História Surprises of love - Festa

POV Rafael

- Eu não vou mais! – Isabella disse se olhando no espelho pela milésima vez

- Qual é loirinha, já disse que você ta linda! A gente já ta atrasado, foram semanas de preparo... – Abracei ela por trás e apoiei meu queixo no seu ombro – você não vai desistir agora, vai?

- E se ele não me achar boa o suficiente? E se meu beijo não for bom?

- Teu beijo é bom! Você é boa o suficiente! – Disse encarando seu reflexo – Alias, você é bem mais do que suficiente...

- Você diz isso porque é meu melhor amigo, não vale! – Suspirei e me sentei na sua cama

- Ta bom, então que filme a gente vai assistir? – Ela me encarou confusa e eu arqueei a sobrancelha

- A gente nada, você vai na festa! Ta tudo combinado com a Pry, Rafael! – Protestou e eu ri debochado

- Só vou se você for e ponto final – Afirmei e ela revirou os olhos – Vamos vai? Prometo que se o Cadu vacilar contigo o seu tomatinho aqui te traz de volta – Fiz a minha melhor cara de gato de botas e ela riu

- Ta bom, vamos logo então!

A Pry tinha adorado o presente e aceitado o convite, mas ficou o tempo todo repetindo que não queria confusão com a Manuela, que por sinal tinha se tornado de vez a minha ex.

Quanto ao plano de juntar Isabella com Cadu tudo ia muito bem, meu amigo disse que por ele sem problemas ficar com ela. Não gostei muito de ouvir isso, como assim “sem problemas”? Mas pensei em como a loirinha era afim dele, beija-lo seria uma realização, então só mandei ele não magoa-la.

- No que ta pensando, gatinho? – Pry disse me entregando um copo com Vodka

- Em como eu to com vontade de te beijar – Sorri malicioso e ela retribuiu largando seu próprio copo com álcool na bancada e me puxando para a pista de dança.

A música estava tão alta que mal dava pra ouvir as diversas conversas espalhadas pelo salão. Levei Pry para uma parede perto da escada e ficamos nos pegando ali por um bom tempo, até que vi uma imagem que revirou meu estomago, mas talvez fosse só o álcool fazendo efeito, é.... devia ser isso. Cadu estava de pé e Isabella sentada numa mesa naquele canto escuro da festa, como havíamos planejado. Suas mãos nada bobas passeavam pelas pernas dela, trazendo o pequeno corpo para mais perto do seu. Ele não estava sendo carinhoso, mas ela não parecia se importar. Suspirei tentando colocar na minha cabeça que eu não tinha direito nenhum de me chatear por algo assim, ela estava feliz, o plano deu certo... afinal, era isso que importava.

- Caralho Rafael vai ficar ai secando o namoro dos dois?

- Hã? – Voltei a encarar Pry que tinha os braços cruzados sobre o peito – eu só tava vendo se a Isabella estava bem...

- Se você gosta dela porque armou isso tudo?

- Eu gosto dela como melhor amiga e me preocupo, isso é normal sabia? – Falei irritado

- Ta bom vou fingir que acredito!

- Ah garota não me enche! Mais uma com ciúmes da Isabella não tem condições!

- Ciúmes? Se enxerga Rafael, nós não temos nada, eu nem te conheço direito pra sentir alguma coisa por você que não seja atração... vê se cresce! – Gritou para que eu ouvisse cada palavra e saiu me deixando sozinho encarando a parede.

Porque eu havia ficado tão irritado com a garota? Merda... ia ficar sem pegar ninguém hoje! Ah... foda-se também, beber ajudaria.

Voltei para o balcão e pedi mais uma dose de vodka com energético. Mais uma e mais uma. Na quinta eu já estava um pouco tonto, mas pedi a sexta e nesse exato momento uma loira saltitante me abraçou.

- Adivinha quem beijou o Cadu? – Disse e abriu um sorriso lindo, sorri de volta

- Eu vi – Respondi me contagiando com sua felicidade – achei que vocês iam parar no quarto dele...

- Que isso Rafael, já disse que não sou assim!

- Mas o Cadu é!

- Me poupe... do jeito que você fala até parece que ele é um galinha!

- Ah me desculpe... realmente, ele é um santo – Ela me deu um soquinho e revirou os olhos

- Ele disse que gostou de mim, Tomatinho! – Contou sorrindo tímida e eu senti um aperto no peito. Mas que porra tava acontecendo comigo hoje? – Que eu sou mais que uma ficada, que ele quer algo mais sério... – Mordeu o lábio inferior mostrando estar nervosa com a confissão

- Tem certeza, Bella?

- Caralho Rafael, você não pode ficar um pouquinho feliz por mim? Uma hora você me coloca pra cima, diz que sou linda e suficiente e agora vem duvidar do que seu amigo me disse! – Se irritou e eu suspirei antes de responder

- Eu acredito em você... eu não acredito nele!

- Pois eu vou te provar que ele estava falando sério! – Disse determinada e virou as costas a procura de Cadu. Continuei sentado a seguindo com o olhar até que ela parou. Ela olhava fixamente para o meio da pista, fiz o mesmo e vi uma cena que provavelmente partiu o coração de Isabella. Cadu estava beijando a Maria Luiza, a menina que se intrometeu na nossa foto no início da festa, e senti meu sangue ferver. Corri até lá encontrando minha amiga ainda paralisada diante da cena, seus olhos estavam cheios d’água, mas nenhuma escorreu por seu rosto.

- PORRA CARLOS EDUARDO – Puxei seu braço e a garota, que estava agarrada a ele até então, se assustou – O QUE FOI QUE EU FALEI PRA VOCÊ?

- Rafael para com o escândalo, vem – Isabella segurou minha mão, mas eu soltei e continuei encarando o meu amigo

- Que isso brother? Do que você ta falando? – Perguntou com a voz arrastada e eu perdi a paciência

- VOCÊ PROMETEU NÃO MAGOA-LA! PRA QUE ILUDIR ELA E DEPOIS PEGAR OUTRA NA MESMA NOITE CARALHO?! – O empurrei e ele me olhou confuso

- Ah cara... aconteceu, foi mal! Agora para com isso e curte a festa!

- Chega Rafael, vamos! – Isabella se colocou na minha frente e foi me empurrando até o banco

- Isso tudo é culpa minha! Não devia ter deixado e muito menos apoiado esse lance de vocês

- Para de me tratar como uma menininha ingênua! Ta tudo bem... a culpa não é sua! – Afirmou e se sentou no banco ao lado – eu gosto ou gostava do Cadu, mas não é como se ele fosse o amor da minha vida... eu vou superar, ok? – Alisou minha bochecha e eu sorri concordando com a cabeça – e você vai me ajudar! Pede ai uma bebida bem forte pra gente!

- Você não bebe loirinha e é menor de idade!

- Pra tudo tem uma primeira vez, vai me ajudar ou não? – Perguntou impaciente e eu me dei por vencido.

[...]

A pista de dança já não estava tão lotada, mas as poucas pessoas que tinham no local estavam aglomeradas no centro. Eu já me sentia sufocado e tonto então peguei a mão de Isabella e fui nos conduzindo até o canto esquerdo que estava praticamente vazio. Tocava um remix de “Ela só quer paz” e Isabella dançava como eu nunca tinha visto. Seu vestido havia subido um pouco e ela parecia estar alheia a tudo que estava na sua volta.

Ela não cansa, não cansa, não cansa jamais

Ela dança, dança, dança demais

Ela já acreditou no amor, mas não sabe mais

Ela é um disco do Nirvana de 20 anos atrás

Com os olhos fechados e os braços levemente para o alto, ela remexia a cintura em câmera lenta e sua pele branquinha contrastava com as luzes coloridas da festa. Bebi mais um pouco de alguma coisa que Arthur tinha me dado e voltei a dançar.

Essa mina é uma daquelas fenomenais

Vitamina, é proteína e sais minerais

Ela é a vida, após a vida

Despedida pros seus dias mais normais

Pra que mais?

Isabella cambaleou um pouco devido ao salto alto e se segurou em mim, coloquei minhas mãos em sua cintura e começamos a cantar a música ao mesmo tempo que fazíamos uma coreografia em dupla pra lá de desastrosa.

Hoje ela só quer paz...

Cantarolou a última parte perto de mais do meu ouvido, me afastei um pouco e nos encaramos enquanto outra música já tomava conta do ambiente. Tudo começou a girar e o único foco que eu tinha eram naqueles olhos azuis e naqueles lábios que estavam se aproximando lentamente dos meus. Ou talvez eu estivesse em câmera lenta, não sei. A última coisa de que eu me lembrava era dos seus puxões no meu cabelo, de nossas línguas acariciando uma a outra com certa pressa... aqueles lábios tão macios e saborosos.