- Justin - eu gritava e batia na porta em um movimento frenetico. Eu não tinha noção de quantos minutos estava aqui mas pareciam ser muitos.
E tudo isso por que ele deduziu que eu possa estar grávida por termos transado sem camisinha. Que idiota ,eu tomo a pílula para evitar isso.
- Justin ,da onde você tirou que eu possa estar grávida? - gritei - Eu não estou - gritei novamente afirmando - Puta merda - coloquei a mão sobre minha cabeça que já latejava. Estou cansada de gritar.
Senti a porta em minha frente se mover e o barulho da tranca.
- Você precisa comer - foi tudo o que ele disse antes de virar as costas para mim e sair andando. O segui lentamente até a cozinha. Me sentei no banco em frente a bancada.
- Nada de frituras e alimentos muito pesados - olhei para a mesa e haviam mais de dez tipos de salada ,arroz e ovo cozido.
Seria cômico se não fosse trágico.
- Justin ,pelo amor de Deus. Eu não estou grávida ,acredite em mim - ele se sentou do outro lado da bancada de frente para mim começando a se servir ,me ignorando totalmente. Limpei a garganta - Me diga apenas como descobriu então? - novamente não respondeu. Bufei e comecei a colocar aquela merda de salada sem gosto no meu prato.
Comiamos sem proferir sequer uma palavra ou som. Eu me sentia irritada ,ele não tem o direito de me trancar e ainda ignorar minhas perguntas.
- Você está vermelha e quase entortando o garfo ,não se esqueça de que não pode passar nervoso - esse foi o fim. Bati minha mão contra a bancada furiosa.
- Quantas vezes eu vou ter que falar que não estou grávida ,seu grande filho da puta? - empurrei o prato com força - E ainda mais de você ,um garoto que eu não suporto - levantei dali abruptamente e voltei para o meu quarto o deixando com cara de idiota.
Me deitei na cama olhando para o teto. Esse quarto já está me irritando mas é melhor do que ficar olhando para a cara daquele imbecil.
- Isabella? - sai de meus devaneios com o loiro na porta - Não precisa ficar irritada ,eu não vou deixar você segurar essa barra sozinha - se aproximou se sentando na cama próximo a mim. Respirei fundo ,eu parecia lidar com uma criança que você diz "papai noel não existe" diversas vezes e ela continua acreditando.
- Justin ,veja bem - me sentei ao seu lado virando seu rosto para mim - Assim que transamos ,quando cheguei em casa eu tomei minha pílula para evitar a gravidez. E mesmo que eu estivesse grávida os efeitos não viriam tão rapídos assim ,isso tem todo um processo que não acontece do dia para a noite. Nós transamos ontem - ressaltei. Disse tudo calmamente esperando que finalmente entrasse em sua cabeça. Ele pareceu pensar.
- Mas pode ser que você esteja ,nem sempre as pílulas funcionam - disse esperançoso.
- Comigo sempre funcionaram - toquei seu braço.
- Mas... Você vomitou hoje na escola.
- E como você sabe disso? - arqueei a sobrancelha.
- Isso não importa - negou com a cabeça - Eu só me animei com a possibilidade de ter algo que nos unisse para sempre - disse cabisbaixo.
- Não se preocupe ,Justin. Ainda somos jovens ,quem sabe daqui um tempo ,não é? - sugeri apenas para tentar anima-lo. Claro que isso nunca aconteceria.
- Sim - Justin sorriu para mim - Mas eu ainda quero que faça um teste de gravidez - disse e eu assenti sorrindo também.
Apesar de todas as merdas que já passamos. Todo o mal que já fiz para ele e todo o mal que ele retribuio a mim eu sentia no fundo do meu coração o quanto ele se importa comigo. Eu nunca tive alguém assim ,talvez por isso não soube lidar com o afeto que ele sentiu por mim desde a primeira vez em que me viu. Justin é um garoto de coração bom e a primeira e única pessoa que realmente me ama e me aceita.
Temo não ser capaz de retribuir esse amor um dia mas temo ainda mais perder a única pessoa que me deseja por perto.
- Vamos ,eu te levo para casa - pegou em minha mão se levantando.
- Nós podiamos passar o resto desse dia juntos - sugeri e ele me olhou surpreso.
- Quer passar o dia comigo? Sem ser forçada? - brincou e eu assenti.
- Vamos para casa da sua mãe - o puxei.
- Ah não ,Isabella. Se você soubesse o quanto minha mãe anda insuportavel - revirou os olhos.
- Bieber ,ela é sua mãe e está preocupada com você. Se acerte com ela e acabe logo com isso - fui rígida.
- Você não tem moral ,também vive brigada com a mamãe.
- Ta vendo ,Justin? Como a gente ta bem e do nada você começa a me ofender - me exaltei.
- Você que está se metendo onde não é chamada ,garota. Você consegue ser insuportavel - se afastou. Suspirei tentando recurar minha paciência.
- Vai vir comigo até lá ou não? - perguntei e ele não respondeu - Tudo bem ,Justin. Volta lá pro seu namoradinho Ryan. Ele sim se importa com você de verdade - sai do cômodo o deixando ali indo até a porta de entrada mas ao girar a maçaneta notei que estava trancada.
- Está vendo? Se eu não quiser você não sai daqui nunca mais - riu.
- Justin ,abre. Eu já estou me sentindo mal em ficar presa nessa casa - o garoto se aproximou de mim me encurralando contra a porta e mantendo nossos rostos próximos.
- Mas imagine que excitante nós dois sozinhos para sempre em uma casa longe de tudo e todos ,sem ninguém para encher nosso saco. Eu te comendo encima daquela bancada ,no sofá ,na minha cama e em todos os outros cantos dessa casa - dizia com tom rouco - Você no domingo fazendo um almoço delicioso para nós e quem sabe depois de um tempo tendo vários pivetes iguais a mim correndo pela casa? - mordeu o modulo de minha orelha - Moral da historia: seriamos eu e você contra o mundo. Você me amando e eu te amando de volta ,sem terceiros - disse me deixando extasiada mas consegui manter a pose.
- Que imaginação fertil - eu disse com o pouco de voz que me restava o fazendo rir - Agora abre essa merda - disse e assim ele fez. Passei pela porta rapidamente e andei em direção ao carro.
- E novamente você não conseguiria sair daqui sem mim.
- Será que você não cansa de tentar me irritar? - entrei no carro assim que foi destravado. Justin ria do lado de fora mas logo entrou. Cruzei os braços e ele ligou o carro saindo dali. Até que enfim ,aquela casa no meio do nada já estava me dando nos nervos. Chegamos aquela rua tão conhecida e logo o carro parou. Eu já ia descer para ir até minha casa quando ele segurou meu cotovelo.
- Mas não iriamos falar com minha mãe? - disse e eu o olhei surpresa. Assenti.
Descemos juntos do carro e Justin já foi abrindo a porta e entrando. Depois de todo o chororo de Pattie ,a impaciencia de Justin ,e os milhões de agradecimentos que recebi por ter trazido seu filho de volta subimos para seu quarto.
- Fazia tempo que eu não vinha aqui - observei.
- É mesmo ,a última vez foi quando te dei um pé na bunda - disse enquanto tirava o tênis distraido.
- Não levei nenhum pé na bunda até por que aquele namoro foi uma farça - me defendi.
- Calma ,princesa. Quem sabe um dia você supera - mandou uma piscadela.
- Cala essa boca - revirei os olhos - Eu queria perguntar uma coisa - mordi o lábio.
- Eu poderia cobrar por cada pergunta que você faz ,acredite eu estaria ainda mais rico - debochou enquanto ligava o seu video game.
- Eu queria saber o que... o que...
- O que...? - me insentivou a continuar.
- O que nós temos? - disse com medo de parecer estar querendo algo a mais. Justin da de ombros.
- O que você quer ter?
-Nós podiamos tentar um relacionamento - disse como quer não quer nada. Justin me olhou e passou a lingua entre os labios.
- Relacionamento?
- Sim ,Justin. Se parar pra pensar somos apenas conhecidos um do outro. Podiamos ser amigos - sugeri.
- Você sabe que eu quero mais que isso ,Isabella. Não pense que com esse papo de amigo vai me colocar na friend zone e me deixar lá pra sempre.
- Não é isso ,Justin - me sentei na cama - Só acho que começamos errado. Poderiamos começar com amizade e se der certo vamos avançando e quem sabe um dia se tornar um casal como os outros em que tem respeito ,amor ,fidelidade?
- Nós já temos tudo isso ,Isa. Relaxa ,vem aqui do meu lado vem - tirei meu tênis e me deitei em sua cama indo até ele e deitando em seu ombro - Eu quero jogar - disse e ele me olhou debochado.
- Você deve ser pessima. Afinal ,você é uma garota - prendeu o riso.
- Veremos ,Bieber - peguei o outro controle e escolhi o personagem que aparentava ser o mais forte. Começou a luta e até então parecia estar de igual pra igual.
- Sabe acho que podemos sim tentar uma amizade - disse ainda prestando atenção no jogo - Contanto que não se esqueça que é minha e eu continuo tendo você na palma da minha mão - pausou o jogo e me deu um selinho.
Neguei com a cabeça voltando a jogar. Ele sempre seria um idiota ,mas eu até que gosto.
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