História Substitute (Vkook) - XII

“ Alguém ligue para o médico, me abrace e me diga, o amor é uma doença, um vício, uma overdose. É mais difícil de controlar com o passar do tempo. Estou caindo cada vez mais apaixonado por ela, oh, demais, é você, seu amor, é uma overdose” – Overdose (EXO)

Duas semanas haviam se passado desde o dia da boate, e Taehyung havia mudado do vinho tinto mais antigo, caro, gelado e gostoso para água quente de poço.

Jungkook não entendeu o motivo daquilo, só sabia que aquela “separação” tinha feito com que Jackson se aproximasse demais para o seu gosto.

Mark já tinha visto algumas fotos do Wang com o maknae, e aquilo não o agradou, não mesmo. Mas ele não fez nada além de se trancar num banheiro de um restaurante qualquer e chorar até que alguém o tirasse de lá.

Hoseok havia se tornado um pouco menos babaca, e Jungkook não gostava disso. Conhecia aquele cretino muito antes dele ser seu chefe.

— Jungkook! — o castanho o chamou.

— Sim, senhor Jung? — perguntou.

— Quero que avise ao Mark que você vai ao France Fashion Week no lugar dele. — disse sem olhar para o mais novo.

Jungkook arregalou os olhos.

— O que? Hoseok, eu não posso, Paris sempre foi o sonho do Mark, eu não posso fazer isso com ele. — Jungkook tentou se explicar.

— Ou você o avisa, ou pegue suas coisas e vá embora. — disse, abaixando o óculos e voltando a ler.

— Mas...

— É só isso! — fez menção para o outro sair.

Jungkook respirou fundo, passando a mão em sua blusa social azul claro e logo saindo da sala. Voltou à recepção, pegando seu telefone e discando o número do mais velho.

— Não atende, por favor, não atende...

— Alô? — a voz de Mark soou.

— Ah, oi Mark, sou eu, Jungkook...

— Ah meu Deus, eu estou super atrasado, tive que buscar o catálogo da revista que Hoseok esqueceu e a empregada não quis abrir o portão, eu pulei o muro e furei a minha calça nova, aí eu tive que voltar para casa e...

— Mark, me escuta, nós precisamos conversar. — Jungkook o interrompeu.

— Podemos fazer isso quando eu chegar aí?

Jungkook engoliu em seco.

— Tudo bem, mas venha logo. — desligou.

O Jeon prendeu a respiração quando Taehyung passou por si, naquela manhã, apenas jogando sua agenda para o outro e indo para sua sala.

Jungkook esperou alguns segundos antes de ir atrás do loiro, fechando a porta da sala do outro e o olhando, procurando uma resposta.

— O que foi, Jungkook? Vai ficar me olhando o dia todo? — Taehyung perguntou sem nem ao menos olhar para o secretário.

— Eu quero respostas, Taehyung!

— E como eu posso te responder uma pergunta que eu nem sei qual é? — o olhou.

Jungkook viu os olhos do amante brilharem por conta das lágrimas que segurava.

— Eu quero saber por que está me ignorando há uma semana? Me trata como se nada tivesse acontecido entre nós, e você sabe, Taehyung, que muitas coisas aconteceram! — disse.

Taehyung respirou fundo, virando-se de costas para o mais novo.

— Eu não posso mais fazer isso com o Hoseok! — gritou.

— E por que não? Você não pensou nele quando estava me fodendo semana passada! — Jungkook berrou e Taehyung andou até o garoto, o jogando na cadeira.

— É melhor você esquecer tudo o que aconteceu, entendeu bem? — disse apontando um dedo em seu rosto. — Eu nunca estive apaixonado por você, e você, Jeon Jungkook, jamais passará de uma bunda que eu fodi!

Jungkook empurrou Taehyung para longe antes de se levantar, saindo da sala e batendo a porta.

Não podia acreditar nas palavras que tinha ouvido, não podia ser real!

— O que tem para me dizer? — Mark perguntou assim que viu Jungkook passar pela recepção.

Mas o Jeon não o respondeu, passou reto por ele, saindo de lá. Não foi muito longe, a sala de Yoongi era logo ao lado e Jungkook apenas entrou ali.

— Sua mãe não te ensinou a bater? — Yoongi perguntou assim que viu o outro entrar de supetão.

— Ele me odeia!

— Hoseok?

— Taehyung!

Yoongi tirou os óculos, caminhando até o menor e abrindo os braços.

— Quer um abraço?

Jungkook riu fraco antes de abraçar o homem de cabelos verdes, deixando mais algumas lágrimas saírem de seus olhos bonitos.

— Eu disse que as paredes têm olhos e ouvidos atentos, não disse, Jungkook? — Yoongi falou, acariciando os cabelos do outro. — E não negue, eu sei que está rolando alguma coisa.

Jungkook se afastou, limpando o rosto e olhando para o esverdeado.

— Por que não contou ao Hoseok?

— Não tenho motivos para contar à ele, e além do mais, o senhor Jung não é um verdadeiro exemplo de fidelidade. — Yoongi falou, suspirando em seguida.

— Obrigado por isso. — Jungkook falou manhoso.

— Não se preocupe, minha boca é um túmulo. — Yoongi falou.

—X—

Jungkook abriu a porta de vidro, vendo Mark ali, respirou fundo e o chamou até a cozinha.

— Jungkook, você está bem? — Mark perguntou ao ver a feição do outro.

— Sim, eu estou só um pouco gripado, não se preocupe. — sorriu forçado.

— Oh, eu tenho um remédio para gripe que é ótimo, posso te dar, se quiser e...

— Mark, o que eu tenho para te contar é muito importante. — Jungkook o interrompeu. O ruivo o olhou, como se mandasse o outro continuar. — Hoseok me escolheu para ir ao France Fashion Week.

Mark abriu a boca, incrédulo.

— Você está brincando comigo, não está? — Mark gritou. — Eu estou há dias sem comer para servir naquelas malditas roupas, Jungkook.

— Eu não tive escolha, tá bom? Ou eu iria, ou seria demitido, Mark..

— Eu não me importo se você seria demitido ou não, Jungkook, eu só sei que você é um desgraçado! — socou o balcão da pia.

— Mark...

— Vá se foder!

Mark saiu da cozinha, deixando um Jungkook extremamente culpado para trás.

O castanho não sabia o que dizer ou fazer naquele momento, afinal, tinha sim decepcionado Mark, mas também não teve escolha.

Sabia que tinha magoado o mais velho, mas sabia que se quisesse continuar com tudo aquilo, teria que passar por cima dos outros.

—X—

Taehyung saiu de sua sala no final do expediente. Havia ignorado Jungkook o dia inteiro, dando desculpas esfarrapadas e até mentindo sobre não amar o castanho.

Não queria que Taewon passasse pela mesma coisa que passou quando era pequeno, e para isso, teria que deixar Jungkook e continuar um casamento infeliz.

Se sentia péssimo por isso, mas sabia que não podia escolher entre duas coisas diferentes.

— Taehyung! — ouviu a voz de Jungkook e se virou, visivelmente irritado. O castanho nada disse, apenas esticou a agenda do outro e saiu, sem dizer uma palavra sequer.

O Kim mentiria se dissesse que não tinha achado estranho, mas não falou nada e apenas seguiu o seu caminho pelo mesmo elevador que o secretário.

Novamente o silêncio se instalou.

E novamente Taehyung não queria ter sido tão idiota.

— Jungkook, eu...

— Não se preocupe, senhor Kim. — o cortou. — Seus compromissos para amanhã estão todos remarcados novamente, Leo vai trazer umas amostras da Dior amanhã pela manhã e Mark vai tirar um dia de folga, há mais alguma coisa que eu possa fazer pelo senhor?

Taehyung se impressionou com aquilo, Jungkook agiu de uma maneira como se eles fossem apenas chefe e funcionário, o que deveriam ser desde o começo. E sem perceber, deixou seus olhos nublarem pelas lágrimas.

— N-não. — Taehyung gaguejou.

— Ótimo, tenha uma boa noite. — Jungkook saiu do elevador às pressas.

Taehyung acompanhou os movimentos do mais novo e quase se perdeu ao ouvir o barulho do elevador.

Sacudiu a cabeça e saiu andando, na direção da garagem. Algumas lágrimas caíam de seus olhos, seu coração parecia apertado.

Não queria ter sido tão rude com Jungkook daquela maneira, mas novamente, ele sempre agia por impulso.

Pegou o trânsito de volta para casa, sendo recebido pelo pequeno Taewon, que agarrou suas pernas.

—Papai, que bom que chegou, estava com saudades. — falou.

Taehyung pegou a criança no colo, o abraçando e deixando toda aquela sensação ruim ir embora.

Ele estava ali por Taewon, sua decisão for feita para que o filho fosse feliz, e não para que sofresse.

Agora ele teria Hoseok e Taewon, como deveria ter sido desde sempre.

— X —

Jungkook abriu a porta do apartamento, dando de cara com Jimin, que estava vendo televisão em um volume baixo demais para ser ouvido pelo maknae.

Há alguns dias, eles não estavam se falando direito por conta do tempo, e quando tinham, Jungkook logo cortava o assunto, pois Hoseok estava ligando.

— Olá! — Jungkook disse.

Jimin o olhou por alguns segundos e voltou os olhos para algum jogo de futebol que passava.

— O que foi? Acordou de mau humor? — tentou novamente uma conversa.

— Não! — Jimin respondeu.

— Então o que foi? Vamos, fale, eu trouxe pizza, pensei que fosse gostar. — Jungkook sacudiu a caixa de pizza.

— Eu já jantei.

Jungkook deixou a caixa no balcão.

Aquele devia ser um dos dias da “TPM” de Jimin, onde ele não queria nem ao menos respirar o mesmo ar que você.

Andou até o amigo, tentando o abraçar, mas Jimin se afastou.

— Então você vai à Paris? — Jimin perguntou.

— Sim, como sabe?

Jimin riu.

— Então é por isso que você não fala comigo há dias? É por isso que você se esqueceu de todas as pessoas que eram importantes para você? Foi por uma viagem e por roupas de marca que você trocou o aniversário do cara que você dizia ser seu melhor amigo? — Jimin gritou.

E então, a realidade veio para Jungkook: o aniversário de Jimin tinha sido há dois dias.

— Hyung, me desculpe, eu tive que fazer uma coleção, e-eu não tive escolha. — suplicou.

Jimin riu.

— Qual é? Eles te amarram nas cadeiras, é isso? — perguntou. — Porra, Jungkook, eu nunca te cobrei nada, nem um centavo, mas esquecer o meu aniversário por conta de uma coleção ridícula?

— Você está sendo dramático!

— Dramático? Jungkook, você é como um irmão para mim, nós crescemos juntos, descobrimos tudo da vida juntos, você está se perdendo em um mundo que não é real!

— E o que é real para você? Eu não quero ficar vivendo no subúrbio pelo resto da minha vida, hyung!

— Tudo o que você diz se baseia em “eu não tive escolha”, pelo amor de Deus, Jungkook, não seja tão ridículo! Você escolheu isso sim, sabe disso. E sabe também que essa sua fome de vingança contra o Hoseok nunca vai ser pior do que ele fez para você!

— Eu não tenho culpa se você não sabe comer ele direito, tudo bem?

— Como é que é...? Olha, Jungkook, eu não vou entrar em detalhes sobre as merdas que você fala.

Jimin ficou de pé, próximo do maior.

— Olha, vá para Paris, eu vou procurar um lugar para ficar durante esse tempo. Quando você for embora, deixe as chaves no lugar de sempre. — Jimin deu alguns passos antes de sair da sala.

Foi aí que Jungkook entendeu o que estava acontecendo.

— Hyung, espera...

Jimim puxou uma mala de rodinhas e saiu de lá.

— Hyung, não precisa disso!

O celular do mais novo começou a tocar e Jimin riu sarcástico.

— Me deixa, se você não tem escolha, eu tenho. — Jimin deixou a chave no balcão da cozinha e saiu do apartamento, deixando um Jungkook confuso para trás.

— Ya! — Jungkook gritou, derrubando a caixa de pizza.

O celular continuava a tocar uma música irritante, era Taehyung.

— Alô?

— Jungkook, estou passando aí em quinze minutos, precisamos conversar.

E desligou.