Vamos falar sobre isso
Não é como se estivéssemos mortos
Foi alguma coisa que eu fiz?
Foi alguma coisa que você disse?
Não me deixe esperando
Avril Lavigne — My Happy Ending
Jimin:
Hoseok, arrume-se. Em trinta minutos eu estarei aí. Não faça perguntas.
A única coisa que eu tenho a lhe dizer é:
Esta noite será inesquecível.
Hoseok estava sentado em sua cama ao receber aquela mensagem. As costas encostavam na cabeceira, enquanto as pernas longas estavam esticadas despreocupadamente.
Não era a primeira vez que recebia um convite de última hora vindo de Jimin. Quando mais jovens, viviam saindo juntos sem combinarem nada. Não que realmente se importasse com aquilo. Afinal, os dois eram amigos há tempo suficiente para fazerem aquele tipo de coisa.
Respirou fundo, digitando a resposta.
Hoseok:
Okay.
Não tinha muita escolha, pois sabia que se dissesse um "Não" ou respondesse com qualquer outra pergunta, Jimin provavelmente iria arrombar a porta de sua casa e forçá-lo a sair, independente de quaisquer argumento que quisesse usar para permanecer em seu lar.
Porém, era a primeira vez que Jimin pedia para que se arrumasse, o que significava que talvez fosse algo realmente especial.
Seus pais haviam saído para um congresso em Gwangju e voltariam apenas no dia seguinte, enquanto sua irmã não morava mais consigo. Ou seja, não havia nada que impedisse-o de sair naquele momento.
◊◊◊
Estava sentado próximo à janela de seu quarto ao ouvir o som de algo batendo contra a superfície de vidro.
Ao observar através, forçando um pouco os olhos devido ao escuro, pôde ver Jimin em seu quintal, acenando para si com uma das mãos, enquanto a outra segurava uma pequena pedra. Claramente, era uma ocasião especial, já que o ômega estava vestido como se estivesse prestes a ir para a melhor noite de sua vida.
Abriu a janela, recebendo um sorriso vindo de Jimin.
—Onde você pensa que vai vestido assim, mocinho? — o alaranjado imitou a voz do pai de Hoseok, que apenas riu.
— Sou eu quem lhe pergunta isso.
—O que? — Jimin não pôde ouvir devido a distância entre a janela e o quintal.
— Sou eu quem lhe pergunta isso!
— O que?!
— SOU EU QUEM LHE PERGUNTA ISSO!! — gritou tão alto a ponto de sua voz ecoar por toda a rua.
— NÃO GRITA, VOCÊ VAI ACORDAR TODO MUNDO!! — berrou em um timbre tão alto quanto o de Hoseok — Agora desce aqui, porque o Jin estacionou na frente de uma garagem.
— Ok, já estou indo.
— O que?
◊◊◊
Hoseok e Jimin estavam andando pela calçada. O ômega simplesmente não parava de falar sobre o quão lindo o maior estava.
O que definitivamente não era mentira. Mas mesmo assim, este corava parcialmente com todos os elogios que o alaranjado direcionava-lhe. Hoseok era o tipo de pessoa que não precisava fazer absolutamente nada para ficar bonito, por isso acabava por deixar-se relaxar no quesito de aparência. Mas quando realmente decidia produzir-se, não havia uma alma viva sequer que pudesse escapar da divindade grega que tornava-se.
Pela primeira vez na vida, Jimin viu a testa de Hoseok. Tinha vergonha de admitir em voz alta, mas... o alfa ficava extremamente sexy com a franja levemente desgrenhada penteada para um lado e as roupas escuras que revelavam de forma parcial o fato de Hoseok não ser tão magricelo quanto parecia.
Após alguns minutos de caminhada, avistaram o carro de Jin.
Jimin deu uma leve batidinha na janela, pedindo para que o mais velho abrisse a porta.
Então, os dois entraram no carro, sentando no banco detrás. No banco do motorista, estava sentado Jin, e ao seu lado, Namjoon. Ambos pareciam modelos exóticos de tanta beleza que transmitiam.
— Cinderella, a sua carruagem chegou. — Jin deu uma breve piscadinha pelo retrovisor, fazendo Hoseok sorrir.
— Por favor, não me digam que vocês vão me levar pra um puteiro ou coisa do tipo. — murmurou, quase rezando para que dissessem que não.
— É quase isso. — Namjoon quase automaticamente recebeu um olhar reprovador vindo de Jin, fazendo com que se remexesse, sentindo-se parcialmente ameaçado. Mesmo sendo um ômega, Jin podia ser assustador quando queria — Bom, você verá. No momento, a nossa única preocupação é se o Yoongi e o Jungkook vão conseguir ficar durante quinze minutos no mesmo carro sem se matarem.
— Espera, onde eles estão? — perguntou o alfa, finalmente notando a ausência dos dois e de Taehyung.
— Ah, sim. Eles estão em outro carro, com o namorado do Tae. — Jin acabou por responder, lembrando-se de que Hoseok ainda não conhecera Baekhyun.
— O Baek?
Nesse momento, os três viraram-se ao mesmo tempo para o alfa. A surpresa fora tanta que Jin pisou no freio bruscamente, quase matando todos do coração por um momento.
— Como você sabia?! — perguntaram ao mesmo tempo.
— Ele me contou mais ou menos uma semana depois de começar a namorar. E também me apresentou. — entreolharam-se, praticamente perguntando-se o porquê de Taehyung ter contado apenas para Hoseok.
Ok, talvez isso fosse até um pouco previsível, levando em conta o fato de os dois serem bem próximos. Era incrível ver a forma a qual entendiam-se perfeitamente bem, quase como se estivessem sincronizados desde que nasceram. Quem não conhecesse-os direito, diria até mesmo que eram namorados.
O resto do caminho foi aceitavelmente normal, tirando o fato de que vez ou outra Jin e Namjoon passavam as mãos "acidentalmente" pelas coxas um do outro, em algumas situações até ousando-se um pouco mais, parecendo esquecer-se de que haviam mais duas pessoas no banco atrás. Para evitar o constrangimento de ver os dois transando naquele carro, Hoseok e Jimin pigarreavam constantemente, lembrando-os de que ainda estavam ali.
Então, Jin finalmente estacionou em frente à uma enorme casa, de onde podia-se ouvir música alta e pessoas conversando alegremente.
Os quatro saíram do carro, admirando as luzes que vinham da propriedade por alguns instantes.
— Feliz aniversário, Hoseok. — Namjoon deu algumas batidinhas no ombro do alfa, tentando tirá-lo de seu pequeno estado de transe.
— O-Obrigado. Meu deus... isso é incrível. Como vocês fizeram tudo isso bem debaixo do meu nariz?
— Bem, foi um pouco complicado, já que certas pessoas não sabem guardar segredo. — Jimin olhou fixamente para Jin, deixando claro de quem estava falando — Bom, mas sem o Jin a gente nem teria onde fazer, já que foi aquele amigo dele, o Jaehwan, que deixou a gente usar a casa. Só que aí certas pessoas — olhou diretamente para Namjoon — não queriam que o Jin falasse com o Jaehwan por puro ciúme, mesmo que insistam que não é ciúme. Mas... você gostou?
— Claro que sim. — então, puxou os três para um abraço em grupo — Obrigado...
— Nossa, nem esperam os outros pra entrar.
Viraram-se ao mesmo tempo, vendo Taehyung andando na direção do grupo. Atrás dele, estavam Yoongi, Jungkook e Baekhyun. O beta estava entre os dois, impedindo que se matassem antes de entrarem na festa.
Quando os olhares de Yoongi e Hoseok encontraram-se, ninguém sabia dizer quem parecia mais chocado. Afinal, os dois raramente arrumavam-se daquela forma, e ainda mais raramente viam um ao outro daquele jeito.
Yoongi, ao ver o alfa com uma aparência tão.. sexy, sentiu os lábios, mesmo que levemente umedecidos pelo brilho labial, secarem. Era a primeira vez que via-o parecendo realmente com um alfa. Inconscientemente, deixou um suspiro escapar, fazendo com que suas bochechas aos poucos se tornassem vermelhas.
Enquanto isso, Hoseok queria fixar cada detalhe do rosto de Yoongi. Não era a primeira vez que via-o sem óculos, longe disso, mas, porra, o ômega naquele momento parecia uma delicada boneca de porcelana, que poderia quebrar-se facilmente a qualquer instante.
Mas sabia que Yoongi, por dentro, DEFINITIVAMENTE não era assim.
Mesmo com aquela face angelical, Hoseok estava ciente de que o mais próximo de "anjo" que Yoongi estava era Lúcifer. Contanto, na atual situação, o ômega assemelhava-se a um ser divino, capaz de ofuscar à todos com sua beleza.
Desde os coturnos escuros até os cabelos descoloridos levemente bagunçados, Yoongi estava maravilhoso.
Ao perceber que estava praticamente secando o ômega, desviou o olhar para um canto, assim percebendo que sua boca abriu-se levemente permitindo que um singelo fio de saliva escorresse pelo canto. Limpou-o rapidamente com as costas da mão, reparando que Yoongi parecia tão sem graça quanto si.
— Então, vocês vão ficar se encarando aí, ou vão entrar? — perguntou Jungkook.
— Ah, sim, claro. Vamos. — falaram ao mesmo tempo, extremamente constrangidos. Afinal, secavam um ao outro à quase quinze minutos seguidos.
No exato momento em que entraram, Yoongi mal pôde dirigir uma palavra sequer à Hoseok, pois este fora praticamente tragado pela multidão de pessoas que queriam parabenizá-lo ou apenas jogar conversa fora casualmente.
Inicialmente, não importou-se tanto, já que boa parte das pessoas com quem Hoseok estava interagindo eram alfas e betas, a maioria de seu curso de dança.
Hoseok era surpreendentemente sociável. Conseguia facilmente manter uma conversa estável com alguém durante horas, fazendo com que aquilo parecesse a coisa mais fácil do mundo. E realmente, era fácil para o alfa, mas uma tarefa extremamente difícil para o ômega.
Os dois eram completamente opostos, como misturas divergentes. Hoseok possuía o sorriso fácil, era doce, gentil, atencioso e sociável. Já Yoongi era dono de uma personalidade completamente discordante à do maior; sorria pouco, na maioria das vezes comportava-se de maneira seca, rude e áspera com as pessoas. Sem falar que tinha dificuldade em conversar com qualquer pessoa que não pertencesse ao seu círculo de amizade.
Mas nem sempre o ômega foi assim.
Quando criança, na época em que ainda morava em Daegu, sorria facilmente e ainda sabia como socializar de maneira descente. Até o dia em que seus pais forçaram-no a mudar para um colégio em Seul. Havia deixado todos os seus amigos e tudo o que conhecia para trás. O que na verdade, era um grande choque para alguém de sua idade.
Desde então, comportava-se como se uma nuvem de negatividade estivesse pairando ao seu redor, afastando à todos por serem incapazes de atravessar esta nuvem.
Até que certo dia, Hoseok conseguiu.
A partir daquele dia, praticamente grudou no alfa. Ele havia sido o único a saber de (quase) todos os seus conflitos internos, assim como também fora o único a conseguir mexer consigo de maneira significante.
A datar de sua confissão, Yoongi não conseguia mais vê-lo do mesmo jeito. Sua falta de confiança em alfas fazia-o duvidar da mais inocente ação de Hoseok. O que ao longo do tempo acabou gerando diversas discussões entre os dois.
Mas mesmo assim, Hoseok sempre voltava. Não importava o quão feio os dois brigassem, o alfa sempre voltava.
E isso fazia com que Yoongi se sentisse cada vez pior.
Não tinha ideia do que sentia verdadeiramente por Hoseok. Até porque, nunca havia pensando naquilo com atenção.
E agora, lá estava Hoseok, dançando com um ômega que praticamente esfregava-se em seu corpo.
Por algum motivo, Yoongi sentiu uma estranha sensação em seu peito. Não queria ver aquele ômega nanico esfregando-se em Hoseok. Aquilo lhe dava um certo... nojo? Realmente não sabia explicar o que era aquilo. Só sabia que a sensação estava incomodando-lhe absurdamente. Sua vontade era de tirar o alfa dali o quão antes possível.
Mas por que estaria pensando em uma coisa dessas? Afinal, não haviam motivos para sentir-se daquele jeito em relação à Hoseok.
Porém antes que pudesse questionar seus pensamentos confusos, já estava praticamente arrastando Hoseok para o andar de cima da casa, ignorando completamente as perguntas do maior.
Finalmente, pararam no corredor, onde havia bem menos gente. A música alta vinda do andar debaixo fazia o piso vibrar constantemente.
Olhou para Hoseok, que estava com os braços cruzados sobre o peito e com uma expressão levemente frustrada.
— O que foi isso? — perguntou, levantando apenas uma das sobrancelhas.
— E-Eu não... — ok, Hoseok estava definitivamente irritado com algo — Eu não sei...
Foi nesse momento que o alfa lembrou-se de todas as vezes em que o menor deixara-o confuso. Desde o primeiro beijo na casa de Jin até o dia em que pedira para beija-lo. Yoongi, mesmo sabendo de seus sentimentos, não hesitou em fazer nada daquilo. Não hesitou em pensar que aquilo poderia magoá-lo, pois desde a proposta de Yoongi, Hoseok sabia que o ômega iria fingir que nada aconteceu.
De uma hora para outra, aquilo fez seu sangue ferver.
— Sinceramente, qual o seu problema? — Yoongi surpreendeu-se com o quão frio e áspero o alfa soou — Primeiro você me beija DUAS VEZES, começa a ficar todo histérico e depois evita falar sobre isso, ou pelo menos me dar uma explicação decente. Aí você chega do nada com uma proposta de me beijar pra ficarmos "quites", sendo que você mesmo não queria mais falar sobre isso.
— Hoseok... eu só... — fez uma longa pausa, tremendo sobre o olhar do alfa. Mesmo que falasse com calma, sua expressão dizia claramente que Yoongi passara dos limites.
— "Só" o que, Min Yoongi?! Você "só" me beijou por estava com vontade?! "Só" me deixou esperando durante quase um ano por pelo menos uma resposta?! — Hoseok sentia como se estivesse tirando um peso enorme de suas costas. Há tempos queria dizer tudo aquilo, e muito mais — Por um momento, eu realmente tive esperança de que você finalmente fosse se decidir, mas a única coisa que você fez foi jogar o meu coração no lixo! Meu Deus, Yoongi, os meus sentimentos não são um brinquedo! Eu simplesmente não te entendo mais...
— H-Hoseok... — nunca pensou que o alfa se sentisse assim. Alias, nunca viu-o daquela forma.
— Só me diz... o que eu sou pra você?
— E-Eu.. eu... eu não sei!
Hoseok deu um passo para trás, a decepção estava estampada em seu semblante.
— Você nunca sabe... — virou-se, indo na direção das escadas. Antes de descer, olhou para Yoongi por cima de seu ombro — Francamente, pode esquecer de tudo o que eu te disse naquele dia.
— Espera!
Mas diferente de todas as vezes, ele não esperou. Sem olhar para trás em momento algum, Hoseok desceu as escadas, deixando Yoongi completamente sozinho.
Ficou alguns minutos olhando fixamente para a escada, esperando que o alfa voltasse.
Mas dessa vez, ele não voltou.
Yoongi sentiu um aperto em seu coração. Logo, lágrimas quentes escorreram por seus olhos.
Mais uma vez, havia perdido tudo.
Sentou-se no chão, abraçando os próprios joelhos, posteriormente começando a chorar compulsivamente. Soluçava tão alto à ponto de sentir sua garganta doer. Pouco importava-se se alguém acabasse vendo-o naquele estado.
As lágrimas aos poucos iam borrando a maquiagem, revelando sua face verdadeira. Aquela que só permitia que Hoseok visse.
Mas Hoseok não estava mais lá para poder vê-la.
A única pessoa que realmente havia aceitado-o da maneira que realmente era e havia ficado ao seu lado durante todos os seus momentos mais difíceis se fora.
Para sempre.
◊◊◊
Jungkook encontrava-se em uma situação delicada.
Há poucos minutos atrás, estava dançando como uma pessoa normal. Até que de repente, sentiu o olhar de certo alaranjado sobre si.
Ao finalmente encontrá-lo, pôde vê-lo dançando sensualmente com uma beta. O atrito entre os corpos era perfeitamente sincronizado, como se estivessem fazendo sexo no meio de todos. Mas apesar de seu corpo estar focado na moça, o olhar de Jimin caía sobre Jungkook, como quem dizia "Olha o que eu vou fazer com você". E a música razoavelmente sugestiva não ajudava muito.
Watch me while I work, work, work
Yeah, now let me do my work, work, work, daddy
Então, uma parte um pouco mais lenta, mas não menos sensual, soou pelas caixas de som. Foi nesse exato momento que Jimin aproveitou para fazer um body roll com perfeição, seguido de uma expressão de êxtase.
The night is young
Baby baby
But we head it right now
If you're really down
Ready, ready
I can make your whole life right apart
Algumas reboladas depois, música terminou. Jungkook aproveitou-se do intervalo entre esta música e a próxima para correr até onde os dois estavam.
— Poderia me conceder esta dança? — perguntou, cordial.
— Ah, com prazer. — falou a beta, olhando para o alfa dos pés a cabeça.
— Na verdade, eu estava falando com ele. — apontou para Jimin, que arqueou as sobrancelhas, razoavelmente surpreso.
O alaranjado sussurrou algo no ouvido da moça. Em menos de dois segundos, ela retirou-se dali, indo dançar com um outro beta que secava-a há músicas.
— E se eu disser que não quero dançar?
— Então poderíamos ir lá para fora.
— Não é má ideia.
Os dois saíram daquele local, dirigindo-se ao jardim que ficava na parte detrás da casa. Sentaram-se sobre a grama, observando as estrelas no céu daquela fria noite.
Jungkook pensou em dizer algo, porém foi interrompido pelo som dos dentes de Jimin batendo.
Ao olhar para o ômega, viu-o praticamente colapsando de frio. Seus lábios estavam roxos, enquanto a pele tomou uma coloração completamente pálida.
— Hey, 'tá tudo bem? —perguntou, analisando o estado do alaranjado.
— S-Sim... é s-só um pouco de f-frio... — o alfa revirou os olhos em meio a negação de Jimin. Então, retirou sua jaqueta, colocando-a sobre os ombros do ômega — N-Não precisa...
Estalou os lábios. Em um ato não muito pensando, abraçou o menor, transmitindo o calor de seu corpo para o do ômega. Nada importava durante aquela noite. Deixou-se ceder à vontade que consumia-o há séculos de proteger Jimin com todas as suas forças.
— Por que você tem que ser assim...? — sussurrou, sentindo-o se arrepiar — Você não precisa ficar bancando o durão o tempo todo.
Jimin não sabia muito bem o que fazer. Afinal, nenhum dos dois estava bêbado. O que significava que estavam fazendo aquilo conscientemente.
O corpo de Jungkook era extremamente quente comparado ao de Jimin.O alfa abraçava-o com tanto força que podia sentir cada músculo rígido que havia em seu torso.
Os dois afastaram-se por um momento. Olhando um nos olhos do outro. Naquele instante, puderam ver claramente as duas crianças amigas de infância que haviam perdido-se com o passar dos anos.
— Tem uma coisa que eu quero te dizer...
Que se dane tudo isso, eu não quero mais viver carregando esse peso nas minhas costas.
— O-O que...? — gaguejou Jimin, levemente inebriado pelo cheiro forte de Jungkook. Não queria admitir, mas poderia ficar ali sentindo aquele cheiro pelo resto de sua vida.
— Existe... um motivo pelo qual eu fiz tudo aquilo com você sem nenhum motivo aparente. — o ômega arregalou os olhos. Nunca pensara o maior fosse lhe dizer aquilo de maneira tão espontânea.
— E... qual é?
— Bem... tudo começou naquele em ano em que a gente se beijou. Eu confesso que senti coisas bem estranhas na hora e... simplesmente não soube dizer o que era. Só que aí... meu pai fugiu com uma outra mulher com quem estava traindo a minha mãe durante um bom tempo. Então, ela entrou em depressão. Começou a fumar e a beber... e me culpar pela traição do meu pai. E eu não tinha com quem falar. Só você. Só que... você começou a ficar tão próximo do Hoseok e dos outros, e talvez eu... tenha me deixado levar pelo ciúme. Então, eu pensei que me afastando de você, isso poderia chamar a sua atenção, mas... você só se distanciou ainda mais. Aos poucos, eu fui tentando descobrir outros métodos de fazer você olhar para mim, até que... aconteceu aquilo. — ele olhou para as próprias mãos, envergonhado — E quando eu descobri que você foi embora... — lentamente, passou uma das mãos pelo rosto gelado de Jimin — Foi no exato momento em que eu percebi que eu havia me apaixonado por você, Park Jimin.
O ômega ficou estático. Estava tudo tão claro... como não conseguira perceber antes? Jungkook havia lhe dado vários sinais de que não estava bem, porém Jimin preferiu afastar-se do que arriscar-se à perguntar o que estava acontecendo.
Lentamente, Jungkook aproximou seu rosto ao de Jimin, fechando os olhos. Estava chegando tão perto que podia sentir a respiração do menor batendo contra seu rosto.
Há tempos queria experimentar aqueles lábios doces que Jimin possuía. E naquela noite, realizaria seu desejo. Seu corpo esquentava conforme aproximava-se em uma lenta tortura.
Ao inclinar a cabeça para baixo a fim de alcançar a boca do ômega, percebeu que a distância parecia estar tornando-se maior do que havia calculado. Logo, não sentiu mais o corpo de Jimin próximo ao seu.
Abriu os olhos, percebendo que o menor havia afastado-se. Ele não parecia assustado ou irritado. Muito menos prestes a desdenhar dos sentimentos de Jungkook. Na verdade, seu semblante era de alguém confuso e meio perdido.
— O que foi?
Jimin fungou algumas vezes, parecendo estar sentindo um cheiro estranho. Jungkook fez o mesmo, porém não sentiu nada fora do normal.
O ômega fungou mais uma vez. Então, seus olhos tornaram-se azuis e a expressão de terror tomou conta de sua face.
— Meu deus... — murmurou — Jungkook, eu tenho que ir.
E sem dar tempo para que o alfa respondesse, Jimin levantou-se rapidamente, saindo correndo daquela casa.
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