História Surprises of love - Obrigada

POV Rafael

Isabella conseguiu desdobrar o pai ontem para faltar aula mais uma vez, mas hoje ela se obrigou a vir... ou isso ou seu René a levaria no médico.

- Você ta bem? – Perguntei assim que a vi entrar pelo portão da escola

- Apesar do sono, to – Respondeu sem muito animo e eu concordei a abraçando de lado quando nos aproximávamos dos armários

- O que você ta fazendo?

- Indo até o armário pegar o livro de biologia – Expliquei confuso pela pergunta, já que isso era algo comum as terças-feiras

- Não – Ela afastou meu braço da sua cintura e me encarou – porque ta andando abraçado comigo?

- Qual o problema?

- Vão achar que a gente ta namorando Rafael! – Respondeu quase cochichando

- Para de se importar com o que vão achar loirinha – Pedi e alisei sua bochecha – além do mais eu sou seu melhor amigo e pai do seu filho – afirmei sorrindo e Isabella me encarou com fúria

- CALA A BOCA! – Deu um tapa na mão que acariciava seu rosto e se virou para pegar o livro no armário

- Mas o que eu fiz de errado?!

- Tudo Rafael! Tudo! Você ta todo felizinho né, já deve ter contado pra todo mundo mesmo

- Hã? Contado o que?

- Não se faz de sonso!

- Isabella me fala o que eu fiz de errado, eu não to entendendo nada! – Pedi e ela fechou a porta do armário com força e saiu depressa, indo em direção a sala de aula.

Pensei, pensei e pensei de novo. O que eu falei que a deixou daquele jeito? Era sobre parecermos namorados que ela não tinha gostado? Não! Ela disse algo sobre eu ter contado pra todo mundo... ah, claro, a gravidez. Como não pensei nisso antes? Isabella não devia ter aceitado isso bem ainda e como aceitar não é mesmo?! Mas eu não sabia o que fazer, então peguei o livro e fui para a sala me sentando ao seu lado.

- Ei, desculpa... eu sei que você não deve estar se sentindo bem com tudo isso, mas quero que saiba que.. – Tentei falar mas fui interrompido por ela

- Rafael, você poderia, por favor, parar de falar desse assunto aqui? Já vai começar a aula, quero me concentrar – Falou respirando fundo e eu resolvi fazer o que ela pediu.

A professora Suzana se aproximou da nossa mesa logo após fazer a chamada, o que eu achei estranho.

- Isabella, você não veio na última aula, ta tudo bem? – Perguntou

- Tudo bem professora, só fiquei um pouco gripada na semana passada, mas já estou de volta – A loirinha respondeu com certo nervosismo

- Certo, você já deve ter pegado a matéria, mas caso não tenha feito isso saiba que falamos sobre fecundação, e a aula de hoje da sequência ao assunto – disse isso e se afastou. Eu e Isabella nos encaramos aflitos, segurando a respiração. Parecia que tudo estava conspirando contra nós, pensei, principalmente quando a professora anunciou o assunto da aula de hoje – Bom dia turma, hoje iremos falar sobre gravidez! – Ouvi Isabella soltar a respiração pesadamente e soube que o dia não seria fácil – Eu sei que vocês devem estar pensando que já sabem tudo sobre isso, mas não sabem não! – Afirmou e alguns dos nossos colegas riram debochadamente – Você ta achando graça Carlos? Então me responda corretamente o que é necessário para que ocorra a gravidez?

- É obvio professora, um homem e uma mulher devem fu.. – ele parou de falar ao receber o olhar de repreensão de Suzana – devem ter relações sexuais – corrigiu e o resto da turma decidiu não rir, com muito esforço.

- Pois eu digo que você está errado, se colocar isso na prova é zero! – Disse e andou até o quadro – é necessário que o óvulo, que vocês já sabem que é o gameta feminino, seja fecundado pelo espermatozoide, gameta masculino. O resultado dessa fecundação dá origem ao zigoto, que após várias mitoses se transforma no embrião. Quando esse embrião chega ao útero, ele se fixa na parede uterina em um processo que conhecemos como nidação, que ocorre geralmente no 7º dia após a fecundação, após isso se inicia a gravidez. – Explicou fazendo alguns esquemas no quadro, mas parei de prestar atenção pois senti a mão de Isabella apertar a minha

- Ei, o que foi? – Perguntei baixinho

- Isso é tortura, Rafa... – Seus olhos estavam lacrimejando e sua mão suava sobre a minha

- Eu sei, faz assim ó, coloca o fone de ouvido

- Eu não trouxe – Respondeu depois de procurar o objeto na mochila

- Senhor Rafael, já que você está conversando deve saber tudo sobre o assunto... – Suzana disse e eu a encarei – pode me dizer qual é a primeira transformação no corpo feminino que indica gravidez?

- Hã... – olhei para Isabella pedindo socorro

- Professora eu não to me sentindo muito bem, se importa se eu for para a enfermaria tomar um chá? – Isabella perguntou e Suzana fez sinal para que ela saísse

- Menstruação atrasada – Cochichou antes de sair da sala com pressa

- Vai responder ou não Rafael?

- Bom, acredito que seja a falta da menstruação...

- Muito bem!

- Ótimo, então eu posso ir atrás de Isabella? Acho que ela precisa de mim – Disse enquanto caminhava até a porta já com nossos materiais

- Não acho que seja necessário

- Depois eu copio a matéria de alguém – Respondi e sai em disparada não dando tempo para que ela me interrompesse.

Fui até a enfermaria mas Isabella nem havia passado por lá, como o esperado. Então resolvi ir para o lugar preferido dela: o cantinho atrás da cantina.

- Sabia que você estaria aqui loirinha! – Disse e me sentei ao seu lado – Quer conversar?

- Não – Respondeu sem me encarar

- Mas você precisa, não pode ficar guardando tudo pra si... eu to aqui, lembra?

- Você ta perdendo aula Rafael, volta pra sala – Mandou e eu ri

- Nem tenta me expulsar daqui porque eu só saio depois que você estiver melhor

- Rafa... – pediu ainda de cabeça baixa, com a voz rouca

- Você ta chorando, Bella?

- Não, claro que não – Negou mas eu levantei seu rosto e vi lagrimas escorrendo pelas suas bochechas – para, você sabe que eu não gosto que me vejam chorando

- Mas não tem ninguém aqui além de mim, pode chorar, coloca tudo pra fora – A abracei forte e senti suas lágrimas molharem minha camiseta – fala o que você ta sentindo pra eu te ajudar

- Eu... eu não sei, parece que minha vida virou de cabeça pra baixo Rafael. Todos nossos planos foram por agua abaixo sabe? Eu não queria isso pra mim, não queria isso pra gente – Se afastou do meu abraço e finalmente me encarou – e parece que pra você ta tudo bem, que você conseguiu digerir isso tudo em poucos dias enquanto eu to aqui pensando em que merda me meti, em como meu pai vai reagir, em como vou sustentar, criar e educar uma criança. Eu não to pronta pra isso, eu não tenho responsabilidade suficiente, meu corpo ta mudando e eu só queria acordar desse pesadelo – disse quase sem respirar e então me olhou como se pedisse desculpas

- Continua, eu sei que você tem mais a dizer – Pedi e segurei sua mão

- Você me parece feliz com a gravidez, como se fosse normal, mas não é normal! E eu só queria saber agir dessa forma também, aceitar a situação e seguir em frente, mas eu só consigo sentir vontade de chorar e gritar. Isso não podia ter acontecido e a culpa é minha, mesmo que você negue, nós dois sabemos que a culpa é toda minha! E além de acabar com a minha vida, eu acabei com a tua também, você queria viajar o mundo... eu queria fazer faculdade fora, agora eu nem sequer penso em fazer faculdade porque eu vou ter uma criança pra criar e eu me sinto tão... – enxugou as lágrimas e encarou as nossas mãos entrelaçadas – tão egoísta por me sentir assim, porque eu sei que esse bebê não tem culpa de nada, que ele não pediu para estar aqui, para vir ao mundo e ser criado por uma mãe irresponsável e que nem sequer está feliz por carrega-lo

- Terminou?

- Eu acho que sim – Sorriu um pouco e respirou fundo novamente – desculpa por tudo isso e por ter que me aguentar... eu juro que não queria sentir isso Rafa

- Isabella, quero que preste atenção no que vou te falar, ta bom?

- Tudo bem, pode falar – mordeu o lábio em sinal de nervosismo

- Isso também me pegou de surpresa, como você sabe eu sempre pensei em ser pai, mas nunca imaginei que fosse ser a essa altura da minha vida e sinceramente não achei que seria com você – seu olhar era triste e eu logo tratei de explicar a afirmação – mas apesar de surpreso eu estou feliz sim, poxa é um serzinho que ta ai dentro, um pedacinho da gente... – olhei para a barriga dela sorrindo imaginando nosso bebê – e eu não acredito no acaso se quer saber, tudo tem um proposito e esse criança vai nos fazer muito feliz ainda, eu sei disso. Concordo que somos jovens demais, imaturos, e talvez até irresponsáveis, mas juntos vamos dar o nosso melhor, errar e aprender com esses erros. Você não é a culpada, entenda isso, eu não fui obrigado a transar com você, aliás se vamos falar em culpa... quem insistiu para você ir na festa fui eu. Mas isso não importa porque não tem como mudar o passado, já aconteceu e agora estamos aqui. Você acha que sua vida acabou, mas nós temos todo tempo do mundo, quem disse que precisamos iniciar a faculdade amanhã? Quem disse que sonhos não se ajustam? Quem faz o nosso futuro é a gente mesmo, vivendo o presente da melhor forma possível. Confia em mim, confia em si mesma, confia na gente?

- Mas e se eu não servir pra isso... se eu não for uma boa mãe? Você eu sei que vai ser um bom pai, mas e se ele ou ela não gostar de mim?

- Ô loirinha, não tem como não gostar de você e é claro que vai ser uma boa mãe, você é dedicada e boa em tudo que faz, só falta confiança em si mesma

- Você ta falando isso só pra levantar meu astral e eu parar de chorar – Riu em meio ao choro e eu a abracei novamente

- Não to não, é a verdade. Mas essa confiança não vem de uma hora pra outra, leva tempo... mas eu sei que você vai conseguir, eu vou te ajudar – Afirmei e senti ela apertar forte nosso abraço

- Obrigada por existir, você é muito importante pra mim, mesmo que eu não demonstre... – confessou e senti meu coração acelerar. Ela nunca se declarava assim, e mesmo que fosse toda durona, eu sabia da minha importância em sua vida, mas ouvir isso era muito bom.

- Eu sei, você também é muito importante pra mim, cada dia mais Bella

- Estou interrompendo alguma coisa? – Ouvimos a voz da Manu e imediatamente nos afastamos – ué, a machinho ta chorando? O que houve, brigou com a namorada? – debochou e meu sangue ferveu

- O que você ta fazendo aqui garota?

- É intervalo, vim te procurar! – Ela respondeu como se fosse obvio

- Nós não temos mais nada, não precisa me procurar mais e se eu souber que você continua implicando com a Isabella se prepara porque eu vou ferrar com a tua vida, entendeu?

- Nossa, nunca te vi tão revolts! Mas não se acha tanto, porque eu já me cansei de você, só vim devolver a chave do seu apartamento – Respondeu cínica e me entregou a chave – e quanto a minha implicância com a mach.. digo, Isabella, isso é entre mim e ela, não se meta

- Me meto sim, já cansei dessas briguinhas sem sentido e não quero mais ver a Isabella estressada por sua causa!

- Rafael, eu sei me defender, ta tudo bem – Isabella disse e eu fiz que sim com a cabeça

- Ai que se explodam vocês dois, tenho coisa mais interessante pra fazer, tchau – Respondeu e saiu de encontro as amigas

- Ta tudo bem mesmo? Não quero você dando moral pra essa garota!

- Eu to bem, ela é o menor dos meus problemas, você sabe

- Eu sei, mas quero que evite esses estresses não deve fazer bem... hã você sabe

- Sei, mas não vamos falar disso quando tiver gente, promete?

- Prometo, desculpa por hoje mais cedo, eu sou sem noção as vezes..

- Obrigada – sorriu e me deu um beijo na bochecha – obrigada por tudo.