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História Sui Generis - Reações


Escrita por: markie

Notas do Autor


Olá! Estou aqui com mais um capítulo de Sui Generis!
Só queria avisá-los que a narrativa começará com primeira pessoa, porém mudará para a terceira em uma fala do Jinyoung, por isso não estranhem. Achei mais adequado começar pelo ponto de vista do Mark (que agora está com os cabelos castanhos, e, hm, os garotos então com a idade de agora!)

Bem, apreciem e não se esqueçam de lerem as notas finais! ♥

Capítulo 4 - Reações


Mais um de meus monótonos dias terminavam, e a única sensação que me aflorava era a do mais conhecido cansaço. Havia sido mais cinco horas de pura concentração a uma tela de computador, de atenção às vozes que sempre demandavam algo, e aos papéis que nesse momento estavam guardados e organizados dentro de uma gaveta cheia de arquivos.

Voltava para casa pelas mesmas ruas, encontrando o mesmo senhor em sua loja de variedades e a criança que sempre jogava em seu DS antes de entrar na estação de metrô, levando com força aquela ventania característica. Ali, disperso nas músicas em meus fones de ouvido, aguardava pacientemente dentre a multidão as três estações para então me ver livre do bulício. Depois, entrava no ônibus que me deixava a poucos minutos de casa.

Por fim, estava eu, mais uma vez, entrando na mesma residência, encontrando minha mãe terminando o jantar. A cumprimento simplesmente e me dirijo para o quarto, apressando-me em tomar um banho e então me encher da comida que Soyoung preparava tão bem.

Nada havia mudado. O dormitório ainda tinha sua cama, sua parte do guarda-roupas, seus objetos pessoais e até mesmo seu celular sem bateria estava no mesmo lugar. Não sentia coragem de tocar em nada seu, e também não deixei minha mãe tocar, ainda que estivesse passado exatos cinco anos.

Em muitas vezes me perguntei como ele estaria, se ele estaria seguindo bem sua vida depois de toda confusão. Inglaterra não é um lugar perto da Coreia, e sequer havia meios de contatá-lo para, pelo menos, ouvir sua voz. A voz que eu sentia tanta falta e que nutria a curiosidade de saber se havia mudado como a minha, já que agora havíamos crescido.

Não foram poucas as vezes que acabei sonhando com ele, que acabei involuntariamente sentido lágrimas em meus olhos por querê-lo perto de mim. Às vezes eu queria até mesmo não ter confessado meus sentimentos com tanto impulso, pois não era ciente das consequências que eu vivenciaria. Eu nunca saberia que acabaria sozinho por algumas poucas palavras.

Mas aos poucos eu vi que era bobagem me arrepender do que fiz, porque tudo que existia dentro de mim continha realidade, força e intensidade. Qualquer pessoa poderia me julgar, mas somente eu podia sentir o quão sincero meu amor era por Park Jinyoung. Do quão necessitado eu me sentia de sua presença, da tamanha angustia que meu coração sofria.

Ninguém podia entender, apenas nós mesmos. Porém nós mesmos não tínhamos direito de fala, nosso papel era apenas obedecer o que a sociedade oferecia e ignorar qualquer sentimento negativo. Só que havia um quê nisso tudo, porque eu não ansiava permanecer daquela forma por mais tempo.

Era por isso que me desgastava naquele trabalho de ótimo salário, e deixava até mesmo de comprar bobeiras para comer, para acumular o bastante para me levar para onde ele estava. Agora, com vinte e dois anos, eu poderia fazer o que me fosse viável, por mais que minha mãe recusasse minhas vontades.

Naquela época ela parecia tão segura do que fazia, mas aos poucos fraquejava, mostrando um aspecto cansado e melancólico, aquele que eu não apreciava ver, por mais que fosse a culpada de tudo. Sabia que ela também compartilhava das consequências de suas ações, já que ela quem deixou a casa inexplicavelmente vazia sem uma terceira voz.

Suspirei fundo com meus pensamentos e logo me sentei à mesa, comendo do prato tradicionalmente coreano que a mulher se dedicou a fazer. O prato que eu sabia ser o preferido de Jinyoung. Acabei até mesmo soltando um riso quando percebi, mas não deixei minha mãe saber de seu significado. Na verdade, existiam outras coisas para debater com ela, e hoje era o dia escolhido.

A olhei bem, seus cabelos estavam soltos e caíam elegantemente pelos seus ombros; sua pele começava ter as marcas do tempo e seus olhos não brilhavam. Ela estava quieta, mas sabia que sentia meu olhar nela.

— Como foi o dia? — ela me surpreende perguntando, e eu deixo alguns segundos correrem até respondê-la. Estava pensando em uma forma de começar meu assunto.

— A mesma coisa de sempre, a não ser por dois funcionários que brigaram. — começo balançar minha perna direita em nervosismo. — E o seu?

Ela suspirou e balançou a cabeça positivamente, me mostrando um sorriso de canto, que pra mim pareceu um tanto forçado.

— Tudo bem.

Estaria mesmo tudo bem? Ela pensava que eu não a conhecia o suficiente para saber que não correu tudo bem, entretanto, eu não a cobrava por respostas que lhe doeriam apresentar. Nós dois sofríamos com o passado em todos esses anos e todos na mesma proporção, afinal, todos nós tínhamos o mesmo sangue e mesma intimidade.

— Hm… Mãe. — eu a chamei inseguro, tentando rapidamente encontrar um roteiro em minha mente que me servisse de guia para a conversa. Ela logo me olhou esperando que eu continuasse. — Como você reagiria… Ou o que faria se eu fosse procurar pelo Jinyoung?

A princípio, seus olhos se arregalaram momentaneamente e sua boca entreabriu surpresa, uma reação da qual não consegui distinguir em algo bom ou ruim. Em seguida, sua cabeça abaixou um pouco e demorou para retornar nossas trocas de olhares. Ela parecia pensar sobre alguma resposta, expressando inquietação em seu semblante.

— Acho que… Nada. — soltou tão baixo que eu quase não pude escutá-la. Quem sabe estaria relutante diante aquilo? — Olhe, no começo eu fiquei tão assustada, tão cega com tudo que apenas me enxerguei no meio da situação. — começou dizer sem que eu tivesse lhe obrigando. — Mas, aos poucos, minha ficha foi caindo sabe? Eu me senti um monstro por estar simplesmente retirando um filho da minha própria casa.

— O pior foi tirar o Jinyoung daqui ou de mim? — indaguei, ainda que soubesse a resposta. Acabei terminando de ingerir o que preenchia meu prato, bebendo então um pouco do suco de pêssego que estava em meu copo.

— Mark, eu ainda vejo incesto como algo errado. — respirou fundo, empurrando o prato para frente com um resto de comida, o recusando. E foi como eu esperei ouvir, minha mãe nunca largaria aquele pensamento da relação entre duas pessoas com o mesmo tipo sanguíneo. Contudo, ainda assim, conseguiu me surpreender com sua continuidade. — Só que eu vi o quanto deixei você triste, e foi impossível esquecer da cena dele se debatendo em meus braços. Eu também sofri bastante com o que fiz e hoje… Não sei. Faça o que quiser.

Minha primeira reação foi ficar olhando-a por algum tempo indeterminado, sem saber ao certo o que falar e ainda me perguntando se havia escutado direito. Franzi o cenho, sentindo uma sensação estranha me tomando desde os pés. Foi como pisar outra vez num chão firme e seguro que me fizesse ver a solução para o meu problema.

— O que? — a dúvida escapou pelos meus lábios sem que percebesse. A vi, então, levantar-se de onde estava e ficar ao meu lado, respirando fundo mais uma vez. Seu peito descia e subia quando um sorriso de canto apareceu em seu rosto.

— Quando pode ir? — arregalei os olhos, piscando-os em seguida, desacreditando no que meus tímpanos captavam. — Sabe… Sinto a falta dele. — e bastou isso para que, sem um motivo conhecido, chorássemos abraços na cozinha, lotados de arrependimento e de um entendimento que se despontava. Do sentimento mútuo de saudades.

xxxx

Meus próximos dias foram conturbados por conta do clima louco que possuiu Seul, porém nem isso conseguiu amenizar minha ansiedade que aumentava cada vez que um uma noite surgia.

Para ser sincero, ainda estava descrente que eu, em uma semana, viajaria e veria Jinyoung junto de minha mãe. Essa era a melhor parte, porque inexplicavelmente sua feição veio tomando cor, seu sorriso aos poucos retornava e até mesmo eu conseguia sentir seu próprio nervosismo e inquietude. Era como se, de repente, ela estivesse voltado à vida.

Em cada vez que deitava minha cabeça no travesseiro, não conseguia dormir por tantas dúvidas que me agitavam. Será que ele divagava no meu nome o quanto eu divagava no dele? Será que nossos sentimentos ainda seriam recíprocos? Teria ele lidado bem com os estudos e minha ausência? Meu estômago sempre revirava com esses pensamentos.

Era incrível o modo que os dias aparentavam passarem mais lentamente, como se estivessem testando o quão forte eu poderia ser em aguentar suas 24 horas. Honestamente, sempre ficaria abismado com esse fato, pois era os que mais necessitava de pressa.

Mas ainda que a semana passasse devagar, finalmente o grande dia havia chegado. O ar-condicionado do aeroporto tocava minha pele naquele dia caloroso. Ao meu redor eu via diversas pessoas, algumas com o mesmo objetivo que eu, e outras aguardando a chegada de alguém importante. Seria inacreditável demais se eu estivesse nessas situações, mas me permiti sonhar um pouco enquanto fazia check-in.

Quando tudo estava pronto e eu apenas precisava esperar a hora do voo, cogitei a ideia de surtar por ansiedade. Se eu estava nervoso antes de chegar ali, agora meu coração não conseguia ficar calmo e minhas mãos suavam. Comecei imaginar meu estado assim que chegasse ao outro país, temendo desmaiar.

Do meu lado estava a mulher que fora a razão de minha separação, mas que hoje estava sendo parte do meu conforto por estar me acompanhando. Era difícil olhá-la e lembrar do modo que me senti naquela tarde, mas eu consegui entendê-la e desculpá-la, afinal, estávamos indo ver Park Jinyoung e ficarmos de intriga estava sem cogitação.

Meu pé direito batia constantemente no piso ao tempo que olhava o relógio, vendo que faltava pouco, e nesse pouco as chamadas começaram. Sentia minha boca seca, porém não a necessidade de beber algum líquido. A feição rígida em meu rosto contrastava imensamente com meu interior que equiparava-se a um canteiro repleto de borboletas e sorrisos. Eu não aguentaria por tanto tempo a pressão de saber que encontraria meu irmão novamente.

O avião ergueu-se aos ares e, instintivamente, segurei a mão de minha mãe. Não por medo, mas por algo que nem eu saberia pôr em palavras. O trajeto era longo, e embora não quisesse dormir, horas mais tarde fui levado pelo sono, não visitando o mundo dos sonhos desta vez.

xxxx

Movimentado. Essa a palavra que poderia descrever o local que estávamos, na rua, aguardando um táxi que nos levássemos diretamente à residência do tio Junghee. Fiquei um pouco encantado com o lugar, pois apenas conhecia a Califórnia, quando meu pai ainda vivia com minha mãe.

Ainda que um pouco vago, lembrava-me de como ele era gentil e esforçado, fazendo-me desacreditar até os dias de hoje que ele era perigoso por seu alcoolismo. Para mim, o homem que antes, até meus sete anos, convivia, não apresentava sequer indícios de perigo. Era apenas alguém que precisava de apoio e atenção, que porém não foi vítima de tais cuidados e vai saber onde estava agora. Diria que ele me fazia falta, mas não era como se eu não estivesse acostumado com sua ausência.

Assim que o veículo veio em nossa direção, minha mãe cuidou do endereço, e o caminho entre eu e aquele garoto diminuiu um pouco mais. Uma sensação estranha preenchia meu corpo, porém não me incomodando, pelo contrário. Aquela sensação de se alcançar um sonho, de se conquistar algo que luta há muito tempo, era algo assim que me florescia em meu interior.

— Como você está se sentindo? — ouvi a mulher ao meu lado, me sobressaltando com a pergunta. A olhei e abri um leve sorriso.

— Ansioso, feliz. — respondi sincero, mordiscando meu lábio inferior enquanto o carro virava uma esquina. — E você?

— Preocupada, ansiosa. — riu leve, colocando uma mecha de seu cabelo para atrás da orelha, abaixando a cabeça em seguida. — Acha que Jinyoung irá me perdoar?

Logo ponderei sobre seu questionamento, me perguntando ligeiramente se ele seria assim como eu, que aceitaria o pedido de desculpas da própria mãe. Revisei seus atos e acabei concordando, porque não via Jinyoung frio e rancoroso sobre alguém. A única coisa que ele não deixava de transparecer era seu lado ciumento.

— Por que não? — a confortei. — Não pense tão negativo, vai dar tudo certo, ok?

Ela assentiu, e o que nos envolveu posteriormente foi um simples silêncio. Não conhecia nada do local onde estava, logo me sentia tão perdido como se estivesse brincando de cabra-cega na casa de algum amigo novo. Da janela eu conseguia ver os estabelecimentos variados que estavam agitados por causa do horário de almoço, enquanto o sol queimava a pele de quem a expunha.

Porém, gradativamente, aquele movimento todo ia sumindo e começamos entrar em uma área calma, mas que as residências escancaravam seus altos preços. Senti o enorme desejo de indagar se estaríamos perto, mas a velocidade que se reduzia me alertava que a resposta seria positiva.

Assim, o carro parou.

Demorei um pouco para reagir, entretanto, assim que recuperei-me, abri a porta do veículo e subi meus olhos pela casa que julguei grande demais, ficando até mesmo abismado pelo jardim que antecedia a porta. Era ali. Ele estava ali.

— Junghee ya! Estou aqui com Mark. Você poderia não falar nada para Jinyoung e vir abrir o portão? — ouvi minha mãe falando no telefone. — Oh, ele está com um amigo agora? Hum… Acho que isso será incômodo pro Mark… — ficou um tempo em silêncio. — Que ótima ideia! Ok, ok, então venha abrir. Eu também quero muito ver você, sua esposa e minha nova sobrinha!

No instante que ouvi que ele estaria com um amigo, não soube muito bem se eu ficava feliz por ele ter se relacionado bem na faculdade, ou se ficava incomodado pelo ciúme que ficava dentro de mim, desacordado por anos. Mas foquei que nossos sentimentos eram recíprocos, e por mais que um outro ser se intrometa, nós sempre permaneceríamos juntos.

O tio Junghee apareceu e veio nos cumprimentar calorosamente com sua esposa, que a propósito era bem bonita. A Soyoung perguntava pela criança, mas soube que por ter brincado muito, àquela hora cochilava acima do sofá. Ela mostrou decepção, porém sua expressão transformou-se quando lembrou-se de algo.

— Nós vamos ficar aqui nos fundos, Junghee vai chamá-lo, mas só vai dizer que tem alguém querendo falar com ele. Ou uma surpresa, seja lá o que for. — ela me puxava pela mão.

— Mas ele não sabe que estamos aqui? — perguntei confuso.

— Óbvio que não, você acha mesmo que eu diria? Você está bem lento, o que aconteceu? — brincou, e não me senti ofendido por seu tom, porque mais do nunca me alegrei em vê-la daquela forma; mais do que nunca me senti realizado por ver um sorriso sincero em seu rosto.

— Acho que vou morrer, mãe. — falei assim que paramos de andar. — Sério, não to sentindo minhas pernas.

— Pare de falar besteiras. — distribuiu um tapa em meu ombro. — Fica calmo, por favor, se não você quem vai me matar.

Tentei conter o riso, e sugeri ficarmos apoiados no portão que cercava a casa, enquanto estávamos quase nos desmanchando naquela grama verde e macia. Meu coração batia feito louco, minhas palmas suavam, eu pensava realmente na possibilidade de sofrer algum tipo de infarto naquele momento. Permaneci de cabeça baixa, colocando na minha mente que tudo estava bem, que ele logo apareceria no meu campo de visão e eu o abraçaria forte o bastante para deixá-lo sem ar e que aquele amigo não seria alguém para me atrapalhar.

Foi então que minha mãe tocou meu ombro direito e eu ergui meu rosto, perdendo totalmente os sentidos que continha. Meus olhos se abriram mais, minha boca se entreabriu, e ele pareceu me imitar. De onde estava eu via seus lábios se partirem várias vezes para pronunciar alguma palavra, mas ele não conseguia proferir sequer uma sílaba. Ao meu lado, a mulher deu um passo, e logo estatizou-se, talvez temendo chegar até o garoto sem saber o que estava sentindo.

— M-mãe… Mark… — a voz dele soou fraca, como se nós fôssemos meros fantasmas de sua imaginação. Como se não acreditasse em nossa existência. — Isso não é uma brincadeira da minha cabeça, né?

Aquela pergunta me deixou preocupado com o que ele teve que passar longe de mim. Ele havia ficado tão afetado a ponto de ter alucinações? Ele nutria tanto amor assim… Por nós?

— Venha até aqui e veja você mesmo, filho. — a fala de minha genitora saíra trêmula, denunciando o quanto estava contendo o choro dentro de si. Imaginava que ela estivesse tão feliz quanto insegura em vê-lo em carne e osso à nossa frente.

Eu persistia parado, sem previsão dos meus membros voltarem a se mexerem. Foi como um tranco estranho que me paralisasse por completo, tendo uma sensação desconexa dentro de meu corpo para aquela situação. Afinal, Jinyoung, aquele irmão que fiquei cinco anos sem ver, estava caminhando em direção à minha mãe, e eu estava ali, apenas olhando os dois.

Eles se abraçaram forte, e apenas quem estava presente conseguiria sentir a quantidade de sentimentos que fora expressado em um simples abraço. Ela chorava e pedia inúmeros perdões, dizendo o quanto estava arrependida de tê-lo mandado embora, e que o amava muito. Jinyoung, por sua vez, parecia estar em estado de choque; nada saía de sua boca, ele apenas acenava com a cabeça positivamente, o que repuxou um sorriso em meu rosto e lágrimas começaram surgir, assim, logo me certifiquei em contê-las.

Tudo apontava que a ficha estava caindo. Eu finamente estava com meu irmão ao meu lado. De longe ouvi a mulher dizer para depois entrarmos, e dessa forma foi caminhando para dentro, passando suas mãos pelo rosto, enxugando suas lágrimas.

E ficaram apenas eu e ele.

Não estava tão perto dele, porém sentia sua respiração descompassada igualada à minha. Seus olhos estavam vermelhos, meus olhos estavam molhados; ele se aproximou, e eu também. Até que nossa vez de nos abraçarmos chegou. Apertamos o máximo possível daquele carinho, esnobando o ar que faltava, compartilhando de soluços incontroláveis e gotas salgadas escorrendo por nossas bochechas.

— Eu não acredito… Você está bem aqui… Como… Como isso aconteceu? — Jinyoung fungou e separou seu rosto da curvatura do rapaz, olhando dentro de seus olhos e sorrindo bobo em seguida. — Mark, você está aqui! — riu.

— Eu sei! Droga, eu sei. — foi quando o, atual acastanhado, não aguentou não e, estando sozinhos, selou os lábios do mais alto com euforia, antes de abraçá-lo outra vez. — Eu sei que estou aqui e sentindo você comigo, eu sei…

— Eu senti tanta a sua falta… — nessa altura ele já respirava fundo, tentando acalmar o choro que o consumiu, agora por um motivo tão distinto de cinco anos atrás. Um choro de felicidade por simplesmente encontrar o rapaz que mexia tanto consigo.

— Eu também, Jinyoung… Muita falta. Mas veja, teremos muito tempo pra matar a saudade, agora acho que deveríamos aproveitar esse tempo com nossa mãe que está tão mexida com toda essa história. — falou olhando o rosto do jovem, aquele que vestiu um semblante apreensivo.

— Ela aceitou a gente? — com o polegar, o moreno livrava aqueles rastros de lágrimas do rosto alheio, vendo seu sorriso com o carinho.

— Bom… Ela ainda acha errado, mas todo esse tempo foi difícil pra ela, então acabou aceitando. — dirigiu seus dedos aos cabelos escuros, fazendo uma leve carícia, vendo-o aliviado e dando meia volta para entrar, de mãos dadas, mas o impediu. — Antes de irmos… — pareceu respirar fundo. — Me beija?

O Park mais novo apenas sorriu, quase chorando de novo pelo embolo de emoções presentes em seu coração. Era inacreditável ao seu ponto de vista, em um dia qualquer como aquele sábado, encontrar sua família novamente. Levou Mark pela mão até a lateral da residência e, antes que pudesse o pôr sobre a parede, suas próprias costas atingiram a superfície e logo viu aquele sorriso tão característico do mais velho. O sorriso que não via há tanto tempo, mas que agora não queria afastar-se nunca mais.

Não houve tempo para provocações como apenas aquele resvalar de narizes, como aquelas brincadeiras que sempre faziam antes de finalmente selarem os lábios, Mark apenas pousou suas palmas sobre as bochechas alheias e roubou-lhe a boca, invadindo com sua língua a cavidade bucal que não vasculhava há anos.

Nada havia mudado, todas as sensações, todos os sentimentos estavam ali e eles os sentiam com mais intensidade, como se nada pudesse apagá-los. Jinyoung tinha suas mãos na cintura do jovem, e entre flores, grama e dois olhos de um gatinho se beijaram até estarem satisfeitos.

xxxx

O clima na casa do seu tio nunca ficara mais agradável, com tantas vozes e risadas presentes, se possível, estava mais animado do que em uma noite de natal onde todos se reuniam. Contudo, Mark teve que lidar com o amigo de Jinyoung que permaneceu uns cinco minutos com eles, até ir embora por ver que se tratava de um momento de família.

Por alto ficou sabendo seu nome, Jaebum, um coreano que cursava a mesma faculdade e sala de Jinyoung. Estavam ambos em seu último ano, e por isso perguntou se Jinyoung poderia voltar depois disso, não tão surpreendentemente obtendo uma resposta positiva.

Mas na realidade, em um futuro não tão distante, Mark queria compartilhar de um apartamento único para ambos, mas que fosse perto de sua mãe. Afinal, não era como se, apenas por serem irmãos-amantes-adultos, que poderiam simplesmente largar sua mãe para trás e serem felizes no próprio mundo.

Acabou deixando seus devaneios de lado e aproveitou do momento junto de todos, sentindo a calmaria em seu interior. Seus olhares ainda brilhavam no do mais novo, e isso era deveras importante para ele. O sorriso ainda era tão perfeito àquela época, nunca se cansaria de olhá-lo e admirá-lo como sempre fez. Park Jinyoung ainda era único e insubstituível.

E sempre seria.


Notas Finais


Gente, eu juro que eu ia terminar nesse capítulo, mas a Kô me fez pôr umas ideias na cabeça e eu tive que adicionar mais um e só posso dizer uma coisa... Será inteirinho de MarkJin! (desculpe deixar pro próximo, mas eu vou dar mais atenção pra eles ♥) E caso, assim, queiram ter uma ideia do que pode acontecer, deem uma olhada nos gêneros da fanfic agora (moonface).

Qualquer erro por favor me avisem e... Nos vemos no próximo! ♥


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