Entramos no galpão sem sermos anunciados. Ryan e eu fomos em direção ao que seria o escritório de Kay. Chegamos lá sem sermos incomodados, digamos que ele tem uma péssima escolta, tanto que Ryan e eu nos livramos deles rapidamente, sem derramar uma gota de suor.
Abrimos a porta e adentramos a sala. A luz estava baixa, mas o Rap que tocava estava alto. Contraste perfeito e favorável aos nossos planos. Dei uma olhada para Ryan, lhe dando sinal para ir para o outro lado da sala, assim cobríamos uma área mais vasta.
Caminhamos a passos silenciosos em direção ao foco da música, chegamos em frente a uma porta, a mesma era pintada de preto e detrás dela vinha o som alto. Acenei para Ryan que concordou. Dei um chute forte na porta a arrombando sem dó nem piedade.
Entramos no ambiente e pudemos ouvir claramente o som do espanto dos que ali estavam. Para minha surpresa na sala não havia seguranças, só Kay, com as calças arriadas e uma vadia de quadro, em cima de um sofá. Ele rapidamente subiu as calças, enquanto nos encarava assustado, e a vadia tentava esconder seu corpo nu.
― O que vocês estão fazendo aqui? ― perguntou Kay andando para trás, tentando pegar uma arma que estava em cima da mesa.
―Eu se fosse você não faria isso. ― Ryan alertou com sua arma empunhada. Lançou um olhar para a mesa e para Kay.
– como vocês conseguiram entrar? ― o energúmeno perguntou novamente. O medo era visível em sua voz.
Ryan e eu nos entreolhamos e rimos cinicamente.
― Digamos que você tem uma péssima segurança. – falei ironicamente.
―O que vocês fizeram com meus seguranças? ― fingiu ter autoridade sobre alguma coisa.
― Você ainda pergunta? ― Ryan falou com ironia.
Ele olhou para os lados acuado e fez um movimento rápido, pegando a arma que estava em cima da mesa e apontando para nós.
―Se eu fosse você não faria isso. ― Falei e Ryan e eu engatilhamos nossas armas ao mesmo tempo.
― O que vocês querem? ― perguntou tentando passar serenidade, coisa que não funcionou, pois o medo exalava pelos seus puros.
Aproximamo-nos devagar, enquanto ele ia recuando até seu corpo bater contra a mesa. Apontamos o cano de nossas armas para a sua cabeça o fazendo ajoelhar.
― É simples, quero o dinheiro de volta. ― falei com serenidade. ― O dinheiro que você ganhou com a venda das drogas do MEU caminhão. ― forcei o cano da arma contra sua testa.
― Na-na-não e-e-esta co-co-comigo! ― a voz dele começou a vacilar.
― Mentir é feio kay! ― Ryan falou.
―E eu não gosto de mentiras. ― falei. ― Você gosta, Ryan? ― olhei para ele.
― Também não. ― olhou para mim e logo em seguida nós o olhamos.
― Agora seja um bom filho da puta, e pegue o dinheiro, que eu sei que esta com você nessa de droga sala, porque eu não sou otário. – falei pausadamente fingindo não está perdendo a paciência com aquele verme.
Ele nada falou. Olhei para Ryan e com uma troca de olhares ordenei que ele desse uma revista na sala. Assim ele fez.
― Olha o que eu achei, Justin! – Ryan parou perto de um quadro e o derrubou, fazendo com que ele caísse no chão, causando um barulho alto. ― Não é que achei um cofre aqui. ― Apontou para o cofre na parede e riu.
― Que feio Kay. Você não deveria mentir, muito menos para mim. – o levantei do chão com brutalidade, e fui empurrando-o até chegar no cofre. – Abra! – Apontei a arma para sua cabeça e senti seu corpo estremecer.
Ele engoliu a saliva que restava em sua boca e começou a girar a roleta do cofre, fazia isso com uma lentidão irritante, que não estava me agradando nem um pouco.
― Anda rápido com essa porra. ― falei já sem paciência.
Assentiu tremulo e girou a roleta mais duas vezes e o cofre se abriu. Sorri de canto ao ver a quantidade de verdinhas que lá havia.
― Ótimo! ― falei com satisfação.- Agora você vai se fazer de bom menino, que eu sei que você não é, e vai colocar tudo dentro dessa mala que esta debaixo da sua mesa.
Ele olhou no lugar onde eu havia dito e me olhou. Lancei lhe um sorriso sínico e assenti. Ele abaixou cuidadosamente e pegou a mala onde eu havia dito, voltando a sua postura normal ele me olhou.
― Agora coloque o dinheiro todo aí. ― apontei para a mala. Fez uma cara de cu, mas me obedeceu.
Olhei para Ryan e fiz um sinal para que ele verificasse o lado de fora. Ele assentiu e começou a caminhar pela sala em direção a porta.
― Anda logo, porra, eu não tenho a noite toda. ― bati com o cano da arma em sua cabeça. Me lançou um olhar fulminante.
Depois de uns três minutos ele parou de por o dinheiro na mala, deixando metade no cofre.
―Eu disse toda grana. ― exigi.
―Você disse que queria somente o dinheiro das suas drogas, Bieber. ― rosnou.
― Digamos que isso serão os juros. ― ri de lado. ― pelo tempo que eu tive que esperar para recupera-lo, o caminhão, essas coisas, sabe.
Kay soltou o ar pesadamente dos pulmões e jogou o resto do dinheiro dentro da mala, deixando o cofre vazio.
―Bom garoto! ― falei ao ver a mala repleta de verdinhas. Peguei a mala e coloquei nos ombros. ― Agora, se for um bom rapaz, te deixo morrer lentamente. ― apontei a arma novamente para sua cabeça, mas ouvi um barulho idêntico atrás de mim. Não estremeci.
― Você não pensou que eu fosse tão besta a ponto de deixar esse galpão sem segurança alguma, sabendo que você está atrás de mim. Não é? ― Kay perguntou com ironia. ― Agora, seja um bom filho da puta, e deixa a mala, com o MEU dinheiro, no chão.
Sorri cinicamente e larguei a mala no chão, mas não abaixei a arma.
― Você tem que aprender uma coisa, Kay. ― falei calmamente. ― sou mais esperto que você.
Em um movimento rápido dei uma joelhada em suas bolas, o fazendo se contorcer, e virei para trás dando de cara com dois seguranças, em um eu atirei certeiro, o fazendo cair inerte no chão, mas o tempo não foi o suficiente para atingi o outro, que revidou atirando em mim. Peguei a mochila e sai correndo, tentando me esquivar dos tiros de Kay e seu subalterno. Ryan entrou na sala.
― Corre, Ryan, dê o sinal. ― grite. Ele assentiu e saiu novamente.
O meu objetivo naquela hora era sair daquele lugar, com minha grana e foda-se. Mas para isso acontecer eu teria de me livrar de Kay e seu armário. Esquivei de mais um tiro endereçado a mim e fui andando com rapidez, enquanto atirava. Dei dois tiros na direção dos dois, e não me preocupei em saber onde havia pegado. A única regra naquele momento era sair dali.
Olhei de relance para a porta e pude ver as labaredas de fogo cortando o corredor do lado de fora. Eu precisava ir embora antes que aquilo tudo virasse cinzas, e eu estaria nessa. Pulei em uma cadeira que entortou para trás e tombou, mas eu não cai, me equilibrei, atirei mais três ou quatro vezes e sai pela porta.
O galpão já estava praticamente todo em chamas. Puxei a manga do casaco e tampei o nariz, saindo em meio aquelas chamas. Ouvi de longe uma voz chamar pelo meu nome, identifiquei logo que seria de um dos moleques. Me apresei em andar e em poucos minutos já estava cruzando o grande portão, deixando para trás um local em chamas. Logo que avistei os moleques comecei a caminhar até eles.
― Estamos virando profissionais nisso. ― Chaz comentou, enquanto eu colocava a mala repleta de verdinhas no capô do carro.
― Nós somos profissionais. ―rebati rindo.
Nos entreolhamos e rimos.
―É ISSO AI! ― os outros concordaram enquanto fazíamos o nosso toque de irmandade.
― Você limpou o cofre dele, Drew? ― Chris perguntou rindo, assim como os outros. Assenti abrindo a mala e exibindo as verdinhas que nela havia.
― Vamos dividi-las igualmente. ― Todos nós concordamos.
― Espera um pouco. ― Chaz chamou nossa atenção. Nós, que já estávamos começando a contar as notas, o encaramos. ― Onde está a Lilyan?
― Está no carro. ― falei tranquilamente e me virei para conferir se ela estava mesmo lá.
Eu esperava virar e encontra-la com uma tromba do tamanho do universo dentro daquela droga de carro. Mas pelo contrario, o carro estava vazio.
― DROGA! ― exclamei olhando para os lados. Olhei e não vi nada, até bati meus olhos no galpão em chamas. ― Droga! ― Exclamei mais uma vez.
Não tive tempo de pensar duas vezes, pois meu corpo já estava indo em direção a um galpão em chamas, correndo em alta velocidade. Adentrei ao lugar hiper quente, e de imediato comecei a proteger meu nariz e olhos, já que as labaredas eram grandes.
Vi Adam entrar no galpão logo atrás de mim, não tivemos nenhum contato por sinais e já saímos a procura da desmiolada da Lilyan.
― LILYAN… LILYAN…. LILYAN. – Comecei a gritar em meio as chamas, mas não estava obtendo respostas.
Voltei a correr pelo local, que ficava mais quente a cada segundo. O teto começou a ceder causando grandes atritos contra o chão.
― LILYAN! ― gritei mais uma vez. Com a fumaça e o fogo estava quase que impossível enxergar um palmo a sua frente.
Ouvi uma voz feminina chamar pelo meu nome, era ela. Fui seguindo a voz, que ficava mais fraca a cada segundo. Andei até que cheguei a uma porta, a voz vinha de lá.
― Lilyan você esta ai?
― SIM! ―Gritou em resposta, enquanto tossia.
―SE AFASTA DA PORTA! – Alertei antes de tomar impulso e ir de encontro a porta.
A primeira tentativa foi falha, mas não desisti e continuei tentando, dando chutes e socos, até que a porta se abriu. Deparei-me com ela caída no chão tossindo muito e quase perdendo a consciência. Não pensei duas vezes e a catei do chão levando-a em meus braços para fora daquele lugar.
O caminho de volta foi difícil, além de está com ela desacordada nos braços, o fogo estava mais intenso, aquele galpão estava quase indo ao chão e eu não via a saída. Comecei a andar sem rumo, até que avistei a saída, mas ela estava obstruída por uma torar enormes e incandescentes. DROGA, por ali não daria para sair.
O jeito agora era arrumar outra saída, na qual eu não sabia nem se existia, e tentar sair dessa vivo. Ajeitei Lilyan em meus braços e fiz o possível para proteger seu nariz da fumaça e o meu também. Comecei a procurar um modo de sair daquele inferno e consegui encontrar, a saída era bem pequena, mas dava para sair. Era aquilo ou morrer carbonizado. Apertei Lilyan contra meu peito e passei rapidamente, ouvindo uma explosão forte atrás de mim.
Inspirei o ar, que era abundante, de modo que eu retomasse um pouco da minha força, para leva-la até os garotos. Assim fiz, a levei e a coloquei em cima do capô do carro.
― Lilyan. Lilyan! ― a chamei, mas ela não respondia. Insisti. ―Lilyan , Lilyan.
― O pulso dela está ficando fraco. ― Chris o verificou.
O olhei sem uma expressão definida, só sei que se fossem palavras seriam ‘ Não, eu não aceito perde-la’. Porra, eu arrisquei minha própria vida, e a garota vai morrer? Não, isso não pode.
― Vamos leva-la para o hospital. ― Adam, que não sei de onde sugeriu, falou.
Não pensei duas vezes, a peguei nos braços novamente e levei para meu carro, onde a coloquei deitada no banco de trás, assumi o banco do motorista e sai cantando pneu. Pelo retrovisor eu notei que os outros estavam me seguindo. Dei uma olhada para trás e ela ainda continuava da mesma forma. Minha preocupação aumentou.
Entre semáforos ignorados e ultrapassagens arriscadas eu cheguei ao hospital, sai do carro e peguei no colo, indo correndo para a emergência. Não demorou e uma enfermeira veio ao meu encontro.
― O que aconteceu com ela? – a enfermeira perguntou.
― Ela inalou muita fumaça, de um incêndio. – respondi ofegante.
― Coloque-a aqui. – ela apontou para uma maca que estava no canto do corredor. Assim fiz, a obedeci rapidamente e a coloquei na maca.
Um médico apareceu, a enfermeira relatou com poucas palavras o que tinha acontecido e ele saiu empurrando a maca rapidamente. Eu estava tão desnorteado que comecei a seguir o médico, mas enfermeira me impediu de avançar.
― Desculpa, senhor, mas você não pode entrar. Aguarde ali, por favor. – a enfermeira me barrou quando eu ia entrar na sala.
Soltei o ar alto e parei imóvel.
― O senhor também estava no incêndio? ― ela perguntou.
―Sim! ― respondi sem vacilar.
―Então eu sugiro que o senhor também se consulte, vá para a ala da enfermaria lá trataram de você.
Neguei com a cabeça e caminhei até o sofá da recepção. Logo os garotos chegaram.
―Eai, como ela esta? Para onde a levaram? – Adam falava com desesperado. Em resposta somente apontei.
― Senhores! ― uma mulher de branco, chegou do nada chamando nossa atenção. ― preciso que preencha a fixa da paciente.
Eu os olhei, pois não sabia praticamente nada sobre ela, as únicas coisas que sabia era que ela fodia muito bem, para uma iniciante, o irmão dela está com uma ideia louca de vende-la, e o nome dela é Lilyan. Resumindo, não sei nada sobre ela.
― Deixa que eu cuido isso. ― Adam tomou a frente e saiu caminhando junto com a mulher. Sentei novamente no sofá, passando as mãos nos cabelos com frustração.
Adam volta minutos depois.
―Como ela esta? ―Chaz logo pergunta.
― O medico disse que o quadro dela é estável, e que não ouve muita inalação de fumaça, mas foi o suficiente para deixa-la inconsciente. Por isso terá que ficar aqui essa noite. – ele disse.
― Ela acordou? ― Chris perguntou.
― Ainda não, só deve acordar depois de algumas horas. – assentimos.
***
Cerca de duas horas já havia se passado e os outros já tinham ido embora, deixando Adam e eu sentados a espera de alguma noticia. Eu estava decidido, ficaria lá até leva-la para casa comigo, não por que estou preocupado, afinal, não tenho nada com ela e tal, e sim por que dei minha palavra que a protegeria.
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