História Stole My Heart - Company

29/11, Sábado, 17:00 p.m.

Quando sento de frente para a penteadeira, Daisy entra no quarto com um livro em mãos e deita-se de barriga para baixo na cama. Estou me arrumando para o casamento de Emma e Thomas. Chandler vai passar para me pegar às 19:30, já que a cerimonia começa às 20h.

Nesses últimos meses, eu e Chandler nos reaproximamos muito. Temos almoçado juntos praticamente todos os dias, o que faz com que Daisy fique muito feliz. Ela sempre gostou muito dele, e me ver praticamente “namorando” faz com que ela sorria o tempo todo.

— Você está bonita, dinda. — Ela elogia, sorrindo de maneira abobada. Sorrio para ela e começo a secar o cabelo.

Em um raio de 30 minutos, talvez 40, Lauren e Katelyn, que vão cuidar de Daisy hoje, já que Mari e Theo vão passar o fim de semana em Miami, chegam. Daisy é quem atende a porta, e as três sobem para o meu quarto.

Depois de secar o cabelo, pego a roupa que usarei hoje, que está pendurado na porta do armário. O vestido é muito bonito. É azul escuro e, pelo fato de estar um pouco frio, tem mangas compridas. Tudo bem, as mangas são de renda, mas ainda assim, é melhor do que ficar com os braços nus. Ele bate um pouco acima do joelho, e o caimento é bom.

— Viram o que as fãs do Chandler têm falado no Twitter? — Katelyn pergunta, olhando para o celular. Viro-me para elas, sem me importar muito.

— Já lidei com isso uma vez. — Respondo, sorridente. Nada que ninguém possa dizer irá me magoar. Ultimamente tenho estado realmente feliz com tudo. — Afinal, o que estão falando?

— Ah, algumas páginas de fofocas e esses fã-clubes dizem que vocês estão sendo vistos juntos o tempo todo, e tem uma tag nos Trends há quase quatro horas. — Ela entrega o celular e vejo um “#ChanliceIsRisingAgain” em segundo lugar nos Trends. Abro a tag e, para a minha surpresa, vejo que tem muita gente falando coisas do tipo: “Finalmente! Já estava com saudades desses dois!” e coisas assim. Sorrio, muito contente com o que estou vendo. Devolvo o celular e dispo o roupão de seda. Tiro o vestido do cabide e o visto.

Depois que termino de abotoar o vestido na parte de trás, volto-me para elas, realmente receosa.

— Como estou? — Pergunto, nervosa. Elas voltam os olhos para mim e sorriem. Katelyn faz um “joinha” com um sorriso malicioso no rosto. Lauren assobia.

— Tá bonitona, dinda. — Daisy fala, sorrindo.

— Quem te ensinou a falar “bonitona”? — Pergunto, realmente impressionada. Quando ela abre a boca para responder, a campainha toca, e eu esqueço completamente a definição de classe. Daisy ri da minha exclamação de surpresa, junto de Katelyn, enquanto Lauren as reprime: 

— Eu quero ver quando você, senhorita Daisy, se apaixonar. — Ela fala, estreitando os olhos. Daisy produz um resmungo que me parece uma expressão de nojo. — Isso acontece com todo o mundo, sabe? Um dia vai acontecer com você sim, senhora. 

— Eu vou acreditar quando ver! — A menina protesta, como se o que Lauren acabou de dizer fosse uma ofensa. A reação dela provoca risadas no quarto. 

— Vou atender, ok? — Katelyn anuncia enquanto desce da cama e sai do quarto, sem antes dar uma piscadela furtiva na direção de Daisy. 

— Bem, Lauren, posso confiar em você, certo? — Pergunto, claramente nervosa, enquanto eu, ela e Daisy descemos. Ela exclama um “Sempre!”. — Ótimo, porque aparentemente a única adulta nessa casa é você. — Katelyn, que está falando com Chandler na porta, se volta para nós e murmura um “vai se catar, flor.”. Chandler ri, e então seus olhos encontram os meus. 

— Nossa, você está.... — Ele perde a fala. — Deslumbrante. — Quando ele fala isso, noto, com o canto do olho, que Daisy está sorrindo para Lauren. 

— Bem, é melhor vocês irem, ou irão se atrasar. — Katelyn sugere. Caminho até ele, que passa o braço pelos meus ombros. Demoro o meu olhar em Daisy, e então percebo que, a cada dia que se passa, mais ela se parece com Ellie. Encontrei uma foto, a que eu tinha na minha gaveta do criado-mudo, minha e da minha prima, alguns dias depois da minha formatura, em cima da mesinha de cabeceira da minha afilhada. Estava arrumada em um porta-retratos que ela mesma pintou. 
Vi aquilo quando fui pegar a roupa suja e, me encontrei ajoelhada no tapete, encarando aquela foto, enquanto lagrimas escorriam pelo meu rosto. Além desta foto, Daisy também guardava outras duas: uma minha e dela quando ela era apenas bebês, e outra minha, dela e de Mari, no seu aniversário de quatro anos. Sem que eu percebesse, Daisy tinha entrado no quarto. 

— Dinda? — Ela chamou e se ajoelhou ao meu lado. — Você está chorando? 

— Não, amor. Estou bem. — Eu lhe respondi, limpando as lagrimas mais do que rapidamente. 

— Eu também sinto falta dela, dinda. Mesmo que não a tenha conhecido, sinto sua falta todos os dias. — Ela disse, olhando nos meus olhos. Algumas lagrimas insistiam em cair, então ela pegou os dois polegares e meio que “forçou-me” a sorrir. — Não devíamos ficar tristes por ela, dinda. Pelo menos eu acho... Porque... Sei que ela está bem, e que está nos observando lá de cima.

Não aguentei e a abracei de maneira carinhosa. 

— O mais importante é que ela viveu, e que nesse tempo, tenha sido feliz. — Ela falou, olhando-me nos olhos. Naquele momento, nós duas estávamos com os olhos marejados. 

— Quando foi que você ficou tão madura? — Perguntei, enquanto um sorriso brotava nos meus lábios. 

Saio do meu transe quando a menina de olhos verdes e cabelos loiros joga os seus braços ao redor da minha cintura em um ato de despedida. 

— Tchau, dinda. 

— Tchau, Daisy. Te vejo amanhã, certo? — Ela murmura um “uhum” em resposta. Saímos de casa e caminhamos até o seu carro em silencio, mesmo que as nossas mãos estejam entrelaçadas. 

Nos últimos meses, Chandler tem passado muito tempo comigo, temos almoçado juntos quase todos os dias e, de vez em quando, vamos jantar no apartamento dele. Daisy tornou-se muito apegada a ele, chega a ser engraçado. Nossa relação esquentou um pouco; já assumimos um relacionamento, mesmo que não seja muito sério. Posso dizer que todos ao meu redor estão muito felizes por nós.

Quando chegamos na igreja em que a cerimônia ocorrerá, ele abre a porta para mim. Saio do carro e seguro o seu braço. Ao entrarmos, somos surpresos por um Charlie mais velho (e ainda mais bonito, devo admitir) caminhando na nossa direção.

— Oi, quanto tempo! — Ele exclama, claramente mais para mim do que para Chandler. — Como vão?

— Vamos bem, e você? Faz muito tempo que não nos vemos, mesmo. Como vão as coisas? — Quando pergunto isso, uma menina de uns 13 ou 14 anos aparece para falar com Charlie.

— Charlie, Patrícia está atrás de você. — A menina avisa com os olhos focados no homem na nossa frente. Ela é linda, e me lembra muito Charlie quando eu o namorava. Tem longos cabelos castanhos e sardas salpicam o seu rosto pálido. Ela tem olhos muito azuis, iguais aos de Charlie, e iguais aos do pai de Emma. Não, não é possível que seja ela.

— Ah... Mindy, eu estou ocupado. Ela não pode esperar um pouco? — Ele pede, olhando para ela. Olho para ela, também.

— Espere, é a Mindy? — Pergunto, agora confirmando a minha dúvida. — Meu Deus do céu! É a sua irmã, Charlie?

— É, sim. — Ele sorri. Não consigo esconder a expressão de surpresa. — Mindy, esta é Alice Farley. Você já deve ter ouvido falar dela, né?

— Sim. Emma me falou dela quando estávamos decidindo o meu vestido de daminha. — A menina responde e se volta para mim. — Eu tenho uma foto sua me segurando quando eu tinha uns... Três anos?

— Sim! Eu tenho essa foto lá na minha casa, também. — Quando falo isso, ela sorri, e então seus olhos caem sobre Chandler, e seu queixo cai.

— E você... Você é Chandler Riggs! — Ela exclama, sorrindo. — Emma me contou que você é ator, não é?

— Sou. Sou sim. — Ele sorri para ela. Charlie conta para Chandler que o sonho de Mindy é atuar.

Enquanto os dois, Mindy e Chandler, conversam sobre atuar e esse tipo de coisa, eu e Charlie nos voltamos um para o outro. Sem vergonha ou ressentimentos, estamos velhos demais para esse tipo de coisa.

— Então, como tem estado? Fiquei sabendo que se formou em arquitetura na NYU! Minha madrinha dá aula lá. — Ele fala.

— Mesmo? Quem é ela?

— Isabelle DiLaurentis, ensina Projetos Arquitetônicos. — Ele responde com simplicidade. Sou tomada por um sobressalto. Claro! Foi por causa dela que eu e Amy viramos amigas.

— Você só pode estar brincando! Minha nossa, a primeira amiga que tive na NYU foi por causa dela! Foi minha professora do início ao fim, grande mulher!

— Ela virá hoje. Deve estar chegando, por sinal.

— Ah, meu Deus Que legal! Adoraria revê-la. — Exclamo, sorridente. Quando ele vai responder, uma mulher de cabelos castanhos exclama às suas costas:

— Charlie! — Quando ele escuta, é tomado por um sobressalto e se volta para a mulher. — Está quase na hora, dá para parar de bater papo e ficar na sua bendita posição?! — Ela ordena, obviamente irritada.

— Já estou indo! — Ele responde no mesmo tom. — Nossa, ela tá parecendo a minha mãe. — E então se volta para mim. — Bom, preciso ir. Sabe, tem todo esse negócio de “padrinho de casamento”. É... Foi bom falar com você.

Dito isso, ele se retira com Mindy em seus calcanhares. Me volto para Chandler.

— Menina engraçada, a Mindy. — Ele comenta, sorrindo ao segurar a minha mão. — Já era de se esperar, sendo irmã da Emma.

Dou risada e ele sorri para mim. Quando vou sugerir que encontremos um lugar, a minha atenção vai para outra coisa: Luiza e Josh acabam de parar atrás de Chandler.

— Lice! — A mulher – que mesmo que esteja com feições mais velhas, continua igual à Luiza de 16 anos – exclama, surpresa e sorridente.

— Lu! — Exclamo enquanto a abraço. Josh e Chandler se cumprimentam, e então Luiza abraça Chandler e o seu namorado vem me abraçar.

— Meu Deus, quanto tempo! Você está linda! — Ela exclama. Sorrio e agradeço (Você também!).

[...]

Na mesa de jantar, estamos sentados: Chandler, eu, Luiza, Josh, Sophie e Mingus. Lucy e Evan não puderam vir, não sei bem por quê. Aparentemente, aconteceu muita coisa durante os anos que ficamos afastados. Chandler estava certo, todos ali estão com um pé no casamento. Emma, quando parou um pouco na nossa mesa para conversar conosco, disse que Charlie arrumou uma namorada na faculdade, Phoebe, e que tem certeza de que uma hora ou outra, irão casar.

Ela disse que Phoebe não pôde vir hoje porque está na Alemanha visitando a família, já que a mãe é alemã e o pai norte-americano.

[...]

Quando Chandler me deixa em casa, lhe dou um beijo de boa noite e peço para ele vir almoçar comigo, Daisy, Lauren e Katelyn amanhã. Ele, com um sorriso enorme, diz que será um prazer. Depois de mais um beijo, entro em casa, onde encontro Lauren e Katelyn dormindo no sofá com a televisão ligada.

Katelyn está estirada no sofá e Lauren está dormindo na poltrona com os pés apoiados na outra poltrona. Ela e Katelyn vão dormir aqui, no quarto da Mari. Subo as escadas em silencio e dou uma passada no quarto de Daisy antes de entrar no meu para vestir o pijama e tirar toda a maquiagem.

Nunca curti bebidas alcoólicas. Quando estava na faculdade, eu bebia socialmente. O único porre que tomei na minha vida foi um dia que eu e James, o garoto que eu ficava de vez em quando lá em New York, ficamos na casa dele, bebendo. Acho que foi a primeira vez que fiz sexo com ele. Não lembro direito se eu fiz mesmo ou não, mas lembro-me que depois daquele dia a nossa relação ficou um pouco mais intima. Não sei por que isso me veio em mente.

Escovo os dentes depois de tirar a maquiagem. Jogo o roupão em cima da cama e visto o meu pijama de inverno, que não é nada além de um moletom. Quando desço as escadas, Lauren está levantando da poltrona.

— Ah, Lice. Você já voltou.... — Ela murmura, sonolenta. E então, Katelyn acorda. Pego uma garrafa de água que está descansando na bancada e dou um gole.

— Acabei de voltar.

— E como foi? — Kat pergunta, com a voz embargada de sono.

— Legal, mas a gente conversa amanhã, pode ser? Nós três estamos exaustas.

30/11, Domingo, 10:17 a.m.

Quando olho para o relógio no criado-mudo, me assusto imensamente com a hora. O frio de novembro faz com que um arrepio corra pelo meu corpo no momento em que saio da cama. Na mesma hora, tiro a parte de cima do pijama que, mesmo que seja um moletom, está me deixando com frio, e visto um suéter e por cima coloco o moletom. Desço as escadas e encontro Daisy, Katelyn e Lauren tomando café tranquilamente.

— Bom dia. — Murmuro, dando um beijinho no topo da cabeça de Daisy e me sentando de frente para Lauren.

— Bom dia. — As três respondem em uníssono.

— Como foi ontem? — Lauren pergunta enquanto eu me sirvo de café. Pego uma torrada e me sento de volta.

— Legal. — Respondo, dando de ombros. — Falei com Charlie lá. Dá para acreditar que ele está próximo de casar?

— Mesmo? — Katelyn pergunta. — E o Chandler? Se divertiram lá? — O tom dela é de malicia, o que me faz rolar os olhos.

— Uhum. Ele vem almoçar com a gente hoje. — Quando respondo, o telefone de casa toca e eu me levanto para atender. Daisy exclama um “Sério?!” — Alô?

— Oi, Lice. É o Chandler. — Ouço a voz rouca dele, algo que me faz sorrir imediatamente. — Só gostaria de saber se você precisa que eu leve alguma coisa para o almoço hoje.

— Ah, não. Não precisa de nada, só aparecer por aqui por volta do meio dia.

— Ok, te vejo daqui a pouco, então. — Ele responde e suspira. — Até mais tarde, beijos.

— Beijos. — Depois que desligo, volto-me para elas, que me encaram. Katelyn tem uma sobrancelha erguida, e Lauren e Daisy sorriem da maneira mais abobada possível. — Escuta, vocês não têm mais o que fazer, não?

Sento-me na mesa de novo e tomo o meu café da manhã em silencio. Depois de lavar a louça na companhia de Lauren, enquanto Katelyn e Daisy desenham no quintal, subo para tomar um banho. Decido chamar Amy e David, também.

Amy está no terceiro ou quarto mês de gravidez e, mesmo que não esteja enorme, a barriga já está começando a crescer. Eles estão ansiosos para o sexto mês, já que é o período em que se descobre o sexo da criança.

Entro no chuveiro e lavo o meu cabelo, deixando os fios com o típico cheiro de camomila. Quando saio do banheiro, desejo voltar para lá; o frio me pega de surpresa. Visto uma camisa jeans e um suéter por cima. Visto uma calça jeans mais que depressa e calço um par de botas que batem um pouco abaixo do joelho.

Seco o meu cabelo e então desço as escadas e começo a preparar o almoço junto com Lauren. Katelyn e Daisy arrumam a mesa e então começam a preparar uma torta de maçã enquanto Lauren prepara torradas. Vamos fazer hambúrguer, mas prefiro esperar para fazer quando todos chegarem.

A campainha toca e Daisy atende mais do que rapidamente.

— Tia Amy! David! — Ela exclama e eu me viro na mesma hora, vendo Amy, com a barriga de grávida e caminho até eles.

— Amy! Meu Deus, como está linda! — Lauren exclama, e a ruiva agradece.

16:35 p.m.

— Então, — pergunto enquanto sirvo chocolate quente para todos que estão distribuídos pela sala de estar — vocês têm planos para o nome?

— Bem, eu pensei em alguns e.... Marie, mãe de David... — Amy pensa por um momento. — Vocês a conheceram, não é? No meu casamento.

— Sim. — Eu, Lauren e Kat respondemos em uníssono.

— Bem, estive falando com Marie e.... Se for menina, entramos em um acordo, e será Julieth ou Rose. — Ela conta. — E David e eu temos conversado sobre os nomes masculinos.

— Se for menino, pensamos em Ethan ou Andy. — David completa, acariciando a mão da esposa. Os dois sorriem e ela passa a mão na barriga levemente.

Quando o relógio bate 18 horas, Chandler anuncia que precisa ir porque amanhã tem que acordar cedo para gravar um filme que está fazendo, então o levo até a porta.

— Então... — Quando começo a me despedir, sinto os olhares de todas as pessoas que estão na sala queimarem em cima de nós dois. — Vamos lá para fora.

Encosto a porta e ele passa os dedos pelo meu rosto. Ele sorri, não somente com os lábios, mas com os olhos também. Sorrio de volta.

— Obrigado por ter me recebido hoje, foi uma tarde encantadora. — Chandler agradece. Como se recebe-lo realmente fosse um sacrifício.

— Ah, não foi nada. Daisy adora a sua companhia. — Comento, olhando em seus olhos. — E eu também. — Ele dá risada quando sussurro isso ao pé do seu ouvido. Sinto suas mãos ao redor da minha cintura e seus lábios se movendo até a minha boca. Ele me dá um beijo lento e então olha nos meus olhos.

— A gente se vê amanhã? Te busco para almoçarmos como de costume, ok?

— Ok.