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História Sui Generis - Princípio


Escrita por: markie

Notas do Autor


Olá! Estava com um pequeno bloqueio criativo que pareceu sumir pela manhã. Plotei isso logo quando acordei, sem nem conseguir ficar de olhos abertos ainda, e tive que pegar o celular pra escrever.

Pelo caminho vocês encontrarão uma letra de uma música, se trata da "I Need Your Love", aquela do Calvin Harris com a Ellie Goulding, que descobri acidentalmente se encaixar com a história. Particularmente estava ouvindo um cover da música e tudo ficou tão bonitinho. Caso queiram, deixarei lá nas notas finais.

ESSA FANFIC TERÁ INCESTO! se você não se sente confortável com o tema, favor não ler.

Espero que gostem.
Boa leitura!

Capítulo 1 - Princípio


 

Sui generis – (Pronúncia: súi gêneris), do latim: Incomum, Descomunal, Particular, Peculiar, O Único de Seu Gênero, Algo que não tem correspondência igual ou mesmo semelhante.

 

 

 

 

Jinyoung, enquanto sentado no chão em forma de índio, desfrutava de seu videogame novo desde mais cedo. Estava com seus músculos relaxados, vendo sua vitória há pouquíssimos passos, mas nessa hora seu irmão mais velho resolveu entrar no quarto. Ligeiramente pensou que ele lhe perturbasse como sempre fazia, demonstrando seu bom humor costumeiro, porém enxergou um erro. Tudo que obteve do garoto foi seu silêncio.

— Oi Mark. — resolveu então cumprimentá-lo, quem sabe esperaria ser notado primeiro daquela vez?

— Oi.

Assim que a voz atravessou seus tímpanos, teve a certeza que alguma coisa estava errada. Pausou o jogo e deixou o controle de lado, virando-se para fitar o corpo repousado nos pés de sua própria cama. Viu um semblante raro, aquele que preferiria não ver se possível. No entanto, antes que pudesse falar alguma coisa, ele lhe chamou com um tom baixo.

— Jinyoung… — o moreno mostrava atenção nele. — Me abraça?

A mente do mais novo pareceu processar com lentidão a demanda, procurando motivos ou alguma brincadeira estampada em sua face, não encontrando nada, entretanto.

— Huh?

— Abraçar… — repetiu. — Eu estou te pedindo um abraço.

Mark ficava de cabeça baixa, afirmando seu pensamento de que algo errôneo acontecia com ele. O sorriso que sempre presenciava seu rosto deu espaço a uma linha rígida, auxiliando em sua expressão melancólica. Jinyoung se levantou do chão evidentemente preocupado e se aproximou dele, pegando-o pela mão, envolvendo-o em seus braços e colando seus corpos.

Na mesma hora sentiu o que já lhe acontecia há um tempo: seu coração agitado pelo irmão. Não soube muito bem como e quando aquilo começou, mas assumiu a si mesmo os sentimentos exacerbados pelo garoto. O cheiro único desprendia de sua pele e avançava contra seus sentidos, fazendo-o fechar os olhos para apreciá-lo. Porém, antes que pudesse divagar, a respiração em seu pescoço se tornou mais difícil, o agarre em suas roupas surgiu e repentinamente apertou o máximo que pôde a troca de carinho.

Foi naquele momento pelo qual percebeu seu choro.

Sua mente ficou em desespero por não saber como agir, mas seu coração ficara muito apertado por senti-lo sofrer. Soluços baixinhos chegavam aos seus ouvidos e pontos quentes molhavam seus ombros. Bastou um segundo para que ele se assimilasse a uma criança sem seu brinquedo favorito.

— Mark… Quer conversar? — o mais alto tentou, aumentando seus níveis de resistência a permanecer controlado. O garoto que lhe demonstrava fraqueza balançou a cabeça negativamente e se prendeu mais nos braços de Jinyoung.

O moreno, com aquela única carícia presente, tentava passar segurança e conforto ao rapaz, mas não conseguiu segurar seus instintos de fazerem seus lábios tocarem-lhe os ombros, subindo delicadamente à curvatura de seu pescoço. A fragrância era forte naquele lugar, e foi impossível segurar-se de cheirar a região com mais precisão.

— Está tudo bem, Mark… Eu estou com você. — passou a acariciar as costas dele, que aos poucos demonstrava tentar acalmar seu choro. — Podemos ficar assim o quanto você quiser, tá?

Quando tudo está errado,

Você faz ficar certo.

A frase tocou a pele do de cabelos descoloridos, transmitindo-o uma pequenina dose de tranquilidade mesclada com um certo desespero. Mark não sentia sequer indícios da vontade de largá-lo, desejando consequentemente permanecer em seus braços pra sempre. Se perguntou mentalmente por que tudo era tão diferente com seu irmão.

Perguntava-se por que sentia-se tão seguro naqueles braços, por que sentia tanta ânsia de cuidá-lo e por que as coisas estavam tão conturbadas em seu interior. As pessoas com que se relacionava não poderiam ser como ele? Não poderiam ter qualidades tão semelhantes àquele ser? Ou até mesmo seus defeitos, pelos quais estava tão acostumado a lidar. Aliás, por que somente Jinyoung era dessa forma? A pergunta lhe enlouquecia, destroçava seu âmago da mesma forma que um lobo raivoso e faminto atacava sua presa.

Ainda que seu choro tivesse nome e sobrenome, não faria Jinyoung se preocupar com seu terceiro e revoltoso término. Ele não merecia saber de algo tão humilhante e fútil. Principalmente quando via que existiam motivos mais afundo de todos os seus sentimentos. Era como se estivesse chorando de frustração por não encontrar o que tanto, inconscientemente, procurava: um amor correto e mútuo.

Eu ando em círculos, mas eu nunca consigo uma solução.

O que quero dizer, eu pertenço a você?

— Mark? — ele murmurou. — Olhe pra mim.

— N-não. — a voz tremeu antes que fungasse baixinho, com sua cabeça deitada nos ombros confortáveis.

— Por favor.

O mais velho pensou por alguns segundos antes de retirar a cabeça dele e abaixá-la, limpando suas lágrimas das quais se secavam, para então erguê-la, sentindo como se uma flecha fortemente enfeitiçada tivesse o atingido. Os batimentos desregularam-se igualmente à sua respiração e seus olhos vagavam pelos semelhantes, até que o sorriso curto de Jinyoung prendesse demasiadamente sua atenção.

— O que aconteceu?

Mark não respondeu. Estava ocupado demais indagando-se sobre seu estado, das razões que o deixavam daquela forma. Reparou que o rosto de seu irmão mais novo era angelical, assemelhando-se a um rosto de bebê. Sua pele leitosa lhe soava atraente demais, até mesmo se tentasse arduamente ignorá-la.

À medida que todos aqueles anos passaram, notava as mudanças que Jinyoung teve até chegar na onde estava hoje. O viu crescer, tomar corpo, se formar, e até mesmo namorar. E nesta parte da história, nunca entendeu muito bem o incômodo que sentia ao ouvi-lo proferir sobre outra pessoa, ao ouvi-lo elogiá-la ou ainda soltar o quão gostava da mesma. Na época achava meio doentio sentir-se daquela maneira, todavia, no presente, não reconhecia mais aquele sentimento. O Park mais novo pareceu isolar-se de qualquer relacionamento amoroso e até mesmo se perguntou se ele já tivera relações sexuais. Suas feições não enquadravam-se ao erotismo, ainda que em vezes ficasse instigado a confirmar ou desmentir suas crenças.

Pensava muito sobre Park Jinyoung, contudo apenas pensava.

— Mark? Tá me escutando?

— Que? — pigarreou. — Não, desculpa.

Quanto mais seu coração dispararia por testemunhar de sua risada? Só podia estar louco, absurdamente neurótico com todas as letras.

— Estava pensando em quê?

Mark observou seus pós e contras; viu tudo o que poderia acontecer caso fosse sincero, e embora estivesse de pé a possibilidade de repulsa, respondeu “estava pensando em você”, causando um silêncio momentâneo entre eles. E este lhe fez vagarosamente arrepender-se, principalmente por não descobrir o que àqueles orbes diziam.

— Em mim? Eu sou a causa de seu choro? — os olhos dele se arregalaram, deixando Mark instantaneamente com um alívio estranho.

— Não! — exclamou afoitamente, logo recompondo-se. — Não, óbvio que não…

— Então…

Jinyoung não estava entendendo as entrelinhas que o mais velho parecia lhe jogar, porém estava mais tranquilo por não vê-lo mais chorar, por mais que estivesse com seus olhos vermelhinhos. A cena lhe fez sentir mais daquela sensação esquisita presente em sua barriga e no coração. Queria discutir com quem quer que colocara aquela expressão ao seu rosto e então afastá-lo o mais distante possível. Mark não podia chorar, ele deveria ter sido feito apenas para lhe perturbar e encher quaisquer recintos com sua risada única e/ou iluminar qualquer escuridão com seu sorriso. Este deveria ser o seu papel.

Fungando mais uma vez, o mais velho entortou seus lábios em um sorriso.

— Era bobagem, deixa isso pra lá. — iniciaria um diálogo descontraído, perguntando se poderia jogar com ele, ou ainda cogitando convidá-lo para comer alguma coisa na cozinha, mas percebeu que ainda existia o toque em sua cintura e que ele pousava seus braços acima dos ombros largos. Isso o deixou tímido, contudo não se distanciou. De certa forma era agradável.

Viu que não fora o único a notar a situação pelas mãos de Jinyoung se afastando, porém rapidamente deixou as suas acima delas, num pedido mudo para que continuasse daquele jeito, compartilhando suas temperaturas amenas, deixando a atmosfera gostosa demais para quebrá-la. Os dois se olharam outra vez, lendo em suas íris o significado por estarem tão brilhantes. Instantaneamente, o ar faltou para ambos.

— Mark… Você pode me contar tudo que quiser… Eu não vou te julgar. — sem controle sobre seus atos, Jinyoung avançou um passo, hipnotizado pela beleza exuberante de seu irmão, reparando que seus fios estavam bagunçados.

Dentre aqueles olhares, o mais velho se viu farto de tudo. Farto de estarem presos em uma circunstância onde seus desejos se tornavam errados demais à sociedade. Farto de querer descobrir a textura de seus lábios e não poder, farto de estar igualmente censurado de quaisquer toques mais íntimos, farto pela tortura psicológica de não poder tê-lo como bem quisesse. Qual lógica teria aquela de amor? Ele amava Jinyoung e o queria, mas simplesmente por terem o mesmo sangue tudo se tornava inaceitável, imperfeito, inverídico.

Mark estava cansado de toda aquela história.

Diga-me, você sente o mesmo?

Segure-me em seus braços novamente.

— Não Jinyounggie… — sussurrou-lhe. — Está tudo bem agora, só esqueça. — permitiu que seus braços se enlaçassem ao pescoço dele. — Só me deixa ficar perto de você, tudo bem?

O maior assentiu com a cabeça, autorizando a sincronia de seus batimentos e de seus toques recíprocos. Tudo parecia tão certo mas tão errado ao mesmo tempo, que lhe causava uma confusão interna. Quanto tempo mais teria que aguentar o corpo esguio à sua frente em silêncio? Repreendido por todos? Jinyoung sentia tanta vontade de tê-lo só pra si.

— Eu… Eu amo o seu cheiro, Mark. — murmurava, afundando seu nariz na curvatura do pescoço alheio enquanto deixava-se ser abraçado.

— Também o seu… Na verdade amo tudo em você. — segredou, e pausou em seguida. — E… Confesso que é mais do que eu poderia.

Resolveu então soltar tudo de uma vez, jogando tudo aos ares, expondo como nunca seus sentimentos. Se fosse para ser alvo de repulsa, de ódio ou ser chamado de aberração por amar outro homem, que seja. Tudo o que queria era tirar aqueles anseios, aquelas coisas que lhe tiravam noites de sono. Porque se fosse para confessar outra coisa, via que caso não fosse Jinyoung, não seria mais ninguém. Ele era exclusivo, feito sob medida, destinando-se ali apenas para si.

Seus ouvidos captaram o suspiro baixo do mais novo e, inesperadamente, os fios de sua nuca foram tocados pelos dedos compridos, acarretando num arrepio simples. De modo automático afastou seu rosto dele e buscou seus olhos, vendo inexplicavelmente certa aceitação.

— Você não é o único.

Eu sinto que estou tão alto.

Jamais Mark ouviu algo tão claro e tão correto que lhe causasse leveza. Repentinamente tudo estava mais que bem, e isso proporcionado apenas por seu irmão mais novo. Teve então a certeza que era ele; ele quem amava verdadeiramente, do jeito mais puro que existia, mas, ao mesmo tempo, de todas as maneiras possíveis.

Eu revivo.

Em fração de segundos, seus narizes se resvalaram, cedendo-lhes um instante para apreciarem a prévia do que viria a seguir. Um instante para sentirem a respiração acariciando-os, para descobrir as sensações de novos toques. O instante que logo finalizou-se, dando-lhes acesso a algo mais íntimo.

Quando seus lábios se tocaram, fora como se uma chama incendiasse cada centímetro de seus corpos. Um estalo quase inaudível soou entre eles, e seguiram de outros, até que Mark aprofundasse a carícia, porém contendo-se na delicadeza e atenção. Ainda que estivesse uma bagunça dentro se si, o beijo que trocava com seu semelhante lha acalmava como se fosse seu chá favorito.

Eu preciso ser livre com você esta noite.

Puxou o ar por suas narinas e dedilhou a cintura alheia, sentindo as mãos suaves de Jinyoung em suas bochechas. Sentia-se como se estivesse beijando pela primeira vez em toda sua vida, pois nunca foi tão intenso como estava sendo com ele. Nunca passou pela sua cabeça o medo de infartar por suas batidas ligeiras. Nunca pensou ser retribuído daquela forma. Nunca pensou que seu próprio irmão poderia ser a resposta de todas suas perguntas e a calmaria de toda sua tempestade.

Agora eles estavam ali, notando que precisariam um do outro mais do que qualquer pessoa. Que apenas eles compartilhariam de sorrisos sinceros e que apenas eles seriam felizes daquela forma, por mais inidôneo que poderia ser para outros olhos.

Eu preciso do seu amor.


Notas Finais


A música: https://www.youtube.com/watch?v=5zkYrYLYM0g

E mesmo que tudo tenha sido até mesmo curtinho, torço para que tenha sido pelo menos satisfatório! ♡

Caso queiram ler outras markjin da minha autoria: https://www.spiritfanfiction.com/listas/-markjin-2844936


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