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História Strawberry (Jungkook Imagine) - Amor Azul


Escrita por: strawtears

Notas do Autor


Voltei com mais um capítulo para acabar com a tortura de vocês! Hahaha ♡ PESSOAL SÓ QUERIA DEIXAR CLARO O MOTIVO DA MINHA FELICIDADE E FUTURAMENTE DA SUA... O OTP "VOCÊ + JEONGGUK" ESTÁ MUITO PERTO DE ACONTECER AAH ♡ PODEM SURTAR COMIGO.

Capítulo 27 - Amor Azul


Fanfic / Fanfiction Strawberry (Jungkook Imagine) - Amor Azul

Vê-lo embora é sempre doloroso, mas saber de seus sentimentos de ódio por mim é pior ainda. Por quê ele demonstra tanto se importar, às vezes... quando me diz outra coisa? Ele é tão confuso, eu não deveria, mas quero entendê-lo. Ah, sinceramente, eu não consigo o odiar, mesmo que ele me odeie.

É tão estranho, isso veio como uma bomba, explodindo tudo de uma vez. Agora eu entendo por quê eu não podia ler as folhas daquele caderno. Me sinto horrível. Ele me fez sentir coisas tão ruins nunca sentidas, tomando o lugar daqueles pensamentos de momentos bons.

Eu não sei o quê tem acontecido conosco ultimamente, só sei que venho tentando tê-lo perto de mim, e parece que ele cede a isso. Ele me quer longe ou perto?

Novamente eu estava jogada em minha cama, num final de semana pós ano novo, esperando que aquela profunda tristeza fosse embora. Eu estava odiando o ano letivo asiático, eu esperava ansiosa pelas férias, e agora vejo que terei que estudar mais do que antes.

Su Mi não sabia o quê fazer para me animar, e ela havia tentado de tudo, assim como papai, mas eu estava andando mais triste ultimamente. Não sentia vontade de jantar junto com eles, eu gostava de ficar no meu quarto sozinha, pensando. Mas mesmo assim, ela ainda me levava o jantar na cama. Papai tem estado mais em casa, enchendo HaNi de roupinhas e tentando me mimar para ver se conseguia me animar, nem que fosse um pouquinho.

Estava entediada na verdade. Bufei, fechando meus olhos e imaginando cenas bonitas em minha mente... a maioria envolvia Jeongguk, mesmo que fosse sem querer. Não tinha como fugir disso, ele será sempre presente nos meus pensamentos. Sempre no meu coração. Ah, que agonia. Como posso esquecer uma pessoa de uma hora para outra? Acho que nem a internet pode ajudar nessa situação, nem tudo tem resposta.

A porta se abriu, logo fez um pequeno barulho quando foi fechada. Meus olhos ainda estavam fechados, esperando que quem quer que fosse, desse meia volta e saísse. Não estou sendo rude, apenas quero minha privacidade de volta.

— Como vai? — Su Mi disse com sua voz calma.

Eu me sentei na cama, vendo que ela tinha se sentado também, na ponta.

— Um pouco melhor, acho.

— Quer alguma coisa? Está matando sua mãe de preocupação. — Ela segurou minha mão, e eu dei um meio sorriso.

Eu conseguia sentir sinceridade em suas palavras, eu realmente a sinto como mãe, quando ela dizia essas coisas, me fazia sentir melhor, até chorar.

— Está tudo bem agora.

Talvez eu não devesse mais preocupá-la.

— Que bom. — Ela sorriu. — Será que eu poderia dizer algo?

— Claro. — Assenti.

— Espere um segundo.

Ela saiu, deixando a porta entreaberta. Fiquei pensando no que ela teria para me dizer, e isso me deixou um tanto curiosa. Alguns minutos depois, ela voltou, fechando a porta com seu pé, pois na mão segurava uma caixa de tamanho médio.

— Pronto. — Ela deixou a caixa em cima da cama, olhando-me como se quisesse que eu a abrisse.

Hesitei, então ela acabou abrindo sozinha. Tinha algumas fitas para fechar a tampa da caixa e parecia ter algum tempinho que estava guardada. Ela soltou uma risada baixinha quando tirou de dentro da caixa um vestido.

— Ele ainda está em perfeito estado desde a última vez que usei. — Ela disse, sorrindo.

— Era seu? — Ela assentiu. — É bonito. Gosto de azul.

— Seu pai também gostava. — Sem entender, fiz expressão confusa. — Eu o usei no primeiro encontro com seu pai... — Ela parecia se lembrar, pois sorria. — Eu era jovem, assim como você, apaixonada. Eu o usei, pensando que seu pai gostaria, por causa da cor... mas, na verdade, ele preferia preto. — Ela gargalhou. — Eu achei que tinha o decepcionado, mas na verdade, segundo ele, “O amor é tão cego que me fez gostar mais de azul do que nunca”.

Nós duas rimos. Papai era mesmo muito bobo e engraçado. É um bom homem, fico feliz por ele ter encontrado alguém que tenha o coração tão bom quanto o dele.

— Na mesma noite, ele acabou por me pedir em namoro. — Seus olhos brilhavam a medida que ia contando cada detalhe. — Eu não sei se é por causa do vestido, mas quero acreditar que sim. Todos temos algo que nos remete a sorte, e isso foi uma das coisas. — Ela passou a mão no vestido, o esticando. — Com ele eu encontrei o amor.

Ela sorriu uma última vez, colocando o vestido em meu colo. Ele cheirava a algo guardado a tempos, mas ainda me parecia tão novo.

— Agora é sua vez. — Ela sorriu, animada. — Eu quero que use-o, não importa onde, mesmo que não encontre alguém, te trará sorte.

— “Mesmo que eu não encontre alguém”... e se eu não encontrar mesmo?

— Nunca sabemos quando vamos encontrar a pessoa certa. Pode ser na rua, no café da esquina, na escola, no trabalho...

Em um parquinho melancólico...

— É, pode ser. — Ela deu de ombros. — Mas... sempre esteja preparada, porque quando o amor bate em sua porta, você pode tentar fugir, mas no final, sempre é pego. — Ela suspirou, olhando para o chão.

— Está tudo bem? — Era irônico eu estar fazendo essa pergunta a ela agora.

— Sim, gosto de relembrar os velhos tempos.

— Tudo bem, eu vou usar. — Sorri. — Se isso te deixa feliz...

— Por favor, _____, não use por mim, use por você mesma. — Ela advertiu.

Su Mi acreditava em algumas coisas e superstições engraçadas, mas esta eu havia achado mais significativa, talvez eu tenha gostado.

— Eu vou apenas dar uma lavada nele, para que fique com um bom cheiro. — Assenti, e ela pegou todas as suas coisas e saiu do quarto, me deixando na minha própria companhia novamente.

Será mesmo que o quê ela diz é verdade? Será que isso pode dar certo? Eu... não quero ver o Jeongguk. Na verdade, metade de mim quer, a outra metade ainda está magoada e com seu orgulho falando mais alto. Mas mesmo assim, fico me questionando se eu usasse isso daria certo.

Ele desistiu mesmo das aulas de coreano. Isso me deixou pior do que eu já estava. Na verdade ele não disse nada sobre isso, apenas parou de vir. Eu não queria que isso afetasse nas aulas, eu gosto de aprender, mesmo que seja difícil, mas ao longos dos meses que tenho passado aqui, já tenho uma básica noção das palavras e tracinhos em Hangul.

Mesmo com os meses passados, é tudo muito novo ainda. Eu não consegui me acostumar com a comida diferente, eu não consigo ler tudo ainda, não consigo falar com as pessoas, apenas poucas palavras... é estranho, mas estou disposta a passar pelo sacrifício, apenas pra ficar aqui. Gosto daqui, tenho razões para gostar daqui e ficar aqui.

E uma dessas razões me magoou.

Ele é tão rude com as palavras, queria que ele soubesse o quanto elas machucam. Ele só não sabe por que não tenho coragem para dizer as mesmas palavras tão rudes que ele usa. Sou mesmo fraca, boba, como não percebi antes? Ele não me entregou a próxima página, e com tudo isso que aconteceu, nem venho sentindo falta. Eu me cansei. Eu não quero mais saber o quê tem lá.

Tomei um pequeno susto quando ouvi batidas na porta, me tirando dos meus devaneios dramáticos.

— Lauren está no telefone, quer falar com você. — A voz de Su Mi estava abafada por estar do outro lado da porta.

Suspirei, calçando as pantufas que estavam do lado da cama para não sujar minhas meias brancas. Caminhei até a sala, sentando-me no sofá, ao lado da mesinha com um telefone fixo.

— Me fez levantar da cama a uma hora dessas? — Disse irritada.

Já são 04:00 da tarde!

— Espero que seja algo muito importante para você ter ligado para o telefone de casa em vez do meu celular.

Considere, em parte...

— Vamos, fale logo! — Batucava meus dedos na mesinha de vidro.

Tenho uma boa proposta. — Bufei, esperando o pior.

— Por quê tenho um péssimo pressentimento sobre isso?

Pare de ser tão chata. — Ela bufou. — Tá legal, eu não vou dizer mais nada.

— Tudo bem, tchau.

Ei! Qual é? Essa seria a parte em que você imploraria para eu te contar o quê é.

— Entendi.

Fiquei em silêncio e ela também, podendo escutar sua respiração do outro lado da linha.

Diz! — Bufei.

— O quê é que você tá planejando?

Agora sim, faltou mais intensidade, mas está bom. — Ela riu. — Nós estávamos planejando em sair de novo, tem uns lugares novos bem legais...

— Espera... nós? Quem mais vai? Se o Jeongguk for, eu não vou.

Nós? Eu quis dizer... eu e você.

— Mas você está falando comigo só agora. — Disse sem entender. — Lauren...

Vai ser só nós duas, _____.

— Tudo bem... — Assenti, um pouco desconfiada.

Ainda está com um mau pressentimento?

— Talvez.

Vai ser legal, eu vou estar lá, então...

Eu ri.

Nos encontramos lá.

— Ah, Su Mi me deu algo legal.

E o quê seria?

— Um vestido... é bem bonito, embora eu não use vestidos.

Sério? Por quê não vai com ele hoje?

— Tem certeza? Ela disse umas coisas... — Olhei para os lados para garantir que ela não estava ali na sala. — Disse que me daria sorte, ela usou no primeiro encontro com meu pai.

Ei, isso é bem legal. — Ela riu. — Desculpa, eu não sou boa com coisas românticas. Mas... acho que você deve usá-lo. — Ela gargalhou baixinho.

— Você está estranha.

O quê ela disse? — Uma voz ao fundo disse, parecia masculina.

— Ei, quem tá aí com você?

Hã? Não tem ninguém. Eu preciso desligar.

— O quê?

Ela nem me deu tempo de fazer outra pergunta, e eu só escutava o “bip bip” de chamada encerrada. Era fato de que havia algo a mais por trás dessa história nada convincente de “sair só nós duas”, mesmo que não vá mesmo outra pessoa, o que faríamos por aí? Eu não sinto vontade de sair de casa ultimamente, não sei se é somente por preguiça, ou pelo fato de ainda estar chateada.

Esse drama todo que tem acontecido na minha vida, Jeongguk sempre está incluso. Ele faz parte de metade dos meus momentos felizes, até por quê todos foram com ele. Ele —  querendo eu ou não — não tem como sair da minha vida assim... de uma vez. Eu sei disso, mas mesmo que tento esquecê-lo, ele volta a atormentar meus pensamentos de forma irritante.

Gostaria que ele facilitasse as coisas entre nós, ou será eu que estou dificultando?

Eu tenho noção do tanto complicada que sou, mas ele não pode negar que é duas vezes mais que eu. Eu não consigo o entender, mesmo que chegue nas profundezas de seu coração de pedra, ou da sua mente louca e perturbada, eu nunca vou compreendê-lo se ele não permitir isso.

Ele não me procurou, então não deve sentir minha falta.

As vezes penso que o amor juvenil parece ser mais forte que qualquer outro amor mais maduro.

Assim que as coisas funcionam, mas o meu problema é me apegar demais a elas, assim como me apeguei a você, Jeongguk. Mas você é diferente, como pode ser tão destacado dos demais meninos naquela escola? Ou até mesmo na rua, você sempre é destacado. Pelo menos os meus olhos o enxergam assim, deve ser a paixão, ela é a verdadeira culpada de tudo isso.

Eu queria esquecer esse sentimento que machuca, mas é bom... o sentimento que consegue ser mais bipolar que eu mesma. Eu nunca senti tantos turbilhões de emoções em uma única paixão, por um único garoto.

Está feliz por me fazer refém do seu amor, Jeongguk? Tenho certeza que deve estar dando risada.

(...)

— Acho que não vou.

Ah, você vai sim.

Eu estava a exatamente 10 minutos ao telefone com Lauren, tentando fazê-la me deixar livre desses seus planos de sair à noite. Minha cabeça estava explodindo, meu corpo cansado implorava apenas pela minha cama e minha disposição estava zero.

Eu andava de um lado para o outro dentro do quarto, agarrada ao celular. Su Mi tinha achado a ideia de sair para tomar um pouco de ar, pelo menos, legal. Mas só ela havia achado mesmo.

— Lauren, eu estou cansada, presa a uma cama que já não aguenta mais meus choros e presa ao meu próprio corpo cansado.

Pare de ser tão dramática.

— Estou sendo realista e envolvendo um pouco de metáforas.

Por isso é tão estranha, você e Jeongguk realmente combinam.

— Eu já não disse pra não falar dele?

Claro, claro. — Ela deu uma risadinha baixa. — Mas você vai vir. Está quase na hora, ainda dá tempo de se arrumar, _____. Não desista, eu tenho certeza que você não vai se arrepender.

— Ai, você fala como se apenas sair fosse mudar nossas vidas. — Disse, reclamando,

Grossa, estou tentando te ajudar.

— Okay, me desculpe. Eu vou pensar sobre isso.

Você só tem 10 minutos pra pensar. — Ela disse, parecendo ansiosa.

Alguma coisa não está certa pra mim. Estranho.

Já pensou?

— Ah, tá. Eu só vou por que você parece sentir muito minha falta. — Bufei e ela comemorou do outro lado da linha.

Depois de encerrar a chamada, fiquei mais alguns minutos pensando se realmente sair seria bom pra mim, o quê me levou a conclusão de que eu estou desperdiçando um bom tempo da minha vida vivendo presa a esse amor confuso.

Eu vou.

Eu devo ir. Algo em mim, de repente, me diz que é a coisa certa a se fazer. Eu preciso mesmo de um ar. O vestido estava limpo, estendido em cima da minha cama. Su Mi tinha saído de casa e levado HaNi para um passeio, deixando um pequeno bilhetinho em cima do tecido azul do vestido: “caso for sair, use-o. Chegarei cedo, não se preocupe.”. Eu achava engraçado como ela se importava comigo, isso me fazia sentir especial, um carinho maternal me faz falta, mas ela consegue substituir essa dor guardada lá no fundo do meu coração por causa da rejeição, em felicidade. Eu a amo, é uma boa mãe.

Eu me vesti rapidamente, olhando no espelho como o vestido havia ficado bem em mim, estava ajustado perfeitamente ao meu corpo. Procurei por um casaco, mas tinha poucos, poucos que pudessem me esquentar de verdade. Por um momento, havia olhado de relance para a minha cama novamente: aquele casaco ainda estava ali. Eu estava tentando ignorar o fato de ser uma tola apaixonada e ter dormido abraçada ao casaco que Jeongguk havia jogado em cima de mim... mas era inevitável. E ferindo meu orgulho, eu o vesti, sentindo o casaco me esquentar mais do que qualquer outro, e seu cheiro forte exalar. Não faria diferença mesmo, Lauren nem vai desconfiar de que esse casaco é dele.

Era estranho usar algo que não era do meu costume usar. O vestido balançava quando eu andava, e meus tênis faziam barulho no piso da sala. Meu celular estava dentro da bolsa que estava levando, vibrava, mas decidi não olhar, deveria ser apenas Lauren dizendo que já havia saído de casa, e eu já estava de saída também.

Eu me olhava atentamente no espelho do elevador, ajeitando meus cabelos. Eu tinha passado até um pouco de maquiagem, talvez fosse melhor eu tentar ser mais arrumada, cuidar mais de mim mesma.

A neve não estava mais tão forte, mas o frio intenso ainda permanecia. Eu não conseguia ficar mais de cinco minutos sem cheirar aquele casaco, exalava um cheiro tão bom. Ele estava grande em mim, mas me esquentava o necessário para sair de casa.

A noite estava bonita, as ruas bastante movimentadas, e outros adolescentes da minha idade também passeavam por aí. Eu coloquei as mãos nos bolsos do casaco, percebendo que havia apenas 1 aquecedor de bolso. Suspirei, me lembrando de quando ele havia me dado o outro, que estava dentro do bolso deste mesmo casaco. O casaco era preto, e combinava com meus tênis “sujos” de neves acada passo que eu dava pela rua.

Iríamos a um café que Lauren dizia ser seu favorito, seu refúgio quando estava de cabeça cheia. Me pareceu bom quando ouvi, mas a culpa era do meu corpo preguiçoso, por que me pareceu convidativo. Ficava perto da escola, mas eu nunca tinha ido até lá. Caminhei frustrada até o ponto de ônibus por não ter lembrado dos meus fones, como uma distração para a longa viagem que faria.

Eu via sorrisos felizes e verdadeiros de casais apaixonados por ai, saindo. As janelas do ônibus estavam embaçadas, onde aproveitei para escrever “Jeongguk tolo” com a ponta do meu dedo. Eu não sabia como escrever aquilo em coreano, mas espero que ninguém que entre nesse ônibus saiba falar inglês.

Quando desci do veículo, pude ver de longe a escola pouco iluminada. O ônibus havia me deixado na porta do novo local, onde de longe, pude sentir o cheiro forte de café fresco. Parecia bom. O ambiente era aconchegante, as iluminações eram baixas, e uma música baixinha tocava ao fundo. Confesso que aquilo havia me dado sono, mas não deixava de ser interessante. O ambiente estava aquecido, e não precisava ficar com o casaco, mas minha necessidade de sentir o cheiro de Jeongguk comigo foi maior.

Apertei meus braços com minhas mãos, talvez aquilo fosse me lembrar do toque dele, do contato físico, mas só fez com que eu abrisse meus olhos, vendo que estava sozinha. Estava sentada à cinco minutos, esperando por Lauren, que morava não muito longe daqui. Eu decidi não pegar meu celular hoje, eu deveria esquecer um pouco as coisas que me prendem tanto. Olhei em volta, reparei nos mínimos detalhes que o ambiente tinha, nas pessoas, no lado de fora... eu estava me distraindo, eu precisava, e meu olhar acabou por ficar preso nos carros que passavam do lado de fora.

O quê...

Uma voz, aquela voz. Eu me virei imediatamente, olhando para ele que estava em pé na frente da minha mesa.

— O quê você tá fazendo aqui? — Eu não podia controlar meu coração que batia acelerado, mas minha voz carregava raiva.

— Mas... o Namjoon disse que estaria aqui. — Ele disse, logo depois ficando irritado.

Ele cruzou os braços, me olhando fixamente.

— Lauren também disse. — Eu disse, percebendo o quê estava acontecendo.

Procurei pelo meu celular em minha bolsa, um pouco desesperada. No mesmo momento, ele havia vibrado, com uma mensagem de Lauren.

“Arranjei companhia melhor pra você, me agradeça depois. Foi difícil sair correndo de casa para ver se você tinha chegado aí e Jeongguk também, depois voltar correndo de novo com essa neve no chão. Aproveita.

De Lau Lau, codinome Flash.”

— Tá brincando! — Disse estressada, guardando o celular dentro da bolsa de novo.

Ele se sentou na cadeira a minha frente, tentando evitar que nossos olhares se encontrassem. Isso é... tão ridículo. Por quê não pode me olhar, Jeongguk? Por quê não encara os problemas em vez de fugir deles?

O quê estou dizendo... eu mesma acho que fugir é a melhor opção. Sou tão hipócrita.

Ele tentou chamar uma das pessoas que estavam atendendo.

— O quê acha que está fazendo?

— Eu vou pedir café. — Ele disse como se fosse óbvio.

Eu queria que ele interpretasse essa pergunta de outro jeito.

Eu dei de ombros, ajeitando minha bolsa em meu ombro e me levantando. Ele acompanhou meus movimentos com seus olhar, até que se levantou e veio em minha direção.

— Onde você tá indo? — Ele agia como se nada tivesse acontecido, isso me irrita tanto.

— Pra casa.

— Espera, pelo menos fica um pouco. — Ele me conduziu até a cadeira de novo, e eu me sentei, sentindo o quanto estava sendo idiota novamente. 

— Por quê está fazendo isso? — Perguntei, vendo-o se sentar. 

— O quê estou fazendo? — Ele perguntou, dando de ombros. 

Soltei uma risada sarcástica, vendo-o fazer uma expressão confusa. 

— Me deixa ir pra casa. — Disse baixo. — Eu não quero ficar aqui. 

Está me evitando. 

— Não estou. 

— Está. 

— Não, não estou. Não estou te evitando! — Disse irritada. 

— O quê deu em você? Pare de agir como uma idiota. 

— Você é um idiota! — Gritei, atraindo a atenção de algumas pessoas a nossa volta, que tomavam café tranquilamente. 

— Para de gritar, estão todos olhando. Olha, não sei se no seu país vocês são mau educados assim, mas está no meu país e... 

Não o deixei terminar sua frase, peguei o copo de água que haviam colocado em nossa mesa, jogando metade do líquido em seu rosto, molhando alguns fios de cabelo de sua franja. 

Idiota, eu odeio você. 

Eu comecei a andar em direção a saída, sem nem ao menos olhar para trás, para ele.

— Espera. — Eu continuei a andar. — Para! — Eu sai do local, recebendo o vento gelado em meu rosto. — Você está surda, eu disse pra parar. — Ele segurou meu braço.

Eu pude sentir firmeza em suas mãos, ele estava irritado, tinha aquela velha expressão de sempre em seu rosto. Aquela rua estava pouco movimentada, quase silenciosa, podia ouvi-lo bufar.

— Me solta. — Eu já não tinha mais firmeza em minha voz, meu coração batia forte e minha respiração estava acelerada.

Borboletas no estômago, maldita sensação.

— Ficou maluca? O quê está acontecendo com você? O quê eu fiz?

Por quê eu quero chorar? Por quê você faz essas coisas comigo, Jeongguk?

— Você é um idiota! — Eu gritei. — Você é um idiota, Jeongguk.

— Eu já ouvi isso muitas vezes hoje, eu não to entendendo. — Ele disse, começando a se irritar, cruzando seus braços.

— Eu fiquei a semana inteira pensando e refletindo nas palavras daquela maldita página!

— Eu disse que... você não deveria ler. Você não iria compreender que...

— Que você me odeia? Você não deixou isso bem claro?

— O quê? Do quê você tá falando?

— Da página, das coisas que você escreveu. Caramba, Jeongguk, como eu fui uma idiota. — Eu ri, irônica. — Eu acreditei em tanta coisa, eu fui tão idiota de não ter enxergado o quê você realmente queria, você me queria longe, não é? Foi isso que escreveu. Eu... cheguei a acreditar que poderia até sentir... algo que, pelo menos, fosse bom em relação a mim. Mas você me odeia, não é?

— Cala a boca. — Ele disse rude, interrompendo minha fala. — Essa sua boca barulhenta. — Ele disse com raiva. — Você... é mesmo uma idiota.

Eu ameacei abrir a boca pra dizer mais alguma coisa, mas ele começou a dar passos para frente, em minha direção, a fim de chegar mais perto. Quanto mais ele chegava perto, mais eu dava passos para trás, recuando, até que não houvesse mais como. Senti minhas costas se chocarem com a parede atrás de mim, me fazendo murmurar algo, pela dor.

— Jeongguk...

— Só cala a boca. — Eu sentia mais raiva ainda.

— Para de...

Me pede um beijo. — Eu me assustei no exato momento em que ouvi tais palavras saindo de sua boca. Ele disse baixo, mas o suficiente para que eu me calasse e meu corpo congelasse.

Acho que agora ele pode ouvir as batidas do meu coração.

— Eu não vou... pedir isso.

— Vai logo, me pede um beijo.

Ele estava começando a encostar seu corpo no meu, aquilo foi como um maior contato físico que tive com ele. Ele estava chegando perto demais, eu queria mesmo poder beijá-lo, meu orgulho já nem importava mais. Estávamos em silêncio, ele estava esperando que eu dissesse.

Me beije.

Eu senti meu rosto arder, eu provavelmente estaria corada, mas o escuro da noite não o deixava ver meu rosto com clareza. Como meu coração batia rápido naquele momento, como meu corpo estava fervendo, como minha respiração acelerava... tudo isso de uma vez, como um turbilhão de emoções.

Ele foi tão rápido, que de início, assustada, manti meus olhos abertos e arregalados, mas os fechei quando o correspondi. Apertei a alça da minha bolsa, nervosa, enquanto minha outra mão, subiu lentamente até seu rosto. Eu pude, finalmente, tocar seu rosto macio, sua pele tão quente, que me trazia arrepios.  

Todo o meu corpo estava liberando ondas de choque, borboletas voavam rápidas pelo meu estômago e meu corpo se arrepiava. Eu estava sentindo seus lábios de novo nos meus, eu estava sentindo o calor que o seu beijo trazia.

Era diferente. Dessa era diferente, trazia algo a mais, eu conseguia sentir algo a mais no seu simples toque. Eu estava entregando toda a minha paixão naquele beijo, deixando exposto o meu sentimento puro, o meu desejo.

 Sua mão em meu pescoço o trazia algum tipo de apoio, algum tipo a mais de aproximação, se era possível. Querê-lo mais perto ainda, é possível? Sua respiração batia em meu rosto, e estava tão acelerada quanto a minha. Eu estava perdendo o fôlego, o sentido, pra mim não havia mais nada ao meu redor, a minha volta, apenas eu e ele, como um só.

Eu queria que esse momento durasse para sempre, mas é algo que precisa ser terminado agora.

Eu me afastei, tentando processar tudo o que havia sentido, o quê havia acontecido. O seu beijo. Ele me pude sentir uma coisa diferente. Não era como uma ação qualquer, como qualquer outro beijo, tinha, mesmo que um pequeno resquício, de algum sentimento perdido nele.

— Que droga, Jeongguk... eu te amo. Mas você parece debochar disso.

O quê eu acabei de dizer? Não era a hora.

Eu não tive coragem de olhar em seus olhos, tinha sido tão rápido, tão solto, eu nem ao menos havia percebido o que tinha dito, apenas depois, quando o silêncio constrangedor nos pegou de surpresa. Eu estraguei tudo. Eu sempre faço isso. Eu segurei as duas mãos na alça da bolsa, começando a andar o mais rápido que pude para me afastar dali.

Eu pude ouvir um “Ei, espera!” enquanto tentava “fugir”. Eu senti uma lágrima escorrer, mesmo não sabendo o real motivo de estar chorando. Atravessei a rua o mais rápido que pude, e finalmente olhei para trás, vendo que o sinal havia aberto e Jeongguk havia ficado para trás.  

(...)

Eu não queria ter chegado em casa e chorado, mas foi o que tinha acontecido. Para completar a noite, quando desci do ônibus, cai no bolo de neve que se formou no chão, cobrindo o vestido que estava lavado.

As luzes da casa estavam apagadas, eu estava na sala, sentada no sofá, com a cabeça encostada em uma grande almofada. Fiquei pensando por um bom tempo no que havia acontecido. Eu quero acreditar que ele sente algo diferente agora, quero mesmo. Eu fiquei olhando por alguns minutos o teto, as coisas em volta, meus tênis jogados na porta e minhas meias que aqueciam meus pés. Tudo parecia tão interessante de repente.

Ouvi alguns passos em minha direção, quando olhei para o lado, Su Mi estava caminhando até o sofá, se sentando. Eu fiquei aliviada por ela não ter me perguntado o quê tinha acontecido, mas ela sabia que algo estava errado.

— Sabe... eu acho que esse vestido só funcionou com você. — Disse baixo, respirando fundo. — Eu acho que não tenho tanta sorte assim.

— Acho que está errada.

— Eu tenho certeza que estou certa. — Resmunguei.

Ouvi o som de algum papel sendo dobrado, quando olhei para Su Mi, ela segurava uma folha, como a do meu caderno.

— Isso foi deixado aqui não tem muito tempo. Me desculpe por ler os primeiros versos, _____, mas acho que isso foi direcionado diretamente a você. — Ela me estendeu a folha, era uma das páginas do caderno que Jeongguk me roubou. — E acho que você tem mais sorte do que imagina.

Ela se levantou, me dando um beijo na testa antes de ir para o seu quarto. Fiquei pensando em suas palavras, olhei para a folha, não conseguia enxergar direito por estar escuro, mas meu coração se acelerou novamente quando eu consegui ler na frente do papel ainda dobrado “eu não te odeio, idiota”.



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