História Substitute (Vkook) - XIII

“Eu não sei onde eu ultrapassei a linha, foi alguma coisa que eu disse ou que não disse dessa vez? (...) Se for ser um dia chuvoso, não há nada que possamos fazer para mudar. Nós podemos rezar por tempos ensolarados, mas isso não vai parar a chuva. Você está sentindo como se você não tivesse um lugar para correr, eu posso ser seu refugio até isso acabar. Nós podemos fazer isso durar pra sempre. Então por favor, não pare a chuva” – Please Don't Stop the Rain (James Morrison)

Jungkook bufou assim que a ligação caiu, não estava com cabeça para conversar com ninguém.

Brigar com Jimin era uma coisa que deixava o maknae fora dos eixos, e foi por culpa de Taehyung -ou quase- que eles estavam brigados.

E que Taehyung se fodesse também, passou o dia o ignorando e agora queria conversar? Vá para o inferno!

“Não estou em casa”

— X —

Naquela mesma noite, depois de quebrar uns copos na cozinha por conta da sua raiva, e limpar os cacos, Jungkook resolveu ligar para Jackson. Combinaram de se encontrar num barzinho ali perto e com certeza, essa noite teria uma sobremesa especial.

Jungkook colocou sua melhor roupa e saiu de casa, praguejando para quem quisesse ouvir. Taehyung não saia de sua cabeça por um instante sequer, mas essa noite, nem que fosse apenas por essa, Jungkook queria esquecer a existência do Kim, ou Victory, ou seja lá qual for o nome real dele.

Caminhou pelas ruas frias, batendo o salto do coturno preto nos ladrilhos. A maioria das casas tinham suas luzes apagadas por já ser tarde da noite.

Ao chegar ali perto, seu celular soou mais uma vez, com outra mensagem chata de Taehyung.

“ Eu preciso que você saiba de toda a verdade”

E que verdade? Jungkook sabia de toda e qualquer verdade que Taehyung nem imaginava.

Não queria saber se Taehyung estava arrependido, pois quem havia se cansado daquilo era Jungkook. Devia ter ouvido o que Jimin disse desde o início, mas preferiu ir de cabeça e mergulhar em esperanças rasas demais.

Mas é assim que as coisas são mesmo, as pessoas esperam demais de um amor meio bosta.

Avistou o hyung sentado num dos bancos vermelhos do bar, e rapidamente, caminhou até lá.

— Que bom que veio, eu realmente precisava de uma companhia essa noite. — Jungkook falou ao abraçar Jackson por trás.

— Hoje é sexta-feira, há algo melhor do que tomar algumas cervejas e conversar com você? — Jackson riu. — Sente-se, fique a vontade. Tomei a liberdade de pedir um Sex on The Beach¹ para você.

— Meu favorito. — mentiu.

A noite se seguiu por algumas doses de tequila e poucas garrafas de cerveja, gargalhadas especificamente altas para duas pessoas “sóbrias” e claro, sem Taehyung em mente.

O celular do maknae não parava de vibrar, mas Jungkook simplesmente deixou para lá, uma hora o Kim cansaria e quando isso acontecesse, o Jeon já estaria numa cama de motel com Jackson.

Mas Jungkook estava errado.

— Falei com o seu amigo sobre a viagem à Paris e confesso que ele não me pareceu contente em saber. — Jackson disse se virando para Jungkook que virava outra dose de tequila.

— Aquele imbecil foi embora de casa, o que ele estava pensando? — Jungkook embolou as palavras, bêbados demais para uma conversa séria. — Que eu ia correr atrás dele como uma vagabundinha? Foda-se ele.

Jackson riu.

— Pensei que ele fosse seu melhor amigo, Gukkie. — Wang disse passando os dedos pelos cabelos molhados do menor.

— Ele é um grande amigo mesmo. — se levantou. — Ah, eu preciso ir, amanhã tenho que trabalhar.

— Mas amanhã é sábado.

— É sábado, é? — riu, voltando a se sentar e abrindo alguns botões da camisa por conta do calor que sentia. — Então viva o sábado!— puxou a garrafa de cerveja de um cara qualquer que estava no balcão, dando um gole na bebida.

Jungkook nunca imaginou que tirar o chefe da cabeça era tão difícil assim, só pensou que teria que beber duas cervejas e fim, mas a cada dose, a tão famosa “sofrência” parecia espancar seu coração.

E foi numa dessas doses, que Jeon puxou Jackson, colando seus lábios num selinho mal feito.

Puta merda!

— X —

Taehyung respirou fundo, jogando o celular no sofá. O relógio marcava vinte para as três da manhã e nem uma das mensagens que enviou, havia sido respondidas.

Bagunçou os fios loiros, se arrependendo de ter deixado o maknae novamente. E não precisou de uma briga com Hoseok para saber o que estava acontecendo: estava absolutamente apaixonado pelo secretário.

— Papai? — a voz de Taewon foi ouvida do pé da escada e o Kim enxugou as lágrimas antes de se virar.

— O que houve, meu filho? Por que não está dormindo? — perguntou se aproximando.

— Tive um pesadelo e não consegui dormir. — abraçou sua perna.

— Foi apenas um sonho ruim, huh? Não vai acontecer. — acariciou os fios castanhos. — O papai vai lutar contra todos os monstros para te proteger.

Taewon riu.

— Com uma espada brilhante? — perguntou o menor.

— Como um verdadeiro príncipe. — Taehyung riu. — Ya! — fingiu atacar o filho com uma espada.

Taewon deu uma gargalhada gostosa antes de sair correndo, imitando barulhos de “monstros”.

— Você não é páreo para mim, monstrinho. — continuava a correr atrás do menor.

— Você não vai me pegar, príncipe Tae! — Taewon gritou.

Taehyung acelerou o passo, puxando o filho e colocando em seu colo.

— Olha só, eu te peguei. — riu.

Subiu as escadas, colocando o filho na cama, que ainda ria sobre alguma coisa que o pai tinha dito.

— Eu disse que te protegeria dos monstros, eles não podem comigo. — tencionou os braços, mostrando seus músculos.

— Obrigado por se livrar deles para mim, papai. — beijou a bochecha do Kim. — Agora eu vou conseguir dormir.

Taehyung beijou a testa de Taewon antes de o desejar uma boa noite, e sair do quarto.

Por esse tempo, até tinha se esquecido de Jungkook, mas quando o celular soou em seu bolso, Taehyung teve certeza que as coisas não estavam nada bem.

“ Olá, Victory, aqui é o Jackson. Jungkook passou a noite comigo e estava muito bêbado para voltar sozinho, sendo assim, eu o trouxe para a casa dele. Não se preocupe, não li as vinte e seis mensagens enviadas por você. E elas não me interessam. De qualquer forma, ele está bem. Xx”

— Desgraçado! — praguejou.

— X —

Jungkook acordou às nove da manhã do dia seguinte com o seu celular tocando, não pensou em ver quem era antes de atender.

— Alô?

— Eu estou passando aí, e nem pense em me ignorar. — desligou.

Jungkook engoliu em seco.

Pela primeira vez em anos, não acordava com cheiro de café misturado ao perfume de Jimin, e isso o entristecia.

Brigar com Jimin, que era como um irmão, deixava o maknae muito mal.

Decidiu por se levantar e tomar um banho antes que Taehyung chegasse.

E foi o que ele fez, apesar de que deixou as lágrimas se misturarem à água quente.

Vestiu um moletom e enquanto secava os cabelos, ouviu a campainha tocar.

Deixou a toalha no sofá e correu para abrir a porta, vendo Taehyung ali com uma embalagem da Park’s Café.

— Tomei a liberdade de trazer o seu café, espero que goste. — esticou a embalagem, que Jungkook pegou e colocou no balcão, dizendo para o outro pegar.

— O que tem para me dizer? — Jungkook perguntou.

— Em primeiro lugar, eu quero me desculpar por ter usado você para suprir um problema meu. Sei que nós dois queríamos aquilo, mas eu te levei a fazer tudo aquilo, eu brinquei com você até me dar conta de que eu realmente gostava de você. — Taehyung falou.

— Você não me induziu à nada, Taehyung, eu fiz porque eu quis fazer. — retrucou.

— Eu não queria ter te tratado daquela maneira, sendo que desde a primeira vez que eu coloquei meus olhos em você, eu senti que poderia ser algo. Eu tive total e absoluta certeza de que eu poderia ser feliz com você, de um jeito que eu nunca fui com ninguém durante toda a minha vida. —sentiu os olhos arderem. — Eu passei trinta anos da minha vida procurando alguém que me abraçasse e me dissesse tudo o que eu precisava ouvir, Jungkook, e você foi esse alguém. Eu procurava por você nos lençóis todas as noites, mesmo sabendo que você não estava lá, mas eu continuava apenas por lembrar que você já esteve lá.

Jungkook deixou uma lágrima de culpa cair de seus olhos, afinal, desde o começo, aquilo não tinha se passado de uma vingança, mas depois, as coisas mudaram.

— E eu nem gostava tanto de café, mas eu passei a amar quando você os levava para mim. Eu nunca imaginei que eu iria para um rave, ainda mais com o meu secretário. Você me salvou, Jungkook, me salvou de uma parte de mim que estava tomando conta do meu coração. E você não imagina o quanto eu sou grato por isso. — segurou a mão do menor, colocando em seu peito. — Eu nunca imaginei que eu poderia me prender tanto à alguém, mas depois daquele beijo, eu tive certeza absoluta de que era com você que eu tenho que ficar para o resto da minha vida.

Jungkook não deixou Taehyung dizer mas nem meia palavra, tomou os lábios do loiro em um beijo apaixonado, longe da luxúria habitual.

E o Jeon poderia dizer mais meia dúzia de palavras, mas aquele beijo falava por si.

Hoseok não existia mais, tampouco a vingança, agora tudo o que realmente importava era como eles continuariam daquele momento em diante.

E Jungkook rezava para que o tão clichê “Felizes para Sempre” pudesse se aplicar à vida real também.