O sol a pino demonstrava força em seus raios naquela comum e monótona tarde de verão. Jinyoung sentia seus membros amolecidos pela umidade baixa enquanto repousava em uma cadeira próxima da piscina. Se existisse um gênio dentro de alguma lâmpada faria questão de pedir uma reduzida naquelas temperaturas altas. Seu irmão parecia apreciar daquele tempo para refrescar-se nas águas frias.
Seus olhos fechados impediam que a forte iluminação atingisse e irritasse suas retinas, o que o reconfortava. O tronco que boiava estava relaxado, dando a entender que somente ele se localizava presente e que seus pensamentos estavam bem longe da realidade. A cena aliviava todas as tensões do mais novo, deixando-o descontraído, como se estivesse passado por uma série de terapias diferentes.
Com isso, tomou liberdade para imitá-lo, e privou-se da visão. Mas no ato, percebeu que nem mesmo fazendo aquilo poderia se livrar da imagem de Mark. Apesar de seu constante apego no irmão mais velho, depois daquele beijo, viu que muita coisa mudou. Sua natural dependência tornou-se mais árdua, fazendo-o cogitar a ideia de estar se transformando em um obcecado. Dentre todos seus pensamentos, em algum momento, deparava-se com o garoto. E inconscientemente sorria.
Sorria porque ele sempre lhe deu motivos, embora atualmente seja por pura admiração. Notava no mais velho suas manhas, manias, defeitos, qualidades, e não controlava os repuxos suaves que sua boca insistia em fazer. Mark era um ser encantador demais para si, um irmão que nunca substituiria por qualquer outra pessoa.
Para Jinyoung era difícil comandar seu ciúme. Ele, por mais que sua expressão negasse, era alguém extremamente ciumento que sentia-se inexplicavelmente atingido até mesmo com um tom de voz diferente. Talvez aquilo tivesse influências de seus próprios vínculos, de serem do mesmo sangue, mas a certeza que o queria só para si estava mais que clara.
Ele amava Mark com todas as letras e todos os sentidos, portanto sentia-se no papel de protegê-lo.
— Jinyounggie… — a voz soou inesperadamente perto, levando um sobressalto ao menino mais novo que no mesmo instante abriu os olhos. — Você não vai entrar?
Demonstrando-se um pouco atônito, demorou segundos para respondê-lo.
— Eu não qu…
— Ah, Jinyoung! Vai, está calor, por que não se refresca um pouco? Só de te ver com essa camisa eu começo a suar.
Os olhos do mais jovem fecharam-se em preguiça no tempo que de seus lábios saíram resmungos, mas foi questão de tempo para que, surpreendentemente, seu corpo fosse pego e, sem tempo para ao menos falar, fosse jogado na piscina.
— Mark! — gritou quando estava na superfície. — Eu não acredito que você fez isso!
Externamente estava o mais velho rindo por sua travessura, mas que logo o acompanhou. Jinyoung passava suas mãos sobre o rosto, piscando algumas vezes, até se normalizar. Era perceptível o quanto suas roupas estavam encharcadas e pesadas, sendo motivo de risos alheios.
— Não está mais fresco, Jinyounggie? — perguntou com certo deboche aproximando-se do mais jovem, tocando-lhe a cintura, ouvindo uma reclamação de sua boca.
— Você nem parece meu irmão mais velho. — jogou uma quantia de água acima do outro, levemente alterado pela brincadeira sem graça.
— Por que está com essa cara? — deixou que um bico se apossasse de seus lábios, num notável arrependimento. — É só água, Jinyoung.
Jinyoung suspirou, balançando sua cabeça. Não havia motivos para ficar daquele jeito, talvez somente se irritasse por ter sido pego de surpresa. Como não tinha jeito de se molhar mais, livrou-se da camisa que vestia e atirou-a para fora da piscina, mergulhando e trazendo o menino consigo, mal percebendo os olhos interessados de Mark sobre seu corpo.
Mark sabia que ele não tinha o costume de se despir livremente em sua frente, mas quando resolvia esquecer sua timidez e expor sua tez, transformava-se em um local de estudo. O mais velho sentia a necessidade de fitar e guardar cada pedacinho dele em sua mente para que depois pudesse apreciá-lo com atenção. Jinyoung poderia não notar ou reconhecer, mas era dono de uma beleza única.
A beleza que fez Mark se apaixonar.
Àquela altura seus sentimentos intensificaram-se mais, se possível. Poderia recorrer aos seus amigos de como se sentia, poderia desabafar o quanto quisesse, mas nada seria capaz de diminuir os laços tão fortes aparentemente inquebráveis que tinha com seu semelhante. Era como se pudessem viver daquela relação para sempre, como se nem as críticas sociais pudessem deixá-los imperfeitos.
Eles estavam dentro das águas cristalinas, aproveitando da temperatura tão distinta e acolhedora para o clima quente. A dimensão daquele lugar era imensa por se tratar do velho sítio de seus avós que passavam as férias escolares, então tudo por ali era de seus mais puros conhecimentos. Sempre gostaram de cuidar dos animais, de se divertirem pelo local como se tivessem cinco anos de idade. No entanto, naquele dia as coisas eram diferentes.
Depois de terem nadado sozinhos no enorme espaço, retornaram à superfície próximos demais para meros irmãos. O coração começou descompassar suas batidas quando se viram frente a frente, perdendo seu ritmo assim que fixaram seus olhos e quando dois sorrisos curtos surgiram. Ambos sentiam aquela onda avassaladora e afável que, de tanto dar as caras, se tornara costumeira. Agora eles viam: tudo era extremamente mútuo.
— Eu quero muito te beijar… — Mark sussurrou próximo da boca do mesmo, encostando suas testas e o tocando na cintura, sentindo então a respiração rasa de Jinyoung.
— O que te impede? — ele devolveu no mesmo tom, levando suavemente suas mãos úmidas à curvatura do pescoço do mais velho, tentando ignorar o rubor que atingia seu rosto e seus poros eriçados.
Sua justificativa seria simplesmente a de seus avós vierem lhes chamarem, entretanto, isso quebraria o clima e não conseguiria o que queria. Por isso, pediu num murmúrio para que lhe acompanhasse, e dessa forma foram parar afastados da casa, perto das grandes árvores frutíferas e bem cuidadas. Chocou as costas de Jinyoung em um dos troncos mais escondidos e colou-se a ele, compartilhando de seu calor pela distância nula. Maltratou seus lábios com a visão de seu irmão corado, mas tão ansioso quanto si, não tardando em roubar daquela boca gostosa para um beijo urgente.
Diferente da primeira vez em que fizeram aquele tipo de coisa, tudo pareceu estar mais desregulado e desestruturado. As porcentagens que empregavam sobre a sanidade, sobre o autocontrole, tudo estava decaindo de forma assombrosa a cada raiar de dia. Toda vez que seus lábios se chocavam, inexplicavelmente aumentavam o ritmo em pouquíssimos segundos. Era culpa dos hormônios que se mostravam com intensidade naquela época da puberdade.
Com seus olhos fechados, desfrutavam do mover de línguas ligeiras. As mãos do Mark localizavam-se na cintura esguia do mais alto enquanto seus fios de cabelo sofriam repuxões leves. Estava sendo impossível suportar aquela atmosfera repleta de luxúria com o moreno à sua mercê, quando tudo que poderia ser chamado de ‘certo’ fugia de sua mente. A temperatura daquele corpo era muito alta e incansavelmente era somada à sua própria.
Cada vez mais se sentia incapaz de controlar seus instintos com Park Jinyoung.
As pernas de Jinyoung se entrelaçaram no quadril do mais velho em um pulo, o que imediatamente permitiu acessos mais afincos. A boca do de cabelos descoloridos alcançaram o pescoço imaculado do moreno e arrastaram sobre a pele, deixando pelo caminho beijos, mordiscadas e chupões fracos para não marcá-la. Ofegos baixinhos chegavam ao pé de seu ouvido, destruindo qualquer limite que poderia estar imposto até o momento. Murmurou – mas que pela situação pareceu mais um gemido –, o nome do irmão mais novo com desejo, expressando todas vontades em um único tom rouco.
Os dedos do menor apertaram a carne que segurava, sentindo o quadril alheio se movendo contra o seu, iniciando um atrito do qual não conseguia escolher um adjetivo certeiro que o classificasse. Naquele instante avistou a face erótica de Jinyoung e concluiu ser algum outro atributo da perfeição. Os fios negros molhados, os lábios e bochechas vermelhos, sua tez surreal, tudo era magnífico demais aos olhos do mais velho.
Com seus membros se despertando, os dois trocaram outro beijo afoito. O corpo de Jinyoung pressionou o tronco pela terceira vez por causa do descontrole do mais velho. Eles queriam mais do que beijos e assumiam, demonstravam isso. Ansiavam sentir pele contra pele, enlouquecerem nos mais profundos e impuros toques que lhe causassem fragilidade. Embora tivessem o mesmo sangue, desejavam se conectarem da forma mais intensa que existia.
Contudo, uma voz fizeram ambos sobressaltarem e se soltarem imediatamente. Era a voz conhecida de sua avó, Seohyeon, lhes procurando. A adrenalina percorria as veias, estampando em seus rostos a surpresa de estarem fazendo algo cujo renderia tantos julgamentos. Apressadamente retornaram para a área que poderiam serem vistos, tentando, no caminho, ficarem o mais apresentável possíveis. O problema em suas partes baixas seria o pior de tudo.
— É difícil encontrar vocês num espaço tão grande. — a senhora de cabelos claros proferia com bom humor enquanto era seguida pelos dois rapazes. — A mãe de vocês está no telefone; ela queria, pelo menos, ouvir a voz de cada um. Disse que está com saudades.
Era fato se separarem de seus pais quando vinham passar os dois meses de férias com seus avós, mas o mais evidente era o modo como a Sra. Park se preocupava com seus filhos. Mark às vezes imaginava o que aconteceria caso sua mãe descobrisse de tudo que se passava entre ele e Jinyoung. Perguntava-se em que aquela feição calma, aquele feitio de compreender todos, se transformaria. Afinal de contas, não tinha tanta confiança de que seriam aceito do modo que estavam.
Conversaram com sua genitora normalmente, ouvindo todas as novidades que ela insistia em detalhar. Aquela era a mania dela; detalhar tudo que acontecia. No entanto, algo que Jinyoung percebeu enquanto Mark trocava palavras com a mulher, era o olhar inquieto de seu avô, Hyunwoo. Ele os fitava, parecendo os medir dos pés à cabeça. Não foi capaz de conter o desconforto longe de sua expressão, demonstrando que ficara mexido com o par de orbes negras. Indagava-se do seu significado, porém sua mente não conseguia encontrar sequer uma resposta.
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A casa estava vazia, deixando-os consequentemente à vontade. Seus corpos atingiram folgadamente a cama bagunçada, aconchegando-se mais uma vez sob as cobertas, retirando o filme que alugaram do pause. O domingo iniciou-se gélido e, naquele momento, quase sete da noite, determinara que permaneceria assim até o próximo dia. Querendo aproveitar a última semana de repouso antes de retornarem ao último ano do colégio, resolveram comer baboseiras a tarde toda enquanto assistiriam à maratona de filmes. Não se recordavam bem da última vez que tiveram ânimo para algo como aquilo, mas viam que não estava sendo entediante como imaginavam.
Eles estavam lado a lado, de mãos dadas ocultamente. Era outra coisa que acabaram pegando costume de fazerem. Por alguma razão, sentiam que fazendo aquilo continuariam compartilhando de seus sentimentos constantemente. Que aquilo era uma prova de carinho confortante. Que cada coração e alma fossem entender o outro sem utilização de quaisquer outros sentidos.
Com seus olhos fixos na televisão, deixavam seus músculos relaxados. As cenas eram passadas com sua cronologia, expondo de seu conteúdo fictício e movimentado. A pipoca doce chegava ao fim na bacia esverdeada, mas ambos estavam com preguiça de prepararem um pouco mais. A única vontade era de permanecer naquele quarto até que dormissem.
Recostaram na cabeceira, porém, assim que Mark observou-o, sentiu uma vontade imensa de aconchegar-se entra as pernas compridas. Pedindo gentilmente, Jinyoung abrira suas pernas e deixara o garoto mais velho no meio delas, encostando-se em seu peito. Ora ou outra demonstravam reações diante o filme, mas nada além disso.
Todavia, gradativamente, o ‘nada’ começou a tornar-se ‘tudo’.
Perceberam que naquela posição o calor trocado era bem maior, dando-lhes maiores temperaturas rapidamente. O plano era apenas ver os cinco filmes e então se distraírem, mas, naquele instante, viram que a distração se anteciparia. Talvez por estarem cientes que estavam sozinhos, sentiam a necessidade de aproveitarem cada minuto. Exatamente por isso a televisão foi desligada e rapidamente ambos trocavam um beijo envolvente.
A destra de Mark alcançava a nuca do mais novo, a acariciando suavemente, enquanto as duas mãos de Jinyoung estavam inocentemente nas coxas roliças. Ali reciprocariam de todo seu eu, intensificando como nunca o elo que deram início a semanas e semanas atrás. Conheceriam cada expressão prazerosa, cada ponto fraco, cada som despudorado que soasse pelo dormitório. Naquele fim de tarde de domingo, fariam sexo pela primeira vez juntos.
Mas, por algum motivo, após tudo ter terminado, restando apenas suas respirações afoitas, Jinyoung sentia um ponto estranhamente triste em seu coração, que nem o sorriso iluminado de Mark e sua confissão que lhe amava poderia apagá-lo.
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