
- E assim eu ouvi as primeiras palavras que dariam sentido a minha vida. Minha vida... Como falar de algo que já tinha morrido para mim?! Pelo menos eu a deixei no passado. Uma vida de contentas e desordem, onde eu tudo na minha mente era pura confusão. Uma garota nova, numa tocaia de lobos esperando uma vitima ingênua para se aproveitar do seu melhor jeito.
1 de janeiro de 2016
- Ela não está respirando o suficiente Barbara! – senti uma pessoa pressionar meu peito para baixo. Minha consciência gritava para discernir de onde vinham, mas só conseguia enxergar o vazio da escuridão.
-Disso eu sei Marcos, mas como podemos tirá-la daqui, ainda com uma criança? - ouvi um choro de bebe.
- Vamos ter que ligar para o pronto socorro!
- Faça isso! Vá, pegue o celular e ligue. Está na minha bolsa!
Vendo tudo rodar, despertei do meu sono com um bebe entre minhas pernas, meu Théo, meu pequeno estava comigo. E uma mulher...
- O- o que estou fazendo neste lugar? – olhei a mulher e analisei seu cabelo curto, e olhos que indicavam preocupação.
- Descanse querida, você deve descansar! – ela passou a mão na minha testa. Senti vontade de recuar, mas ignorei.
- Como, c-como fizeram para...?
- A criança? Fizemos seu parto. A bolsa rompeu, e tivemos que tirá-la antes que morresse! – A mulher aninhou Pedro em seus braços.
- Como vim parar neste lugar? - sentir uma pontada de dor na cabeça e no pé da barriga.
- Não se lembra?
Fiz que não. A mulher Passou meu menino nos meus braços, ajeitou minhas costas e respirou fundo. Quando ia começar a falar um homem entrou falando:
- já liguei para a ambulância, eles estão a caminho!
- Venha querida, vamos dar um jeito de levá-la ao hospital.
Com cuidado fui levantada, e a mulher segurou Pedro e o fui apoiada no homem, sendo praticamente arrastada.
Na ambulância eu ficava observando a senhora que segurava a mãozinha do meu Pedro delicadamente, às vezes fazendo-o até rir, parecia ter se apegado a ele. Eu forçava minha mente, em busca de uma mísera informação do que aconteceu no dia anterior, que nem percebi quando paramos em frente ao hospital. A maca onde estava repousada entrou numa sala de enfermaria.
- Dêem espaço – o enfermeiro gritava e as pessoas se afastavam conforme a maca ia passando no corredor. Me colacaram na mesa de cirurgia e me anestesiaram. Só acordei com tudo já calmo e com a barriga já costurada. Um medico pediu licença e entrou.
- Como está se sentindo, Júlia?! – Ele se sentou na cama me analisando com uma prancheta nas mãos.
- Com dor – ele deu uma risadinha.
- Alguma tontura? enjoo? – perguntou me analisando.
- um pouco...
- São efeitos dos analgésicos, se lembra de algo? - ele colocou uma lanterninha, examinando meu olho.
-Não.
- Bom, não falarei para que não force sua mente, você lembrara aos poucos. No seu caso não há nenhuma sequela grave, graças a Deus, porem terá de fica de repouso uma semana, enquanto seu filho ficará na incubadora, nós te medicaremos todos os dias durante a manha e a noite.- ele ia se retirar, mas o chamei.
- espere, c-como vou pagar pela consulta e todo o resto?
- O casal disse que ficará responsável por você - ele sorriu.
Não encarei de forma muito boa a resposta, mas fiquei quieta. Não estava acostumada a receber ajuda de estranhos. Ainda mais sendo tão nova na cidade. Voltei a me deitar. Pela tarde fui examinada mais vezes e comi algo. Comida de hospital, argh. Estava deitada vendo televisão quando entraram com o Pedro num carrinho envolvido numa manta azul. Sorri ao vê-lo.
- olá nova mamãe! - a enfermeira o colocou nos meus braços. - Está na hora de amamentar - ela disse e a olhei surpresa. Não tinha ideia de como fazer. Era tudo muito novo.
- Não se preocupe, te ajudarei - ela pegou a cabecinha de Pedro e colocou rente ao meu peito. - Você deve colocar para cheirar, ele deve sentir vontade de mamar. Em seguida coloque a boca e o deixe sugar a auréola.
Fiz conforme ela me disse e não foi difícil. Ele abocanhou o bico e em segundos, já estava mamando.
- obrigada - lhe sorri gentilmente.
- Então Julia, tem quantos anos?
– 19...
- hm, é bem novinha. Eu estou acostumada a lidar com mães da sua idade.
- Sei que não devo perguntar, mas você sabe o que aconteceu antes vir parar aqui?
- Bom, são informações sigilosas, mas parece que sua pressão caiu e você desmaiou na hora do parto, por falta de vitaminas.
Absorvi tudo meio chocada, quando me dei conta Pedro havia terminado de mamar.
- Agora você deve colocá-lo para arrotar - ela o apoiou meu ombro e com alguns tapinhas ele arrotou. A enfermeira colocou de volta ao carrinho, sua barriguinha estava tao cheia que ele logo voltou a dormir.
- Daqui a pouco é seu horário de visitas. Evite fazer muito esforço ao falar. – assenti, me ajeitando na cama.
- quem vem me visitar? – perguntei curiosa.
- o casal que fez o parto do seu bebê. Ah não conte nada a eles, está bem? – fiz que sim e ela levou Pedro de volta para a incubadora, me deixando a sós com meus pensamentos.
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