História Stuck - Hope is stronger

Changkyun Pov’s

 ─ Você por acaso está me seguindo? – disse assim que vi o amigo do qual Minhyuk havia citado antes.

 

─ Vocês... Já se conheciam? – Minhyuk disse confuso.

 

─ Não, ele esbarrou em mim hoje mais cedo – disse.

 

─ Você que esbarrou em mim, eu estava parado. – o rapaz apontou o dedo em minha direção.

 

─ Foi tipo aquelas cenas dos filmes? O Jooheon pegou suas coisas quando elas caíram no chão? – Minhyuk juntou as mãos abaixo do queixo e deu alguns pulinhos.

 

─ Do que você está falando? – o perguntei.

 

─ Pare de falar besteiras – o rapaz tampou sua boca. – Vamos logo, parece que seu amigo não me quer aqui.

 

─ Não precisa, eu saio primeiro – passei no meio dos dois.

 

─ Você é sempre assim? – o rapaz me perguntou.

 

─ Assim como? – parei de andar.

 

─ Ignorante com as pessoas? – cruzou os braços.

 

─ Só quando elas são irritantes. – dei um leve sorriso ainda virado de costas e continuei andando

 

─ Não vai ao menos me dizer seu nome. – deu dois passos para frente.

 

 Virei-me para ele. – Você não precisa saber. Não nos veremos mais. – sorri de canto e voltei a andar.

 

Jooheon Pov’s

─ Chang deixou cair o seu chaveiro. – Minhyuk dizia mostrando o objeto para mim.

 

─ O que tem nesse chaveiro. – peguei o chaveiro que continha a seguinte frase:

 

“Você pode encontrar as coisas que perdeu, mas nunca as que abandonou.”

 

─ Me dá, vou devolver a ele amanhã. – tentou pegar o objeto de minhas mãos.

 

─ Não precisa, eu mesmo entrego. Vamos. – fui em direção carro.

 

─ Isso por acaso é uma desculpa pra se encontrar com ele? – deu um sorriso.

 

─ Talvez.

 

Você pode encontrar as coisas que perdeu, mas nunca as que abandonou. – pensei – Algo naquele garoto me chamou atenção e por mais que isso seja estranho, sua ignorância me prendeu a ele.

 

Entramos no carro e fomos em direção aonde Chunghee falou que seria o local onde treinaríamos o mais novo. Eu tive muitas conversas com ele sobre Minhyuk, nós até discutimos uma vez porque eu sou contra fazer isso com as crianças.

 

Quando Chunghee me levou para morar com ele eu tinha a mesma idade de Minhyuk, foi muito difícil pra mim, eu não tinha ninguém, eu não queria fazer aquilo, mas eu fui obrigado. Ou eu aceitava as condições ou eu morreria. Eu preferi morrer, mas eles apenas me torturaram. Eu sei que será mais difícil pra ele, pois a infância dele não foi tão dura quanto a minha. Não queria que ele passasse pelas mesmas coisas que eu e Wonho passamos.

 

Chunghee estava muito velho, e com isso a sua ganância aumentava cada vez mais, as torturas se tornaram piores, muitas crianças não aguentavam e morriam, era um verdadeiro massacre o que fazia com aquelas pobres crianças.

 

Chegamos ao local e logo avistei o carro de Wonho estacionado a nossa frente.

 

─ Fique aqui, eu volto logo. – Ele mexia no celular e apenas assentiu.

 

Wonho Pov’s

Terminei o que eu tinha pra fazer mais cedo do que eu imaginava, então fui para o local onde treinaria Minhyuk mais cedo. Chunghee me chamou no lugar do Jooheon porque ele queria me pedir um favor. Ele descobriu que o pai de Minhyuk está vivo e está procurando pelo filho, se ele o encontrar Chunghee terá sérios problemas.

 

Ele me pediu segredo, mas eu não queria esconder isso do Jooheon. Chunghee estava ficando cada vez mais louco e cruel, depois do que Kihyun fez, muitos foram presos e o restante está escondido como no nosso caso.

 

Finalmente Jooheon chega ao local, não aguentava mais esperar, eu não me importo com o que acontecerá comigo, eu só quero proteger Minhyuk e eu sabia que Jooheon iria me ajudar.

 

 ─ Onde ele está? – me levantei da cadeira?

 

─ Eu o deixei no carro, quer que eu o chame?

 

─ Não, agora não. Eu preciso te contar uma coisa antes.

 

─ O que é? Por que você está nervoso?

 

─ Sente-se aqui. – puxei uma cadeira. – Se eu te contar uma coisa você promete guardar segredo?

 

─ Wonho vá direto ao ponto. Nós somos amigos há tanto tempo.

 

─ Chunghee... Ele... Ele quer que... – eu não conseguia, as palavras entalaram em minha garganta. Eu sabia que Jooheon não gostaria nada dá ideia de Chunghee.

 

─ Hyung, pare de enrolar e conte logo. – levantou minha cabeça. Nessa hora uma lágrima já corria em meu rosto.

 

─ O pai de Minhyuk está vivo, ele não morreu. Você não o matou! Gritei.

 

─ Eu sei, eu não o matei de proposito. – levantou-se da cadeira.

 

─ Por quê? Por que você fez isso?

 

─ Hyung você não percebe? Agora nós temos uma chance de salva-lo – falou com um sorriso no rosto.

 

─ Nós não podemos. Chunghee não quer mais Minhyuk. – não aguentei segurar as lagrimas, Minhyuk era muito importante pra mim. Eu o considerava um irmão do qual eu teria que proteger dos perigos do mundo.

 

─ O que ele quis dizer com isso? – seu sorriso foi desaparecendo lentamente.

 

─ Ele quer que eu o mate, foi por isso que ele me chamou dessa vez. – apenas fechei meus olhos e Jooheon também começou a chorar.

 

─ Hyung, você concordou com isso? – se aproximou de mim.

 

─  Se eu não o matar o Hyungwon irá morrer como meu castigo.

 

─ Como ele soube do Hyungwon?

 

─ Eu não sei. Eu preciso de sua ajuda, eu não sei o que fazer. – o abracei desesperado.

 

─ Ei, vai ficar tudo bem. – retribuiu o abraço. – Nós sempre conseguimos escapar das nossas enrascadas, dessa vez não será diferente.

 

─ Nós temos duas semanas.

 

Eu estava confuso, não sabia o que fazer. Minhyuk era muito importante pra mim, e Hyungwon embora ele não saiba, também era.

 

Uma parte de mim estava desorientada, e a outra estava um tanto feliz, pois com essa decisão de Chunghee, Minhyuk não precisaria passar pelo que eles chamam de treinamento, que seria muito pior que a morte.

 

No começo, Chunghee sempre parece uma pessoa boa, ele diz que irá cuidar de você e que você agora faz parte de sua família. Isso não passa de uma mentira. Quando as crianças chegam lá, elas são obrigadas a entender que o errado é na verdade o certo. Chunghee é um contrabandista e nós somos seus capangas.

 

Ele mata a família das crianças e as fazem acreditar que um dia irão se vingar de quem as matou, pobres crianças inocentes. Depois que ele as conquista ou ele as vende, ou elas são obrigadas a trabalhar para ele. Nós aprendemos a lutar, aprendemos a atirar, a arrombar e aprendemos até a torturar. Caso alguém se recuse a fazer isso ela é torturada da forma mais cruelmente possível.

 

O que mais me destrói no momento é que as duas pessoas mais importante na minha vida estavam em perigo e eu tinha que fazer alguma coisa para tentar salvá-las. A primeira coisa que iria fazer era me afastar de Hyungwon, mas antes eu precisava vê-lo pela última vez.

 

Hyungwon Pov’s

Deixei Shownu em casa e voltei para meu apartamento com Chang. Eu estava muito solitário, então o chamei para morar comigo já que a relação com seu pai não era muito boa achei que iria ser bom para ele se afastar um pouco.

 

Meu apartamento vivia bagunçado, como Chang odeia bagunça tive que arrumá-lo antes dele chegar.

 

─ Você tem certeza que precisa disso tudo? – Chang trouxe muita coisa consigo, passamos a tarde inteira arrumando.

 

─ Pode ir descansar, só falta arrumar as coisas daquela mala. – não hesitei. Me levantei e fui tomar um banho.

 

Tomei um banho quente e me sentei na cama, olhando para a janela, fazia tempo que não via Wonho. Ele e seus amigos se mudaram para o bairro há pouco tempo.

 

Eles moram do outro lado da praça, toda noite Wonho sentava na mesma e nós ficávamos conversando sobre coisas aleatórias. Já faz uma semana que ele não aparece, estou um pouco preocupado.

 

─ Ele não apareceu hoje também? – Chang perguntou adentrando o meu quarto.

 

─ Não. – abaixei a cabeça.

 

─ Não fique assim. Venha, saia dessa janela que vamos descer pra comer alguma coisa – me puxou pela barra da blusa.

 

Descemos e fomos a uma lanchonete que tinha perto da pracinha. Nós comemos e depois sentamos em um banquinho enquanto tomávamos sorvete.

 

─ O que aconteceu com seu celular? – perguntei.

 

─ Hoje eu esbarrei em uma pessoa e ele caiu no chão. – guardou o aparelho no bolso. – Vamos? Eu já estou com sono.

 

─ Claro. – antes que eu pudesse me levantar ouço uma voz me chamando.

 

─ Hyungwon! – era Wonho saindo de sua casa.

 

─ Eu vou indo na frente. – disse Chang e eu apenas assenti com a cabeça.

 

─ Podemos conversar? – disse se aproximando e me cumprimentando.

 

─ Sim. – fomos ao lugar mais escuro da praça onde sempre costumávamos ir e nos deitamos na grama. – Sobre o que você quer conversar?

 

─ Na verdade eu não sei. Acho que foi só um pretexto pra te ver. – um sorriso de orelha a orelha estampou meu rosto, mas logo fiz questão encobri-lo antes que ele percebesse.

 

─ Por que você sumiu? – olhei para as estrelas, o céu estava tão estrelado que parecia de mentira.

 

─ Eu tive que fazer uma viagem para resolver alguns problemas.

 

Um longo silêncio se fez, não era aquele silêncio assustador e tedioso, era como se nós conversássemos através daquele silêncio, eu sabia que ele tinha algo para me dizer, mas seria muito inconveniente da minha parte perguntar-lhe alguma coisa.

 

Se você soubesse o quanto eu gosto de você – pensei. Ele estava com os olhos fechados então comecei a fitar cada detalhe de seu rosto, ele não parecia o Wonho que conheci um tempo atrás. Esse Wonho parecia triste e frio, mas a sua beleza continuava a reinar sobre si.

 

─ Hyungwon posso te pedir um conselho? – permanecia com os olhos fechados

 

─ Claro que pode. – continuei fitando-o

 

─ Se uma pessoa que você ama muito está correndo perigo por sua causa e a única saída que você tem é se afastar dela – deu um longo suspiro. – Você se afastaria?

 

─ Claro que não. – ele sentou-se e pôs  os braços nos joelhos.

 

─ Por que não?

 

─ Eu não abandonaria a pessoa que mais amo sozinha. Eu a protegeria e lutaria por ela até o fim sem pensar nas consequências. – fiquei em silêncio por alguns segundos. – Sabe... Uma vez eu li um livro que tinha uma frase muito interessante: “A esperança é a única coisa mais forte do que o medo”. Se você tiver esperança você conseguirá achar uma saída para os seus problemas. Não desista de algo por medo, um dia você irá se arrepender e irá se culpar pelo resto de sua vida.

 

Wonho levantou de repente e saiu sem ao menos se despedir de mim.

 

Quem sou eu pra dar conselhos a alguém? Eu não consigo resolver nem meus problemas. Tudo o que eu acabei de dizer a Wonho era tudo o que eu deveria fazer, mas eu tinha medo, eu era fraco, eu estava o encorajando a fazer uma coisa que eu mesmo não tinha coragem de fazer.