História Still Loving You - Angels

Não me lembro quando você me deixou tão triste

Mas no final eu aprendi e cresci

Agora até mesmo anjos podem ser maus

Vicetone (Feat. Kat Nestel) — Angels

Jimin voltou a andar pelos corredores, analisando atentamente cada rosto à procura de qualquer expressão indicando ódio ou frustração. Precisava estar alerta a qualquer mudança, e ainda por cima distinguir os olhares de ódio aos de inveja.

Odiava admitir, mas estava adorando tudo aquilo. Era uma sensação estranha mas... era bom ser mau. Não "mau" significando "ruim", mas "mau" significando "bom".  Pela primeira vez na vida, estava desprendendo-se completamente dos padrões impostos pela sociedade.

No início do ano, quebrara algumas destas "regras", contudo algumas características do padrão ainda mantiveram-se em seu ser. Entretanto, naquele momento estava desapegando-se de tudo o que lhe haviam estabelecido. E a sensação era incrível. Finalmente pôde libertar o verdadeiro Park Jimin que estava preso durante anos dentro de uma casca de timidez e submissão. Aquilo era maravilhoso, como se fosse um peso sendo retirado de suas costas.

Enganava-se quem pensava que Jimin sempre fora puro inocente. Reconhecia o fato de que sempre tivera certa dificuldade para reconhecer qualquer frase de conotação ambígua, mas mesmo assim ainda possuía uma certa obscenidade oculta no mais profundo de seu coração.

Podia ouvir os comentários maldosos sobre aquele comportamento, entretanto pouco importava-se com aquilo. Estava sentindo-se extremamente bem. Perguntava-se o porquê de nunca ter feito aquilo antes.

Um suspiro insatisfeito escapou por seus lábios. Quando estava prestes a constatar que aquilo não levaria a lugar algum, Namjoon veio falar consigo alguns minutos antes da aula começar.

— Viu alguma coisa? — perguntou o maior.

— Pfft, ainda não. — revirou os olhos — Seja lá quem fez aquilo, ou está se escondendo muito bem ou já...

— Conseguiu o que queria. — Jimin franziu o cenho, confuso. Namjoon olhava para um ponto um pouco mais no fundo do corredor. Atentamente, o ômega seguiu seu olhar, finalmente parando em um Jungkook levemente desconfortável e um Dak-Ho praticamente esfregando-se em si. Jimin olhou incrédulo para Namjoon, cogitando se os dois estavam pensando na mesma coisa — Pensa comigo: quem nessa escola quer o Jungkook mais do que tudo e ainda por cima te odeia?

— O Dak-Ho, mas... ele não seria capaz de fazer isso.

— Será mesmo? — arqueou apenas uma das sobrancelhas — Eu me lembro muito bem que certo alfa vivia subestimando certo ômega, e no final acabou se surpreendendo. Não acha que está fazendo com o Dak-Ho o mesmo que o Jungkook fazia com você?

Jimin parou para pensar por um momento. Assim como Jungkook, conhecia Dak-Ho desde criança. Aos seus olhos, o ômega sempre fora alguém delicado e "fresco" demais para fazer qualquer coisa além de falar as maiores asneiras possíveis. Se Dak-Ho realmente possuísse algum potencial oculto, Jimin nunca, em toda a sua vida, percebera.

Da mesma forma que Jungkook fez consigo  durante um bom tempo.

— Droga... você tem razão. — murmurou Jimin. Ele olhou mais uma vez para os dois, sentindo o sangue ferver. Com tanta gente para se apaixonar por Jungkook, por que justo Dak-Ho?

Assim que o ômega mais baixo percebeu o fuzilo de Jimin sobre si, apenas lançou-lhe um sorriso vitorioso e abraçou Jungkook, como se estivesse dando-lhe um silencioso aviso de que agora o alfa lhe pertencia.

Jimin respirou fundo, contendo-se para não perder a classe e quebrar os dentes de Dak-Ho ali mesmo. Afinal, se realmente fosse o culpado, provavelmente era aquilo que queria: ver Jimin enlouquecendo completamente.

Tal pensamento levou-o a perguntar-se o porquê de não ter suspeitado antes.

Refletindo por este lado, tudo começava a fazer sentido: não era novidade que Dak-Ho faria qualquer coisa para ter Jungkook em seus braços. Além disso, Jimin vira-o na festa diversas vezes antes de sair.

O ômega sentiu vontade de bater a cabeça na parede por não ter percebido antes. Estava tudo tão claro! Não era novidade para ninguém o quão explosivo Jungkook era, e sabendo disso, Dak-Ho poderia muito bem ter vazado o vídeo de propósito para que o alfa pensasse que fosse Jimin e assim se afastasse, finalmente abrindo uma brecha para que Dak-Ho pudesse tentar ganhar seu coração.

Porém antes que pudesse fazer qualquer coisa, ouviu o sinal indicando o indicando o início da primeira aula. Os dirigiram-se até a sala e sentaram-se em seus lugares, observando Jungkook e Dak-Ho entrarem juntos quase como se fossem um casal.

Jimin não pôde deixar de revirar os olhos em meio à cena. Perguntava-se como Jungkook deixara-se manipular daquele jeito. O que também levou-o a questionar-se o porquê de também ter sido manipulado tão facilmente. Costumeiramente, pensava muito mais antes de agir, mas naquela situação estava fazendo exatamente o contrário: brigou com Jungkook sem nem ao menos tentar explicar-lhe a situação, deixou-se levar pelas provocações verbais do alfa, o que fez sua cabeça esquentar ao extremo e induziu-o a fazer exatamente o mesmo, quase não pensou nas possibilidades de quem poderia ter vazado o vídeo e ainda por cima havia demorado para perceber o que realmente sentia por Jungkook.Era como se sua vida tivesse virado de cabeça para baixo.

Respirou fundo, tentando não ficar pensativo demais. Naquele momento, a única coisa que deveria fazer era focar-se em Dak-Ho e como fazê-lo admitir que havia sido ele à expor o vídeo.

Ao olhar para o local onde Hoseok sentava, percebeu que Yoongi não estava sentado na sua frente como de costume. Para falar a verdade, o ômega nem estava na sala.

— Hobi, o que aconteceu com o Yoongi? — perguntou baixo.

— Ah, ele foi ao banheiro. — o alfa respondeu simplista.

Então, o professor na sala de aula, impedindo que os dois continuassem aquele dialogo.

Durante aqueles três períodos de aula, Jimin simplesmente não conseguiu prestar atenção em absolutamente nada do que os professores explicavam. Sabia que aquilo lhe afetaria mais tarde devido ao fato de estarem próximos à época de provas. Porém era como se seus lábios se movessem mas não produzissem nenhum som. E tudo isso devia-se a ansiedade que sentia em relação ao que poderia acontecer. Tinha medo de não conseguir concluir seu plano instruído por Jin e ter de deixar a escola, o que também significava deixar todos os seus amigos e, principalmente, Jungkook.

Se não conseguisse concluir o plano, seria o mesmo que jogar tudo o que havia construído no lixo. Todas as memórias e bons momentos se perderiam no exato momento em que desistisse daquilo.

Balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. A palavra "otimismo" parecia ter desaparecido momentaneamente de seu dicionário. Sabia que se continuasse pensando daquele jeito não conseguiria fazer nada de realmente útil.

 Toda vez que seus olhos percorriam a figura de Dak-Ho, a única vontade que possuía era de gritar ali mesmo que fora ele à enviar o vídeo (isto é, se suas teorias estivessem certas), para que finalmente pudesse ter Jungkook de volta.

Aquilo lhe fazia questionar-se: desde quando havia tornado-se tão possessivo? Quer dizer, estava apostando todas as suas fichas logo no primeiro suspeito à surgir. Aquilo estava sendo algo tão imprudente que chegava até mesmo a ser... infantil.

Era incrível o que o amor conseguia fazer com as pessoas.

Entretanto, Jimin não queria ser mais um tolo apaixonado. Desses que faziam escândalo apenas por outra pessoa ter tocado em um fio de cabelo da pessoa a qual amava. Para falar a verdade, sentia vergonha daquele tipo de gente.

Sua mãe sempre havia lhe dito para nunca, em circunstância sequer, depender de um alfa. Que sempre deveria depender apenas de si e mais ninguém. E Jimin sentia como se estivesse jogando aquele ensinamento para o alto.

"Vergonha de si mesmo" era o que lhe melhor definia naquele momento.

E antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, o tão conhecido sinal resoou pela sala de aula, significando o início do intervalo.

Sem falar com ninguém, Jimin dirigiu-se até o banheiro e olhou-se no espelho. Não deixava um pingo sequer de ansiedade transparecer. A sua frente, estava um anjo caído e corrompido pela maldade do mundo. Ainda lembrava-se de como era na época em que ainda não havia ido para Busan. Ostentava um rosto infantil de bochechas fofas e olhos inocentes. Era a definição perfeita da pureza. E agora, se olhasse com seriedade para aquele espelho, ainda poderia enxergar um pouco do anjo que um dia já fora.

Porém até mesmo anjos poderiam ser maus.

No fundo, sabia que aquela não era mais uma faceta sua que estava revelando ao mundo. Aquele que via agora no espelho era Park Jimin por inteiro.

Entretanto, não estava naquele banheiro para admirar seu reflexo. Na verdade só havia entrado lá para tentar acalmar-se um pouco.

Com cuidado para não borrar a maquiagem, mergulhou as mãos na água e lavou um pouco o rosto, soltando o ar lentamente. Assim que sentiu-se mais "estável", perguntou-se o porquê de estar estressando-se tanto com aquilo. Sabia que conseguiria aquilo de um jeito ou de outro, afinal, era Park Jimin, o ômega que havia enganado facilmente um alfa.

Olhou para o próprio reflexo e sorriu, satisfeito. Em toda a sua vida, nunca pareceu tão certo estar fora do "padrão".

Porém, seu sorriso se desfez ao ver pelo espelho certo ômega chegando.

— Sinceramente, onde você quer chegar fazendo tudo isso? — perguntou Dak-Ho, encostando as costas na porta de uma das cabines. Jimin virou-se lentamente para o menor, percebendo um pequeno sorriso em sua face.

— "Isso" o que?

— Se comportando feito uma vagabunda, como se realmente pudesse ganhar algo em troca. Além de perder o namorado, perdeu o respeito por si também? — Jimin contou até dez mentalmente, contendo-se para não esganar Dak-Ho ali mesmo — Ou será que é porque está tentando chamar minha atenção?

— Eu estou fazendo isso porque quero e posso.

O menor riu em desdém, levando Jimin a franzir o cenho.

— Sinceramente, se eu soubesse que iria me divertir tanto com isso, teria vazado aquele vídeo há tempos. É incrível a quantidade de vezes que você deixou aquele celular dando sopa. — Jimin arregalou os olhos, sem acreditar no que acabara de ouvir. Dak-Ho acabara de admitir o crime!

Porra, por que eu tive que vir pra um lugar isolado justo agora?

— Então foi você?! — exclamou, cerrando os punhos para impedir-se de cometer um homicídio. O sorriso na face de Dak-Ho abriu-se por fim. Jimin odiava admitir, mas aquele sorriso poderia assustar à qualquer um facilmente, principalmente de noite e em um beco escuro.

E mais uma vez, Jimin sentiu vontade de bater a cabeça na parede. Estava tudo tão óbvio desde o começo! Contudo estava ocupado demais sofrendo por amor para poder pensar naquilo. Estar apaixonado era horrível.

— Demorou para perceber, hein? — emitiu um som estalado com os lábios — Mas é isso mesmo, eu enviei o vídeo. E quem diria que faria todo este estrago. Eu esperava apenas que vocês se separassem por tempo o suficiente para que eu pudesse colocar as mãos no Kook e você foi, sei lá, punido e tudo mais. Porém eu realmente não esperava que vocês fossem brigar daquele jeito. Sinceramente, vocês se comportam como duas crianças. Eu também não esperava que você estivesse sob ameaça de ser suspenso caso não conseguisse provar a verdade Pode pegar esse traste de volta, isso não me serve para mais nada.

Ele retirou o celular de Jimin de seu bolso, entregando-o nas mãos do maior, que permanecia chocado.

— Qual é o seu problema?! Nem parece que você ama o Jungkook! Se você realmente gostasse dele, estaria prezando pela felicidade dele. — Dak-Ho voltou a rir desdenhosamente. Enquanto isso, Jimin ficava cada vez mais próximo do ômega.

— E quem disse que eu me importo com aquele alfa? — ok, agora Jimin estava realmente confuso — Há tempos eu já deixei de amá-lo. Porém, eu ainda o quero. Afinal, quem não quer ter Jeon Jungkook na palma de sua mão?  Seria um mérito ótimo pra mim ser aquele que conseguiu o coração do alfa mais inalcançável da escola. E é claro que depois disso, eu partiria o coração dele em mil pedaços, assim como ele fez comigo. E para a sua informação, eu estou pouco me importando com o fato de você ter virado uma vagabunda. Eu já tenho tudo o que eu quero, então por que eu me importaria com mais um ômega querendo pagar de alfa?

Jimin não sabia se esganava Dak-Ho ou se primeiro deixava-o desacordado por tempo suficiente para que pudesse jogá-lo de um penhasco.Como alguém conseguia ser tão mesquinho daquele jeito? Sem falar que o menor denegrira a reputação de Jimin para que pudesse fazer aquilo, e ainda por cima havia destruído completamente uma amizade de longos anos, que estava prestes a tornar-se em um belo relacionamento.

— Você me dá nojo. — e o que mais irritava Jimin era o fato de que Dak-Ho acabara de admitir tudo ali mesmo,  porém não havia ninguém como testemunha — Certo que eu não esperava menos de você. Afinal, não passa de outro ômega padrão qualquer que só quer atenção.  Se toca Dak-Ho, todo mundo já cansou desses seus ataques de estrelismo. Isso só prova o quão imaturo você é. Quem nesse mundo faz tudo isso só porque levou um fora? Só mesmo alguém com uma ervilha no lugar do cérebro pra fazer uma besteira dessas por causa de seu ego frágil.

Dak-Ho abriu a boca, chocado. E antes que Jimin pudesse continuar, o som de um tapa ressoou no ambiente. Se alguém olhasse com atenção, poderia ver as marcas dos dedos de Dak-Ho no rosto levemente pálido do ômega.

Ok, talvez não devesse ter duvidado tanto do potencial do menor.

Porém ao invés de revidar, como qualquer pessoa esperava que faria, Jimin preferiu não descer a este nível.  Sua risada ecoou pelo local, tão maligna quanto a de Dak-Ho.

— Como eu disse, você não passa de mais um ômega que quer atenção. E se eu estivesse errado, você saberia como revidar direito.

— Merda, cala a boca! — Dak-Ho empurrou Jimin violentamente no chão, levando-o a cair devido ao piso molhado. Aproveitando a oportunidade, o menor sentou-se sobre o peito do ômega, agarrando-o pela gola da camisa e levantando seu torso — 'Tá, e daí se eu quero atenção? Eu não quero deixar essa droga de escola sendo um ninguém que nem você. E para falar a verdade, você vai embora daqui logo, já que não tem como provar que fui a enviar aquele vídeo. É um inútil mesmo.

— Inútil? Eu? Olha quem fala. Você precisou do Jungkook pra que as pessoas ao menos lembrassem do seu nome. Sem falar que se você realmente prestasse para alguma coisa, teria conseguido me tirar do caminho e ficar com o Jungkook sem precisar de um vídeo que nem foi feito por você. A única coisa que você fez foi apertar um botão, enquanto eu consegui fazer o, de acordo com você, alfa mais inalcançável da escola cair na minha lábia com facilidade.

Jimin surpreendia-se com o quão calmo estava. Para falar a verdade, agora que realmente percebera o quão infantil Dak-Ho era, não sentia mais toda a ansiedade de antes. Não tinha medo do menor para que sentisse medo de uma maneira tão intensa.

Foi retirado de seus pensamentos ao perceber que o alfa estava quase dando-lhe um soco.

Acabou sendo mais rápido, assim conseguindo segurar o punho de Dak-Ho alguns centímetros antes de seu rosto. Um sorriso vitorioso surgiu um sua face, porém não durou muito, pois o menor tentou usar a outra mão.

Antes que o rosto de Jimin fosse atingido, os dois acabaram se distraindo devido ao leve toque dos telefones.

Dak-Ho foi o primeiro a conferir a notificação, seguido por Jimin. E surpreendentemente, os dois receberam o mesmo arquivo, na mesma hora, vindo da mesma pessoa.

Yoongi enviou um vídeo.

Os dois abriram o arquivo, compartilhando da mesma expressão de choque.

Alguém havia filmado aquela conversa por baixo da cabine do banheiro desde o começo, o que incluía toda a revelação de Dak-Ho em relação ao seu "plano" de ter Jungkook para si.

Aquilo fez com que Jimin se lembrasse: Yoongi não voltara do banheiro desde a primeira aula.

Era impossível dizer quem estava mais chocado. Jimin teria de agradecer à Yoongi pelo resto de sua vida. Até porque, ao olhar as informações da mensagem, perceberam que ele não havia enviado o vídeo apenas para os dois, e sim para a escola inteira.

— Eu não acredito nisso... — murmurou o menor, perplexo.

Então, a porta de uma das cabines foi aberta por um Yoongi confiante.

— Pode acreditar, você acabou de provar do próprio veneno. — ele sorriu maldoso.

— Mas... como você sabia que ele iria falar tudo aqui? — perguntou  Jimin.

— É muito simples: você sempre vem pro banheiro quando quer se acalmar. E não precisa ser um gênio pra saber que o Dak-Ho iria vir te provocar e acabar falando, já que quase ninguém vem aqui. Então, eu só precisei ficar aqui e esperar. Simples.

—Yoongi... você é genial! — Jimin sorriu. Se não estivesse embaixo de Dak-Ho, abraçaria o ômega naquele exato momento.

— Eu vou acabar com você! — o menor fez menção de levantar-se, entretanto no exato momento em que ficou de pé, um Jungkook extremamente irritado entrou rapidamente no banheiro e jogou o ômega contra a parede.

— QUAL É A MERDA DO SEU PROBLEMA?! — Dak-Ho encolheu-se devido ao tom que o maior usava — Se nós não estivessem em um colégio, eu poderia muito bem acabar com você e-

— JUNGKOOK, PARA. —Jimin levantou-se com os olhos brilhando em azul. Devido ao fato de ser extremamente incomum ouvir um ômega levantando a voz, Jungkook afastou-se, em uma mistura de medo e surpresa — Nós temos muito o que conversar, mocinho.

E como se o alfa fosse uma criança malcriada, Jimin puxou Jungkook pela orelha, levando-o para fora daquele banheiro. A última coisa que os dois ouviram antes de irem para um lugar mais afastado foi:

— Lee Dak-Ho, dirija-se para a sala do diretor Jiyong neste momento.

◊◊◊

Jimin praticamente arrastou Jungkook para o jardim na parte de trás do colégio. Assim que soltou-o, precisou respirar fundo para que pudesse colocar todos os seus pensamentos em ordem. Aquele era um momento extremamente importante para o futuro relacionamento dos dois.

— Jimin, eu- — o ômega rapidamente colocou um dos dedos sobre a boca do maior, impedindo-o de continuar a frase.

— É a minha vez de falar. — para ser sincero, por dentro Jimin realmente preferia que o alfa falasse primeiro, já que realmente não sabia por onde começar — Essa semana foi como se a minha vida tivesse virado de cabeça para baixo. E eu percebi muita coisa nesse meio tempo. A primeira  é que... eu não te culpo por tudo o que você me disse no banheiro. Você... não tinha como saber que não fui eu, certo?

Jungkook assentiu em concordância. Sabia que o ômega não lhe deixaria falar até que terminasse.

— Mas isso não é motivo para quase machucar alguém e ainda por cima... quase abusar sexualmente dessa pessoa. — tanto Jimin quanto Jungkook pareceram tensos ao lembrarem daquele momento — Sério. Você apertou os meus ombros com tanta força que ele ficaram marcados. Sem falar no que aconteceu depois daquilo. Tudo bem, pessoas explodem e tudo mais, MAS NÃO À PONTO DE QUASE ESTUPRAR ALGUÉM. Meu deus, você faz ideia do quão sério foi aquilo?! E SE VOCÊ NÃO TIVESSE PERCEBIDO O QUE ESTAVA FAZENDO? PELO AMOR DA VIRGEM, JUNGKOOK, AQUILO NÃO SE FAZ NEM BRINCANDO.

Nesse momento, Jimin olhou nos olhos de Jungkook, percebendo que eles estavam... marejados? Aos poucos, as lágrimas escorriam por seu rosto, enquanto o alfa tentava escondê-lo entre as mãos.

Era a primeira vez que via o maior chorar daquele jeito. Se aguçasse seus sentidos, poderia facilmente ouvir seus soluços baixos.

Percebendo o estado de Jungkook, abraçou-o, trazendo seu corpo para mais perto de si.

— Droga... me desculpa... desculpa... — ele repetiu a palavra várias vezes entra soluços, enquanto Jimin apertava sua cintura e trazia-o para mais perto de si. Gentilmente acariciou os cabelos negros de Jungkook, tentando reconfortá-lo. Pelo menos aquilo era um sinal de que realmente arrependera-se do que fizera. Afinal, Jungkook só chorava em casos extremos — ... eu nunca quis fazer aquilo... me desculpa...

— Eu sei... — sorriu internamente devido a maneira pesada de Jungkook de chorar. Fazia muito tempo que não encontrava-se com o lado mais sensível do alfa — Mesmo assim, eu não quis desistir de você.

Jungkook afastou-se um pouco, olhando confuso para o menor. Realmente, se Jimin fosse como qualquer outra pessoa sana, iria afastar-se do alfa o quão antes possível.

— Naquele dia no hospital, eu pude ver claramente que o Jungkook que eu conheci quando criança ainda estava vivo de você e... esse Jungkook é o mesmo pelo qual eu me apaixonei uma vez e... percebi que havia me apaixonado de novo. Ou melhor, eu acho que... eu nunca deixei de... amar esse Jungkook. — Jungkook estava sentindo um misto de surpresa e medo do que Jimin viria a falar à seguir — Eu confesso que sempre te vi no Jeonghan, e talvez seja por isso que eu não tenha conseguido me afastar dele. Pra falar a verdade, doeu um pouco quando eu tive que te afastar no corredor, mesmo que tudo tenha sido atuação... doeu.  E essa é a verdade, Jeon Jungkook, eu ainda estou apaixonado por você. Eu ainda te amo.

— I-Isso é sério? — Jimin não respondeu, apenas encostou de leve seus lábios aos do maior, em um selinho rápido e casto.

— Sim. Mas... se você quiser que tenhamos algo realmente sério, eu preciso que você primeiro aprenda a controlar os seus instintos. Quer dizer, como eu posso confiar em alguém que quase me machucou seriamente e por muito pouco não me estupra? Sério, isso não é normal, Jungkook. Isso... me assusta. Se começarmos algo com você assim... pode não ser saudável. Tanto pra mim quanto pra você. — nesse momento, Jimin precisou segurar-se para não começar a chorar. Naquele exato momento lembrou-se que seu relacionamento com Jeonghan. Tudo havia ido pelos ares quando Jimin percebeu que o alfa não possuía um controle estável dos próprios instintos. Definitivamente, não queria que aquilo acontecesse mais uma vez.

— Está tudo bem... — ele murmurou — Afinal, isto é o certo, não é mesmo? E... eu estou disposto a fazer isso por você. Porque eu também... ainda te amo.

Então, os olhos de Jimin encheram-se de lágrimas que escorreram rapidamente por suas bochechas. Era a primeira que sentia-se amado de verdade.

Abraçou o alfa mais uma vez, sentindo os braços fortes do outro envolvendo-o.

E foi assim que Jimin percebeu que apesar de tudo, ainda amava Jungkook.